HÁBITOS DE ESTUDOS EM ADOLESCENTES DO ENSINO BÁSICO

September 6, 2017 | Autor: L. Cardeal da Costa | Categoria: Education
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Universidade de São Paulo
Faculdade de Educação
Departamento de Filosofia da Educação e Ciência da Educação






Trabalho de Estágio:
HÁBITOS DE ESTUDOS EM ADOLESCENTES DO ENSINO BÁSICO







Disciplina: EDF -298 Práticas Escolares, Diversidade, Subjetividade
Professora Doutora Sílvia M. Gasparian Colello
Alunos: Leonardo Araujo Cardeal Da Costa Nº USP: 6475168
Renan Coradine Meireles Nº USP: 6841267






São Paulo
1º Semestre de 2012
HÁBITOS DE ESTUDOS EM ADOLESCENTES DO ENSINO BÁSICO


Introdução.

Uma das maiores queixas dos professores das escolas do ensino básico é a falta de interesse dos alunos, principalmente os adolescentes, em estudar e/ou aprender.
Professores creditam, conforme observamos no estágio, o desinteresse juvenil como próprio da idade (fator biológico), dos problemas familiares (ausência/falta de apoio dos pais), ou mesmo ao comportamento dos estudantes que não se comprometem as aulas, muito devido as atuais tecnologias muito avançadas como celular, i-pod, i-touch, internet com as quais a escola e os professores não conseguem mais competir.
Por certo ponto de vista, a fala dos professores é razoável, pois realmente a escola ficou defasada em relação ao mundo, ela manteve sua mesma estrutura já muito antiga, enquanto que a juventude se transformou bastante nesses últimos tempos.
A organização escolar que obriga ao aluno ficar muito tempo sentado, que não diversifica as atividades curriculares, que não releva o pensamento dos alunos e desconsidera outras formas de aprender.
As estratégias pedagógicas precisam ser repensadas. Bem como toda formação docente e sua posterior valorização (em todos os sentidos), hoje muito fragilizada que não atende aos interesses dos alunos, gerando frustações para ambos os lados. Temos uma escola do século XIX, com professores do século XX para alunos do século XXI.
Buscamos, assim, compreender está questão pelo viés dos alunos ao ouvi-los e ao aplicarmos um questionário sobre hábitos de estudo, implicando perguntas sobre interesses e estratégias praticadas pelos alunos durante seus estudos e como eles se auto avaliam diante o ambiente que estudam.
Refletir sobre o hábito de estudos é sobretudo pensar a prática dos estudantes, seu posicionamento e postura frente ao processo de aprendizagem e a escola como um todo. Além, de permitir repensar algumas situações como o fracasso escolar e indisciplina tão recorrentes para explicar as dificuldades enfrentadas pelos professores para ensinar e fazer os alunos aprenderem.
Pra tanto, devemos considerar como os alunos adquirem conhecimento, o que está diretamente relacionado com o desenvolvimento humano. A pesquisa pautou-se em adolescentes do último ano do ensino médio, no qual supomos a partir das teorias de Jean Piaget, já tenham consolidado conceitos abstratos que exigem operações mentais superiores, com consciência da sua forma de pensar e justificar seu pensamento (VASCONCELOS, 2010: 83).
Segundo Leila Maria Ferreira Salles (2000: 135);

Para o adolescente, a escola e os estudos são um meio para a concretização dos seus desejos, de suas aspirações e de suas expectativas futuras. (...) O adolescente enfatiza a importância dos estudos para o seu futuro, para ascensão social, para garantir um certo status e obter certa estabilidade financeira. Contudo, a importância percebida por ele de estudar para ter um futuro melhor não se traduz necessariamente em gostar de estudar.


Dessa maneira, a partir do questionário respondido pelos alunos, pretendemos problematizar o que as teorias falam sobre o adolescente e sua relação com os estudos, defrontando-as com a realidade da escola básica e verificar as contradições dos discursos juvenis entre a necessidade e a vontade em estudar, como bem questiona Salles, em seu texto "Desvelando a Escola – o adolescente, o professor do aluno adolescente e a indisciplina na escola", do qual nos baseamos para esta pesquisa.


