Hermenêutica da obra de arte, Gadamer

June 2, 2017 | Autor: Henry Burnett | Categoria: Gadamer
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Hermenêutica da obra de arte Publicada no Brasil tradução de coletânea de Hans-Georg Gadamer sobre estética TAGS: ciências humanas, filosofia, Hans-Georg Gadamer

EDIÇÃO 213 Henry Burnett

“De acordo com sua definição originária, a hermenêutica é a arte de explicar e de meditar, com base em um esforço interpretativo, o que é dito pelos outros e o que vem ao nosso encontro no interior da tradição, sempre que o que é dito não é imediatamente compreensível.” Hans-Georg Gadamer A publicação de Hermenêutica da Obra de Arte, de Hans-Georg Gadamer (1900-2002), preenche uma lacuna na bibliografia sobre estética no Brasil. Trata-se de um conjunto de textos que cobre o período de 1943 (com “Hölderlin e a Antiguidade”) até 1990 (com “À Sombra do Niilismo”). Além de programáticos sobre a questão da hermenêutica como método – o lugar de Gadamer nesse percurso está bem tratado na introdução –, encontramos no conjunto de ensaios duas dinâmicas: a primeira diz respeito aos temas da estética clássica, a partir de onde Gadamer dialoga criticamente com a tradição, retomando conceitos como a imitação, o belo e a representação, recorrendo a filósofos seminais, de Platão a Kant, de Aristóteles a Nietzsche. A segunda é o enfrentamento de algumas obras de arte modernas, de Juan Miró a Rilke, de Picasso a Mallarmé (falta um índice onomástico que pudesse guiar o leitor em meio às referências).

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Sua retomada dos conceitos clássicos não se faz como um mero exercício erudito. Já no primeiro texto podemos ler que “a realidade da obra de arte e a sua força enunciativa não podem ser reduzidas ao horizonte histórico original no qual o observador vivia efetivamente ao mesmo tempo que o criador da obra” (“Estética e Hermenêutica”, 1964, p. 1). Seu interesse são as possibilidades contemporâneas da contemplação e os limites da percepção, e isso sem desconsiderar conceitos como o de indústria cultural. Mimese revisitada Ao retomar Aristóteles, destaca a perenidade de um de seus mais importantes conceitos, e o faz quando trata da pintura moderna, não sem antes avisar que vai contra “os preconceitos classicistas”: “O primeiro dos três conceitos a partir dos quais procurarei me aproximar do problema da pintura moderna é o conceito de imitação, um conceito que pode ser concebido de maneira tão ampla que, como veremos, sempre continua mantendo por fim sua verdade” (“Arte e Imitação”, 1967, p. 13). No mesmo texto, Gadamer mostra que o tratamento clássico já não é suficiente diante de conquistas do século 18, como o conceito de expressão, utilizado mormente na estética musical, onde a eficácia da mimese aristotélica é mais duvidosa. Num movimento quase circular, passando por Pitágoras e Kant, Gadamer afirma que a imitação da natureza não significa que a mimese deva estar “atrás da natureza”, e que a melhor maneira de compreender Aristóteles é perceber que o elemento mímico vem ao nosso encontro de variadas maneiras, como no teatro, mas não apenas nas representações literárias: “Tais coisas como o reconhecimento de bonecos são vivenciadas em toda festa popular, por exemplo no carnaval. No carnaval, todos se alegram ao tomarem conhecimento daquilo que é representado. (…) Seja no contexto solene, seja no contexto profano, o elemento mímico está propriamente presente na realização imediata da representação” (p. 18). Seus ensaios fornecem boas razões para retornar aos clássicos com prazer, mas também para mostrar que a arte moderna e contemporânea exige um empenho redobrado de quem pretende enfrentá-la teoricamente. Momento-chave da estética moderna O exemplo acima remete a outro. Quando relê Nietzsche, Gadamer o faz de modo próximo à recepção que vê nas obras da primeira fase um momento-chave da estética moderna. Já em 1954, em “Mito e Razão”, afirma que “(…) foi o cristianismo que, na pregação do Novo Testamento, empreendeu pela primeira vez uma crítica radical ao mito” (p. 58). Para que não reste dúvida, logo adiante assegura que “Nietzsche não deu senão um pequeno passo quando, em sua Segunda Consideração Intempestiva, viu no mito as condições vitais de toda cultura” (p. 59). Sua plena compreensão do significado de afirmações até hoje mal lidas em Nietzsche,

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como o lugar dos instintos populares, é só um exemplo da riqueza desses textos, e de sua serventia para nossos cursos de filosofia da arte.A abrangência dos textos nos conduz até autores como Günter Grass, passando por Rilke, Stefan George, Thomas Mann, Gottfried Benn e Paul Celan, entre muitos outros. Um grande manancial de possibilidades de discussão e enfrentamento de autores e obras. Enfim, um fôlego crítico renovado para os interessados nas artes; um livro que indica que nem tudo parece esgotado. Hermenêutica da Obra de Arte Hans-Georg Gadamer Trad.: Marco Antonio Casanova WMF Martins Fontes 512 págs. – R$ 89

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COMENTÁRIOS (1) Franklim | 18/08/2010 Que bom encontrar textos sugestivos, e que lêem obras aparentemente tão fecundas. Sou um mísero interessado em arte e filosofia, e apaixonado pelas duas. Que fazer diante da realidade? O livro custa 89 reais, não posso pagar! Que bom que posso ao menos apreender um pouco de tanta informação. Obrigado!

10 jun Revista Cult @revistacult

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