Guerra Fria e anticomunismo nas histórias em quadrinhos do Capitão América de 1954

June 30, 2017 | Autor: Rodrigo Pedroso | Categoria: Cold War and Culture, Comics, US History, Captain America
Share Embed


Descrição do Produto

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

Guerra Fria e anticomunismo nas histórias em quadrinhos do Capitão América de 1954

Rodrigo Aparecido de Araújo Pedroso*

Introdução

Em março de 1941 chegava às bancas de jornal dos Estados Unidos da América (EUA) a primeira edição da revista em quadrinhos do Capitão América, a capa mostrava um novo super-herói, vestindo a bandeira do país, dando um soco no queixo de Adolf Hitler, ditador da Alemanha. O personagem foi criado pelos artistas Joe Simon e Jack Kirby, encomendado pela editora de quadrinhos Timely Comics (que posteriormente tornou-se a Marvel Comics); a ideia era criar um herói que estivesse engajado no combate a ameaça nazifascista e que servisse como divulgador dos ideais democráticos e liberais dos Estados Unidos. Assim, pode-se dizer que o Capitão América é um personagem criado especificamente para atender determinadas demandas políticas ideológicas, voltadas à propaganda contra os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão) no período da Segunda Guerra Mundial. Entretanto, o sucesso do personagem foi tão grande que suas histórias em quadrinhos (HQs) continuaram a ser publicadas mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Evidentemente, o personagem passou por diversas adaptações, visando mantê-lo atualizado para novos consumidores e, também, adequá-lo a novos contextos socioculturais. De certa maneira pode-se afirmar que o Capitão América, ao longo de sua existência, adquiriu o status de um personagem simbólico da cultura norte-americana, podendo ser comparado a outros símbolos nacionais como o Tio Sam e/ou os Pais Fundadores. O Capitão tornou-se mais do que um simples personagem de histórias em quadrinhos, sua imagem pode ser associada com os mais importantes ideais propagados pelos EUA, como a liberdade e a democracia. 1

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

A primeira adaptação que o personagem sofreu ocorreu entre os anos de 1945 e 1950. Com o fim da guerra, o principal motivador das ações do personagem deixou de existir e a equipe criativa da editora resolveu transformá-lo, juntamente com seu jovem parceiro Bucky, em combatente do crime urbano. O Capitão passou a enfrentar gângsteres e outros tipos de “vilões” que ameaçavam a vida cotidiana da população. Essa configuração do personagem não fez o sucesso esperado e terminou com o cancelamento da revista do personagem em fevereiro de 1950 (a última edição dessa fase foi a de número 75). A revista do Capitão América só voltou a ser publicada em maio de 1954 pela editora Atlas Comics, quando o “herói da Segunda Guerra Mundial” tornou-se o “esmagador de comunistas”. Nessa configuração posterior, o personagem e seu parceiro Bucky ressurgem para combater os novos “inimigos” dos Estados Unidos: os comunistas. As três edições dessa fase apresentavam o título Captain America... Commie Smasher [Capitão América... Esmagador de Comunistas], o foco principal dessas histórias em quadrinhos era mostrar como o Capitão estava fazendo tudo o que era possível para identificar e prender (ou punir de alguma outra forma) os inúmeros espiões comunistas que estavam infiltrados entre os cidadãos norte-americanos. Partindo disso, este trabalho tem como objetivo analisar como essas histórias em quadrinhos representaram essa “ameaça oculta”, e que tipo de discurso as HQs veiculavam sobre o comunismo e, também, sobre a Guerra Fria de modo geral. Além disso, este trabalho visa investigar como essas HQs contribuíram para reforçar o clima de paranoia coletiva anticomunista, propagada principalmente pelo senador Joseph McCarthy, que teve um espaço relevante nos meios de comunicação dos Estados Unidos no início da Guerra Fria. Antes de iniciarmos a análise das histórias em quadrinhos, se faz necessário estabelecer algumas informações importantes sobre o contexto da Guerra Fria, apontando as principais questões que predominavam nas políticas externa e interna dos Estados Unidos no período de 1945 a 1954.

