Guerreiras, Escravas e Vigilantes

June 14, 2017 | Autor: Jessica Piçarro | Categoria: Women, Women and Gender Studies, Islamic State, Islamic State of Iraq and the Levant
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Descrição do Produto

Jessica Piçarro Nº 38575

Curso de Pós-graduação em Globalização, Diplomacia e Segurança

Estudos de Globalização

Prof. Dra. Alexandra Magnólia Dias Prof. Dra. Teresa Rodrigues

Guerreiras, Escravas e Vigilantes Implacáveis.

Dezembro, 2015

I

Guerreiras, Escravas e Vigilantes Implacáveis Sumário O presente trabalho tem como objetivo fulcral analisar o papel da mulher antes e do ISIS nas regiões da Turquia, Iraque, Síria e depois da autoproclamação do mesmo. Deste modo, procedeu-se à elaboração de uma questão de partida: Em que medida a expansão do Estado Islâmico veio alterar o papel da mulher nas sociedades islâmicas na região da Turquia, Iraque e Síria que será a base para a investigação e reflexão apresentadas ao longo do trabalho, tendo como suporte os estudos de género e de violência armada nas Relações Internacionais. Com vista à elaboração de uma investigação o mais rigorosa possível, decidiu-se dividir o trabalho em seis capítulos. O primeiro analisa as Questões de Género e servirá de base conceptual para o restante; no seguinte capítulo é mencionada a Resolução 1325 realizada pelas Nações Unidas que procurou destacar o papel secundário que as mulheres são remetidas durante o conflito. O terceiro assunto procura analisar papel da mulher antes da implementação do ISIS nas regiões mencionadas inicialmente. No quarto ponto é observada a relação do autoproclamado Estado Islâmico com o género feminino e referida a Brigada AlKhaansa, uma brigada composta somente por mulheres. No seguinte capítulo verifica-se a formação e função do PKK na região e, em especial, das milícias femininas deste movimento que detém um papel extremamente importante e que se revelam eficazes no combate ao Daesh. Por fim, procede-se à resposta da questão de partida, procurando desmistificar o papel da mulher e são dadas algumas recomendações de como fazer crescer o comportamento do género feminino aquando das iniciativas de paz.

Palavras-chave: Mulheres, género, combatentes

II

Lista de Abreviaturas 

AKP – Justice and Development Turkey;



DAESH - al-Dawla al-Islamiya al-Iraq al-Sham;



ISIS – Islamic State of Iraq and Syria;



KNC - Kurdish National Council;



PKK - Kurdistan Workers’ Party;



PYD - Kurdish Democratic Union Party;



YPG - Yekîneyên Parastina Gel (Unidade de Defesa Popular);



NATO - North Atlantic Treaty Organization.

III

Índice Sumário............................................................................................................................. II Palavras-chave: ............................................................................................................. II Lista de Abreviaturas .................................................................................................. III Introdução ......................................................................................................................... 1 I - Uma questão de género ................................................................................................ 1 II - Resolução 1325 .......................................................................................................... 4 III - As Mulheres: antes da ascensão do ISIS ................................................................... 1 O papel da mulher turca................................................................................................ 1 O papel da mulher iraquiana ......................................................................................... 1 O papel da mulher síria................................................................................................. 2 IV – O Estado Islâmico: E a sua relação com o género ................................................... 3 A Brigada Al-Khansaa.................................................................................................. 4 V – O PKK ....................................................................................................................... 5 As mulheres do PKK .................................................................................................... 5 VI – Conclusão ................................................................................................................. 7 VII - Referências Bibliográficas ....................................................................................... 9 Anexos ............................................................................................................................ 13 A-2 – Definição de identidade .................................................................................... 13 A-2 - A esfera privada em Hanna Arendt ................................................................... 13 A-4 – Objetivos do Milénio 2030 ............................................................................... 13 A-5 –Taxa de Emprego e Desemprego: Comparação Turquia – UE27 ..................... 14 A-5 -Mulheres enquanto decisoras políticas: Comparação Turquia-UE27 ................ 14 A-6 – Agressões às mulheres sírias ............................................................................ 14 A-7 – A (não) atuação da mulher no autoproclamado Estado Islâmico ..................... 15 A-7 – Integração das mulheres no mercado de trabalho no Daesh ............................ 15 A-8 – Imagem da Brigada Al-Khansaa ...................................................................... 16

IV

A-9 Distribuição da população curda ......................................................................... 16 A-9 – Imagens do dia-a-dia das combatentes do PKK ............................................... 17 Imagem 1 ................................................................................................................ 17 Imagem 2 ................................................................................................................ 17 Imagem 3 ................................................................................................................ 18 Imagem 4 ................................................................................................................ 18 A-10 - Testemunho de Nuve Rashat .......................................................................... 19

