Habitos de pratica de atividades fisicas de adolescentes e a educacao fisica escolar

June 2, 2017 | Autor: H. Bueno Nunes | Categoria: Physical Education
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Hábitos de prática de atividades físicas de adolescentes e a educação física escolar sheila ap. pereira dos santos silva*; hugo cesar bueno nunes**; ana paula birelli kasteckas***; daniel aquino dos santos***; brbara baciega***

Resumo l Nesta pesquisa buscamos identificar se os objetivos propostos pelos professores de educação física (EF) escolar são perceptíveis pelos alunos e se, na perspectiva do aluno, as aulas o influenciam na adoção de práticas motoras extra-aula. Abrangemos duas escolas públicas nesta investigação, envolvendo 91 alunos de 8ª série, sendo 65 de uma escola e 26 alunos de outra, localizadas nas cidades de São Paulo e Cotia. Os dados foram coletados por meio de questionário com 06 questões abertas e 09 fechadas, sendo as questões fechadas calculadas percentualmente. Já as questões abertas tiveram seu conteúdo analisado identificando-se as unidades significativas. Concluiu-se que os alunos não atribuem importância ao conteúdo das aulas, que os objetivos propostos pelos professores não são percebidos e, dessa forma, não influenciam seu estilo de vida. Abrir espaço para o diálogo a respeito dos conteúdos pareceu não surtir efeito sobre os hábitos de atividade física desses alunos fora do horário escolar. Há outros fatores socioculturais que exercem maior influência no significado que os alunos atribuem aos conteúdos veiculados nas aulas de educação física e que parecem ser mais efetivos na definição de estilo de vida, merecendo novas pesquisas. Palavras-chave l Educação física escolar. Hábitos. Estilo de vida Title l Habits of practice of physical activities of adolescents and school physical education Abstract l We search to identify if the objectives considered for the school Physical Education teachers are perceivable for the pupils and if, in the perspective of the pupil, the lessons influence him/her in the motor adoption practical extra-lesson. The study involved two public schools, including 91 pupils of 8th grade, being 65 of public called PU2, and 26 pupils of schools called PU1 of the west area of the São Paulo and Cotia. Data were collected through a questionnaire with 06 open questions and 09 closed and the closed questions and the percentage calculated open questions were content analyzed their identifying units are significant. It was concluded that the pupils do not attribute importance to the content of the lessons, that the objectives considered for the professors are not perceived and in this form, the classes don’t influence its style of life. To open space for the dialogue on the contents seems not to occasion effect on the habits of physical activity of these pupils is hourly pertaining to school. There are other culture factors that exert greater influence on the meaning that the pupils attribute to the contents propagated in the lessons of Physical Education and that they seem to be more effective in the definition of life style. Keywords l School physical education. Habits. Life style

Os avanços tecnológicos e a concentração de grandes massas populacionais nos centros urbanos resultaram em mudanças dos hábitos de vida e condições de saúde ao longo dos anos. Nesse contexto, a inatividade física tem apresentado prevalência entre os fatores de risco para

Data de recebimento: 09/10/2009. Data de aceitação: 27/10/200. * Professora do curso de gaduação e Pós-Graduação em Educação Educação Física da USJT. ** Aluno do Mestrado em Educação Física da USJT. *** Membros do Grupo de Estudos de Educação Física Escolar do Unifieo.

morbimortalidade cardiovascular. É normal que o ápice do hábito de exercitar-se ocorra na adolescência, com tendência de acentuado declínio a partir da idade adulta. Com o avançar da idade, é notável uma diminuição na prática de atividade física. No entanto, nos países em desenvolvimento, constata-se que menos de um terço dos jovens é suficientemente ativo para obter os benefícios à saúde advindos da prática regular das atividades físicas. Pesquisa publicada sobre nível de atividade física da população do estado de São Paulo (Matsudo et al., 2002) na qual se realizou análise de acordo com gênero, idade, nível socioeconômico,