Objetivos.

A disciplina "Prática escolares, subjetividade e diversidade" tem como proposta a discussão de questões relacionadas à prática e ao cotidiano escolar, abordando-os a partir de uma base teórica advinda da psicologia da educação.
A partir disso, foi pensado um trabalho de campo que pudesse trazer à tona alguns problemas latentes na educação básica e que por poucas vezes são observados, teorizados e, consequentemente, resolvidos. A temática escolhida foi hábitos e estratégias de estudo em adolescentes.
Considerando os conteúdos debatidos em sala de aula e a própria vivência no estágio, julgamos esta temática como fundamental na vida estudantil, visto que, é uma questão pouco discutida e parte constitutiva da aprendizagem de qualquer estudante.
Com esta pesquisa nas escolas tivemos a intenção de descobrir quais os hábitos e estratégias de estudos dos alunos de terceiro ano do ensino médio, adolescentes que estão terminando o ciclo escolar, caminhando para a Universidade ou o mercado de trabalho.
Portanto, nossos objetivos gerais são: coletar dados, através de questionários e conversas nas escolas, visando à descoberta dos hábitos e estratégias de estudo dos alunos de escola pública; analisar os dados coletados, no intuito de fazer um panorama geral das práticas a esse respeito; analisar as possíveis diferenças entre a escola na metrópole e a escola no interior do estado, e por último, relacionar a análise dos dados com as discussões feitas em sala de aula e os textos lidos durante a disciplina.
Alguns objetivos específicos também foram propostos, acerca de: saber se os alunos gostam ou não de estudar; se estudam fora do horário próprio das aulas e onde estudam; quantos dias por semana e por quanto tempo por dia estudam; quais as condições físicas do local de estudo; e a relação dos estudos e as avaliações.

Metodologia.

O trabalho proposto foi realizado a partir de dois métodos de pesquisa: a observação do cotidiano escolar e a conversa com professores, alunos e funcionários da escola e um questionário para os alunos.
Nestas conversas, prioritariamente com professores e coordenadores pudemos levantar pontos importantes acerca da relação da escola e dos professores para com os alunos, no que diz respeito aos hábitos e estratégias de estudo.
Nos questionários (anexos) tentamos formular questões objetivas e subjetivas. Em geral as questões foram propostas com o objetivo de demarcar as ações dos alunos no que se refere aos estudos fora da sala de aula, embarcando características físicas do local, tempo de estudo, periodicidade e qual a relação "afetiva" destes alunos com o estudo.
Tais questionários foram aplicados em duas escolas: uma na metrópole de São Paulo, a Escola Estadual Professor Vicente Peixoto localizada em Osasco; e outra no interior do estado, Escola Estadual Osmarina Sedeh Padilha em Pirassununga. Os alunos tiveram 20 minutos para responder as questões. Algumas dúvidas sobre as questões foram sanadas durante a aplicação do questionário.

Dados objetivos e análise.

Neste item iremos fazer uma analise quantitativa dos dados coletados nos questionários respondidos pelos alunos do terceiro ano do ensino médio das duas escolas.
Ao todo foram questionados 81 alunos de duas escolas e três turnos diferentes, sendo 26 do noturno, 35 do diurno, ambos da escola situada na capital e 20 alunos do vespertino da escola do interior.




Em todas as turmas questionadas há um número superior de alunos do sexo feminino. Do número total de alunos, 51 são do sexo feminino e 30 do sexo masculino, portanto, 63% dos entrevistados são mulheres e apenas 37% são homens.




Em todas as turmas questionadas a maioria respondeu afirmativamente a questão sobre "se vai prestar vestibular". Dos 81 alunos, 58 responderam que sim e 23 responderam que não, portanto, 71,6% dos participantes irão prestar vestibular esse ano e 28,4% não irão participar.




