Guerra Peninsular – Operações a partir de Trás-os-Montes

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Texto publicado em 2012 na Revista Científica Proelium, Série VII, Nº 3, AM, pp. 183-20, Lisboa

Guerra Peninsular: Operações a partir de Trás-os-Montes Nuno Lemos Pires

ABSTRACT The “Transmontanos” accomplished their mission in the protracted Peninsular War, from 1808 to 1814. They were among the first to have risen against the French invader, they helped in the national revolt, and they integrated the Portuguese Armed Forces both in all their different types of units, including first line troops, militias and “ordenanças”, and as part of spontaneous fighting groups, such as local guerrillas, or simply by defending their close ones. The majority of the fighters who imposed the first defeat on French troops in the Peninsular War at the Battle Padrões de Teixeira in June 1808 had come from Trás-osMontes. They managed to take back the first Portuguese town to have been occupied, Chaves, in 1809 and in 1810 they were the first to have engaged in combat, beyond the Portuguese border, at Puebla de Sanabria/ Spain. Up until the end of the Peninsular War, the Transmontanos, together with the remaining national forces, fought side by side with their British allies to expel the French from Spain and even defeated them in France in 1814. Meanwhile, in their own region, they ensured that nobody would attack or pass through because, as nobody should even doubt, “beyond the Marão Mountains it is the Transmontanos who rule”. Keywords: Trás-os Montes; Uprising, Battles and Campaign. RESUMO Os transmontanos cumpriram o seu papel na prolongada Guerra Peninsular, de 1808 a 1814. Estiveram entre os primeiros a levantarem-se contra o ocupante francês, ajudaram no levantamento nacional, integraram as forças armadas portuguesas em todas as suas vertentes, nacionais, regionais e locais, no exército de primeira linha, nas milícias e nas 1

ordenanças mas também em grupos espontâneos, guerrilhas locais ou simplesmente, na defesa dos seus. De Trás-os-Montes saíram a maioria dos combatentes que infligiram a primeira derrota aos Franceses na Batalha dos Padrões da Teixeira em 1808. Em 1809 conseguem a primeira retomada de uma cidade portuguesa ocupada – Chaves. Em 1810 vão ser os transmontanos os primeiros a entrar em combate para lá da fronteira portuguesa em Puebla de Sanabria. Até ao final da Guerra Peninsular, os transmontanos, e as restantes forças portuguesas, seguem com os seus aliados britânicos para expulsar os franceses de Espanha e depois a derrotá-los na própria França em 1814 enquanto, por cá, garantem a segurança permanente da sua região porque, que ninguém duvide “Para lá do Marão mandam os que lá estão!” Palavras-chave: Trás-os-Montes; Revoltas, Batalhas e Campanha.

1. INTRODUÇÃO Quando se fala da Guerra Peninsular, ou das Invasões Francesas, em Portugal, associamos na nossa memória os nomes das Batalhas mais famosas onde combateu o Exército Anglo-Português: Roliça, Vimeiro, Douro, Buçaco, Linhas de Torres Vedras, Salamanca, Vitória, etc. Fala-se mais destas Batalhas e não de outras, tão ou mais importantes, por dois motivos principais: primeiro porque, ao lado das forças portuguesas participaram forças britânicas, o comandante era britânico, geralmente Wellington, e em segundo lugar porque foram batalhas travadas entre exércitos regulares, devidamente organizados e reconhecidos. Ou seja, foram estas as Batalhas que ficaram para história, amplamente relatadas pelos historiadores britânicos, recordadas pelos militares que nelas participaram e que publicaram as suas memórias ou por jornalistas que contavam a história das grandes Batalhas, dos grandes feitos. Assim se foi escrevendo a história da Guerra Peninsular, esmagadoramente por versões britânicas, algumas, poucas, versões portuguesas, muitas destas também utilizando as fontes britânicas para a sua elaboração1, versões espanholas e francesas e o mote, na sua globalidade, alude aos grandes feitos e batalhas, às grandes vitórias e derrotas. 1

“Os escritores estrangeiros, e a maior parte dos nacionais que, arrastados pela força do costume, se não têm atrevido a sacudir o império que os estrangeiros adquiriram sobre nós no tempo em que éramos cegos,

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Mas a Guerra Peninsular foi muito mais do que as grandes Batalhas de Wellington ou dos Marechais Franceses, foi a Guerra dos povos contra o ocupante, foi uma guerra terrível entre forças regulares, irregulares, guerrilhas e população em armas. Foi uma guerra geral para os povos da Península Ibérica. Para Portugal foi acima de tudo uma Guerra Global, de duração e espaço muito maior do que a designação de Guerra Peninsular ou Invasões Francesas nos dão a entender. Foi Guerra Global porque Portugueses e Franceses lutaram entre si, com ou sem os respetivos aliados, em vários continentes, na terra e no mar, durante quase 24 anos, do Rossilhão na Espanha/França à Guiana na América, de Moscovo na Rússia à Ilha Brava em Cabo Verde, do mar Mediterrâneo aos mares da Índia e de Moçambique. Guerra Global no espaço, no tempo e nas pessoas, porque, no caso de Portugal continental Europeu envolveu todos: militares e civis, homens e mulheres, velhos e crianças, do Norte ao Sul, da fronteira à foz do Tejo, de Bragança a Olhão. Global, ainda, porque depois da pátria libertada em 1811, continuámos a combater para libertar Espanha até 1813 e finalmente derrotar a França em 1814. A história tem-se esquecido de contar as outras grandes Batalhas, grandes em coragem, enormes em determinação, mas porque, ou não continham britânicos ou porque foram executadas por forças das milícias e ordenanças2, não tiveram a honra de merecer o relato. Pior, porque os soldados regulares do Grand Armèe não se conformavam com essa “guerra pequena” não a contaram. Hoje, felizmente, têm sido muitos os historiadores que têm trazido para a atenção do leitor toda esta gigantesca dimensão da Guerra pouco ou nada contada. As ações dos transmontanos, os importantíssimos feitos e sucessos alcançados, estão entre as inúmeras ações que a história não conta devidamente. Basta lembrar que a

esforçaram-se por mostrar os portugueses num piedoso estado (…) e os nossos repetiram o que eles disseram, não se julgando com liberdade para pensarem de outra forma” Neves, 1810/11: 94 [preferimos colocar nas notas de rodapé a data original da publicação mesmo quando as obras consultadas são edições recentes, pois assim, o leitor apercebe-se mais facilmente do tipo de fonte que estamos a utilizar, no final, na bibliografia está a informação completa do autor e da publicação utilizada na consulta]; 2 As Milícias e Ordenanças, verdadeira espinha dorsal da defesa do território nacional, foram desarmadas e desfeitas por ordem do General Francês Andoche Junot em Janeiro de 1808 que, imediatamente antes, tinha acabado também com o exército de primeira linha de Portugal em Dezembro de 1807 e enviado o que restava para combater com Napoleão no que ficou conhecido como a Legião Portuguesa. Os melhores comandantes militares tinham partido para França ou para o Brasil. Era assim muito difícil resistir contra a poderosa França reforçada em Portugal com 3 divisões espanholas mas, felizmente, o nosso Príncipe Regente, a partir do Rio de Janeiro, declarou Guerra à França em Maio de 1808, no mesmo mês que a Espanha mudou de posição e, ao revoltar-se, abandonou o nosso território. Estavam criadas as condições para retomar o nosso País.