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distribuição geográfica e de conhecimento, abrangendo uma população de 2.001 sujeitos, com idade entre 14 e 77 anos, demonstrou que o número de habitantes insuficientemente ativos compreendia 45,5% de homens e 47,3% de mulheres, que, juntos, totalizavam 46,5% dos pesquisados. Além destes, encontramos também os totalmente sedentários, que alcançam 9,7% de homens e 8% de mulheres, os quais, somados, representam 8,8% de todo o grupo. Diante destes dados, percebemos que 55,3% da população não podem ser considerados suficientemente ativos do ponto de vista físico. O período da adolescência é visto como uma fase crítica da vida humana, pois compreende diversas mudanças culturais, corporais, de hábitos, de valores, ou seja, mudanças internas e externas que se refletem no cotidiano. A atividade física poderia contribuir, de diversas formas, para a minimização de possíveis problemas que o adolescente pode vir a ter em seus relacionamentos pessoais e na sociedade de maneira geral, porém vemos que ocorre justamente o contrário, ou seja, na maioria das vezes as atividades físicas não estão presentes no cotidiano dos adolescentes. Em estudo realizado por Pires e colaboradores (2004), utilizando um questionário que investigava o nível de atividade física durante três dias, com 754 adolescentes de 15 a 19 anos, sendo 333 (44,2%) do gênero masculino e 421 (55,8%) do feminino, foi apresentado que eles passam a maior parte do tempo em atividades leves, nas posições sentado ou deitado. A atividade de andar a pé como meio de locomoção foi classificada em primeiro lugar entre os meninos e entre as meninas, em segundo lugar ficaram as tarefas domésticas, e as atividades esportivas apareceram na décima oitava colocação, ficando atrás de jogar videogame, navegar na Internet, conversar ao telefone, ouvir música e namorar, o que corrobora os estudos realizados por De Bem e colaboradores (2000) e Guedes e colaboradores (1999). O envolvimento de crianças e adolescentes em programas de atividade física deve ir além das aulas de educação física (EF) e constitui-se num dos principais objetivos das propostas de saúde pública no presente.

silva et al. l Prática de atividades físicas

Estudo realizado por Júnior e Lopes (2004), também com o objetivo de verificar o nível de atividade física em adolescentes, envolveu 1.107 escolares e demonstrou que 65,7% dos alunos são insuficientemente ativos, e, em função do sexo, apresentouse a seguinte proporção: moças 78,3% e rapazes 52,1%, em todas as faixas etárias estudadas. Estudos realizados por Silva e Malina (2003), nos quais são analisados 323 adolescentes (123 rapazes e 200 moças) classificados como sedentários, constataram que 10,5% dos rapazes e 9,0% das moças apresentavam sobrepeso. Esse sedentarismo só tende a agravar-se com o decorrer da idade, o que torna o fenômeno preocupante. Considerando o declínio na prática de atividade física a partir da idade adulta, nos questionamos a respeito de quais ações poderiam ser implementadas para minimizar este problema. Será que a EF escolar poderia representar um importante papel nesse cenário? Se considerarmos a EF situada nas ciências da saúde, entendendo que saúde não se restringe à dimensão biológica do ser humano, mas contempla a extensão das possibilidades de um grupo ou indivíduo de realizar suas aspirações e satisfazer suas necessidades, assim como adaptar-se ao ambiente por meio de ajustes ou mudanças em suas atitudes e valores, incrementando seu conhecimento sobre si mesmo e sua relação com os outros, perguntamos: será que ela tem adotado ações condizentes com esse papel? Essa perspectiva é defendida por Farinatti (1997; 2000), quando aborda o papel da EF na promoção da saúde, vista como um processo que visa a aquisição de conhecimentos e habilidades necessárias ao indivíduo, que lhe permitam exercer o autocuidado no controle da própria saúde. A EF escolar, nessa perspectiva, não deveria restringir-se ao ensino de procedimentos, ainda que estando intimamente ligada a eles, mas abranger as possibilidades concretas de vivenciar o maior número possível de práticas motoras, proporcionando a identificação dos significados culturais e pessoais presentes nestas práticas, para que, assim, possa ser possível incorporá-las a seu estilo de vida. Espera-se, ainda, que esse componente curricular, por meio dessas práticas, promova impactos

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sobre processos de aprendizagem, proporcionando mudanças de comportamento que, num aspecto geral, caracterizem-se pela autonomia e pelo autocuidado, por autocapacitação individual e comunitária. Podemos sintetizar essas considerações dizendo que o objetivo da EF escolar é o desenvolvimento do ser humano no que se refere aos movimentos corporais, afetando os domínios cognitivo, afetivo e social, uma vez que estas esferas da vida humana são indissociáveis. Seguindo essa linha de raciocínio, levantamos as questões norteadoras desta pesquisa: • As aulas de EF na escola atendem ao objetivo de desenvolver uma população fisicamente ativa por meio de conhecimento sobre o corpo humano aprofundado graças a exercícios físicos e estímulo às atividades motoras? • As aulas de EF escolar vêm se mostrando significativas no sentido de influenciar o comportamento atual de crianças e jovens? • Isso posto, esta pesquisa tem como objetivo identificar se as aulas de EF na escola exercem alguma influência na adoção de práticas motoras extra-aula.