2

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

A GUERRA FRIA E A AMEAÇA COMUNISTA

Com o fim da Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos se viram em meio a um novo contexto político e econômico, tornando-se uma das nações mais ricas e politicamente influentes do mundo. E a União Soviética, aliada durante a guerra, começava a despontar como um importante rival para a consolidação dos interesses norte-americanos na Europa e em outras partes do mundo. Visando preservar os interesses econômicos e geopolíticos dos Estados Unidos e conter o avanço da União Soviética e, também, de outros governos classificados como “totalitários” o presidente Harry S. Truman (mandato de 1945 a 1953), em 12 de março de 1947, proferiu um discurso ao Congresso que ficou conhecido como “Doutrina Truman” e estabeleceu as novas diretrizes da política externa norte-americana. O discurso da Doutrina Truman, em linhas gerais, consistia em um pedido de liberação de um montante de 750 milhões de dólares para ajudar os governos da Grécia e da Turquia. No caso da Grécia o dinheiro serviria para ajudar o governo a combater “[...] as atividades terroristas de alguns milhares de homens armados, liderados por comunistas, que desafiam a autoridade do governo em muitos pontos, particularmente ao longo da fronteira norte”1.. Já a Turquia deveria ser ajudada para que ela possa “[...] efetuar a modernização necessária para manter sua integridade nacional.” Pois, para Truman, “essa integridade é essencial para a preservação da ordem no Oriente Médio”2. Esse tipo de ajuda a outros países, proposta por Truman, passaria a constituir o novo objetivo da política externa dos Estados Unidos, que passou a se pautar em intervenções financeiras e militares justificadas pela ideia de “[...]criação de condições para que nós e as outras nações possamos elaborar um modo de vida livre de coerção3”. Além disso, outro ponto da Doutrina Truman que vale ser destacado é:

Para assegurar o desenvolvimento pacífico das nações, livres da coerção, os Estados Unidos tomaram a liderança no estabelecimento das Nações Unidas. As Nações Unidas têm a 3

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

designação

de

possibilitar

liberdade

e

independência

permanente a todos seus membros. Nós não realizaremos nossos objetivos, contudo, a não ser que estejamos dispostos a ajudar povos livres a manterem suas instituições livres e sua integridade

nacional contra movimentos agressivos

que

procuram impor regimes totalitários. Isto não é mais do que um franco reconhecimento de que os regimes totalitários impostos a povos livres, por agressões diretas e indiretas, minam as fundações da paz internacional e consequentemente a segurança dos Estados Unidos4.

Assim, pode-se concluir que a ideia principal da Doutrina Truman era formular justificativas para que os Estados Unidos disponibilizassem recursos financeiros e militares para ajudar outros países. Como indica o texto de Truman, as justificativas para essa nova intervenção internacional se fundavam em duas premissas, a primeira é a de evitar o avanço de “regimes totalitários”, pois eles constituíam uma ameaça para a paz mundial; e a segunda era garantir a segurança e interesses dos Estados Unidos, que poderiam ser ameaçados pelo crescimento desses regimes totalitários. Logo, proteger o mundo de uma ameaça “totalitária” era a melhor maneira de evitar que os interesses – econômicos e de segurança – dos EUA sofressem algum risco. A Doutrina Truman resultou em dois programas governamentais direcionados a evitar o avanço da União Soviética e de seus ideais comunistas. O primeiro foi o Programa de Recuperação Europeia (European Recovery Program, ERP) ou Plano Marshall, que leva o nome de seu idealizador, o Secretário de Estado George Marshall (mandato de 1947 a 1949). O Plano foi elaborado para durar quatro anos a partir de abril de 1948, e tinha como objetivo fornecer ajuda financeira aos países europeus para que pudessem se recuperar estrutural e economicamente dos danos causados durante a Segunda Guerra. O segundo resultado da Doutrina foi a aprovação, em 14 de abri de 1950, do documento secreto do National Security Council-685,NSC-68, que pode ser considerado como o responsável por institucionalizar as propostas de “contenção” do comunismo expostas por Truman. Um dos fatos que facilitaram 4

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

a criação e aprovação desse documento foi o anúncio de que a União Soviética já possuía e havia testado, em agosto de 1949, sua primeira bomba atômica. Esse fato se somou ao estabelecimento de um governo comunista na China, liderado por Mao Tsé-Tung, gerando um grande sentimento de insegurança que demandava “uma ampla reavaliação das políticas americanas para a Guerra Fria6”. Todos esses fatores transformaram o NSC-68 no documento que de fato moldou a política internacional norte-americana para a Guerra Fria. Quanto ao conteúdo do NSC-68, o historiador Walter LaFeber expõe dois assuntos que considera principais e que norteavam todos os conteúdos do documento. São:

O

primeiro,

a

balança

“fundamentalmente

do

alterada”

poder desde

global o

havia

século

XIX,

sido os

americanos e os russos passaram a dominar o mundo: “O que há de novo, o que causa essa crise continua, é a polarização do poder que inevitavelmente leva uma sociedade escrava a se confrontar com uma livre”. Éramos nós contra eles. O segundo, “a União Soviética, ao contrario de aspirantes anteriores à hegemonia, é animada por uma nova crença fanática, antitética a nossa, e busca impor sua autoridade absoluta”, inicialmente “na União Soviética e depois em áreas agora sob seu controle”. Então a sentença crucial: “na mente dos lideres soviéticos, entretanto, a realização deste projeto requer uma dinâmica extensão de sua autoridade e a completa eliminação de qualquer oposição efetiva a sua autoridade... É para esse fim que os esforços soviéticos agora estão direcionados para a dominação de todo a extensão da Eurásia”7.