V

Introdução O presente trabalho surge no âmbito do Seminário de Estudos de Globalização da Pós-Graduação em Globalização, Diplomacia e Segurança da Universidade Nova de Lisboa. Com base na temática escolhida este ano da Pós-Graduação: o Estado Islâmico elaborei a seguinte questão de partida: Em que medida a expansão do Estado Islâmico veio alterar o papel da mulher nas sociedades islâmicas na região da Turquia, Iraque e Síria? Com esta questão pretendo observar a atuação das mulheres naquela região partindo da análise da construção de género e comparando o papel ativo (ou não) das mulheres ao longo da História. Como ponto de partida para a investigação, será tida em conta a obra “Mothers, Monsters, Whores – Women’s violene in Global Politics” de Laura Sjoberg & Caron e Gentry - uma vez que alberga todas estas questões com base em acontecimentos que se assemelham com os atuais acontecimentos naquela região do Médio Oriente. Porém o trabalho não se circunscreverá a esta obra e outras serão abordadas. Tendo em conta a pergunta de partida elaborada, pode-se prever dois cenários distintos. O primeiro, uma verdadeira alteração do papel da mulher ou um segundo uma aparente alteração subjugada aos valores patriarcais do Islão nos quais «Control is maintaned by force in the form of threat, intimidation, and, when necessary, violent coercion.» (Reardon, 1985, p.250)

I - Uma questão de género «(…) Durante a década de 1990, ocorreu uma mudança na distribuição do poder entre os atores em três domínios inter-relacionados (…) [o que] provocou um efetivo aumento da importância do individuo a nível internacional.» (Brown and Ainley, 2012, p.374) E em consequência deste aumento da importância do indivíduo, os direitos humanos passaram a ocupar um posicionamento central. Tudo isto se deve ao factor globalização que propiciou a criação de um mundo «(…) com padrões globais de consumo e produção que gradualmente eliminam as diferenças entre povos e sociedades (…). (Brown and Ainley, 2012, p.351) Porém, esta situação fez crescer um problema superior, à medida que «(…) as marcas globais 1

eliminam as diferenças (…) muitos sentem que algo de importante se perdeu.» (Brown and Ainley, 2012, p.352) Perde-se a identidade – consultar em anexo1 - e o seu papel. A obra Mothers, Monters and Whores de Laura Sjoberg e Caron E. Gentry procura desmitificar o papel da mulher através de uma leitura e interpretação conservadora de género que a sociedade foi construindo (2007, p.5) ao longo do tempo. O principal argumento apresentando é que as mulheres violentas desrespeitam a imagem feminina «Women are not supposed to be violent» (Sjoberg and Gentry, 2007, p.2), pois estas são ou devem ser agentes pacificadoras que não se interessam por política. (idem) Outro argumento enunciado é que as mulheres desde sempre estiverem subordinadas às políticas globais e à esfera privada desde a Grécia Antiga (como defende Hanna Arendt, consultar anexo2), o que tem impacto nas suas ações sociais e políticas e no sistema de referências que a mulher vai tomando como seu (Sjoberg and Gentry, 2007, p.4) enquanto género «is an intersubjective social construction that constantly evolves with changing societal perceptions and intentional manipulation.» (Sjoberg and Gentry, 2007, p.5). Cookburn tem uma visão diferente do conceito de género: «Gender power is seen to shape the dynamics of every site of human interaction, from the household to the international arena. It has expression in physiquehow women and men’s bodies are nourished, trained and deployed, how vulnerable they are to attack, what mobility they have (Cit in 1999: 3 Cit.in (Al-Ali, 2005, p.3) Também o conceito de sexo é desmistificado pelas autoras «(…) identiffies biological differences between people understood as men and people understood as women.» (Cit in Youdell 2006 e Haraway 1988 Cit in (Sjoberg and Gentry, 2007, p.5) O livro procura ainda fazer uma associação entre a atuação feminina e as relações internacionais pois, conecta a ação das mulheres violentas e a sua influência na esfera política internacional, tendo em conta o género e a sua interação atual entre as histórias da política internacional. Já Yuval- Davis apresenta uma relação entre género e nacionalismo, colocando a tónica no facto de as mulheres serem: «As biological reproducers of members of ethnic collectivities; as reproducers of the boundaries of ethnic and national groups; As actors in the ideological reproduction of the collectivity and as transmitters of its culture; As

1 2

A-2. A-2.

