Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
HERPETOFAUNA EM ÁREA DE CAATINGA, SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE, PERNAMBUCO, BRASIL
Edivania do Nascimento Pereira¹, Joana Evelyn Alcantara Nascimento², Ednilza Maranhão dos Santos³
¹ Laboratório de Herpetologia. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-900 – Recife, Pernambuco. Email:
[email protected] ² Departamento de Biologia. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-900 – Recife, Pernambuco. Email:
[email protected] ³Laboratório de Herpetologia. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos - CEP: 52171-900 – Recife, Pernambuco. Email:
[email protected]
RESUMO As populações de répteis e anfíbios têm sido vítimas de um declínio global, sendo a perda e/ou degradação de hábitat adequado a principal causa. Assim, os inventários e o estudo da ecologia desse grupo são aspectos decisivos para as iniciativas de conservação da biodiversidade. O objetivo deste trabalho foi investigar a composição da herpetofauna da Fazenda Fieza em Santa Cruz do Capibaribe no Estado de Pernambuco. A coleta de dados ocorreu no período de agosto/2012 à junho/2013, foram utilizados como métodos amostrais: coleta manual, informações bibliográficas e entrevista com proprietário e moradores dos locais. Foi registrado um total de 39 espécies pertencente a herpetofauna, 15 anfíbios e 24 “répteis”. Esses distribuídos entre 13 famílias, quatro famílias para ordem anura, seis Squamata/Lagartos, cinco para Squamata/Serpentes, uma Squamata/Amphisbaenias e uma para os Testudines. As espécies mais abundantes
e
frequentes
foram:
Tropidurus semitaeniatus,
Tropidurus hispidus e Rhinella jimi.Os dados apresentados são similares, em Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
composição de espécies,a outras localidades do estado de Pernambuco, especialmente aquelas com paisagem de caatinga xérica. Palavras-Chave: Anfíbios, Conservação, Inventário, Répteis
ABSTRACT The populations of reptiles and amphibians have been victims of a global decline, being the loss and / or degradation of habitat suitable the principal cause. Thus, inventories and the study of ecology of this group are decisive aspects for biodiversity conservation initiatives. The aim of this study was to investigate the composition of the herpetofauna of Farm Fieza on Santa Cruz do Capibaribe on the State of Pernambuco. Data collection occurred from August/2012 to June/2013, using as sampling methods: manual collection, bibliographic information, and interview with the owner and local residents. It was recorded a total of 39 species, 15 amphibians and 24 “reptiles”, distributed among 13 families: 4 for the anura order, 6 for Squamata / Lizards, 5 to Squamata / Snakes, 1 for Squamata / Amphisbaenias and 1 for Testudines. The most abundant and frequent species were: Tropidurus semitaeniatus, Tropidurus hispidus and Rhinella jimi. The data presented is similar, in species composition, to other locations in the state of Pernambuco, especially those with caatinga xeric landscape. Keywords: Amphibians, Conservation, Inventory, Reptiles
INTRODUÇÃO
não tinha fauna própria. Dizia-se,
A Caatinga é um bioma bastante
diverso,
os
répteis
e
anfíbios
espécies
encontrados ali, eram os mesmos
endêmicas, no entanto, o menos
encontrados em outras vegetações
protegido
ameaçado
no nordeste. Sabe-se que tudo isso
(Rodrigues, 2003). Durante algum
é uma falácia, e que além da
tempo, também entre herpetólogos,
caatinga
tinha-se a ideia de que a caatinga
bastante
e
o
com
que
mais
Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
ter
uma
herpetofauna
diversificada,
existem
casos de endemismo (Rodrigues, 2003; Vanzolini et al. 1980).