1. metodologia A amostra constituiu-se de forma aleatória, sendo composta de 91 alunos de 8as séries (ambos os sexos) com idade média de 14 anos, de duas escolas públicas, uma situada no bairro de Pirituba, cidade de São Paulo, a qual passamos a denominar PU1, e outra em Cotia (SP), a qual passamos a denominar PU2. Pode-se afirmar que ambas as escolas apresentam contextos semelhantes e situam-se em regiões nas quais os índices socioeconômicos também são parecidos. Os dados foram coletados por meio de um questionário com 06 questões abertas e 09 fechadas. As questões fechadas tiveram os resultados calculados percentualmente, e as questões abertas foram analisadas qualitativamente, utilizando técnica de análise de conteúdo e categorização a posteriori das unidades significativas presentes nos discursos, sendo, em seguida, tabuladas.

2. resultados e discussão As práticas de atividades realizadas fora da escola e mencionadas pelos adolescentes foram: futebol, skate, handebol, natação, atividades em academia, basquete, artes marciais (citadas de maneira geral), vôlei, bicicleta, patins, tênis, capoeira, dança, caratê. Após levantamento das atividades que os alunos praticavam fora da escola, perguntou-se: A sua escolha em praticar essa atividade física foi influenciada pelas aulas de EF? Em ambas as escolas, a distribuição percentual das respostas evidenciou certa similaridade, indicando que a EF escolar não exerceu grande influência no estilo de vida da população investigada, uma vez que somente uma minoria dos respondentes (PU1, 42,3%; e PU2, 32,3%) mencionou que a EF tenha sido a principal responsável pela escolha de praticar atividades físicas fora da escola. Esses resultados confirmam o já exposto por Daólio (1993), quando afirma que não é apenas a EF escolar a responsável pela efetivação de um estilo de vida ativo, observando que os movimentos corporais que os alunos fazem extrapolam a influência da escola, são culturais e têm significados. Mesmo não escrevendo especificamente sobre a EF escolar, mas sobre iniciação esportiva, De Marco e Junqueira (1993) relatam que inúmeras influências são exercidas sobre a adesão de crianças e adolescentes a programas esportivos. São elas: a qualidade das atividades que são propostas, tipos de atividade proposta, família, personalidade, atitude em relação ao sucesso ou fracasso, influência do grupo, dos meios de comunicação, competição e formas de premiação. Uma vez que são grandes as interferências na adesão da prática de atividade física, buscamos identificar outros aspectos que caracterizam as aulas de EF frequentadas pelos alunos pesquisados e que nos auxiliariam a compreender o fenômeno em questão. Para isso, analisamos as seguintes questões: a. Suas aulas de EF são somente práticas? b. Qual conteúdo você mais gostou de aprender nas aulas de EF? c. O que você acha que poderia ser mudado nas aulas de EF?

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d. O professor de EF abre espaço em suas aulas para que os alunos possam opinar sobre os conteúdos a serem ministrados? e. Como é a relação pessoal do professor com os alunos durante as aulas de EF? f. Sua escola incentiva a praticar atividade física fora do horário escolar? g. Você pratica alguma atividade física fora do ambiente escolar? Em caso afirmativo, quais atividades, quais dias da semana e quanto tempo de duração? No que se refere ao relacionamento professoraluno, pensávamos encontrar resquícios de autoritarismo nesta relação, que pudessem prejudicar a aprendizagem e a influência sobre o comportamento do aluno. No entanto, os resultados em PU1 não confirmaram este pressuposto, uma vez que 92,3% dos alunos afirmaram que o professor abre espaço nas aulas para o diálogo, enquanto na escola PU2 apenas 46,2% disseram que o professor abre espaço para o diálogo, ou seja, os estilos de relacionamento entre os professores das duas escolas parecem ser diferentes. Confirmando tal diferença, quando se solicitou que os alunos descrevessem como era sua relação com o professor, a maior parte das menções (PU1, 88,5%; e PU2, 41,5%) referiu-se à existência de relacionamento interpessoal positivo. Tais dados indicam-se uma relação direta entre os resultados de ambas as questões, levando a crer que, na presença de diálogo, o relacionamento interpessoal tende a ser visto como mais positivo. Quanto à metodologia de ensino, trouxemos à pauta a discussão a respeito de as aulas serem predominantemente práticas ou de envolverem estudos teóricos, e não foi possível realizar uma relação direta que nos levasse a concluir qual delas, ou ainda, qual combinação de ambas, seria mais adequada para influenciar os hábitos dos alunos. Os dados analisados mostraram-nos que na escola PU2, em que 63% dos alunos afirmam não terem sido influenciados pela instituição na escolha de praticar atividade física fora do ambiente escolar, 58% identificam suas aulas como eminentemente práticas; e na escola PU1, a porcentagem dos que negam influência positiva da EF escolar em sua