2

signifiers of ethnic and national groups; As participants in national, economic, political and military struggles»(Al-Ali, 2005, p.4) revelando-se o seu papel proeminente. Por sua vez, Kathi Weeksm reformulou a teoria feminista, considerando-a como «’totality’» (Cockburn, 2010, p.5), atendendo ao facto de o poder não provir de uma única esfera, ou de forças isoladas mas antes de «’systems that traverse the entire social horizon and intersect at multiple points’» (Cit in Kathi Weeks Cit in (Cockburn, 2010, p.5). Deste modo pode considerar-se que o feminismo é hoje uma causa transnacional (Cockburn, 2010, p.6) «and opposed to exclusions on ground of race, religion or other aspects of ehinicity.» (2010, p.7) Os estudos de género são congruentes quando analisam questões como a divisão sexual que existe na guerra e no mercado de trabalho. Porém, também conseguem compreender que existem casos que veem contradizer o que seria habitual. (Cockburn, 2010, p.8) Por exemplo, a existência de uma Brigada composta somente por mulheres no autoproclamado Estado Islâmico. E as perceções que esta Brigada conceptualiza: será que são olhadas como prostitutas? Serão mulheres «(…) whose violence is inspired by sexual dependence and depravity.» (Sjoberg and Gentry, 2007, p.12), «(…) who could not control their need for sexo or violence.» (2007, p.75) ou «(…) who possess neither real femininity nor real humanity.» (2007, p.172)? Ou terão um problema biológico que as incapacita de fazer escolhas pacíficas? (2007, p.14) É de relembrar que a própria conceção de guerra está associada a uma conceção masculina relacional, sistemática, contínua (Cockburn, 2010, pp.10–11) e de causas múltiplas como as económicas, étnico-culturais, religiosas e a procura por poder. (2010, p.13) O papel da mulher tem vindo a alterar-se. Atualmente é bastante comum, em alguns locais do mundo, observar uma série de mulheres com participação política em termos de administração pública, nomeadamente governos ou meios administrativos regionais ou locais; ou na administração privada. Porém, para Sjoberg, uma mulher que faz o trabalho do homem é ainda olhada de uma forma errada «’woman who can make it as a man’ not because the masculine values required (…) but because she adopt those values, qualifying as masculine despite her womanhood.’» (Cit in Sjoberg 2007:93 Cit in(Sjoberg and Gentry, 2007, p.10)

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II - Resolução 1325 A Resolução 1325 surgiu da necessidade de unir uma série de Resoluções, efetuadas pelas Nações Unidas, com o intuito de destacar o facto de as mulheres e as crianças serem geralmente os grupos mais afetados pelos conflitos armados e reafirmar a importância da mulher «(…) na prevenção e resolução de conflitos e na construção da paz (…)». (Conselho de Segurança, 2000, pp.1–2). Este tipo de Resoluções causa algum desconforto e receio aos povos não ocidentais, nomeadamente muçulmanos, pois são percecionadas como uma imposição de valores e de tentativas de erradicação dos próprios valores difundidos pelos muçulmanos. Na medida em que, «State bulding and democracy are the product of long and historilly specific processes of political struggle for participation and voice. Civic rights – including the rights of women to participate as equal citizens – are also the product of theses histories.» (Kandiyoti, 2007, p.514) Isto é, « (…) as instituições e práticas fundamentais (…) são produtos de uma zona específica do mundo, de um património cultural específico (…).» (Brown e Ainley, 2012, p. 338) Situação que deve sempre ser tido em conta no momento da ‘imposição de valores’ e da perceção que este tipo de princípios pode criar. Além desta Resolução, muitas outras foram criadas, tendo as Nações Unidas destacado a flagrante desigualdade de género, mais uma vez, declarando como quinto Objetivo do Desenvolvimento Sustentável a igualdade de género – consultar anexo3.

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A-4.

4

III - As Mulheres: antes da ascensão do ISIS O papel da mulher turca A Turquia, constitucionalmente secular, é um país de antagonismos. Se por um lado, detém uma capital cosmopolita e Istambul moderna; por outro, possui um interior rural, no qual as pessoas persistem arraigadas ao tradicionalismo e ao islamismo4. Em 1923, procedeu-se a reformas políticas5 que procuraram construir um Estado moderno e secular. Neste sentido, é reconhecida a igualdade de cidadania das mulheres6 e a expulsão da poligamia no país. Em 1998, efetuaram-se novas alterações, como o estabelecimento da idade mínima de 17 anos para casar. (Turkish Cultural Foudation, 2015) Apesar de todas as alterações sofridas, persiste um fosso relativamente ao género, seja na taxa de emprego e desemprego ou em posições de chefia - consultar gráficos em anexo7. Também o ensino demonstra avultas desigualdades: 1/3 das mulheres turcas não sabem ler ou escrever, sendo estes dados mais gravosos nas áreas rurais (Turkish Cultural Foudation, 2015)