Com base nesses pontos expostos por LaFeber e os comparando com a Doutrina Truman, percebe-se que o NSC-68 apresenta um ponto de vista mais incisivo quanto ao grau de ameaça que a União Soviética representa. O texto do documento transmite uma visão mais extremada de que a União Soviética tem realmente a ambição de dominar o mundo e que o confronto entre ela e os

5

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

EUA é inevitável, combater o comunismo soviético é a única forma de manter o mundo em paz e livre. Quanto as características desse combate, LaFebre diz que agora Truman e seu novo Secretário de Estado, Dean Acheson, “já não estavam satisfeito com a contenção. Eles queriam a retirada soviética e uma vitória absoluta”.8 As propostas de ação do NSC-68 não precisaram esperar muito tempo para serem postas em prática, em junho de 1950 teve início a chamada Guerra da Coréia, travada entre a Coréia do Norte, com um regime comunista apoiado pela China e pela União Soviética e a Coréia do Sul, com um regime de orientação capitalista apoiado pelos EUA e pelo Reino Unido. Dessa maneira, pode-se dizer que o ano de 1950 foi caracterizado por um “aquecimento” da Guerra Fria. A Guerra da Coréia fez com que o governo norte-americano se visse em meio às demandas de ações mais agressivas e efetivas contra os comunistas. Um bom exemplo desse tipo de demanda foi a do

general Douglas MacArthur, para que os Estados Unidos recorressem à bomba atômica e acometessem a China, cujos soldados,

nos

primeiros

dias

de

novembro

de

1950,

ultrapassaram o rio Yalu, e promoveram a contra-ofensiva e alcançaram Seul, quando as tropas norte-americanas se aproximaram de suas fronteiras. Contudo, embora chegasse a admitir essa possibilidade, Truman resistiu. Não aceitou a proposta de MacArthur, a quem terminou por demitir do comando por insubordinação. Truman não queria que a guerra se generalizasse e se convertesse em uma grande guerra na Ásia9

Outro exemplo emblemático dessa demanda por ações mais agressivas contra o comunismo foi o senador Joseph McCarthy10, e de seus seguidores. McCarthy pode ser considerado como uma das figuras mais polêmicas do período inicial da Guerra Fria, sua atuação política foi marcada por uma incessante “caça aos comunistas”, que estariam infiltrados na sociedade norteamericana e muitos deles, inclusive, faziam parte do governo. O político 6

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

chegou a pronunciar “um discurso, no qual atribuiu a supostos comunistas infiltrados no Departamento de Estado a culpa pelos reveses da política exterior dos Estados Unidos”11. As acusações levantadas por McCarthy ganharam certa veracidade com “a prisão do cientista Julius Rosenberg e de sua esposa, Ethel Rosenberg, acusados de espionagem em favor da União Soviética”. Esse fato fez com que o senador fosse ainda mais longe em suas acusações, “ele chegou ao ponto de acusar o general George C. Marshall de participar de imensa conspiração comunista12”. No caso da atuação anticomunista de Joseph McCarthy o que mais deve ser levando em conta não são suas acusações infundadas ou não, mas o resultado que tiveram, juntamente com os outros acontecimentos do período. A crença de que os Estados Unidos e seu “estilo de vida” poderiam ser destruídos por uma conspiração comunista ou por um ataque nuclear resultou no chamado Red Scare [Medo Vermelho ou Perigo Vermelho]. Esse clima de paranoia justificou a implementação de várias medidas antidemocráticas de investigação, das quais principais eram: “1. A prática política de divulgação de acusações de deslealdade ou subversão com evidencias insuficientes. 2. O uso de métodos duvidosos de investigação com o objetivo de suprimir a oposição”13. Essas práticas foram amplamente utilizadas por McCarthy e por seus seguidores, porém, ele não foi o primeiro a utilizar esse tipo manipulação, e como afirma Ted Morgan: “McCarthy não surgiu no vácuo, mas como o mais proeminente em uma longa linha de homens que exploraram o problema do comunismo para obter vantagens políticas, e imprudentemente prejudicar seus oponentes com falsas acusações”14. Para conseguir isso, McCarthy se valeu de sua influência política e, também, dos meios de comunicação que na época estavam direcionados a estabelecer uma eficiente rede de informações anticomunistas, valorizando o chamado American way of life [Modo de vida americano]. Em relação a isso, o historiador Antonio Pedro Tota diz que

7

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

poucas coisas nessa época eram tão embaraçosas quanto ser acusado de ligação com o comunismo. Os sindicatos, grupos nos quais seria mais comum encontrar simpatia aos ideais proletários, faziam questão de afastar a imagem soviética. Os “bons costumes” incluíam respeito à família, autoridades, decoro, além de ódio feroz à União Soviética e isso só foi possível graças a uma poderosa estrutura de propaganda15.