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primeira derrota dos Franceses na Península Ibérica foi às mãos dos Portugueses, na sua esmagadora maioria transmontanos, que debaixo das ordens do Coronel Silveira, futuro Conde de Amarante, infligiram uma pesada derrota ao corpo francês do General Loison na Grande Batalha dos Padrões de Teixeira em Junho de 1808. Vamos tentar contar o que pouco tem sido contado e lembrar as operações a partir de Trás-os-Montes durante a Guerra Peninsular. Selecionámos algumas ações mais marcantes em cada uma das, habitualmente denominadas, três Invasões francesas e assim pretendemos levar o leitor, através de exemplos regionais, entender a dimensão global da guerra: onde as decisões políticas e estratégicas tomadas obedeceram a visões globais sobre os recursos humanos, materiais e financeiros de forma a defender os vários interesses, no mar e em terra, em todas as áreas do território português espalhados em cinco continentes. Por outro lado queremos que o leitor, dentro do teatro de operações peninsular, entenda a importância das chamadas operações de sustentação, importantíssimas a nível regional e essenciais ao nível peninsular para permitir concentrar recursos operacionais nas áreas chave da condução da guerra e, por último, abordar, através do exemplo transmontano, como a guerra peninsular foi uma guerra de todos, muito mais do que uma guerra entre exércitos ou entre militares, envolveu tudo, todos e em todo o território peninsular.

2. AS OPERAÇÕES NA 1ª INVASÃO Na primeira Invasão selecionámos a Batalha de Padrões de Teixeira. Importantíssima vitória do Exército Português contra o Exército Francês. A primeira Batalha ganha na Península Ibérica contra os Franceses. Vamos recordar. O levantamento geral contra o invasor Francês deu-se em menos de um mês, em Junho de 1808, do Norte ao Sul de Portugal foi um rastilho de ações e movimentos que obrigaram à fuga dos franceses para se concentrarem junto à capital, Lisboa. Não nos vamos alongar sobre o levantamento popular mas, porque Bragança é um excelente exemplo para entendermos esse enorme movimento nacional, permitam-nos apenas relembrar alguns pontos importantes, socorrendo-nos, naturalmente, de alguns historiadores bragançanos. Foi a 11 de Junho de 1808 que o General bragançano Manuel Jorge Gomes Sepúlveda, motivado pelo clero local, chamou às armas todos os transmontanos e deu vivas ao povo

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nas escadas fronteiras da Igreja de São Vicente 3 . Ou seja, Bragança está entre as primeiras áreas libertadas em Portugal e assim podemos entender o que se vai passando um pouco por todo o país porque, além das palavras, o general4 passou-as para papel, dando-lhe o carácter organizativo que, desde logo, diferencia este ato de levantamento popular, que se poderia ter tornado rapidamente anárquico e incontrolável, num movimento organizado e, mais tarde, pensado nacionalmente, vejamos o edital, publicado ainda nessa mesma noite, que referia: «Devendo pelas circunstâncias ocorrentes dar as providencias conducentes à segurança desta província, por se achar sem tropa alguma de linha: faço saber a todos os desertores simples que em nome do Príncipe regente, N. S e Soberano, lhes perdoo a dita deserção, se se juntarem por estes quinze dias à minha presença nesta cidade e à presença do governador de Chaves, naquella praça e no referido termo, para se alistarem nas tropas, que vou formar desde já com officiais, que sahirão da redução passada. Convido também e mando aos que deram baixa na dita redução, venham alistar-se na referida forma, com vencimento de pão e pret que dantes tinham, até superior resolução. Nas circunstâncias supraditas não é preciso mais palavras para entusiasmar os bons portugueses, tendo o exemplo nos vizinhos hespanhoes. Dado no Quartel-general de Bragança ao 11 de Junho de 1808. Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda».5 Bragança, Vila Real 6, Chaves, Miranda, Torre de Moncorvo, Ruivães, Porto, todo o norte se levantou contra o invasor. Os poucos (pouquíssimos) líderes capazes7 surgem nos primeiros dias da revolta: Além do General Sepúlveda em Bragança temos Francisco da Silveira em Vila Real, Luís do Rego em Viana, Manuel de Mariz no Porto, etc. De novo recorremos ao exemplo de Bragança para ilustrar o esforço nacional na procura de alguma organização e enquadramento no levantamento em armas da 3

Ver descrição em pormenor em Lousada, 2008: 1473-75; “Era governador militar de Bragança, Manuel Jorge Gomes de Sepúlveda (…) levantou o grito contra os franceses, aclamou o príncipe regente e chamou às armas os transmontanos” Mas chamamos a atenção à descrição que se segue, onde se pode ler o grande cuidado que houve por parte deste general em, desde muito cedo, coordenar as suas ações com as restantes ações e movimentos de ambos os lados da fronteira: “Pôs-se em comunicação com os generais espanhóis da fronteira, empregando todos os esforços para expulsar o inimigo peninsular” Lopo, 1900: 103; 5 Autor Anónimo, Sepúlveda Patenteado, ou Voz Pública, e Solene depositada em documentos autênticos que devem servir para resolver a questão: quem foi o primeiro chefe e proclamador da revolução transmontana em 1808, Londres, 1813, p. 21 em Lousada, 2008: 1474; 6 “Silveira, em Vila Real de Trás-os-Montes, proclama a independência e chama os soldados dispersos” Chaby, 1863: III - 50; 7 “quase invariavelmente (…) foi o «povo» que tomou a iniciativa. Mas no meio deles aparece o ocasional alferes, tenente ou capitão de ordenanças ou milícias, o ocasional religioso” (…) “Em Trancoso é um tenente-coronel de milícias que assume a responsabilidade da insurreição” em Valente, 2007: 14 – 16; 4

