Gustave Flaubert e Marcel Proust: a descrição do real

May 31, 2017 | Autor: Pablo Rodrigues | Categoria: Literatura Comparada
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Pablo baptista rodrigues
Gustave fleubert e marcel Proust: A descrição do real
Trabalho acadêmico apresentado à Prof. Flávia Trocoli, Turma LED, 5º Período, do Letras/Literatura da Faculdade de Letras — Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Faculdade de Letras/UFRJ
Rio de Janeiro — Julho de 2013


Gustave Flaubert e Marcel Proust: a descrição do real
Um objeto para descrever: a realidade. Não seria incoerente dizer, que grandes obras literárias dialogam com o tempo e o espaço em que foram produzidas. Um livro, para os que se dedicam a tempos passados, pode ser o representante completo de um povo. Dessa forma, vemos que autores como Gustave Flaubert e Marcel Proust ocupam um lugar sem precedência nas páginas, não só, da literatura mundial, como da história da própria humanidade. Inicialmente podemos então, ter as obras Madame Bovary, de Flaubert, e Em busca do tempo perdido, de Proust, como processos evolutivos da história do homem, não se resumindo a isso, evidentemente.
Na primeira obra temos, como bem pontuou Erich Auerbach, o abalo do chão social, com a Revolução Francesa. A realidade aqui impulsiona a Literatura a uma escrita própria, ou seja, o texto busca descrever o real. No caso de Madame Bovary, vemos a busca da imitação seria do quotidiano. Em Flaubert os objetos são transformados e evoluem até atingirem a maturidade verbal. O detalhamento de um Boné por um narrador, portanto, como vemos no primeiro capítulo, da primeira parte de seu livro Madame Bovary, é a tentativa da representação de uma fidelidade documentária que privilegia a objetividade do momento da narrativa. A pormenorização, antes de ser exaustiva é necessária.
Ao nos determos Em busca do tempo perdido, de Proust, percebemos que a narrativa proustiana apresenta a realidade que transcende ao realismo flaubertiano, isto é, sua obra transfigura o detalhamento. Marcel Proust em seu livro faz com que o narrador nos apresente uma estrutura simultânea dos fatos. É bem certo que temos certo detalhamento em Proust, mas eles deixam de ser parciais e passam a exprimir uma totalidade. Um bolinho mergulhado na xícara de chá não é um simples detalhamento minucioso, mas uma teoria inteira da memória e do conhecimento.
Vemos, portanto, a modificação da narrativa, em fases distintas da História humana. Tudo isso faz com que o leitor pense, então, qual a escrita que hoje o representa. Tanto Madame Bovary como Em busca do tempo perdido, podem ser incluídas como marcos da cultura ocidental, e, consideradas obras elevadas por configurar uma escrita que vai além da simples técnica, nos apresentando um estilo, e a representação de forma única do tempo em que essas obras se configuraram.
Em tempos de Pós-modernidade, onde não há um lugar que não esteja dentro do sistema capitalista, enxergamos que a Literatura se encontra, novamente, com o seu objeto: a realidade humana. Esse novo tempo nos indaga, portanto, se essa fase da história do homem impulsionará uma nova narrativa, ou indicará o que já foi narrado por obras como a de Flaubert e Proust. A grande pergunta é se a realidade poderá ou já foi completamente contada nas páginas de um livro.

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