Com isso, o objetivo desse trabalho
No Brasil, são descritas para
foi
inventariar
a
composição das comunidades de
de
“répteis” e anfíbios encontrados na
répteis e 946 de anfíbios (Bérnils &
Fazenda Fieza município de Santa
Costa, 2012; Segalla et al. 2012),
Cruz
para o bioma caatinga 150 e 52
determinando
espécies
abundância,
herpetofauna,
738
espécies
respectivamente
do
Capibaribe/PE, sua
riqueza,
frequência
de
(Rodrigues, 2003), todavia essas
ocorrência e similaridade entre as
informações referem-se a algumas
áreas para que, no futuro próximo,
localidades (Arzabe et al. 2005;
esses
Borges-Nojosa &
2005;
indicadores úteis para as políticas
Vieira, et al. 2007, Santos et al.
de conservação da biodiversidade
2008), existindo uma lacuna para
na Caatinga, além de contribuir com
outras áreas ficando evidente a
a intenção de criação de uma
necessidade de mais inventários,
Unidade de Conservação para a
para
referida área.
que
se
Arzabe,
possa
ter
um
dados
possam
fornecer
diagnostico sobre a diversidade da herpetofauna do bioma. A importância dos répteis e anfíbios, em estudos ambientais, está
no
fornecimento
de
informações
relevantes
ao
conhecimento
do
de
estado
conservação de regiões naturais, onde os quais funcionam como excelentes bioindicadores. Sendo assim, o presente trabalho pode contribuir importantes
com para
informações manejo
e
conservação dos ambientes onde estes animais estão inseridos. Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
METERIAL E MÉTODOS Área de estudo O Município de Santa Cruz do Capibaribe está localizado na mesorregião microrregião
Agreste Alto
e
na
Capibaribe de
Pernambuco, cerca de 194,3 km de Recife, capital do Estado, localizado em S-07° 56’ 47,0” e W- 036° 17’ 49,8” com elevação de 457m, onde limita-se a norte com Estado da Paraíba, a sul com Brejo da Madre de Deus e Jataúba, a leste com
Taquaritinga do Norte, e a oeste com
Estado
da
(CPRM,2005) (Figura 1).
Paraíba
Figura 1. Mapa de Pernambuco com destaque para o Município de Santa Cruz do Capibaribe. Fonte: Alves et al. (2008).
A
Fazenda
está
(154,4 mm) no período de janeiro à
localizada na PE 60, Km 20 no
maio e precipitação média anual de
Município
431mm (CPRM, 2005).
de
Fieza
Santa
Capibaribe.
Cruz
do
Composta
Coleta de dados
aproximadamente por 60 ha, fica
Foram
realizadas
coletas
cerca de 194 Km da capital Recife,
mensais, durante o período de
área
agosto de 2012 a junho de 2013
particular
que
tem
como
objetivo a conservação bem como
com
auxiliar na recuperação de área.
consecutivos. O esforço de captura
Possui uma vegetação xérica, solo
foi dividido em coletas diurnas e
arenoso, afloramentos rochosos e
noturnas através de buscas ativas
alguns recursos hídricos. A área é
com observação direta e indireta
margeada pelo Rio Capibaribe além
(zoofonia) durante as caminhadas
de possuir dois corpos d’ águas
esporádicas
e
temporários onde são córregos d
ocupação.
No
água
monitorados seis ambientes, esses
observados
apenas
nas
épocas de maiores precipitações Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
duração
distribuídos
de
entre
quatro
em
dias
sítios
total
corpo
de
foram
d´água
lêntico e lótico, lajedos, fendas e área
de
mata
espécies
(Tabela
foram
identificadas
1).
As
coletadas
e
com
base
nas
Entrevistas moradores
com
alguns
residentes
nas
comunidades do entorno, bem como com
os
proprietários
foram
experiências dos pesquisadores e
realizadas a fim de contribuir com
utilizando
informações adicionais sobre os
chaves
dicotômicas
(Peters & Donoso-Barros, 1970;
animais.
Peters &
1970;
conversas informais, gravadas com
Vanzolini,
perguntas sobre o conhecimento do
Vanzolini
Orejas-Miranda, et
al.1980;
As
entrevistas
1986, 2002) e todos os registros
informante
foram
em
taxonômico, utilizando para isso
cadernetas de campos, logo após
auxílio de imagens de alguns táxons
soltos
respectivos
e mini gravador Polaroide Model No:
coletas.
PDR302 Digital Voice Recorder.
documentados
nos
seus
microhabitats
de
sobre
foram
as
o
grupo
Considerou-se a maior abundancia
Todas
entrevistas
foram
no mês de coleta para cada táxon.
autorizadas pelos informantes.
Tabela 1. Áreas de busca com seus respectivos ambientes, coordenadas e descrições, Fazenda Fieza, Santa Cruz do Capibaribe/PE – Período agosto 2012 a junho 2013.