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população portuguesa: “O abade (…) formulou o plano de revolução que comunicou ao capitão de infantaria nº 24 da guarnição de Bragança, Bernardo de Figueiredo Sarmento, depois de discutido em várias conferências com o governador do bispado, Paulo Miguel Rodrigues de Morais, e com o sargento-mor de milícias de Bragança, Manuel Ferreira de Sá Sarmento (…) prestou-se logo a reunir oitocentos soldados do seu extinto regimento” 8 . Ou seja, organizou-se com as poucas chefias possíveis, militares e políticas e, naturalmente, com a forte ajuda do clero. “Sepúlveda dá ordem para se reorganizarem todos os regimentos de linha, de milícias e de ordenanças da província” 9 de Bragança, mas também assim foi feito em quase todo o país. O País prepara-se então para atacar os franceses onde estes se encontrem e defender o que fora já libertado. Ainda um outro bom exemplo transmontano: “constou a notícia de que um exército francês se aproximava, na força de vinte mil homens (…) Miranda não tinha armas, nem munições (…) A junta manda a Zamora pedir armas, pólvora e bala (…) um cordão de ordenanças se estende pela raia (…) comandados pelo abade de Duas Igrejas, frades pelo seu geral e paisanos pelo dito capitão de Ordenanças (….) o ataque (…) não teve lugar (…) por isso foi levantado o cordão”10. O sistema defensivo foi-se instalando no norte, em Trás-os-Montes, em todo o País. Pede-se, inclusivamente, que o líder por todos aceite em Trás-os-Montes, saia de Bragança, e se desloque para uma posição de onde possa exercer melhor as suas responsabilidades como comandante regional: “A Junta da Torre (…) passou depois a pedir socorros ao general Sepúlveda, representando-lhe que seria conveniente vir estabelecer o seu quartel junto ao Douro, onde a sua presença se fazia mais necessária do que em Bragança, a abrir comunicações com o governo espanhol de Ciudad Rodrigo, e a dar as mais enérgicas providências a bem da causa pública”11. Junot percebe que não conseguirá controlar Portugal inteiro e a reação inicial francesa foi a de garantir as linhas de comunicação com as restantes forças em Espanha. Loison segue para Almeida com 4.000 homens, Avril para Cádis com 2.500 e Kellerman para Elvas com 2.000. Os portugueses tentam reorganizar as suas forças, praticamente a partir do nada, a partir das antigas ordenanças e milícias do reino, vejamos de novo através do exemplo do General Sepúlveda: “No dia 18 reorganizou as guardas da cidade; no dia 23 mandou sessenta homens para a Régua; dia 25 quarenta homens e duas peças 8

Baçal, 2000: 130; Baçal, 2000: 130; 10 Baçal, 2000: 148-49; 11 Neves, 1810/11: 272 9

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de artilharia para Moncorvo, para onde no dia 29 fez marchar mais duzentos; dia 4 de Julho cento e trinta para Urros, a guarnecer a Barca de Alva e Peredo, e no dia seguinte parte ele próprio para Vila Real”12. Para debelar a rebelião no Porto e “todo o país além do Douro”13, Junot envia a 17 de Junho, de Almeida, o General Loison “o Maneta” com 2.600 homens bem armados e equipados, com 50 cavalos e 4 peças de artilharia 14, mas este nunca lá chegará. Na primeira grande batalha contra os portugueses, “armados com o que podiam”, às ordens do Coronel Silveira (futuro conde de Amarante), os franceses são derrotados nas alturas de Teixeira e Régua. Porque existia já um eficaz sistema de aviso e alerta, que dava conta de todos os movimentos dos franceses, Francisco da Silveira conseguiu organizar uma força de interposição que barrasse o caminho de Loison em direção ao Porto. Como grande conhecedor do terreno, Silveira instalou as suas forças em terreno muito difícil para o atacante francês e que oferecia nítida vantagem aos milhares de portugueses, praticamente desarmados. Loison chega a Lamego no dia 2015 e no dia seguinte passou o Douro na barca da Régua aí “mandou adiante oito cavaleiros para prepararem quartéis em Mesão Frio (…) onde o general foi jantar, ficando atrás as bagagens”16 e são as bagagens que são atacadas nessa noite do dia 21 de Junho de 1808. Assim se inicia a primeira etapa que nos levaria à Batalha de Teixeira (ou dos Padrões de Teixeira e Régua) 17 . Loison tem forças portuguesas no lado norte do Douro, está a ser atacado na outra margem e sente-se encurralado: “de uma parte pelas elevadas montanhas do Marão e da outra pelas correntes do Douro”18. Silveira divide as suas forças em duas colunas19 e com cerca de 3.000 homens monta uma posição junto à povoação de Teixeira20 e simultaneamente, e na retaguarda das 12

Baçal, 2000: 147; Neves, 1810/11: 272 14 Outros números: “dois mil e quatrocentos soldados de infantaria, cem cavalos e alguma artilharia” Chaby, 1863: III-54 ou “2600 homens, em que entravam 100 de cavalaria (…) três peças de campanha, dizem umas relações, e quatro peças e dois obuses, dizem outras” Neves, 1810: 296 ou ainda “1.800 men according to French sources; 2.600 according to portuguese” Chartrand, 2001: 24; 15 Chartrand diz que chega a 19 - Chartrand, 2001: 24; 16 Neves, 1810/11: 296; 17 Chartrand, 2001: 25; 18 Neves, 1810/11: 296; 19 Lousada, 2008: 1478 mas segundo Neves, 1810/11: 298 “dividiram-se os nossos combatentes em três colunas principais, segundo os distritos a que pertenciam: a de Vila Real, a de Amarante e a de Guimarães (…) a primeira comandada pelo tenente-coronel de cavalaria João Botelho Guedes (…) a de Amarante pelo alferes de cavalaria Luiz Maria de Cerqueira (…) e a de Guimarães o tenente-coronel de cavalaria Gaspar Teixeira”; 13

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mesmas (onde se encontravam as bagagens) na Régua. Silveira consegue assim isolar Loison na frente e retaguarda das suas forças não lhe permitindo iniciativa para alterar o rumo do combate já iniciado. Loison decide retaliar mas é Silveira que toma de novo a iniciativa, como foi o exemplo da emboscada por si ordenada no lugar do santinho a 2km da Régua 21: “trinta homens, metidos em umas vinhas, matando alguns oficiais e soldados”22. Loison reforça e divide as suas forças tendo “destacado duas companhias ligeiras para atacarem os paisanos”23 mas estes retiram-se para posições elevadas. Loison acampa, monta a sua base e prepara a batalha para o dia seguinte. A 22 pela manhã avança sobre as populações em direção a este, ainda antes de virar para a direção de Amarante e atacar as montanhas onde se encontrava Silveira. No movimento para leste “seguiu-se o saque, acompanhados das atrocidades que eram tão familiares ao bárbaro Loison (…) que muito sentiram os transmontanos”. Face à barbaridade da ação de Loison as populações acorrem em massa a juntar-se a Silveira 24 . Loison toma então a direção de Mesão Frio – Teixeira na direção geral que o levaria a Amarante. No caminho observa que as montanhas em redor estão com a cada vez mais ordenanças e milícias a vigiar a sua progressão. Tenta um primeiro avanço e ataca finamente o caótico, mas muito determinado, dispositivo português, junto à povoação de Teixeira, onde o vale termina e pela frente tem de enfrentar, forçosamente, as montanhas com os 3.000 homens de Silveira. A Infantaria Ligeira de Loison ataca ao centro e à medida que avança contra os mal armados 3.000 portugueses25 encontra cada vez mais combatentes que “se arrojam a acometer, empregando até as pedradas, e o furor de cães de fila, de que alguns se fizeram acompanhar”

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incluindo, para sua grande surpresa, algumas peças de

artilharia27. “Por espaço de duas léguas fez-se-lhe um fogo tão vivo como podia esperarse de uma paisanagem mal armada, mas furiosa e encarniçada, sobre um inimigo que 20