É nesse contexto conturbado que as HQs do Capitão América voltam a ser publicadas e estavam completamente inseridas nessa “poderosa estrutura de propaganda” anticomunista. Posto isso, passaremos para uma análise de como essas HQs serviram como propaganda desse gênero.

O red scare nas histórias em quadrinhos do Capitão América

As três edições do Capitão América apresentam como temática central a espionagem comunista. Entretanto, dentro deste tema podemos identificar outros subtemas que refletem, até certo ponto, questões que também preocupavam, ou deveriam preocupar a sociedade norte-americana. Os subtemas abordados pelas HQs são os seguintes: ação dos Estados Unidos e da ONU na luta contra o comunismo em outros países (China, Coréia do Sul, Vietnã e uma nação fictícia na Europa); ameaça de agentes comunistas a civis americanos ou estrangeiros;ataque comunista em solo norte-americano. Antes de abordarmos os subtemas vamos expor como a espionagem comunista foi representada na primeira edição dessa série, a de número 76, de maio de 1954. A primeira história é intitulada The Betrayers [Os Traidores, tradução nossa], em linhas gerais essa HQ nos (re)apresenta o Capitão América e seu jovem parceiro Bucky da seguinte maneira: Sim, o maior campeão da democracia esta de volta com seu parceiro, Bucky… de volta para lutar contra a pior ameaça que as pessoas amantes da liberdade no mundo já enfrentaram! Juntos eles já lutaram contra os fascistas e nazistas, mas 8

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

agora eles são necessários novamente para lutar contra... os TRAIDORES!16

Nesse trecho evidencia-se que a HQ procura classificar a ameaça que “os traidores” representam como algo pior do que a dos nazifascistas. A apresentação prossegue, e cabe destacar como a HQ sintetiza o novo contexto no qual os heróis estavam inseridos: “Mas, com a chegada da paz, ainda não havia descanso para eles! O comunismo estava espalhando seus tentáculos ávidos e feios pelo mundo todo!”17 Ao longo dessa apresentação vemos os heróis invadindo um esconderijo de espiões comunistas e, após subjugá-los o Capitão América define que tipo de guerra eles estão enfrentando agora: “Bucky, há uma guerra em andamento… uma guerra de espiões! Nós vamos entrar nessa guerra... como soldados no exército!”18 Essa parte da HQ além de fornecer uma visão da a guerra em que os heróis estavam envolvidos, também fornece uma evidência de que a melhor maneira de se combater essa ameaça era utilizando o apoio das forças armadas. Pode-se entender que a HQ propõe que os cidadãos americanos devem confiar em suas instituições e que elas são o meio mais indicado para combater e eliminar os espiões. No desenrolar da história, os personagens, sem suas fantasias e agindo como soldados, encontram a jovem jornalista Betsy Ross e descobrem que ela está sendo acusada injustamente de ser uma espiã comunista. A acusação ocorreu devido às investigações do exército que constataram um vazamento de informações secretas em todas as reportagens que ela havia feito sobre o próprio exército. Ao longo da HQ, eles descobrem que Betsy não era realmente uma espiã, mas o eram o seu fotógrafo, Will Benson, e seu editor, Connie Blake (o líder dos espiões). Vale destacar a fala de Connie Blake ao dizer por qual motivo queria vender os segredos militares americanos: “Com as informações que temos aqui, aqueles que estão me pagando terão o suficiente para começar uma nova guerra mundial... e vencer!”19

9

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

Essa HQ termina com a morte de Connie, vitimado em um incêndio provocado pelo Capitão América para destruir os microfilmes com segredos militares roubados dos Estados Unidos. É interessante notar que o Capitão não demonstra nenhum tipo de remorso por ter deixado Connie morrer no incêndio e ainda diz que: “Ele morreu do jeito que ele queria que o mundo livre morresse... em chamas!”20. Essa frase do Capitão sugere que todo espião deve sofrer algum tipo de punição violenta, e que não merece um julgamento justo e perdão. A HQ apresenta uma visão parcial do problema e contribui para a criação de um imaginário de insegurança e desconfiança, no qual qualquer pessoa pode ser um espião em potencial, não se pode confiar em colegas de trabalho ou em seus patrões. Ao mesmo tempo a HQ pode ser vista como um meio que procura desencorajar possíveis ações de espiões ao mostrar que este tipo de crime será punido e que os EUA – na figura do Capitão América – não terão nenhum tipo de problema em usar de métodos violentos para isso. De maneira geral, é essa a mensagem que a HQ busca passar sobre os espiões, por mais que se escondam em

