Haitianos relatam dificuldades em São Bernardo

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14/06/2016 19:30

Haitianos relatam di髊䈭culdades em São Bernardo Por: Jessica Marques ([email protected])

Morando de aluguel no Baeta Neves, cerca de 30 imigrantes sofrem com falta de dinheiro

Haitianos moram em oito pessoas e têm que dormir no chão por falta de espaço. Foto: Andris Bovo

A esperança por novas oportunidades de vida veio por água abaixo quando cerca de 30 haitianos chegaram em São Bernardo. Para viajar legalmente, cada um pagou cerca de R$ 7 mil pelo visto permanente. Hoje, vivem em condições precárias no bairro Baeta Neves, alguns deles há cerca de dois anos sem conseguir emprego. Em janeiro de 2010, o terremoto que atingiu o Haiti deixou 250 mil pessoas feridas, 200 mil mortos e 1,5 milhão de desabrigados. A falta de condições 髊䈭nanceiras e sociais motivou os haitianos a virem para o Brasil, entre eles o engenheiro civil Jean Fresnel Breval, 34 anos. O imigrante deixou a 髊䈭lha, os pais e os irmãos para tentar conseguir emprego em solo brasileiro e enviar dinheiro a quem 髊䈭cou. Mas até o momento só conseguiu trabalhar como ajudante de pedreiro para viver em uma casa de aluguel com oito pessoas, sendo ele o único empregado. “Minha família lá mora em barracos, tendas. Mando dinheiro para eles quando dá, cerca de cem dólares”, disse. Mas Breval a髊䈭rmou que nem sempre a remessa é possível, pois desde que está no País só conseguiu trabalhar na construção civil recentemente, ganhando R$ 1.500 e pagando R$ 650 de aluguel, sem contar água, luz e alimento para oito pessoas, na rua Caçapava, no Baeta. “Precisamos de comida, roupas, mas a melhor ajuda que queremos é emprego”, garantiu.

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Apesar de estar trabalhando como ajudante, o imigrante não é registrado. “Vou para a rua e pergunto se tem vaga. Saio seis da manhã e volto cinco da tarde”, contou. “É difícil conseguir emprego entregando currículo, já sofri racismo por ser negro”, lamentou. A indignação de Breval é por falar português, inglês, francês e criolo e, mesmo assim, não ser valorizado. É o mesmo caso do professor Wilbaine Woody, 24 anos, que está procurando emprego em qualquer área e fala criolo, inglês e francês. “Sou professor de francês e aqui tenho que trabalhar de ajudante, nunca 髊䈭z isso no meu país”, lamentou Woody, desejando melhores condições. “É triste, me dá vontade de chorar.”



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Criança de dois meses precisa de doações de leite. Foto: Andris Bovo

Os haitianos acreditam que, quando o Brasil abriu as portas para os imigrantes, deveria oferecer melhores estruturas, no que diz respeito a emprego e moradia. “Estamos vivendo como cachorros. A embaixada devia ajudar, já que deixaram entrar”, disse Breval, o único do grupo que é 䰎楺uente em português. Os haitianos moram em oito pessoas e, para dormir, espalham colchões no chão da sala, dos quartos e até da cozinha. A mesma situação é vivida em outra casa, onde também mora um bebê de dois meses: Ernika. A mãe da criança, Chedeline St. Pierre, está com uma infecção na orelha e não consegue amamentar. Por conta disso, a família está precisando de doações de Nestogeno para crianças de zero a seis anos. Nesta casa, a exemplo da outra, apenas uma pessoa que fala português, Aldamene Salomon, de 27 anos. A imigrante disse que apenas uma mulher trabalha ali, ganhando R$ 900 por mês fazendo a limpeza de um mercado. Aldamene está há 2 anos e 5 meses no Brasil e já trabalhou desossando frango e também em uma loja de sapato. “Deixei uma 髊䈭lha de 8 anos e uma de 4 anos com a vó delas no Haiti”, contou.

AJUDA Quando os haitianos estavam sem saber o que fazer, a empregada Maria Goretti Bezerra de Carvalho, 56 anos, ofereceu auxílio às famílias, pedindo ajuda para arrecadação de alimentos, roupas e tentando encontrar empregos para os imigrantes. Foi Maria que indicou alguns para um “bico” em uma obra no Baeta Neves. “Moro aqui perto e vi o grupo passando de porta em porta procurando emprego e resolvi ajudar”, disse. Atualmente, os haitianos consideram Maria como mãe. Quem puder entregar algum tipo de alimento ou roupa, pode deixar as doações no Pet Shop Pontinha da Pata, que 髊䈭ca na rua Doutor Amâncio de Carvalho, 795. Informações sobre o tipo de doação podem ser obtidas com a própria Maria no número 961611241. O mesmo vale para quem souber de alguma oportunidade de emprego aos imigrantes.

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Haitianos tentam a vida no Brasil. Foto: Andris Bovo

Racismo contra haitianos é claro, diz acadêmico Além de relatos dos próprios haitianos, o fato de que a discriminação contra eles tem cunho racista, e não apenas xenofóbico, encontra respaldo em estudos acadêmicos. O pesquisador Adriano Alves de Aquino, que defendeu uma tese de mestrado sobre um grupo de imigrantes haitianos em Santo André, a髊䈭rmou que os haitianos sofrem racismo até mesmo como re䰎楺exo da situação econômica do País. “O cenário de agitação política e crise econômica vivenciado pelo Brasil fez com que a discriminação aos haitianos se tornasse mais explícita, e serviu de pretexto a argumentos racistas que acusam os imigrantes de "roubarem" postos de trabalho dos cidadãos nacionais", a髊䈭rma o pesquisador, para quem 髊䈭ca muito claro que a “xenofobia no Brasil tem cor”. A prefeitura de São Bernardo foi procurada para falar sobre programas de assistência social, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.

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