Chartrand, 2001: 24; Lousada, 2008: 1479; 22 Neves, 1810/11: 296; 23 Neves, 1810/11: 297 “o comandante foi (…) o capitão-mor dos privilegiados de Malta, Manuel de Mesquita Pimentel e Castro”; 24 “era quase tudo paisanagem, algumas milícias e muito pouca tropa de linha, porque a não havia” Neves, 1810/11: 298; 25 Embora se pense que neste momento pudessem estar já cerca de 10.000 homens nas montanhas em redor de Teixeira: “20.000 portuguese were there although this seems a greatly exaggerated number anda round 10.000 would seem more likely” Chartrand, 2001: 25; “total das três colunas em 60.000” em Neves, 1810/11: 298; 26 Chaby, 1863: III-58 27 “there were even two field pieces served by a six gunners in Silveira’s makeshift force” Chartrand, 2001: 25; 21

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lhe dava costas”28. No outro extremo da coluna, junto às bagagens na Régua, a segunda coluna portuguesa está a atacar os franceses e estes, com apenas dois batalhões das 2º e 4º Brigadas Ligeiras de Infantaria, seis peças de artilharia e 50 homens dos dragões29 são em muito ultrapassados pelo número de atacantes portugueses. Numa outra qualquer situação, os franceses poderiam pensar que esta força seria suficiente para bater os portugueses, mas a determinação das populações, em especial das milícias e ordenanças, debaixo da forte liderança de Silveira fizeram a diferença. Loison, ferido30, já sem dois dos seus obuses, sofre baixas severas. Informado que no Porto se estão a formar rapidamente “Regimentos de Linha” 31 e que do Norte novas brigadas de ordenanças estão a tomar o caminho da sua posição decide retirar. “embaraçado o general francês por tão tenaz perseguição, vendo diminuir a sua força, tendo perdido dois obuses, muitos barris de pólvora32, armamento e bagagens, toma a direção da cidade de Viseu”33 onde chega “manso como um cordeiro”34. “Pela primeira vez, os «gloriosos conquistadores da Europa» fugiam”35. No regresso apressado a Almeida, são praticadas pelo maneta ainda mais barbaridades mas este, ao saber que chegavam a Pinhel, vindos de Trancoso, o capitão Álvares da Silva com um corpo destacado de um batalhão transmontano decidiu acelerar a marcha: dos 1000 a 3000 mortos portugueses registados nesta campanha de Almeida - Teixeira – Almeida a grande maioria são “cidadãos pacíficos e desarmados (…) queimou searas, casas e celeiros, matou homens, mulheres, crianças e velhos”36. Loison perde mais de 300 homens37, quase toda a sua bagagem e pelo menos duas peças de artilharia. O Exército Operacional Português podia ter sido enviado para França (por ordem de Napoleão em Fevereiro de 1808), mas com base na organização secular de milícias, ordenanças e nas poucas forças de 1ª linha que restavam, um novo Exército, uma força popular, uma nação em armas, renascia de forma incrivelmente rápida 38 . Mas não 28

Neves, 1810/11: 299; Chartrand, 2001: 26; 30 “os paisanos sustentam a luta, causando-lhe a perda de alguns soldados, e ferindo o próprio general” Chaby, 1863: III-56 31 Chartrand, pág. 27; 32 “25 barris de pólvora e bala” Neves, 1810/11: 299; 33 Chaby, 1863: III-58; 34 Neves, 1810/11: 299; 35 Valente, 2007: 67; 36 Valente, 2007: 67 – 68; 37 “a perda dos franceses calculou-se em princípio em mais de 300 homens (…) parece que os franceses mortos chegariam a uns 80” Neves, 1810/11: 299; 38 “o esforço essencial das juntas consistiu em recompor as forças armadas portuguesas” Valente, 2007: 40; 29

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bastava a vontade pois faltava tudo: armas, uniformes, dinheiro, comandantes, cavalos, doutrina, tática, treino! Norte, Algarve e a revolta espalhou-se por todo o território nacional: Coimbra, Leiria, Nazaré, Mafra, Sines, Setúbal, etc. Junot sabia que não podia lutar contra todo o país e mandou concentrar as suas forças ao redor de Lisboa e na manutenção das linhas de comunicação com Espanha, especialmente no Alentejo. Morreram milhares de portugueses na defesa do impossível 39 mas a verdade é que no início de Agosto, os franceses apenas controlavam Lisboa, parte do centro do país e o eixo Lisboa-Alentejo. As principais fortalezas estavam tomadas ou sitiadas pelas forças portuguesas. Portugal garantia portos seguros, áreas libertadas, uma população decidida e um Exército em formação 40 . Os britânicos podiam então desembarcar, tranquilamente e com toda segurança, o seu Exército bem armado, equipado, treinado e devidamente comandado. “Em pouco mais de um mês a revolta estendera-se a quase todo o território português. Restava a capital e os seus arredores ocupados pelo exército francês.”41 “Já antes de Wellington (ainda Wellesley) pôr o pé em terra a revolta libertara nove décimos do país”.42

3. OPERAÇÕES TRANSMONTANAS NA SEGUNDA INVASÃO Na segunda Invasão vão ser os transmontanos, agora sob comando de Silveira43, que vão reconquistar o terreno perdido inicialmente para os franceses – Chaves – são os que irão deter o avanço em direção a leste – Amarante – e vai ser na fronteira desde Bragança até à Guarda, que os possíveis reforços franceses são impedidos de se juntar a Soult no Porto. Arriscamos afirmar que há um erro recorrente na análise sobre as operações militares portuguesas durante mais esta guerra global que é a de ver os efeitos da mesma apenas onde as forças estrangeiras atuaram e não numa perspetiva geral, de norte a sul de 39

“as grandes derrotas e aos grandes massacres de 1808 (Em Évora e Beja, Tomar ou Leiria, por exemplo)…” Valente, 2007: 7 40 “Como conceber que, uma vez ele destruído e dissolvido o exército, a oposição nascesse das ruínas? E como conceber uma oposição sem o Estado e o exército que não se destinasse a reconstituí-los? Mesmo os rebeldes espanhóis, quando a luta se iniciou no Dos de Mayo, tinham 100 000 homens de forças regulares (…)” Valente, 2007: 61; 41 Vicente, 2000: 86 42 Valente, 2007: 7 43 “por carta régia de 15 de Fevereiro de 1809, o brigadeiro Francisco da Silveira Pinto da Fonseca é nomeado governador das armas da província de Trás-os-Montes em substituição de Sepúlveda, chamado para conselheiro de guerra” Baçal, 2000: 156;