algum momento, eles serão

descobertos e não haverá perdão para seus atos. É importante destacar que há uma grande valorização da ação conjunta entre cidadãos e órgãos institucionais, como no caso do Capitão América e Bucky que deixaram suas vidas como civis para entrar novamente no exército e ajudar seu país de forma individual, mas respaldados pela instituição. Ou o caso da jornalista Betsy que se torna uma importante divulgadora das ações do exército e do Capitão América para combater os comunistas. Vamos agora à analise do primeiro subtema das HQs: a ação dos Estados Unidos da ONU na luta contra o comunismo em outros países. A primeira referência à ação internacional dos Estados Unidos e também da ONU no combate ao comunismo ocorre ainda na edição 76, na segunda história do Capitão América intitulada Captain America Strikes! [O Capitão América ataca!]. Nessa história o soldado Steve Rogers viaja com outros soldados americanos para “um pequeno país que se localiza entre as nações do mundo livre e as da cortina de ferro”. Esse texto de apresentação também fornece uma

10

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

descrição de como os dois lados estão lutando nessa Guerra Fria, “um lado luta com espiões e traidores... o outro com amizade e paz!”21 O exército americano foi até esse país para mostrar o quanto é bem preparado e equipado, na esperança de que com isso consigam convencer o ministro da guerra desse pequeno país a deixar que eles instalem lá uma base aérea. A trama da HQ mostra Steve Roger sendo abordado por dois espiões comunistas que o levam a outro agente que lhe oferece um carro para que traia seu país e ateie fogo na embaixada da ONU. A ideia dos espiões é minar a confiança do ministro da guerra na ONU e nos Estados Unidos. Rogers finge concordar com a ofertar e arma um plano para expor os espiões e acabar com seus projetos. Por fim, o Capitão América derrota todos os espiões e o ministro da guerra concorda em permitir que a base seja instalada em seu país. Nessa mesma revista temos outra história que se passa em território estrangeiro, mais precisamente no Vietnã, onde o Capitão América e Bucky estão empenhados em uma diferente missão de resgate. Alguns americanos foram sequestrados por agentes comunistas e estranhamente essas pessoas passaram a transmitir mensagens pró-comunistas como: “Americanos parem de lutar contra os comunistas... eles são nossos amigos! Nós estamos muito bem aqui... então... desistam de lutar!”22. As investigações dos heróis revelam que os comunistas estavam usando uma droga que fazia com que os americanos seguissem todas as ordens dos “inimigos”. Usando sua inteligência, o Capitão engana facilmente os comunistas e troca a droga por água e, assim, deixa seus compatriotas livres da dominação comunista. Nos últimos dois quadros o Capitão, ao libertar os prisioneiros, passa a seguinte informação: “Agora vamos voltar pra casa e vocês podem contar a verdade para o mundo... verdadeiros americanos nunca se tornam vermelhos!”, além disso, no ultimo quadro há uma advertência Cuidado, comunistas, espiões, traidores e agente estrangeiros! O Capitão América, juntamente com todos os leais homens livres, estão atrás de vocês, prontos para lutar até que o último de vocês seja exposto como a escoria amarela que vocês são!23 (grifo no original).

11

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

A terceira HQ do Capitão América da edição 77 (julho de 1954) também se passa em território estrangeiro. A história se desenrola em um campo de prisioneiros da ONU na Coréia do Sul, onde misteriosamente vários prisioneiros estão morrendo devido a um problema de saúde desconhecido. Os comunistas acusam o governo