Em todas as turmas participantes, a maioria responde que gosta de estudar, sendo dos 81 participantes, 61 respondendo que "sim" e 20 respondendo que "não", portanto, 75,3% e 24,7%, respectivamente.
Importante citar que, mesmo respondendo que gostam de estudar, grande parte destes estudantes não estudam ou o faz pouco, e justificam-se dizem que fatores como cansaço e dificuldades em algumas disciplinas.




Neste e nos próximos quatro itens nosso objetivo foi de descobrir qual a relação do aluno com o seu local de estudo em casa ou na escola. Se este local é o que ele gosta para estudar, se viabiliza o estudo e se o estudante se sente confortável.
Neste item 58 dos 81 estudantes responderam que gostam do local em que estudam, sendo isso representado por 71,6% do total.





Neste quesito, grande parte dos estudantes responderam que estudam em lugares barulhentos. Dos 81 participantes, 49 (60,5%) responderam que não estudam em locais silenciosos e 32 (39,5%) que sim.




Neste item sobre a iluminação do local de estudo, 75 (92,5%) dos 81 estudantes responderam que o local é bem iluminado. Apenas 6 (7,5%) disseram que não.



Dos 81 estudantes, 45 (55,5%) responderam que o local de estudo é confortável. Já 36 (44,5%) responderam que o local de estudo não é confortável.






Neste item, 47 (59,5%) dos alunos responderam que o local onde estudam não é próprio para essa atividade.





Neste e no próximo item, a intenção foi de contabilizar a quantidade de tempo e a periodicidade de estudo dos alunos. Neste item, grande parte dos alunos, 37 (45,6%) dizem só estudar antes das provas.





Grande parte dos estudantes, 58 (71,6%) responderam que estudam até duas horas por dia, quando se propõem a estudar. Apenas 7,4% dos estudantes estudam mais de quatro horas por dia.



Neste item, a maioria dos estudantes, 45 (58,4%), responderam que em geral estudam pouco e vão bem nas provas. Já 14 estudantes, o que equivale a 18,1% disse o contrário, que estuda muito e vai mal nas provas. Ainda, dos 81 entrevistados, 11 (14,3%) estuda muito e vai bem nas provas e 7 (9,1%) diz que estuda muito e vai bem nas provas.
A partir da análise dos dados citados acima é possível concluir logicamente alguns fatores referentes aos hábitos e estratégias dos estudantes.
Por se tratar de turmas de terceiro ano do ensino médio, grande parte dos estudantes vai prestar vestibular no fim do ano, apesar de percebermos que, a maioria deles não possui uma periodicidade de estudos. Grande parte dos alunos diz só estudar antes das provas e por menos de duas horas.
Outro item interessante a ser citado é acerca do cruzamento da resposta da questão sobre "se gosta e não de estudar" e a periodicidade e tempo de estudo. Uma grande maioria disse que gosta de estudar, porém, podemos perceber que grande parte deles estuda apenas antes das provas e por muito pouco tempo. Nas questões subjetivas alegam problemas que influem nesta questão, dentre eles; cansaço, preguiça ou falta de tempo.
Sobre o local de estudo propriamente dito, grande maioria diz gostar do local, porém, é um local barulhento e não específico para estudo. Grande parte dos estudantes disse que estudam em locais da casa como sala, quarto e cozinha. Muitos citam o barulho e a competição com a televisão ou o computador como entraves aos estudos.
Sobre os hábitos de estudo podemos concluir que a maioria esmagadora dos estudantes não possui uma rotina diária de estudos e um local próprio para estudo, confortável e silencioso.

Analise dos dados subjetivos.