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Portugal e de um extremo ao outro do império português. Portugal procurou defender todo o seu território e não apenas o Norte do país continental. Mas para a história da segunda invasão francesa ficou sobretudo a defesa do Norte e, infelizmente, dos 4 meses de combate das forças portuguesas, a maior parte das descrições apenas se refere às últimas três semanas de operações, ou seja, aquelas em que intervieram as forças inglesas. A ação das forças transmontanas contra a invasão comandada pelo General Soult começa para lá da fronteira portuguesa, ainda em terras da Galiza. As duas colunas francesas que se dirigiam a Portugal eram constantemente atacadas nos flancos e na retaguarda. A do Norte, atacada pelas guerrilhas galegas, e a do Sul pelas forças portuguesas 44 . As colunas de abastecimento franceses que saíam de Astorga sofrem igualmente violentos ataques. A difícil progressão francesa obrigou Soult a mandar regressar a Tuy parte das suas forças no dia 18, nomeadamente os meios mais pesados, carros e artilharia de grande calibre. Esta dimensão, de ataque permanente sobre as forças francesas, ainda antes de entrarem em Portugal, tem efeitos significativos, que assim se vê obrigado a deixar material para trás, leva muito mais tempo nos deslocamentos e é forçado a alongar as comunicações. São estas ações, que foram fundamentais para desgastar o adversário, que a história esquece e poucas vezes se lhe refere. Mal as forças francesas entram em Portugal o esforço de continuar a atacar a retaguarda dos movimentos franceses vai continuar em terra de Espanha e importantes reforços portugueses partem para combater na Galiza 45 . No AHM recolhemos este ofício do Coronel de Artª César de Faria, governador da Praça de Valença para o General do Minho, Pereira Caldas, datada de 15 de Março e que nos faz um bom resumo da atividade e dos efetivos envolvidos na Galiza: “Depois de terem entrado na Galiza as milícias e Ordenanças, tomado o forte de Gaião, a villa de Guardia e de Baiona (formado com os patriotas gallegos um exercito que se diz ser de 9.000 homens, se destinaram a vir tomar Tuy; ao mesmo tempo que do lado de cima vieram outro corpo composto de 400 homens dos regimentos do Porto, e milícias, e mais de 7.000 gallegos (conforme dizem)” 46 . Em Trás-os-Montes “Silveira fez convergir para esta praça 44

“Durante o percurso para Orense as forças francesas são constantemente fustigadas pelos irregulares de La Romana e do tenente João de Almeida de Sousa e Sá, de Infantaria 12 (Chaves), entretanto infiltrado na Galiza” Calçada, 1998: 12; 45 Ver descrição pormenorizada das acções portuguesas na Galiza em Pires, 2009a; 46 Lima, 1937: 13;

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[Chaves] toda a tropa da província, no intuito de a socorrer, ficando apenas em Bragança um destacamento a fazer guarnição, sob as ordens do coronel-governador Manuel Leite”47 mas não conseguirá defender a cidade. A 15 de Março48, as forças de ordenanças e milícias enviadas por Bernardim Freire de Andrade atacam as vanguardas francesas em Ruivães e na Venda Nova, o grosso das forças francesas são também atacadas pelo Batalhão de Caçadores do Monte às ordens de Silveira. Os caminhos difíceis, o mau tempo e os constantes ataques tornam a progressão francesa muito morosa49. À medida que se aproximam de Braga os ataques são maiores e mais frequentes. Em Bragança continuam os preparativos de defesa e todos os recursos são mobilizados: “o vigário geral, governador do bispado, Paulo Miguel Rodrigues de Morais, convocando por meio de uma circular todo o clero capaz de pegar em armas, organiza um corpo de seiscentos a setecentos homens da classe eclesiástica, armado e fardado à custa de cada um, para guarnecer a fronteira e resistir a qualquer surpresa que porventura o inimigo tentasse”50. No dia 17, os 4.000 que defendem a Ponte do Porto rendem-se a Soult, a 18 Pedralva é conquistada. Nesse mesmo dia Silveira 51 reforça os seus ataques contra os flancos e retaguarda dos franceses. Apenas a 20 foi possível a Soult iniciar o ataque a Braga. Entretanto, fechava-se o cerco às forças francesas: entre os rios Minho e Lima estavam as “poucas” forças do General Botelho, a leste do Rio Tâmega estavam as do Brigadeiro Silveira e no Porto prepara-se a defesa da cidade com muita desordem e anarquia depois da perda do comandante natural que seria Bernardim Freire de Andrade. Estrategicamente, a reconquista de Chaves pelas forças de Silveira, tornou-se por isso fundamental. Após duros combates de 20 a 25, os franceses rendem-se a Silveira no dia 25 de Março. As baixas francesas elevam-se a 20 mortos, um número indeterminado de feridos, mais de 1300 prisioneiros. São também capturadas 12 peças de artilharia, 1200 47

Baçal, 2000: 157; Este é o dia em que o Marechal Beresford, desde Lisboa, faz a sua primeira proclamação ao Exército Português e no dia 16 publica a sua primeira Ordem do dia – lentamente começava-se a reorganização operacional do Exército português com o apoio e direcção britânica, mas a norte ainda é Bernardim Freire de Andrade e Silveira que comandam as operações. 49 “Os portugueses (...) barricaram as aldeias e as cidades, obstruíram os desfiladeiros e pareciam resolvidos a defender – se até à última extremidade. Por toda a parte se ouviam os sinos e se via acorrer aos caminhos bandos de populares conduzidos por padres elevando o crucifixo na mão, ou por senhores que brandiam velhas espadas há muito tempo suspensas nas paredes dos seus solares” M.A. Thiers, Histoire du Consulat et de l’Impire, Paris 1879, em Calçada, 1998: 14; 50 Baçal, 2000: 157; 51 “as principais forças de Silveira eram compostas de 12 de cavalaria e 24 de infantaria de Bragança e das milícias de Miranda do Douro, Moncorvo e Bragança, além de Lamego, Chaves e Vila Real” Baçal, 2000: 157; 48

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espingardas, 90 cavalos, que se revelam extremamente importantes para o retomar da contraofensiva portuguesa e para a afirmação de Silveira como líder incontestado na região. Chaves e Vigo estão nas mãos de portugueses e espanhóis, Tuy está cercada. A leste do Rio Tâmega Silveira domina a situação. Soult encontra-se isolado do seu comandante, o Rei José (irmão de Napoleão Bonaparte), e das forças de apoio: Ney, Lapisse e Victor. Além disso, Soult tem as forças dispersas ao longo dos itinerários de reforço/ retirada. Sabia dos desembarques ingleses no sul de Portugal e do levantamento exponencial do restante exército de Portugal com o apoio britânico. Não só se confirmava assim a impossibilidade de continuar para Lisboa como parecia inevitável a retirada para Espanha. Mas Espanha está longe de se constituir um porto seguro e depois da queda do Porto os portugueses continuam a apoiar a revolta galega. A defesa de Silveira encontra-se ao longo do Rio Tâmega desde o Douro até Cavez e, na sua maioria, à custa de regimentos de milícias como de seguida se descrimina (de sul para norte52): Os de Gestaçô e Miranda do Douro em Entre-os-rios; os de Chaves, Vila Real e Canavezes em Canavezes e no vau de Cruéis; o de Basto na passagem de Moleiros; o de Guimarães em Vale Barões; o de Lamego em Mondim de Basto e o Regimento de Cavalaria 9 (Chaves) no vau de Chousas e Cavez. Na Ponte de Amarante, Silveira vai deter as forças Francesas desde o dia 18 de Abril até ao dia 2 de Maio (recorda-se que esta extraordinária operação defensiva está muito bem descrita nas obras dos Generais Azeredo e Calçada - ver bibliografia). Soult desespera com o tempo perdido – é vital estabelecer a ligação às forças do General Lapisse em Espanha. Os portugueses de Silveira sofrem 211 mortos e 114 feridos durante os longos 14 dias de defesa da Ponte de Amarante, mas não estão contabilizadas as baixas francesas. Para Soult é necessário abrir caminho para a fronteira e manda Loison destruir as forças de Silveira, garantir a segurança de toda a área a norte do Douro até à zona da Régua e tentar estabelecer ligação com possíveis reforços franceses por Bragança. Para os portugueses, sabendo dos reforços britânicos a caminho, tinha chegado o momento de lançar uma contraofensiva. O “novo” exército português, preparado a partir de Abrantes, está em movimento para norte.