americano e a ONU de não estarem

fornecendo tratamento médico adequado. Para resolver esse problema, o Capitão e Bucky são convocados para levar remédios aos prisioneiros. A ação dos heróis revela que os próprios comunistas estão envenenando a comidas dos prisioneiros, mas tudo é um plano para poder minar a confiança do mundo na ONU e nos Estados Unidos. Os comunistas tentam impedir que o Capitão América chegue até a Coréia do Sul com o medicamento necessário para salvar a vida dos prisioneiros. O Capitão, então, vence todos os inimigos, chega a solo sul-coreano e ajuda os médicos a aplicar o medicamento nos prisioneiros, que estão relutantes, pois temem serem envenenados pelos americanos. No fim, os prisioneiros descobrem que o Capitão só queria ajudálos e, além disso, ele divulga a única “verdade”: “Seus mestres são os verdadeiros assassinos... E somente as Nações Unidas podem curá-los do que os aflige... com liberdade e democracia!”24. A última referência a uma ação internacional anticomunista ocorre na edição 78 (setembro de 1954), na história chamada The Green Dragon [O Dragão Verde], a HQ se passa na China e na Coréia do Sul. A trama é a seguinte: um agente chinês roubou uma lista com nome de soldados chineses que estavam do lado dos EUA, e quando Steve Rogers e Bucky tentaram detêlo descobriram que ele fazia parte de um antigo culto a um deus dragão, que segundo a lenda voltaria à vida para salvar a China de seus inimigos. Assim, o Capitão e Bucky vão à China em busca desse agente e da lista roubada. Ao mesmo tempo, acham que se conseguirem entrar no dragão (que, na verdade, é um grande boneco com mecanismos que permitem que ele possa ser controlado por um ser humano em seu interior) e fazer com que os chineses acreditem que ele se voltou contra os “vermelhos”, podem ajudar a ONU. Como sempre ocorre, os heróis conseguem o que queriam e na última página da história o Capitão América profere o seguinte discurso: “Povo da 12

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

China! Agora vocês sabem quem é seu verdadeiro inimigo! Seu Dragão Verde voltou à vida para libertá-los do flagelo dos vermelhos! Eles são seus inimigos e de todos os homens honestos!”25. Ao final, vemos que o Dragão Verde “realmente” voltou à vida e que não estava sendo manipulado por Bucky. Todas essas incursões dos personagens a outros países mostram o quanto a ajuda dos Estados Unidos à ONU era importante para evitar que o comunismo se espalhasse pelo mundo, principalmente na Ásia. Além disso, pode-se notar um discurso ambíguo nas falas do Capitão América, pois ao mesmo tempo em que acusa os comunistas de estarem agindo de forma desonesta e agressiva, ele age da mesma maneira. América e Bucky usam a força para deter todos os comunistas e, também, usam de táticas desonestas para enganá-los, como no caso do Dragão. As HQs em questão sugerem, então, que os comunistas eram facilmente enganados, e que só conseguiam alcançar seus objetivos por meio de métodos ilegais e de manipulações, como o uso de drogas, para fazer com que os americanos acreditassem em suas ideias. Também é exposta a ideia de que os americanos e a ONU tem um respeito muito grande pelos direitos humanos, pois estão preocupados com a vida de prisioneiros de guerra, e sua luta é para que todos descubram que o “verdadeiro” inimigo são os “vermelhos”. Em suma, a ideia principal é demonstrar que os EUA estão do lado “certo” na Guerra Fria e que é um inaceitável um americano se tornar um comunista, isso só seria justificável se ocorresse sob o efeito de drogas. As HQs expostas até o momento, também, demonstram como os espiões e os agentes comunistas são perigosos aos civis americanos e estrangeiros. Porém, na edição 78 na história intitulada The Hour of Doom [A hora da destruição], somos apresentados a uma trama na qual um astro da TV, Chuck Blayne, muito popular entre os jovens, é na verdade um agente comunista que pretende detonar bombas na sede da ONU para provar que:

A cooperação mundial é uma falsidade! A amizade entre nações não é possível! Eu escondi uma bomba nesse prédio! Uma bomba que vai explodir a ONU e parte de Nova York! Eu 13

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

quero que vocês percebam que a ONU é fraca contra o poder superior!26.

O “poder superior” mencionado se refere ao comunismo, e o plano de Blayne é frustrado graças à intervenção do Capitão América, que consegue localizar e desarmar as bombas. No final dessa HQ o Capitão América faz uma comparação entre o nazismo e o comunismo e os Estados Unidos Hitler! Dizia as mesmas palavras: “mentes fortes em corpos fortes” e “jogue para vencer”! Os americanos não jogam para vencer necessariamente, mas visando o bom espírito esportivo e jogo justo... Do qual os nazistas e os vermelhos não sabem nada sobre isso27

Aqui a fala do Capitão nos remete ao discurso da Doutrina Truman que também faz comparações entre o nazismo e o comunismo, colocando essas ideias no mesmo nível e rotulando-as como “totalitárias”. E, novamente, é transmitida a ideia de que os americanos são os únicos que “jogam” de forma justa. A ação terrorista desse personagem pode ser considerada como um ataque em solo americano. Entretanto, nessa mesma edição, temos outro exemplo do que poderia ser considerado um ataque comunista em solo americano, é a história intitulada His Touch is Death! [Seu toque é a morte]. Nessa HQ os comunistas da União Soviética criaram um monstro de energia elétrica chamado de “Electro”, e o enviaram para os Estados Unidos com a missão de destruir o Capitão América. O monstro é muito forte, mas a carga elétrica de seu corpo dura apenas 24 horas, tendo que ser recarregado em um dínamo após esse período. Ao chegar aos EUA a criatura vai diretamente ao encontro do Capitão América visando destruí-lo e humilhá-lo perante o mundo todo. A luta contra o monstro é difícil, mas o Capitão consegue vencê-lo. Quando Electro foi recarregar sua energia o Capitão fez com que ele sofresse uma violenta sobrecarga o deixando fora de combate.