Área
Ambiente
Coordenada
1
Um dos trechos do
S – 07° 56’ 47,0”
Rio Capibaribe (Rc)
Descrição Localizada após estrada que corta a fazenda. Composta pelo Rio Capibaribe, assoreado,
W- 036° 17’ 49,8”
comumente utilizado pela população local para pesca. Solo arenoso, com pouca vegetação arbórea
arbustivaemergente
e
mata
ciliar
degradada. 2
Sede (Sd) e Açude I
S- 07° 56’ 39,2”
(AcI)
Composta por edificações da fazenda e o açude I que encontra-se seco nas estações de
W- 036° 17’ 48,9”
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estiagem
o
mesmo
é
circundado
por
afloramentos rochosos, possui pouca vegetação emergente e arbóreo arbustiva, predominando algaroba (Prosopis juliflora (Sw.) D.C.), solo exposto com pouca serrapilheira e alguns afloramentos rochosos. 3
Mata (Mt) e Açude II
S- 07° 56’ 37,4”
(AcII)
Composta por um açude que na época de estiagem fica com pouca água salobra devido a
W- 036° 17’ 51,2”
grande quantidade de afloramento rochosos existente na água. Vegetação arbustiva arbórea predominantemente algaroba (Prosopis juliflora (Sw.) D.C), solo pedregoso, exposto, com serrapilheira rala.
4
Carrasco (Cr)
S- 07° 56’ 31,3”
Área de Carrasco, com muitos afloramentos rochosos, vegetação predominante bromeliácea
W- 036° 17’ 52,2”
e
cactácea
gounellei (F.A.C.
xique-xique Weber)),
(Pilosocereus
vegetação
pouco
arbustiva 5
Mata (Mt) e
S- 07° 56’ 19,5”
Carrasco (Cr)
Solo com afloramentos rochosos, bromeliácea e cactácea
W- 036° 17’ 53,0”
(Pilosocereus
gounellei
(F.A.C.
Weber)), vegetação pouco arbustiva e pouca serrapilheira. Encontra-se um cadeirão d água que na época chuvosa torna-se um corpo d água,
composto
por
afloramento
rochoso,
circundado por um muro de tijolo 6
Mata (Mt) e
S- 07º 56’ 13,4”
Carrasco (Cr)
Caatinga arbustiva arbórea,mata mais densa e conservada em estágio de recuperação. Solo
W- 036º 17’ 53,7”
argiloso
arenoso,
maior
disposição
serrapilheira e alguns afloramentos rochosos.
Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
de
Para a análise estatística da
e está associado a intervalos de
constância de ocorrência de cada
confiança. A riqueza de espécies
espécie utilizou-se o método de
para os ambientes amostrados, foi
Dajoz (1983),
na
calculada através dos estimadores
expressão matemática: c = p.100/P,
de riqueza Jacknife1 e Bootstrap,
onde: c- constância de ocorrência
utilizando-se 500 adições aleatórias
de cada espécie: p- número de
das amostras, também através do
excursões em que a espécie foi
programa EstimateS®, versão 8.00.
registrada:
Foram construídos gráficos com
P-
excursões.
que
consiste
número
Onde
as
total
de
espécies
base
nos
estimadores
para
poderiam ser consideradas como:
comparação da riqueza observada
constantes (ocorreram em mais de
(Colwell, 2006).
50%
das
amostras),
acessórias
Em
relação
a
analise
(ocorreram entre 25% e 50% das
amostral, foi feita com base na
amostras) e acidentais (ocorreram
similaridade de espécies registrada
em menos de 25% da amostra).
para Fazenda Fieza e comparadas
Para avaliar a eficiência dos métodos
amostrais
foram
a outras localidades do Bioma Caatinga, com levantamento de
construídas curvas de rarefação de
algumas
espécies, com 500 aleatorizações,
(Miranda, 1983), Betânia (Borges-
geradas com base na matriz de
Norjosa & Santos, 2005), Floresta
dados de abundância para cada
(Borges-Norjosa
área
período de
2005),Serra Talhada (Miranda &
amostragem, através do programa
Santos, 2010) e PARNA Catimbau
estatístico EstimateS® versão 8.0.