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Esquema da defesa do Tâmega no livro em referência do General Carlos Azeredo na pág. 62

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No dia 3 de Maio, Silveira passa para a margem esquerda do Douro, no dia 4, sabendo que as forças francesas atingiram Mesão Frio, prepara a defesa das passagens do Rio Douro e dá ordens para reagrupar as forças na Régua. Sabendo que Vila Real se encontra desguarnecida, deixa o General Bacelar a ocupar a Régua e dirige-se, no dia 6 de Maio, com 1200 homens para Vila Real. Loison, entretanto, apenas envia reconhecimentos com poucas forças e praticamente não revela grande atividade operacional nos 5 dias seguintes. Só a 8 de Maio decide sair em força (6.000 homens) sobre a Régua. No dia 10 é detido na Barca do Carvalho por forças de Silveira53. Loison decide então desviar a progressão para Norte e descobre que Silveira iniciara uma manobra para o isolar de Soult cortando-lhes as comunicações em Amarante. Definitivamente Loison desiste de atacar a Régua ou de prosseguir em direção a leste e retira rapidamente sobre Amarante. Esta retirada foi acompanhada por ferozes ataques das populações sobre homens e bagagens que assim se vingavam das pilhagens, violações e incêndios sofridas em Mesão Frio. No dia 11 de Maio Loison sofre sucessivas emboscadas pelas milícias e ordenanças de Silveira na Portela dos Padrões. No dia 12 de Maio Silveira ainda espera que Beresford ou Bacelar cheguem com as suas forças para organizar um ataque combinado, mas efetivamente tal não aconteceu e assim, na tarde desse dia Silveira decide atacar Loison. Os combates duram até à noite e Loison decide retirar. Mais uma vez, tal como ocorrera na célebre Batalha dos Padrões de Teixeira, em Junho de 1808, era o mesmo Silveira que obrigava o mesmo Loison a retirar. Silveira não desiste e, deixando de novo o controlo da passagem do Tâmega nas mãos dos portugueses, na manhã do dia 13 inicia de imediato a perseguição. Com a perseguição de Silveira às forças mais avançadas de Soult e com as passagens do Tâmega controladas pelos portugueses restam poucas opções a Soult para retirar para a Galiza. Enquanto Soult combatia desesperadamente no norte de Portugal numa tentativa falhada que o deveria levar a Lisboa, Espanha vive um ambiente de grandes manobras e batalhas operacionais. Sabemos que Soult não recebeu os apoios e reforços esperados, nomeadamente os mais importantes de Lapisse e Victor, porque estes estavam ocupados a combater espanhóis e portugueses noutras frentes próximas da fronteira com Portugal.

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“encaminhou-se para Peso da Régua que atacou sem sucesso. O número de inimigos aumentavam constantemente (...) a nossa perda consistiu em 80 homens fora de combate” Soult, 2009: 58

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Vamos olhar um pouco melhor para o restante da Península Ibérica e tentar fazer uma breve descrição dos principais eventos ocorridos em Espanha nestes anos de 1809/10. Num dos pontos mais prováveis de entrada em Portugal, Ciudad Rodrigo e Almeida, Portugueses e Espanhóis cooperavam na defesa. Como sabemos nem Victor apoiou Soult no Sul de Portugal nem Lapisse o fez em Trás-os-Montes ou pelas Beiras porque, neste último caso, estavam lá as forças portuguesas da Leal Legião Lusiana 54. Ciudad Rodrigo contava com 1.400 homens para a sua defesa, em Almeida estavam 700 portugueses da LLL e o restante da Legião estavam em terras de Espanha (mais tarde reforçados com batalhões espanhóis voluntários de Avila, e os Tiradores de Castilla com civis dos arredores de Ciudad Rodrigo – no final Wilson podia contar com 3.000 Infantes e 400 cavaleiros, espanhóis e portugueses55. A LLL foi das primeiras forças portuguesas a provar estar bem preparada para combater e bem o demonstrou contra as forças de Lapisse: conseguiu conter forças francesas com mais do dobro do seu efetivo “A sua tática foi alongar as linhas de atiradores, retirando-lhes profundidade, o que deu impressão de um maior efetivo (…) 3000 homens pararam uma divisão de infantaria com efetivo de 7600 homens e 900 de cavalaria (…) não dando tréguas às forças francesas da sua zona de ação: assaltando os seus acampamentos, atacando os comboios de abastecimentos, intercetando os correios e capturando a correspondência, destruindo as secções de exploração, ou obrigando a desenvolver o grosso das tropas”56. Em síntese, se Silveira impedira os movimentos de oeste, Wilson não deixara passar a leste. No final de 1809 registamos mais dois pequenos acontecimentos na região transmontana: “Em Junho de 1809 o exército de Soult, concentrado nas proximidades de Puebla de Sanabria, lançou um reconhecimento sobre Bragança, não ultrapassando a povoação de Rabal, a sete quilómetros desta cidade”57. Existem registos dos horrores cometidos pelos franceses 58 mas os franceses regressaram imediatamente a terras de Espanha. Em Outubro de 1809, o general espanhol D. Francisco Bellesteros, à frente de oito mil homens tentou conquistar Zamora mas, como não o conseguiu fazer, passou a

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LLL – esta força foi criada em Londres por iniciativa do Coronel Carlos Frederico Lecor e José Maria de Moura e o apoio do Coronel britânico Wilson: em Coelho, 2009: 59 55 López, 1981: 80; 56 Coelho, 2009: 66 - 67; 57 Baçal, 2000: 152; 58 Baçal, 2000: 152 -155;

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fronteira para Portugal por Miranda do Douro com a finalidade de se juntar a outras forças espanholas comandadas pelo duque del Parque59. Para lá do Marão ainda mandavam os que lá estavam.