silva et al. l Prática de atividades físicas

prática de atividades físicas foi de 50%, apenas 34% identificaram suas aulas como práticas. Ou seja, a EF mostrou-se pouco influente na formação de hábitos tanto na escola PU1, quanto na escola PU2. Parece, então, que a estratégia de ensino envolvendo aula prática ou teórica não é o fator preponderante para que o aluno sinta-se motivado à prática de atividade física fora da escola, levandonos a indagar a respeito do significado do conteúdo que está sendo apresentado e desenvolvido com os aprendizes e sua conjugação com seus objetivos de vida, como também das imagens e símbolos que valorizam e com o que sentem durante as aulas. Betti alerta-nos a esse respeito com a seguinte citação: “Temos que pensar que a escola não é eterna para todos e que se os alunos não sentirem prazer no que fazem, dificilmente continuarão fazendo atividade física após o período escolar. Para que isto ocorra, a Educação Física deve ser no mínimo variada e prazerosa” (1995, p. 30).

Ainda que o significado do conteúdo pareça ser um aspecto decisivo, quando perguntamos aos alunos sobre mudanças nas aulas, eles não sugeriram alterações, o que nos leva a levantar algumas hipóteses: as aulas realmente são significativas, não necessitando de complementação/alteração em seu conteúdo, ou os alunos não apresentam conhecimentos suficientes para formular uma possível proposição/sugestão com o objetivo de que as aulas de EF escolar se tornem mais relevantes. Em relação ao conteúdo que os alunos mais gostam, os resultados mostraram uma superioridade do conteúdo esportivo (handebol, o basquetebol, o futebol e o voleibol), com seguintes resultados: PU1, 61,7%; PU2, 75%. Apesar de as novas abordagens pedagógicas sugerirem novas formas de trabalho, constatamos que a EF nas escolas pesquisadas ainda sofre forte influência do tecnicismo e do esportivismo. Em relação à escola incentivar a atividade física fora do horário escolar, pudemos observar que os alunos de ambas relataram que elas incentivam tal prática, com os seguintes resultados: PU1, 61,5%; e PU2, 66,2%. No entanto, devemos levar

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em consideração que muitas escolas públicas devem, por orientação governamental, ficar abertas nos finais de semana, e recomenda-se que os professores desenvolvam projetos extra-aula, o que pode ter influenciado essa resposta, ou seja, tal influência não pode ser atribuída exclusivamente às aulas de EF. Quanto ao número de atividades praticadas fora da escola, observou-se que a maioria pratica apenas 1 (uma) atividade durante a semana: As atividades mais praticadas pelos adolescentes foram: 1º) futebol, com 21,5%; 2º) voleibol, com 5,9%; e 3º) skate, com 3,9%. Apesar de terem sido mencionadas outras atividades, como natação, handebol, tênis, ainda é perceptível a presença maciça do futebol como prática preferida ou como a que oferece maiores oportunidades de prática fora do ambiente escolar. A partir desses dados, julgamos pertinente sugerir que a diversificação dos conteúdos nas aulas de EF para adolescentes, oferecendo oportunidades de vivenciar outras atividades diferentes dos jogos esportivos coletivos, pode ser um caminho para a adoção de um estilo de vida ativo, por fornecer um leque maior de opções com as Quadro 1: Prática de atividade física extraescolar com frequência de uma vez por semana

Escola Nº

Distribuição Percentual

PU1 PU2

71,4% 58,3%,

quais o aluno pode identificar-se e vir a praticar de maneira regular. Expressão corporal, danças, artes circenses e artes marciais podem ser oferecidas como tais opções.

3. concluso Pudemos verificar neste estudo que as aulas de EF ministradas pouco ou nada influenciaram os alunos a terem um estilo de vida ativo e a participarem de atividades motoras fora do horário escolar. Mesmo considerando que há professores abrindo espaço em suas aulas para que o aluno sugira novos conteúdos, tendo um bom relacionamento com os alunos, e, ainda, o aluno sendo aceito por