(Muniz & Santos, 2011; Campos &
O programa gerou 500 curvas de
Santos, 2011) e foram utilizados
acumulação
para análise, sendo determinado
e para cada
aleatorizando
de a
espécies ordem
das
áreas
como:
&
Ouricuri
Santos,
pelo coeficiente de Bray Curtis
amostras; assim, cada ponto da
(presença
curva corresponde à média de
posterior análise de agrupamento,
riqueza acumulada nas 500 curvas Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
-
ausência),
com
com o auxílio do programa Primer
(n=3),
Phyllodactylidae
(n=2),
5.0 (Clarke & Gorley, 2001)
Teiidae (n=3),Iguanidae (n=1);cinco foram para Squamata/Serpentes:
RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi
inventariado
para
a
Boidae
(n=2),Dipsadidae
(n=4),Colubridae
(n=1),
Elapidae
Fazenda Fieza um total de 39
(n=1) e Viperidae (n=2); uma para
espécies (Tabela 2), sendo 15 de
Squamata/Amphisbaenias:
anfíbios e 24 répteis. Para os
Amphisbaenidae (n=1); e uma para
anfíbios, quatro famílias, todos da
os Testudines apenas a família
ordem
Chelidae
anura:
(n=2),Hylidae (n=2)
e
(n=8),
Bufonidae Leiuperidae
Leptodactylidae
(
n=1).Esses
dados
corroboram com informações já
(n=3).
disponíveis na literatura para a
Quanto aos répteis, esses foram
Caatinga no Brasil e no Nordeste
distribuídos entre 13 famílias, seis
(Borges-Nojosa & Santos, 2005;
para
Rodrigues, 2003; Moura et al. 2011;
Squamata/Lagartos:
Gymnophthalmidae
Magalhães et al. 2013).
(n=1),Tropiduridae(n=2),Gekkonidae
Tabela 2: Ambientes (1-Rio Capibaribe, 2-Sede, 3- Açude II, 4-Carrasco, 5-Ruínas e 6- Mata); Hábito (A- arborícola, T- terrestre, Se- semifossorial, As- semi-aquática; F- fissuras de rochas; E- edificações);Forma de registro (Pvlt- Procura visual limitada por tempo, v- Vestígios e tTerceiros) e Frequência de ocorrência (c-Constante, acs- Acessória e ac- Acidental).
Grupo taxonômico ANFÍBIOS Bufonidae Rhinella granulosa (Spix, 1824) Rhinella jimi (Stevaux, 2002) Hylidae Corythomantis greening Bouleger, 1896 Dendropsophus oliveirai (Bokermann, 1963) Dendropsophus branner i(Cochran, 1948) Hypsiboas raniceps Cope, 1862 Phyllomedusa nordestina (Caramaschi, 2006) Scinax x-signatus (Spix, 1824) Scinax fuscovarius (A. Lutz, 1925) Scinax pachycrus (Miranda-Ribeiro, 1937) Leiuperidae Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
Ambiente Hábito
Forma de registro
FO(%)
1 1e2
T T
Pvlt Pvlt e t
Constante Acidental
3 3 3 2 5 2 2 5
F A A A A A,T A A
Pvlt Pvlt Pvlt Pvlt Pvlt Pvlt,t Pvlt Pvlt
Acidental Acidental Acidental Acidental Acidental Acidental Acidental Acidental
Physalaemus cuvieri Fitzinger, 1826 Pleurodema diplolister (Peters, 1870) Leptodactylidae Leptodactylus fuscus (Schneider, 1799) Leptodactylus macrosternum Miranda-Ribeiro, 1926 Leptodactylus vastus A. Lutz, 1930 REPTEIS SQUAMATA/LAGARTOS Tropiduridae Tropidurus hispidus (Spix, 1825) – Lagartixa Tropidurus semitaeniatus (Spix, 1825) – Lagartixade-pedra Gekkonidae Gymnodactylus geckoides (Spix, 1825) –Briba Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) Lygodactylus klugei (Smith, Martin &Swain, 1977)Bribinha de pau Phyllodactylidae Phyllopezus periosus (Rodrigues, 1986) Phyllopezus pollicares (Spix, 1825) Teiidae Ameiva ameiva ameiva (Linnaeus,1758) – Bicodoce Ameivula ocellifera (Spix, 1825) – Calango Salvator merianae Duméril&Bibron, 1839 – Teiú ou teju Gymnophthalmidae Vanzosaura rubricauda (Boulenger, 