14

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

Essas HQs abordam os principais medos que assombravam os Estados Unidos no período e fornecem, como pode-se notar, uma visão parcial de como os norte-americanos interpretavam seu papel na Guerra Fria. O tema da espionagem é tratado como se fosse um método desonesto usado somente pelos “vermelhos”, no entanto, sabe-se que ambos os lados se utilizaram de espiões. E os Estados Unidos institucionalizaram as ações encobertas (covert actions) como forma de intervenção não só nos países comunistas

como

naqueles

que

não

ajudassem

ou

recalcitrassem diante de suas diretrizes estratégicas, pautada na Guerra Fria. A execução caberia à CIA, em processo de estabelecimento [...]. O propósito das covert actions consistia em manipular os acontecimentos e sua percepção, de tal modo que o resultado fosse alcançado, sem que seus participantes soubessem que tinham sido manipulados ou, se suspeitassem, permitisse que a verdade fosse plausivelmente negada28.

Essa “manipulação” dos fatos para que ações secretas pudessem ser praticadas pode ser uma das justificativas para que o Red Scare tenha sido tão difundido nesse período, pois com a população assustada ficava mais fácil para que o governo americano tomasse medidas mais radicais visando combater ameaças externas e internas. E como aponta Bandeira,

os Estados Unidos construíram uma gigantesca maquina militar e de inteligência, em que a “national security” se tornou a justificativa para massivos gastos com defesa, operações encobertas realizadas pelo exército secreto da CIA, no exterior, e carta aberta para que J. Edgar Hoover manejasse o FBI e cometesse toda espécie de ilegalidades, em busca de “subversivos” dentro dos Estados Unidos29.

15

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

Entretanto, no período em que foram publicadas essas HQs do Capitão América a paranoia anticomunista já não estava sendo bem-vinda. Em 1953, a Guerra da Coréia teve um desfecho não

esperado pelos americanos, e

também foi o primeiro ano do mandato presidencial de Dwight D. Eisenhower, que havia sido eleito devido às suas promessas de campanha de combate ao comunismo, à corrupção e à Coréia do Norte. De modo geral a política externa dos Estados Unidos nesse período inicial do mandato de Eisenhower apresentou poucas mudanças com relação à de Harry Truman, isso se deve à predominância das diretrizes estabelecidas pelo NSC-68. Do ponto de vista interno, um dos aspectos da política de Eisenhower que nos interessa é o combate ao que podemos chamar de “extremismo anticomunista” do senador Joseph McCarthy e dos que compartilhavam de suas ideias. Em dezembro de 1954, após várias deliberações o Senado aprovou uma moção de censura aos atos de McCarthy, o que, de certo modo, desestabilizou todas as ações anticomunistas do senador. E, de modo geral, refreou a crescente paranoia anticomunista que, como já dissemos, tinha em McCarthy um de seus ícones mais expressivos. Entretanto, o Red Scare continuou muito presente no imaginário propagandístico dos Estados Unidos durante todo o período da Guerra Fria. Uma grande questão que todos esses fatos e as histórias em quadrinhos (assim como outros meios de comunicação, cinema, radio, etc.) desse período levantam é a seguinte: por que todo esse medo dos comunistas? Essa questão é de difícil resposta, porém, o historiador Antonio Pedro Tota sugere uma interessante explicação para a problemática: como a sociedade norte-americana das décadas pós-Segunda Guerra foi marcada por uma grande prosperidade, a classe média conquistou um relativo poder de consumo, o que era extremamente incentivando pelos meios de comunicação.

Todavia, a propagação dessa sociedade afluente não era livre de problemas. Sob o verniz da riqueza e prosperidade, a classe média americana suprimia suas contradições com equivalente disposição. Uma vez que o fator determinante da unidade nacional era a luta contra o comunismo, não é de surpreender

16

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

o surgimento de um clima de repúdio e paranoia a tudo que se afastasse do “ideal americano”, entenda-se, um ideal de conformismo. O que chegou a ser pior, a aversão a toda ideia que se afastasse do era considerado o “próprio” ou “adequado” chegou a ser institucionalizado pelo governo americano30.

Assim, podemos entender a figura do Capitão América anticomunista como uma representação do que a sociedade americana do início da década de 1950 considerava adequado. O Capitão América lutava e não media esforços para manter o mundo livre de todas as ideias consideradas inadequadas.