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todo o grupo, estes fatores parecem ainda não ser suficientes ou não estarem suficientemente articulados para influenciar diretamente a prática de atividades motoras fora do horário escolar. Parece-nos importante analisar que nem sempre a estratégia de ensino adotada é o fator preponderante para que o aluno sinta-se estimulado a ter um estilo de vida ativo, mas torna-se necessário pensar no significado que o conteúdo terá para o aluno, significado esse influenciado pelo contexto sociocultural no qual o aluno se encontra. Há de considerar-se que, mesmo que a escola incentive a prática de atividade física fora do horário de aula, este possa não ser um fator decisivo para que o aluno dedique-se à prática de atividade física fora da escola, mas que esta pode ser mais efetiva e oferecer um poder de persuasão maior para a inserção do adolescente no grupo, contando com o desejo de compartilhar os respectivos códigos e símbolos. O fato de o professor conhecer os conteúdos que os alunos mais apreciam pode auxiliá-lo a aproximá-los mais da disciplina, criando, assim, um ambiente mais propício para o estímulo à prática da atividade física fora do horário escolar. Pensando assim, boa parte do problema se resolveria se o professor conseguisse realizar uma aproximação entre a necessidade de ter-se uma vida ativa e os conteúdos presentes no contexto sociocultural no qual vivem seus alunos, estando atento ao imaginário do adolescente. Infelizmente, constatamos que, quando o aluno não conhece outra maneira de aprender que possa ser mais prazerosa e lhe trazer aprendizagens significativas, ele pode apresentar uma diversidade de comportamentos: simplesmente aceita, ficando condicionado ao conteúdo; julga-se incapaz de aprender; diz não gostar da atividade; ou, por outro lado, rebela-se, não participando das aulas. Ser criativo e conseguir que todos participem de maneira semelhante é, portanto, um desafio ao professor. Ao identificarmos a possibilidade de promover conteúdos que sejam mais significativos nas aulas de EF na escola ou em programas oferecidos à comunidade, podemos sugerir que sejam pensadas possibilidades de adotar políticas públicas de

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lazer e esporte que estimulem os alunos, seus familiares e amigos e moradores na vizinhança das escolas a expressar seus anseios, a se organizar para promover condições que colaborem para a concretização dessas atividades, esperando, dessa maneira, que aumente o tempo em que as pessoas exercitem-se, diminuindo o sedentarismo, proporcionando uma vida com mais oportunidade para a satisfação e o prazer, o que pode colaborar para que um estilo de vida ativo possa ser mantido por toda a vida.

Referências bibliográficas BETTI, I. C. R. O que ensinar: a perspectiva discente. Revista Paulista de Educação Física, v. 9, supl. 1, 1995, São Paulo, p. 27-30. DAÓLIO, J. Educação física escolar: uma abordagem cultural. In: PICCOLO, V. L. N. (Org.). Educação física escolar: ser... ou não ter? Campinas (SP), Editora da Unicamp, 1993, p. 49-55. DE BEM, M. F. L et al. Atividade física diária em adolescentes catarinenses – uso da versão brasileira do Questionário 3-DPAR. In: Resumos do XXIII Simpósio Internacional da Ciência do Esporte. São Paulo: Celafiscs, 2000, p. 133. DE MARCO, A.; JUNQUEIRA, F. C. Diferentes tipos de influências sobre a motivação de crianças numa iniciação esportiva. In: PICCOLO, V. L. N. (Org.). Educação física escolar: ser... ou não ter? Campinas (SP): Editora da Unicamp, 1993, p. 87-103. FARINATTI, P. T. V. Autonomia referenciada à saúde: modelos e definições. Motus Corporis, v. 7, n. 1, 2000, p. 9-45. ___________________. Avaliação da autonomia do idoso: definição de critérios para uma abordagem positiva a partir de um modelo de interação saúde-autonomia. Arquivos de Geriatria e Gerontologia, v. 1, n. 1, 1997, p. 31-8. GUEDES, D. P. et al. Nível habitual de prática de atividade física em adolescentes. In: Resumos do 2º Congresso Brasileiro de Atividade Física e Saúde, Florianópolis, Centro de Desportes, UFSC, 1999, p. 80. JÚNIOR, J. C. de F.; LOPES, A. da S. Comportamentos de risco relacionados à saúde em adolescentes. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 12, n. 1, janeiromarço de 2004, p. 7-12. Matsudo V. R. et al. Nível de atividade física da população do estado de São Paulo: análise de acordo com o gênero, idade, nível socioeconômico, distribuição geográfica e de conhecimento. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 10, n. 4, outubro de 2002, Brasília, p. 41-50.

silva et al. l Prática de atividades físicas

PIRES, E. A. G. et al. Hábitos de atividades físicas e o estresse em adolescentes de Florianópolis/SC – Brasil. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 12, n. 1, janeiro-março de 2004, p. 51-56. SILVA, R. C. R. da; MALINA, R. M. Sobrepeso, atividade física e tempo de televisão entre adolescentes de Niterói/RJ – Brasil. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, v. 11, n. 4, outubro-dezembro de 2003, p. 63-6.

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