O papel da mulher iraquiana Quando o Partido Baath chegou ao poder apresentava uma visão moderna defendendo a abertura do campo laboral e escolar para as mulheres. Com a crise do petróleo, as mulheres entraram em força no mercado, conduzindo a um incremento do número de escolas e universidades, sendo estas «the most educated in the whole region» (Al-Ali, 2005, p.6). Esta situação persiste durante a Guerra do Golfo, as mulheres “ocupam” os lugares deixados na administração e burocracia pelos homens que foram para a guerra. Posteriormente, ocorre uma regressão do dinamismo económico e das políticas implementadas: o Governo torna a contraceção ilegal8 e a iliteracia9. As sanções

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Cerca de 98% da população é muçulmana, na vertente sunita. (BBC Brasil, 2015) Efetuadas por M. Kemal Atatürk 6 Por exemplo no acesso ao divórcio e à custódia das crianças. 7 A-5. 8 «Before the Iran – Iraq war all kinds of contraception were available and legal.» (Al-Ali, 2005, p.12) 9 «Illiteracy, (…) grew between 1985 and 1995 from 8% to 45%.» (Al-Ali, 2005, p.10) 5

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económicas impostas também não ajudaram, o Estado deixou de poder assegurar alguns serviços e muitas mulheres foram retiradas dos seus trabalhos - o que fomentou a prostituição. A luta das mulheres em defesa dos seus direitos e o facto de serem uma maioria em termos nominais conduziu em 2003, à implementação de um sistema de quotas: 25% do total do Parlamento deve ser composto por mulheres. Esta alteração, não garante, contudo a ação das mulheres consoante os seus ideais. (Wing, 2013) O clima de insegurança iraquiano atual fez crescer o receio relativamente à frequência na escola das meninas, frequentemente sujeitas a tráfico, prostituição, sequestro, tráfico e violações. Tal situação, evidentemente, propicia uma percentagem diminuta de mulheres inseridas no campo laboral, o que conduz a uma maior segregação e conservadorismo como fim último.

O papel da mulher síria A Síria declarou em 1964, um objetivo claro de emancipação e igualdade de género. Foi instituído o sufrágio universal, porém no que diz respeito à participação governamental feminina «(…) the regime failed to reform the personal status laws and insisted on appointing female ministers to insignificant positions.»(Fabrik, 2014) Relativamente ao papel da mulher, na sua generalidade, o trabalho é dividido por género.(Countries and their Cultures, n.d.) As mulheres ficam em casa ou trabalham no campo e, as que ingressam em trabalhos estatais têm de ultrapassar uma série de obstáculos. O que se expressava, em termos nominais, antes da guerra em «Only 11 percent of women of working age are employed outside the home; among those women, 80 percent work in agriculture.» (idem) A sociedade síria é extremamente patriarcal, o que se traduz por exemplo, em casamentos muitas vezes arranjados (idem). Porém, com as transformações sociais ocorridas surgiu espaço para discussão: as mulheres começaram a debater em centros os demais assuntos - firmando o seu papel enquanto ativistas pacíficas (Muscati, 2014) e na passagem de comida e medicamentos. (Fabrik, 2014); e a lecionar cursos de primeiros socorros, cabeleireiro, costura e inglês (idem). Apesar deste aparente avanço, muitas persistem sujeitas a detenções, agressões físicas e psicológicas; perseguições; discriminações e torturas – consultar anexo10 seja 10

A-6.

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pelas milícias de Assad, pela oposição ou por grupos extremistas ligados ao ISIS. (Muscati, 2014)

IV – O Estado Islâmico: E a sua relação com o género O papel da mulher no Daesh é praticamente nulo ou de submissão – consultar anexo11 - como é visível através da leitura do Manifesto criado, em árabe, pela Brigada Al-Khansaa. Além da subordinação a que são submetidas, algumas mulheres, especialmente as yazidi12 são vendidas, violadas em prol da sua purificação e conversão ao Islão. O papel concreto desempenhado pela mulher é ser dona de casa e, portanto a educação da mesma deve ser circunscrita a tarefas domésticas e à religião. A sua atuação está muitas vezes associada a uma «linha de montagem que serve para garantir noivas aos combatentes, ou às vezes serem sequestradas e levadas para casamentos forçados» (Sullivan, 2015). Na propaganda do ISIS, a vida das mulheres está «(…) repleta de amor, crianças e alegrias domésticas, tais como um bolo de Oreos. No entanto, a realidade é, frequentemente, bem mais dura (…).» (idem). Muitas mulheres estrangeiras sentem-se frustradas porque partem para lutar, o que é proibido «’Temos vistos várias mulheres que não estão contentes com o facto de não poderem combater e que o expressam claramente’» (Cit in Peter Neumann Cit in Sullivan, 2015). «As estrangeiras solteiras são obrigadas [ainda] a ficar numa pensão, onde recebem comida e uma ‘mesada’» (Sullivan, 2015) Aos combatentes solteiros é autorizada a entrada na pensão para conhecer as mulheres e o pedido para que levantem os véus. Se gostarem do que veem, podem ficar noivos. (idem) Todavia, a mulher pode ingressar em atividades distintas pontualmente para servir a sociedade através da jihad (caso os homens não sejas suficientes ou for emitida uma fatwa); para estudar a religião, serem médicas ou professoras; sempre mantendo a segregação e a descrição: «It is always preferable for a woman to remain hidden and veiled, to maintain society from behind this veil.» (Winter, 2015, p.22) E os seus “direitos” devem ser salvaguardados - consultar anexo13.