4. OPERAÇÕES TRANSMONTANAS NA 3ª INVASÃO FRANCESA “Quanto a forças irregulares é significativo referir (…) a norte do rio Douro, estavam em pé de guerra 21 regimentos de milícias, alguns agrupados em brigadas, num total de 10 000 homens, a que há que acrescentar muitos milhares de ordenanças. O comando destas forças foi confiada ao general Pinto Bacelar, com o quartel-general em Lamego, de quem dependiam não apenas comandantes portugueses, mas também três coronéis ingleses – Trant, Miller e Wilson (…) Em Trás-os-Montes continuava a atuar Silveira”60. Para sabermos exatamente e com pormenor as forças transmontanas: “As Milícias (…) em Bragança, o general Silveira tinha sob as suas ordens seis regimentos (Lamego, Chaves, Vila Real, Bragança, Miranda e Moncorvo)”61. As missões confiadas às milícias e ordenanças eram a de fazer o combate em profundidade (conceito atual que visa atacar as retaguardas do inimigo), ou seja, cortar as comunicações entre as unidades francesas, interromper o reabastecimento logístico, impedir a dispersão e liberdade de movimentos a pequenas unidades francesas, manter um ambiente de “medo” entre as forças francesas, etc. E as ações, tal como acontecera em vésperas da segunda invasão, podiam ser além fronteira: “A 1 de Agosto, um grupo de 1200 a 1500 espanhóis, comandada por Francisco Taboada Gil e apoiada pelos 6000 homens às ordens do General Silveira, veio pôr cerco a Pueblo de Sanabria” 62. “Estava reservada aos transmontanos a glória de serem os primeiros a apoderarem-se do troféu que para os franceses simbolizava a segurança da vitória (…) tomaram a águia do batalhão suíço”63. O próprio General Silveira64 relata-nos a Batalha65: “No dia 29 de Julho, às seis da tarde, tive em Bragança a notícia de que às onze horas da manhã tinham entrado os inimigos 59

Baçal, 2000: 151; Barata, 2003, Vol 3: 177; 61 Santo, 2010: 39; 62 Koch, 1848: 78; 63 Lopo, 1900: 103; 64 “No extremo da província de Trás-os-Montes, em Bragança, sabe do caso o general Francisco da Silveira, forma de corpos milicianos uma brigada, a que reúne um esquadrão de cavalaria nº 12, e com os brios que o animavam, marcha resoluto em demanda do francês” Chaby, 1863: III-149 65 Gazeta de Lisboa nºs 204 e 205 de 25 e 27 de Agosto de 1810, in Lopo, 1900: 103; 60

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na Puebla de Sanabria; tendo sido uma hora antes evacuada pelas tropas espanholas que a guarneciam, comandadas pelo General D. Francisco Taboada Gil, com o qual eu tinha ajustado de assim o fazer; se atacado em força superior. Às sete horas da tarde do mesmo dia fiz sair um esquadrão de cavalaria desta praça, a fim de fazer um reconhecimento; com o qual foi o coronel Wilson: à meia-noite do mesmo dia saí eu com uma brigada de milícias pelo caminho da Aveleda seguindo a mesma marcha do esquadrão. No dia 30 de manhã se aproximou o coronel Wilson de Puebla de Sanabria e reconheceu que a força que existia dentro da praça era pequena (…) a 31 tive notícia que o general Taboada se tinha retirado sobre as Portillas de Galiza (…) participei àquele general que no dia 2 marchava sobre Puebla de Sanabria: que quisesse baixar com a sua tropa, ao que ele assentiu (…) veio ter comigo, mandado pelo general Taboada, um seu ajudante (…) dando-me parte de ter chegado o mesmo general com 800 a 1.000 homens de infantaria (…) conviemos que ao amanhecer do dia 3 nos adiantássemos sobre a Puebla de Sanabria, fazendo a minha esquerda a tropa espanhola (…) a 3 (…) mandei entrar alguns caçadores no forte em frente da Puebla, que estava evacuado, de onde principiaram a fazer fogo de mosquetaria sobre a praça, a que esta respondeu (…) mandei passar a cavalaria a outra parte do rio Fera e que postasse avançadas sobre o caminho que se dirige a Momboy: no mesmo instante entraram tropas espanholas e portuguesas dentro da praça ao primeiro recinto (…) Todo o dia se passou em se fazer fogo de parte a parte [o governador recusa a render-se e no dia 4 houve combate fora da povoação entre a avançada da cavalaria e esquadrões franceses]. No dia 5 estabelecemos uma bateria de onde lhes demos alguns tiros com uma peça de 3 e um obus (…) às nove horas da manhã me deu parte a avançada, com a qual se tinham já unido 100 homens de infantaria espanhola (…) e trinta e tantos cavalos de uma guerrilha (…) mandei que a cavalaria se postasse atrás do povo do Oteiro e eu meti em batalha a mais tropa sobre o rio Fera e fiz adiantar pela minha direita um corpo de caçadores do monte a uma iminência da direita do rio. A tropa espanhola vigiava sobre a praça, e o resto postava sobre o meu flanco esquerdo. O inimigo vinha na força de 400 cavalos, e de 3 a 3.500 infantes (…) nessa noite se retirou para diante de Momboy. (…) Tive notícia que o general Serras tinha sido reforçado com dois batalhões italianos (…) e com 600 cavalos (…) Dia 9 arrebentou uma mina que se tinha feito junto à portas da praça (…) o governador pediu uma conferência (…) se concluiu a capitulação à uma hora da noite (…) na manhã de dia 10 saiu a guarnição francesa (…) 417 homens perderam os inimigos na Puebla de Sanabria entre mortos, prisioneiros ” 17

A atuação mereceu elevados elogios por parte do Marechal Beresford nas ordens do dia 11 de Agosto: “este general – Silveira – acaba de aprisionar no castelo de Puebla de Sanabria o batalhão suíço nº3, composto de quatrocentos homens que se tinham ali refugiado para escapar aos seus ataques em campanha rasa. O inimigo debaixo das ordens do general Serras em força superior avançava, para salvar este batalhão sitiado pelos milicianos de Trás-os-Montes, e parte daquele regimento de cavalaria 12; porém estes bravos milicianos, animados pelo comportamento do seu chefe o sr. Marechal de campo Silveira, não se intimidaram (…) está mostrado que os valorosos milicianos de Trás-os-Montes não se esquecem da glória dos seus antepassados”66. Silveira decidiu entregar o espólio tomado dos franceses aos espanhóis ficando com o símbolo mais importante “a águia, mais tarde apresentada a Beresford pelo capitão António José Claudino de Oliveira Pimentel, que por tal motivo foi promovido a major”67. Já após a entrada de Massena em Portugal foram, também, tropas de Bragança, o regimento de infantaria 24 68 e um esquadrão de cavalaria 12 e um destacamento de artilharia, que esteve na malograda defesa da Praça de Almeida. Não sendo objetivo deste texto descrever as operações militares ocorridas durante a 3ª Invasão Francesa queríamos no entanto destacar o importante papel que tiveram as forças transmontanas, que pela sua permanente ação de vigilância e defesa, não só garantiram a inviolabilidade das fronteiras de Trás-os-Montes com a vizinha Espanha, como ainda colaboraram ativamente para isolar as forças francesas que ousaram invadir Portugal. Por exemplo, nas tentativas de comunicar com Espanha e França, todos os emissários que Massena enviava eram imediatamente capturados, apenas conseguiu passar o General Foy e só foi possível porque levou uma grande escolta: “Esta viajem perigosa do general Foy, à cabeça de um punhado de soldados 69 , através de uma região desconhecida e inteiramente sublevada, é uma das mais arriscadas e mais interessantes de que é possível dar conta (…) Cortado pelo inimigo em quase todos os pontos, o general Foy fez muitas vezes marchas insidiosas e contramarchas penosas, atravessando 66