1902) – Lagarto rabo vermelho Iguanidae Iguana iguana iguana (Linnaeus, 1758) SQUAMATA/SERPENTES Boidae Boa constrictor constrictor Linnaeus, 1758 - Jibóia Epicrates cenchria (Linnaeus, 1758) – Salamanta Dipsadidae Boiruna sertaneja Zaher, 1996 - Cobra Preta Philodryas olfersii (Lichtenstein, 1823) - CobraVerde Oxyrhopus trigeminus (Duméril, Bibron&Duméril, 1854) Falsa-coral Philodryas nattereri Steindachner, 1870 -Corredeira Colubridae Oxybelis aeneus (Wagler, 1824) Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
3 3e5
T T
Pvlt Pvlt
Acidental Acidental
1 1 1
T T T
Pvlt Pvlt,t
Acidental Acidental Acidental
T
Pvlt,t
Constante
T,F
Pvlt,t
Constante
4e5 1
T T,A,E
Pvlt Pvlt,t
Acidental Acidental
1e2
A
Pvlt
Acidental
2 1
F, E T,F
Pvlt Pvlt
Acidental Acidental
1e2
T
t
-
2,3,4,5 e 6
T
Pvlt,t
Constante
3
T
Pvlt,t
Acidental
1
Se
t
-
2
A
Pvlt,t
Acidental
2e3 2
A,T T
Pvlt,t t
Acidental -
2
T
t
-
2
T
Pvlt,t
Acidental
3
T
Pvlt,t
Acidental
5
T
Pvlt,t
Acidental
5
A,T
Pvlt,t
Acidental
1,2,3,4,5 e6 1,2,3,4,5 e6
t
Elapidae Micrurus ibiboboca (Merrem, 1820) Cobra-coral Viperidae Bothrops erythromelas Amaral, 1923- Jararaca Crotalus durissus dryinas Linnaeus, 1758-Cascavel SQUAMATA/AMPHISBAENIANS Amphisbaenidae Amphisbaena vermicularis Wagler, 1824 TESTUDINES Chelidae Phrynops geoffroanus (Schweigger, 1812)
Em
relação
aos
anfíbios
5
T
Pvlt,t
Acidental
5 5
T T
Pvlt,t Pvlt,t
Acidental Acidental
3
Se
Pvlt, t
Acidental
1, 2 e 3
As
Pvlt,t,v
Acidental
ampla
distribuição
no
Bioma
amostrados (n=15), a maioria foram
Caatinga (Vieira et al. 2007; Santos
registrados na área1 e 5 (no leito do
et al. 2008; Magalhães et al. 2013).
Rio
Capibaribe
ruínas,
Os répteis da Fazenda Fieza
isso devido a
(n=24), a maioria foram registrado
esses locais manterem umidade. A
na área 2 e 5 (sede e nas ruínas,
maior parte das espécies é de
respectivamente),
ambos,
hábito arborícola (n=7).93,3% das
com
de
espécies de anfíbios foram de
amontoados de pedras, ou seja uma
ocorrência acidental, com exceção
maior disponibilidade de tocas e
de Rhinella jimi (Tabela 2). Isso
frestas para abrigo (Muniz & Santos,
ocorreu, provavelmente,
2011). Um total de 18 táxons possui
respectivamente),
e
nas
devido à
presença
locais
lajedos
estiagem prolongada para o ano
hábito
amostral. A espécie R. jimi se
Hemidactylus mabouia
(Rocha
beneficia da ação antrópica, ocupa
Anjos,
generalista.
uma
70,8% tiveram uma constância de
diversidade
de
ambientes,
terrestre,
e
2007),mais
&
principalmente em áreas próximas à
ocorrência
habitação humana, (Borges-Nojosa
amphisbenias e testudines), sendo
e Santos, 2005), sendo também
apenas três espécies de lagartos
considerada como generalista e
considerados
oportunista
amostra,
(Moreira
&
Barreto,
1996). Todas as espécies possuem Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
ocellifera,
acidental
sendo
são
(serpentes,
constantes
na
eles
Ameivula
Tropidurus
hispidus,
Tropidurus semitaeniatus (Tabela 2),
todas
as
e T. hispidus foram as espécies de
campo.Todas
as
répteis
observadas
excursões
em
de
As espécies T. semitaeniatus
com
maior
abundancia
ampla
mensal, seguindo do anuro R.jimi, o
distribuição no Nordeste do Brasil,
que é similar a outros trabalhos para
principalmente
Caatinga,
a Caatinga e também para o
corroborando, essas informações,
Nordeste do Brasil (Muniz & Santos,
com outros autores (Vieira et al.