11

A-7. Grupo minoritário étnico curdo. Consultar: https://www.youtube.com/watch?v=R2M7Uv-rpjE [disponível em 14 de dezembro de 2015] 13 A-7. 12

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A Brigada Al-Khansaa A Al-Khansaa carateriza-se como uma milícia constituída por mulheres – consultar imagem em anexo14 - «(…) que aplica as regras do Estado Islâmico, controlando sobretudo a forma de vestir das mulheres e as suas atividades. Outras ajudam a revistá-las em checkpoints.»(Sullivan, 2015)

A esta milícia15 que atua

também à paisana, é permitido vaguear pelas ruas e cometer as maiores atrocidades possíveis e imagináveis quer a homens quer a mulheres. O ISIS instituiu um código de vestuário muito restrito para todas as mulheres, em prol «Respect for their bodies has returned and has been taken from the eyes of onlookers, with their corrupted hearts». (Winter, 2015, p.28) Este código pauta-se por obrigar A utilização de vestidos longos que escondam qualquer curva, luvas escuras e três véus para que a cara não seja visível. «As regras são particularmente chocantes para as habitantes urbanas (…) onde as mulheres se vestiam modestamente (…).» (Sullivan, 2015) Outra atuação na qual a ‘polícia feminina’ intervém é no assegurar que, em todos os locais públicos, como escolas ou hospitais, existe segregação entre géneros. (idem) As implicações provenientes desta situação traduzem-se em situações nas quais as incumpridoras possam ser denunciadas, por exemplo, caso saiam de casa sem estarem completamente cobertas pelo hijab ou sem acompanhamento do pai ou marido. Entre as demais sanções constam agressões, chicoteamentos, escravidão sexual; e, no limite dos crimes, condenação ao enterro vivo. A Brigada Al-Khansaa que aufere, em média, entre 70 a 100 dólares por mês (Elefheriou-Smith, 2015), faz ainda buscas em autocarros, de modo a certificar-se que todas as mulheres cumprem as leis estipuladas. O próprio motorista pode ser chicoteado por ter deixado entrar a infratora. Este tipo de atuação é defendido pelas feministas como uma “violência masculina”, pois segundo estas, não está na génese das mulheres serem agressivas, mas sim, frágeis e carentes de proteção (Sjoberg and Gentry, 2007, p.3) 14

A-8.

15

Aconselha-se o visionamento dos seguintes vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=rKFHu7wS5WQ [disponível em 14 de dezembro de 2015] e https://www.youtube.com/watch?v=bEd8LojF9gk [disponível em 14 de dezembro de 2015]

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A possibilidade de utilização das mulheres em ataques ou em ações terroristas é, segundo Lauren e Caron, não só uma forma de mostrar uma aparente igualdade, mas também benéfico: as mulheres dão menos nas vistas em locais públicos e assemelhamse mais facilmente a ocidentais (2007, p.124). Adicionalmente, detêm uma maior atenção por parte dos media internacionais, o que aumenta a possibilidade de recrutamento e o número de combatentes. (Sjoberg and Gentry, 2007, p.126)

V – O PKK O Partido dos Trabalhadores Curdos foi criado, em 1970, no Sul da Turquia, em conformidade

com

ideais

de

esquerda

Marxistas-leninistas.