Em relação às respostas mais subjetivas como a justificativa pelo hábito ou não de estudar encontramos respostas variadas, porém as mais frequentes foram:
Estudam por que é importante para o futuro, principalmente para o vestibular, traz conhecimento e pode ser um caminho para obter sucesso. Interessante destacar, que os alunos do período noturno responderam, em um número mais relevante, que estudam para conquistar um bom emprego ou conseguir uma boa carreira profissional. No caso dos alunos do interior, o que chamou a atenção foi os poucos comentários sobre a questão do vestibular.
Não estudam, pois há uma competição com as tecnologias da informação, eles preferem assistir televisão, mexer no celular, navegar na internet, entre outros. Já o cansaço, a falta de vontade e de tempo podem ser notados mais nos alunos do noturno, visto que muitos trabalham.
Legal, que em um questionário, de uma aluna do diurno da EE Prof. Vicente Peixoto, escreveu um comentário à parte, no canto inferior da folha, nos pedindo ajuda para o vestibular: "Já que vocês estudam em uma ótima faculdade, poderiam me dar umas dicas como ir bem no vestibular? [email protected] – entrem em contato!".
Algumas respostas, no mínimo interessantes, gostaríamos de destacar:

- Sobre não gostar de estudar – "Sei lá, tem que pensar e não gosto muito."; "Porque eu já cansei de vir para a escola de ônibus."; "Minha vida inteira estudando cansa."; "Pois tenho que me esforçar muito. Prefiro poupar energia"; "Pois já estou trabalhando e ganhando um salário fixo"; "Não tenho tempo"; "Não tenho paciência."; "Porque odeio tudo".

- Sobre gostar de estudar – "O aprendizado é único, algo que não perdemos."; "Estudar é muito importante, para ter um bom futuro, conseguir passar nos vestibulares de universidades públicas federais, ter um bom desempenho, um bom emprego e muito conhecimento."; "Quero daqui alguns anos estar com minha vida pronta, carreira de sucesso, quero ter uma vida social boa, fazer o que gosto e ganhar bem. Estudar é sempre bom!"; "Sim, alguma matérias, para eu poder ter conhecimentos e também conseguir um bom emprego e claro para poder ter uma vida pouco melhor. Por exemplo: saber o que falar para não magoar as pessoas ao meu redor.".

Ao serem questionados sobre suas estratégias de estudos, os alunos elencaram, de forma geral que leem, decoram, memorizam, releem os textos e realizam resumos e mostram preocupação com os exercícios de matemática (buscam refazê-los como forma de estudo). Muito poucos citaram que pedem ajuda a alguém que saiba do assunto, como o professor, os pais ou irmãos. Apenas uma aluno relatou que trabalhar em grupo é uma boa estratégia.
Os alunos, geralmente, não estudam da mesma forma, pois isso vai depender da matéria e do professor. Alguns aprofundam seus estudos nas matérias que consideram mais difíceis; uns se concentram mais nas matérias que compreendem serem mais úteis para eles; outros se focam mais nas matérias em que os professores são mais rigorosos. Muitos só estudam mesmo para as provas, como evidencia o aluno da EE Prof. Vicente Peixoto do diurno: "Eu estudo mesmo, só antes das provas.".
Para os alunos os fatores que atrapalham os seus estudos, em sua maioria, são a preguiça, a bagunça, o barulho, a falta de motivação e interesse dos professores, a falta de tempo (mais da turma do noturno) a internet, a televisão, o video game, as músicas e a própria adolescência (com isso, achamos que eles queriam dizer que na adolescência eles têm outras preocupações mais importantes do que a escola e estudar), além de não se sentirem motivados para estudar. O fator que mais ajuda, segundo a grande maioria, é o silêncio; os livros e internet também contribuem para favorecer os estudos, pois com eles, os alunos conseguem adquirir mais informações. A força de vontade própria do aluno também aparece nas repostas, muito por conta do vestibular.
Um aspecto importante, é que alguns alunos ó mantém o interesse se o professor mostrar vontade e dedicação, como vemos nessa fala de um aluno do noturno da EE Prof. Vicente Peixoto: "Somente com determinados professores. O meu interesse surge com a competência do professor." Outro aluno desta mesma turma enfatiza: "A escola deveria ter uns professores melhores, que ensine, em vez de falar besteira, que não tem nada a vê com a aula.". Os alunos do diurno dessa escola dizem: "O que atrapalha [meus estudos] são os professores desinteressados e o que ajuda são os professores que se importam.". "Os professores, alguns não sabem ensinar, mal aprendizado e mal humor da parte de alguns deles.".
Por fim, algo que nos impressionou ao ler as respostas dos alunos foi a dificuldade que eles possuem para elaborar a redação (que não exigia muito esforço, era apenas escrever um simples parágrafo), principalmente naqueles que não demonstraram interesses em estudar. Os erros eram gramaticais e ortográficos, algo significante para alunos que já estão há onze anos na escola (evidenciando como eles estão defasados na aprendizagem). Durante a aplicação dos questionários os alunos sempre perguntavam como se escreve tal palavra.