Marechal Beresford em Chaby, 1863: 152; Baçal, 2000: 159 e também Chaby, 1863: III-153; 68 Não é nossa intenção fazer a história do RI 24 de Bragança mas apenas queremos recordar que, entre outros feitos dignos de nota estiveram em 1812 no cerco e assalto à Praça de Ciudad Rodrigo (com 1.196 homens), no terceiro cerco de Badajoz (108 homens), na Batalha de Salamanca (com 1082 homens) – Baçal, 2000: 164; 69 “ao qual tinha sido necessário dar três batalhões para o escoltar até Espanha” Marbot, 1847: 86 ou “el 4º Batallón del 47º de linea y 120 jinetes (en total, algo más de 500 hombres)” López, 1981: 303; 67

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terrenos agrestes e impraticáveis, para evitar as ciladas que o cercavam (…) Todo o exército se tomou do mais vivo interesse pelo resultado dessa viajem”70. Inclusivamente, para além do elevado número de forças de escolta, três Batalhões 71 , foi necessário utilizar unidades francesas para criar manobras de diversão a fim de permitir a saída de Foy: “O Príncipe de Essling estava perfeitamente convencido de que todas as suas tentativas anteriores de comunicação com Espanha tinham falhado porque os seus emissários não foram escoltados por forças suficientes (…) Para proteger a marcha de Foy, Montbrun efetuou, com uma brigada de dragões e dois batalhões de Infantaria, uma demonstração contra Abrantes” 72. O trajeto foi de facto muito difícil e penoso: “Entre Alpedrinha e Castelo Branco, caiu no meio de um destacamento de 200 homens da Ordenança (…) escapou à tropa de Silveira, que avançava de Pinhel para Abrantes (…) informado de que as cercanias de Almeida estavam infestadas de milícias portuguesas, dirigiu-se diretamente a Ciudad Rodrigo, onde entrou a 8 de Novembro depois de uma marcha de seis dias entre perigos de todas as espécies”73. Após a decisão francesa de retirar perante as linhas de Torres Vedras, as ações intensificam-se no norte e vamos dar um pouco mais de detalhes sobre os combates de Valverde, do Pereiro e Gamelas a 14 de Novembro de 1810: “Operando Silveira por aquelas partes, tinha marchado sobre a cidade de Pinhel no dia 13 de Novembro, ao tempo que os franceses, com forças superiores às do general português, particularmente na arma de cavalaria, ocupavam as posições de Valverde, Gamelas e Pereiro (…) Silveira, o qual na manhã do dia 14 acometeu os contrários, não completamente conhecedor, todavia, como ele confessa, da superioridade em número dos inimigos que se propôs derrotar (…) o regimento de milícias de Moncorvo mereceu pelo audaz comportamento com que se distinguiu (…) O regimento de infantaria nº 24, os batalhões de granadeiros e caçadores de Trás-os-Montes com dois esquadrões do regimento nº12, carregando sobre o inimigo, o derrotaram imediatamente, e o puseram em fuga, deixando este no campo de batalha mais de trezentos mortos e muitos prisioneiros (…) pagaram neste dia tributo à pátria (…) pouco mais de sessenta portugueses”74.

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Guingret, 1815: 56; Marbot, 1847: 86; 72 López, 1981: 303; 73 Kosh, 1848: 135; 74 Chaby, 1863: 241; também relato parecido em Martins, 1945: 274; 71

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“A divisão Claparède (…) também tinha entrado em Portugal, mas permaneceu nas redondezas da Guarda, para proteger as retaguardas do grosso do exército, ameaçadas pelos guerrilheiros Silveira, Muller, Wilson, Trant, Bacelar e Grant. A missão destes chefes de milícia era a de nos perseguir sem descanso e intercetar os nossos comboios e os nossos despachos” 75 . “Silveira era um dos guerrilheiros que maior embaraço causavam à guarnição de Almeida (…) atacou Claparède na Ponte do Abade, perto de Trancoso (…) debandou, Claparède foi-lhe na peugada (…) general Bacelar mandou vir a toda a pressa do Espinhal Miller e Wilson (…) Silveira esperou a pé firme o seu adversário com 5000 a 6000 homens de infantaria e algumas centenas de cavalos (… ) Claparède atacou (…) Silveira escapou (…) seguido à ponta de baioneta até ao Douro (…) Claparède, já muito afastado do seu centro de operações, retirou”76.

5. Conclusões Os transmontanos cumpriram. Estiveram entre os primeiros a levantarem-se contra o ocupante francês, ajudaram no levantamento nacional, integraram as forças armadas portuguesas em todas as suas vertentes, nacionais, regionais e locais no exército de primeira linha, nas milícias e nas ordenanças mas também em grupos espontâneos, guerrilhas locais ou simplesmente, na defesa dos seus. De Trás-os-Montes saíram a maioria dos combatentes que infligiram a primeira derrota aos Franceses na Batalha dos Padrões da Teixeira. Os transmontanos vão estar em todos os momentos da guerra durante a segunda invasão francesa e conseguem garantir não só o ataque permanente aos adversários franceses como ainda fazer com sucesso a primeira retomada de uma cidade portuguesa ocupada – Chaves – e assegurar que nenhuma tropa francesa conseguisse passar o território transmontano em direção ou vindo de Espanha. Por fim na última das invasões vão ser os transmontanos os primeiros a entrar em combate, de novo, para lá da fronteira portuguesa e a ganhar o primeiro troféu – uma das águias francesas, durante toda a campanha serão muitos os transmontanos que lutam ao lado dos restantes portugueses e britânicos no forte exército anglo-português e depois serão estes que irão garantir o isolamento de Massena em terras portuguesas impedindo a comunicação com Espanha.

75 76

Guingret, 1815: 61; Kosh, 1848: 162;

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Até ao final da Guerra Peninsular, os transmontanos nas forças portuguesas seguem com os seus aliados britânicos a expulsar os franceses de Espanha e depois a derrotá-los na própria França em 1814 enquanto, por cá, garantem a segurança permanente da sua região porque, que ninguém duvide “Para lá do Marão mandam os que lá estão!” e se os transmontanos souberam estar sempre entre os primeiros, quando a crise os obrigou a combater, será natural que, mais uma vez acreditemos, que hoje como ontem, os transmontanos estejam entre os primeiros na linha da frente pela defesa do nosso Portugal.

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