Procurava

a

autodeterminação territorial e implementação de uma Nação Curda – consultar imagem anexada16. Atualmente é «(…) one of the key forces battling in the Islamic State».(Waguih, 2015). Este grupo é considerado por Ancara de terrorista e de outras atividades criminosas. No entanto, o que importa reiterar é que a criação e implementação de um Estado Curdo coloca em causa uma vasta área turca e o próprio o papel da Turquia naquela área regional enquanto ponto de passagem de armas, pessoas, antiguidades e petróleo; enquanto membro da NATO e de limite entre o Médio Oriente - «o chamado “Arco da Crise”» (Brown e Ainley, 2012, p. 21) e a Europa. Durante muito tempo, a Turquia recusou-se a interferir no seio do conflito face ao Daesh e a sua intervenção iniciou-se a 24 de julho (Bertrand, 2015a), na qual combateu o ISIS e os combatentes do PKK17. Há até alguma especulação se realmente esta intervenção da Turquia é face ao Daesh ou um meio para atingir o PKK (idem). A defesa pela igualdade de género e a autodeterminação da mulher é outro assunto crucial na agenda do PKK. Uma das regras instituídas como fundamentais no seu seio é que as suas milícias mistas estão impedidas de se envolver sexualmente, casar ou ter filhos.

As mulheres do PKK «Around 40 percent of PKK fighters are female – consultar imagens em anexo18, some of whom are also in the senior comamnd. (…) Many of the women, who come 16

A-9. Morreram cerca de quatrocentos combatentes do PKK e nove militantes do ISIS. 18 A-9. 17

5

from all corners of the Kurdish region, have cut links with their families back home.»(Waguih, 2015) O partido alberga mulheres curdas, turcas e yazidi, com idades entre os 18 e 25 anos especialmente, que abandonam voluntariamente as suas casas e vidas em prol da sua autodeterminação e criação de um Estado Curdo. O testemunho de Nuve Rashat enuncia esta mesma situação e pode ser consultado em anexo19. Este testemunho acaba por de ir encontro ao argumento apresentando na obra Mothers, Monsters and Whores: a violência feminina não é um ato planeado ou uma escolha racional e independente, mas uma forma de defesa contra o inimigo e o seu passado (2007, p.16). É portanto, excluída a possibilidade das mulheres serem violentas por si só, uma vez que “Women’s violence is seen as the result of ‘mental abnormality’ wich ‘incresas the risk of women behaving violently’» (Cit in Balllinger 1996 Cit in (Sjoberg and Gentry, 2007, p.37) Outras motivações são apresentadas como vingar a morte de familiares próximos, o descontentamento político, a fuga à pobreza, à discriminação e à violência. As mulheres do PKK constituem-se como uma ameaça superior face aos homens no momento do combate, pois os combatentes do autoproclamado Estado Islâmico acreditam que sendo uma mulher a matá-los não irão para o paraíso (Syrian Observatory for Human Rights, 2014) e, portanto muitas vezes, acabam por fugir. A vida no campo de batalha inicia-se cedo com aulas de estratégia, ensinamentos de confronto ao inimigo e exercícios de capacidade física. O restante tempo é ocupado com atividades “normais” entre as quais preparar refeições. Apesar dos ideais defendidos pelo PKK, há quem considere que o destaque dado atualmente à atuação das mulheres curdas não é mais que uma manobra de propaganda para limpar a imagem de violência associada ao movimento. A libertação de Kobane protagonizada pelo YPG20, comandada por Mayssa Abdo e por Mahmud Barkhodan. Afrin21 (Dias, 2015) pode ser considerada como um exemplo desta propaganda. Situação que vai de encontro ao citado pelas autoras Laura e Coren sobre o mediatismo das ações femininas e a repercussão que tais ações têm no circuito internacional (2007, p.126)

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A-10. Fundado pelo PYD em 2004, associado ao PKK, a par do KNC. 21 Líder do YPG. 20