*

Programa de Pós-Graduação em História Social – USP. Contato: [email protected] Todos os trechos citados da Doutrina Truman são de tradução nossa e foram extraídos de uma versão comentada do discurso presidencial ao Congresso em 12 de março de 1947. TRUMAN, Harry. Truman Doctrine – 1947, p. XX. Disponível em: Acesso em: 18/05/2014. 2 Idem, p. XX. 3 Idem, p. XX. 4 Idem, p. XX. 5 Conselho de Segurança Nacional. Tradução nossa. 6 LAFEBER, Walter. America, Russia and Cold War, 1945-1996. New York: McGraw-Hill, 1997, p. 96. Tradução nossa. 7 Idem, p. 95-96. Tradução nossa. 8 Idem, p. 97. Tradução nossa. 9 BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Formação do império americano: da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p. 168-9. 10 Era filiado ao partido Republicano e foi senador pelo estado de Winsconsin de 1947 a 1957. McCarthy morreu em 2 de maio de 1957, aos 48 anos, devido a problemas hepáticos causados por abuso de álcool. Informações extraídas do site: Joseph McCarthy: Biography Appleton Public Library. Disponível em < http://www.apl.org/book/export/html/1012> Acesso em: 23/05/2014. 11 BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Formação do império americano: da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p.168. 12 Idem. 13 MORGAN, Ted. Reds: McCarthyism in twentieth-century America. New York: Random House, 2003, p. XVIII (tradução nossa). 14 Idem. 15 TOTA, Antonio Pedro. Os Americanos. São Paulo: Contexto, 2009, p. 181. 16 “Yes, the greatest champion of democracy is back with his pal, Bucky… back to fight the worst menace the freedom loving peoples of the world have ever faced! Together they battled fascists and Nazis, but now they’re needed again to fight… the BETRAYERS”!. Captain America – Commie, amasher! nº 76, maio de 1954, New York: Atlas Comics, p. 04 (versão original, grifo original, tradução nossa). 17 “But, with the coming of the peace, there was still no rest for them! Communism was spreading its ugly, grasping tentacles all over the world!”. Idem, ibidem (versão original, tradução nossa). 1

17

Anais do XI Encontro Internacional da ANPHLAC 2014 – Niterói – Rio de Janeiro ISNB 978-85-66056-01-3

18

“Bucky, there’s a war going on... a war of spies! We’re going to join in on that war... as soldiers in the army!”. Idem, p. 05 (versão original , tradução nossa). 19 “With the stuffs we have here, the people who pay me will have enough to start a new world war… and win!”. Idem, p. 09 (versão original – tradução nossa). 20 “He died the way He wanted the free world to die...in flames!”. Idem, ibidem (versão original, tradução nossa). 21 “This took place in a small country between lands behind the iron curtain and the free world… the two sides are fighting a Cold War to win over! One side fights with spies and traitors… the other fights with friendship and peace!”. Idem, p. 11 (versão original, tradução nossa). 22 “Stopping fighting the communists Americans... They are our friends! We have it very good here… so… give up fighting!”. Idem, p. 28 (versão original, tradução nossa). 23 Os dois trechos citados são os seguintes: “But now we’re going back home... and you can tell the world the truth... real Americans don’t turn red!” e “Beware, commies, spies, traitors and foreign agents! Captain America, with all loyal, free men behind him, is looking for you, ready to fight until the last one of you is exposed as the yellow scum that you are!”. Idem, p. 33 (versão original, tradução nossa). 24 “That their own masters are the real killers… and the United Nations are the only ones who ca cure what ails them… with freedom and democracy!”. Captain America – Commie amasher! nº 77, julho de 1954, New York: Atlas Comics, p. 19 (versão original, tradução nossa). 25 “People of Chine! Now you know who your enemy is! Your Green Dragon has come to life to rid you of the scourge of the reds! They are your enemies and the foes to all honest men!”. Idem (versão original, tradução nossa). 26 “The world cooperation is a falsehood! Friendship among nations is not possible! I have placed a bomb in this building! A bomb that will blow up the U.N. and a part of New York! I want you to realize that U. N. is powerless against the stronger power!”. Captain America – Commie amasher!, nº 78, setembro de 1954, New York: Atlas Comics, p. 27 (versão original, tradução nossa). 27 “Hitler! Same words: ‘strong minds in strong bodies’ and ‘play to win’! Americans not to win necessary, but for the sake of good sportsmanship and fair play… which Nazis and reds knows nothing about at all”. Idem, p. 31 (versão original, tradução nossa). 28 BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. Formação do império americano: da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005, p.162-3. 29 Idem, p. 163. 30 TOTA, Antonio Pedro. Os Americanos. São Paulo: Contexto, 2009, p. 191.

18

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.