Análise Geral.

As duas escolas analisadas constituem-se de um modelo empirista, em que a educação é vista como um arranjo de condições para conduzir o aluno ao conhecimento. A escola é uma espécie de agência sistematizadora de uma certa cultura pré-estabelecida (concepção estática do saber), onde o professor é o representante do saber e transmissor do conhecimento.
Ao realizar este estudo, podemos defrontar a realidade escolar e a ação educativa, entre uma macroesfera (dos projetos pedagógicos que visam promover valores e respeito) e uma microesfera (dos pequenos acontecimentos que ocorrem no cotidiano escolar que obrigam os envolvidos a realizar uma decisão), principalmente dos alunos de ensino médio que são preparados para o social, para o mundo.
Importante frisar, que apesar de encontramos algumas respostas semelhantes, não é possível homogeneizar os tipos de estudantes, pois nenhum aluno (principalmente adolescente) é igual, possuem experiências e histórias diferentes, definindo uma singularidade do sujeito, como retratou Lev Vygostsky sobre os planos genéticos, mais especificamente, a microgênese.
Acreditamos ser acertado focarmos os hábitos de estudos em alunos adolescentes, pois a adolescência pode ser considerada um estágio intermediário da infância para a idade adulta, um momento paradoxal, envolvendo oscilações, ambivalências, conflitos e contradições, o que torna os jovens muitas vezes incompreendidos (pelos professores, pais, sociedade).
Durante esse período, pelo ponto de vista social, o adolescente entra em confronto e crise em suas relações familiares (a conquista de autonomia e a necessidade de autoafirmação), há um fortalecimento do grupo de amizades (para identificação e segurança), o que acaba por gerar uma re-significação da escola e dos estudos.
Também, os jovens passam por novas experiências e descobertas, potencializando a necessidade de explorações e vivências (ocasionando novos relacionamentos, curiosidades, dúvidas e angústias). Ainda mais, os alunos do terceiro ano do ensino médio, que enfrentam a difícil opção de escolher uma profissão (ou o que fazer depois de terminar a escola básica), e sofrem com pressões sociais para obter realizações (passar no vestibular, por exemplo, ou enfrentando as dificuldades e oportunidades de inserção no mercado de trabalho).
Um fato que nos chamou muita atenção foi a espontaneidade de alguns alunos quando souberam que teriam que responder um questionário sobre hábitos de estudos, pois alguns alunos falaram: "ih, a gente tem que ter hábitos de estudo?" ou " Não vou responder não, não estudo!".
Notamos, e isso foi planejado durante a elaboração dessa atividade de campo, algumas diferenças sobre os estudos entre alunos que frequentam as aulas do matutino, do vespertino e do noturno. O rendimento de estudos dos alunos da manhã e da tarde é um pouco superior ao da noite, por vários motivos, entre eles podemos destacar: o aluno do diurno, geralmente está mais descansado, o professor também está e isso diminui sua impaciência, são mais tolerantes (percebemos os professores muito mais nervosos, dando muitas broncas). À noite o índice de frequência em aulas é bem menor, os alunos faltam muito, principalmente nas sextas, o número de alunos cabulando também é mais expressivo, além do que muitos não assistem à última aula alegando o fato de o horário ser tarde e já muito perigoso (e que precisam pegar ônibus para voltar à casa). A noite os alunos reclamam mais de sono e cansaço.
Considerações Finais.