6

VI – Conclusão Tendo em conta todas as questões enunciadas, pode-se concluir que o papel da mulher não se alterou verdadeiramente. Quanto muito e, considerando os estudos de género, a atuação da mulher pelo ISIS é a simulação de uma aparente abertura para efeitos de propaganda. O Islão não contempla a igualdade de género, sendo esta situação facilmente observável lendo traduções feitas do Alcorão. A par disto, é de acrescentar que a violência e os conflitos criam ciclos de pobreza e isolação que agudiza esta segregação entre géneros «‘(…) men predominate across the spectrum of violence`’» (Cit in Connel cit in(Cockburn, 2010, p.16), sendo o pai ou o marido sempre a tomar a última decisão. O facto de a maioria dos Estados mencionados, até às guerras civis, serem teocráticos não abona, de todo, a favor das mulheres e dos seus direitos. A Turquia, por enquanto, é uma exceção a esta regra, tendo no entanto, nas últimas eleições votado no Partido Islâmico e numa opção conservadora, tornando este maioritário - o que pode implicar um retrocesso na esfera política e civil. Evidentemente a transformação da sociedade é um processo demoroso e dependente de toda a sociedade civil (Reardon, 1985, p.256). Esta transformação surge, frequentemente, no seio de um conflito que implica (ou não) alterações nas dinâmicas cívicas (Kandiyoti, 2007) «(…) when people themselves have changed their world views, their values, and their behaviours as a basis of change in the social and political structures.» (Reardon, 1985, p.252) Para que esta transformação não seja apenas uma simulação ou uma alteração temporária deve-se assumir uma posição pós-modernista de desconstrução de conceitos como ‘homem’ e ‘mulher’ e analisar a atuação da pessoa em si e quais as suas justificações (ou não) para atuar de uma forma ou de outra, não desculpabilizando por ser homem e ter aquele tipo de atuação violenta e ser mulher e não corresponder aos ideais construídos socialmente. Importa realçar «Women are just capable as men of taking part in a sexual spectacle» (Sjoberg and Gentry, 2007, p.147), de perpetuar ataques e ter carreiras de sucesso. No pós-conflito deve, sem dúvida, dar-se espaço (que frequentemente foi criado durante o próprio conflito) para que as mulheres possam contribuir para o processo político e procurar alterar as relações de género (Al-Ali, 2005, p. 5), pois «Historically women rarely sustain wartime gains in peacetime. Societies neither defend the spaces 7

women create during struggle nor acknowledge the ingenious ways in which women bear new and additional responsibilities.» (idem) Como forma de solucionar estes flagelos recomenda-se a educação sendo «an enterprise based on hope and the possibility of change(...) At its best, education, like the struggle for peace is motivated by love.» (Reardon, 1985, p.255), o empowerment das mulheres pois «(…) is the fundamental change required to transcend sexismo and the war system.» (Reardon, 1985, p.255) e estas já foram demasiadas «(…) sidelined or marginalised from formal peace initiatives, political transitions and reconstruction efforts.»(Al-Ali, 2005, p.5). Como Betty definiu «Transformation is the continuous process by wich human beings exercise choice, change reality, and find meaning. Transformation is life. Feminism chooses life.» (1985, p.257)

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VII - Referências Bibliográficas Al-Ali, N., 2005. Reconstructing Gender: Iraqi women between dictatorship, war, sanctions and occupation. Third World Quarterly, 26, pp.739–758. Anon, 2013. The Current situation of gender equality in Turkey - Country Profile 2013. [online] Available at: [Accessed 17 Nov. 2011]. Antunes, M.A., 2015. O Público e o privado em Hanna Arendt. [Biblioteca] Biblioteca Online de Ciências da Comunicação. Available at: [Accessed 22 Nov. 2015]. al-Bahri, A., 2014. In Raqqa, an All-Female ISIS Brigade Cracks Down on Local Women. [online] Available at: [Accessed 17 Oct. 2015]. BBC Brasil 2015. O Islamismo no Mundo - Turquia. [online] O Islamismo no Mundo. Available at: [Accessed 22 Nov. 2015]. BBC News 2015. Profile: Kurdistan Workers’ Party (PKK). [online] BBC News. Available at: [Accessed 9 Oct. 2015]. Bertrand, N., 2015a. Senior US military official: Turkey ‘needed a hook’ and tricked us on ISIS. [online] Business Insider. Available at: [Accessed 27 Oct. 2015]. Bertrand, N., 2015b. Senior Western official: Links between Turkey and ISIS are now ‘undeniable’. [online] Business Insider. Available at: [Accessed 27 Oct. 2015]. Bonh, L., 2015. In Turkey, women’s issues gain visibility. [online] Aljazeera America. Available at: [Accessed 17 Nov. 2015]. Brown, C., and Ainley, K., 2012. Compreender as Relações Internacionais. 1st ed. Lisboa: Gradiva. Clay, B., 2015. Here’s how Kurdish guerrilla forces are using dirty tricks against ISIS. [online] Business Insider. Available at: [Accessed 27 Oct. 2015]. Cockburn, C., 2010. Gender Relations as Causal in Militarization and War. International Feminist Journal of Politics, 12(2), pp.139–157. 9

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Winter, C., 2015. Women of the Islamic State - A manifesto on women by the AlKhanssaa Brigade. Available at: [Accessed 18 Nov. 2015].

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Anexos A-2 – Definição de identidade «Identity is defined as a set of ideas and practices that identifies particular individuals as members of a social group.» (Panic, 2009, p.31)

A-2 - A esfera privada em Hanna Arendt A esfera privada «Trata-se de um reino de violência em que só o chefe da família exercia o poder despótico sobre os seus subordinados (a sua mulher, filhos e escravos). Não existia qualquer discussão livre e racional.» (Antunes, 2015) «(…) a mulher era propriedade do chefe da família e competia-lhe procriar e cuidar dos filhos, os escravos ajudavam o chefe da família nas atividades domésticas. Na esfera privada, existia a mais pura desigualdade (…)». (idem)

A-4 – Objetivos do Milénio 2030

Fonte: Saiba quais são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU Disponível em http://www.ebc.com.br/educacao/2015/09/saiba-quais-sao-os-objetivosdo-desenvolvimento-sustentavel-da-onu [Data de acesso 14 de dezembro de 2015]

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A-5 –Taxa de Emprego e Desemprego: Comparação Turquia – UE27

Fonte: The current situation of gender equality in Turkey – Country profile 2013 Disponível

em:

http://ec.europa.eu/justice/gender-

equality/files/epo_campaign/131128_country-profile_turkey.pdf. [Data de acesso 17 de novembro de 2015]

A-5 -Mulheres enquanto decisoras políticas: Comparação Turquia-UE27

Fonte: The current situation of gender equality in Turkey – Country profile 2013 Disponível

em:

http://ec.europa.eu/justice/gender-

equality/files/epo_campaign/131128_country-profile_turkey.pdf. [Data de acesso 17 de novembro de 2015]

A-6 – Agressões às mulheres sírias «Including electric shock, shabeh (hanging the victim from the ceiling by the wrists so that the feet are completely suspended or barely touching the ground), dulab 14

(forcing the victim to bend at the waist and place her head, neck, legs and sometimes arms inside a car tire so that she is immobilized and cannot protect herself from ensuing beatings) and falaqa (beating the victim with sticks, batons, or whips on the soles of the feet).» (Fabrik, 2014)

A-7 – A (não) atuação da mulher no autoproclamado Estado Islâmico «Men are in charge of women by [right of] what God has given over the other and what they spend [for maintenance] from their wealth. So righteous women are devoutly obedient, guarding in [the husband's] absence what Allah would have them guard. (…).» (Kais Dukes, 2009) «This is women’s fundamental role and rightful place. It is the harmonious way for her to live and interact amidst her sons and her people, to bring up and educate, protect and care for the next generation to come.» (Winter, 2015, p.18)

A-7 – Integração das mulheres no mercado de trabalho no Daesh As for the proposals: 1) The work must be appropriate for her and her abilities and not involve more than what she is able to endure, or what is difficult for her to achieve. 2) It should not exceed more than three days a week or should not last long in the day so she does not have to leave her house for a long time. 3) It must take into account necessities - for the illness of a child, travel of her husband. She must have holidays. 4) She must be given two years maternity leave, at least, to rear and feed the child, and only resume if the child has started to be able to rely on himself for the most important things. 5) There must be a place to put the children at work until they reach school age, where they can be checked upon from time to time to stop the problems that arise from small children being by themselves in the house or someone to care for them. (Winter, 2015, p.25)

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A-8 – Imagem da Brigada Al-Khansaa

Fonte: ISIS ‘female Gestapo’ leading campaing of terror against owm sex – and 60 are British http://www.mirror.co.uk/news/world-news/isis-female-gestapo-leading-campaign-6046944 Disponível em 23 de novembro de 2015

A-9 Distribuição da população curda Fonte: Senior US militar oficial: Turkey ‘needed a hook’ and tricked us on ISIS

http://www.businessinsider.com/us-and-turkey-anti-isis-campaign-and-pkk-2015-8 [Data de acesso 14 de dezembro de 2015] 16

A-9 – Imagens do dia-a-dia das combatentes do PKK

Imagem 1

Fonte: The Women of PKK Disponível em https://www.foreignaffairs.com/photogalleries/2015-06-03/women-pkk [Data de acesso 14 de dezembro de 2015]

Imagem 2

Fonte: The Women of PKK Disponível em https://www.foreignaffairs.com/photogalleries/2015-06-03/women-pkk [Data de acesso 14 de dezembro de 2015]

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Imagem 3

Fonte: The Women of PKK Disponível em https://www.foreignaffairs.com/photo-galleries/201506-03/women-pkk [Data de acesso 14 de dezembro de 2015]

Imagem 4

Fonte: The

Women

of

PKK

Disponível

em

https://www.foreignaffairs.com/photo-

galleries/2015-06-03/women-pkk [Data de acesso 14 de dezembro de 2015]

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A-10 - Testemunho de Nuve Rashat I joined the movement because I wanted to fight against those criminals who abused and killed so many of our own, (…) But I also wanted to be free from a system, the Yazidi one I belonged to, where women are imprisoned at home and considered useful only for raising children and maintaining the household. In the PKK, our main goal is to uproot from the girls’ minds all the misconceptions hailed from male-dominated societies. Women need to find their mental freedom before anything else.(West, 2015)

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