Julio R. Groppa Aquino, em "A desordem da na relação professor-aluno: indisciplina, moralidade e conhecimento" salienta que (1996: 52):
...jovens, por incrível que pareça, são absolutamente ávidos por saber, pelo convite à descoberta, pela ultrapassagem do óbvio, desde que sejam convocados e investigados para tanto. Tudo depende, pois, da proposta por maio da qual o conhecimento é formulado e gerenciado nesse microcosmo que é cada sala de aula.

O problema reside nas relações entre escola, professor e aluno, que não devem ser analisados isoladamente, mas pensar nos interesses comuns entre eles é o caminho para melhor potencializar o rendimento escolar dos alunos, atendendo as suas expectativas.
Acreditamos que é preciso repensar as metodologias de ensino, os conteúdos e primordialmente a relação do aluno com a escola, com os estudos, a partir de uma postura mais dialógica por parte dos educadores que possuem um papel importante como mediadores pedagógicos, numa permanente adequação e reorientação das estratégias de ensino adotadas para atingir os interesses dos alunos, ou seja, a relação professor-aluno torna-se o centro do trabalho pedagógico (AQUINO, 1996: 53).
Nos cabe questionar o que a escola quer valorizar? Talvez as bases curriculares que originaram a escolaridade no século XIX não estejam correspondendo as necessidades dessa época atual. Ao conhecer a realidade dos alunos em seus cotidianos, seja na metrópole, seja no interior, percebemos que é preciso pensar novas estratégias e experiências diversas para fomentar os hábitos de estudo dos alunos.
Considerar outras formas de conhecimento (por exemplo, encontramos um aluno que dedica seu tempo para a educação musical, é violinista e, ao conversarmos, ele nos disse que se sentia pouco valorizado pelos professores devido a suas notas que nem sempre são boas), outros tipos de inteligência e, essencialmente, valorizar os alunos como sujeitos pensantes, participativos de todo processo escolar e trazer pertinência aos conhecimentos significativos a eles, é uma possibilidade de potencializar e trazer o interesse e a motivação ao ato de estudar.
Basta criar condições para os alunos se desenvolverem e a acreditarem que o estudo tenha sentido para a sua vida, pois, apesar de serem estudantes do último ano, muitos ainda não despertaram para o conflito: a escola não é só para obter conteúdo para algum conhecimento, mas pelo contrário, ela tem um papel muito maior, o de prepará-lo para o mundo, para a vida, para as escolhas e tomadas de decisões, enfim, para seu futuro.
Impossível não perguntar e refletir sobre o que é escola e qual o seu papel, seu objetivo, como surgiu e para quê e para quem? Perguntas que não foram ou não são questionadas. Falta pensar mais na questão das necessidades e das motivações no debate sobre ensino-aprendizagem na escola, para de redimensionar a relação entre o ensinar e o aprender.

Referências Bibliográficas

AQUINO, Julio Groppa. A desordem na relação professor-aluno: Indisciplina, moralidade e conhecimento. In: AQUINO, Julio Groppa (org.). Indisciplina na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1996.
SALLES, Leila Maria Ferreira. Desvelando a Escola: o adolescente, o professor do aluno adolescente e a indisciplina na escola. In: SALLES, L M. F; LEITE, C. D; LOUVEIRA, M B (Orgs.). Educação, Psicologia e Contemporaneidade: novas formas de olhar para escola. Taubaté, São Paulo: Cabral Universitária, 2000, p. 131-154.
VASCONCELOS, Mário Sérgio. O caminho cognitivo do conhecimento. In: STAREPRAVO, A.R.; TRINDADE, R.; VASCONCELOS, M. S.; FURTADO, J. C. ; ROMANELLI, E. J. Desenvolvimento cognitivo e a aprendizagem escolar. Curitiba: Editora Melo, 2010, v. 1, p. 71-84.




Anexo.


QUESTIONÁRIO para alunos de 3º ano do Ensino Médio.


Idade: ( ) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino


Vai prestar algum vestibular este ano? ( )Sim ( )Não


Você gosta de estudar ? Sim ( ) Não ( )

Justifique.












Onde você costuma estudar quando não está em aula?
Não estudo ( )
Em casa ( ) - No quarto ( ) Na sala ( ) Outro local ( ) Qual:________________
Na escola ( ) - Sala ( ) Biblioteca ( ) Outro local ( ) Qual:________________

Sobre seu local e hábitos de estudo, assinale SIM ou NÃO.
Você gosta do local em que estuda? ( )SIM ( )NÃO
O local é silencioso? ( )SIM ( )NÃO
O local é bem iluminado? ( )SIM ( )NÃO
O local é confortável? ( )SIM ( )NÃO
Você estuda sentado? ( )SIM ( ) NÃO
Você estuda deitado? ( )SIM ( )NÃO
É um local específico para estudo? ( )SIM ( )NÃO
Há outra característica que queira descrever? ( )SIM ( )NÃO

Qual(ais)?




Qual a periodicidade de estudo? (semanal)
( ) 1 a 2 dias ( ) 3 a 5 dias ( ) nenhuma ( ) somente antes das provas
Quando estuda, o faz por quanto tempo? (dia)
( ) até 2 horas ( ) 2 a 4 horas ( ) mais de 4 horas


Quais são suas estratégias de estudo? Você estuda da mesma forma para todas as disciplinas? Justifique.







Quais são os fatores que ajudam e atrapalham seus estudos?










Sobre os resultados dos seus estudos, responda.
( ) Estudo muito e vou bem nas provas.
( ) Estudo muito e vou mal nas provas.
( ) Estudo pouco e vou bem nas provas.
( ) Estudo pouco e vou mal nas provas

Como você avalia os resultados dos seus estudos?




























Os interesses dos alunos não estão no conteúdo e sim para as questões de sua realidade. O professor tem que descobrir as experiências, vivências dos alunos e ser sujeitos transformadores da escola.
Pois eles têm seu trabalho socialmente degradado na sociedade, com salários baixos, tendo que trabalhar o dia inteiro para poder sobreviver, não conseguindo pensar em problemas além deles.

Tentamos entrar em contato, mas até agora, ela ainda não respondeu ao nosso email.
Uma curiosidade, na EE Prof. Vicente Peixoto, no período do diurno, antes de iniciar a aplicação do questionário, pedimos a uma aluna para escrever na lousa "questionário sobre hábitos de estudos". Então, a aluna começou a escrever e fomo explicar a nossa pesquisa para a sala. Porém a aluna escreveu a palavra hábitos errado na lousa, estava escrito "ábtos" e o professor responsável da aula percebeu isso e tirou sarro da aluna diante de toda a classe. A aluna rapidamente apagou tudo que estava escrito na lousa e foi se sentar no seu lugar, com um rosto bem envergonhado. Não sabíamos o que fazer, foi uma situação muito embaraçosa.
O problema está na questão da abordagem, com que concepção o professor entra em uma sala de aula? Por isso, a discussão da falta de interesse do aluno tem que ser revisitada, será que é desinteresse? Ou uma falta de compreensão do que se quer propor?
É isso que, pelo menos, deveríamos esperar de um aluno no final do ensino médio, um sujeito autônomo, e até mesmo com pensamento crítico, que nada mais é que um processo interno (não de conteúdo), que torna a pessoa capaz de olhar o processo de elaboração do pensamento, ou capaz da possibilidade de se aprender.



Sobre os resultados dos seus estudos, responda.

14,3%
18,1%
58,5%
9,1%
Quando estuda, o faz por quanto tempo? (dia)

71,6 %
20,9%
7,4 %
Qual a periodicidade de estudo? (semanal)

27,1%
20,9%
6,1%
45,6%
É um local específico para estudo?
40,5%
59,5%
O local é confortável?
55,5%
44,5%
Vai prestar algum vestibular este ano?
71,6%
28,4%
Porcentagem de alunos: Homens e Mulheres
37 %
63%
O local é bem iluminado?
92,5%
7,5%
Você gosta de estudar?
75,3%
24,7 %
O local é silencioso?
39,5%
60,5%
Você gosta do local em que estuda?
71,6%
28,4%

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