2011; Miranda & Santos, 2010;
2007;
Moura et al. 2011; Amorim et al.
espécies
possuem
na
Santos
et
al.
2008;
Magalhães et al. 2013) Houve
maior
2011). de
A curva de rarefação não
espécies através do método de
evidenciou estabilidade (Figura 3)
buscas ativas (n=33), seguida de
inferindo que mais espécies podem
entrevista (n=25), e vestígios (n=2)
ser inseridas na amostra com a
(Tabela
uma
continuidade do estudo. Esse dado
às
foi corroborado com a comparação
ativas,
dos estimadores (Figura 4). No caso
comparando com outros trabalhos
a riqueza observada durante o
para o bioma caatinga, Rodrigues
período de estudo chegou mais
(2003), Muniz & Santos (2011),
próxima
Miranda & Santos (2010), Amorim et
evidenciando que mais espécies
al. (2011), Moura et al. (2011),
poderiam ser inseridas, destacando
porém
é
a necessidade de mais esforço,
importante a utilização de outros
principalmente na época chuvosa.
métodos,
para
No período do estudo, apesar de
grupos fossoriais. As entrevistas
um esforço de um ano de coleta
foram consideradas eficientes nesse
mensal, não foi possível registrar
inventário,
informações
2).
semelhança eficiências
Observa-se em
das
vale
registro
relação buscas
ressaltar
que
principalmente
com
64,10%
dos
ao
estimador
sazonais,
Ace
devido
a
registros, ressaltando a relevância
estiagem prolongada, justificando
desse
assim a não assíntota das curvas e
método
nos
estudos
principalmente para os répteis.
estimadores. Sendo provável um maior
Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
número
de
espécie,
principalmente dos anfíbios uma vez que esses animais tende a ocupar ambientes úmidos como poças e lagoas agregados
formando para
grandes reprodução
(Duellman &Trueb, 1986; Pough et al. 2008).
Figura 2: Abundancia das espécies registradas durante o período agosto-2012 a Junho 2013. Fazenda Fieza, Santa Cruz do Capibaribe, PE.
Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
Figura 3. Curva de rarefação observada entre as amostras referente ao período de agosto/2012 e junho/2013. Fazenda Fieza, Santa Cruz do Capibaribe, PE.
Figura 4. Riqueza observada no período de agosto/2012 a junho/2013 e estimadores de riqueza. Fazenda Fieza, Santa Cruz do Capibaribe,PE.
Ao comparar os dados da Fazenda
Fieza
outras
chuvas e o ambiente bastante seco,
Caatinga
ficando assim evidente que a área é
Pernambucana (Rodrigues, 2003;
representativa no que se refere a
Moura etal. 2011; Muniz & Santos,
herpetofauna da Caatinga, sendo
2011; Miranda & Santos, 2011;
representada por 19,30% da fauna
Amorim et al. 2011) a área está em
descrita para o Bioma (Rodrigues,
12º
2003).
localidades
com
de um ano atípico com ausência de
para
lugar
para
as
localidades
analisadas, porém vale ressaltar que a mesma possui um grande
AGRADECIMENTOS
potencial biológico, apesar de ter
Aos proprietários da Fazenda
alguns pontos antropizados, há um
Fieza na pessoa de Paulo Dias e
resquício
bastante
Tânia Dias pelo apoio durante as
significativo e com ele uma área de
coletas, às comunidades vizinhas
drenagem que deve ser alvo de
pela presença e participação das
manutenção
entrevistas.
de
Caatinga
e
preservação.
O
inventário realizado na Fazenda
CNPq/UFRPE
Fieza correspondeu a informação
concedida.
Revista Nordestina de Zoologia, Recife v 8(1): p. 15 -32. 2014.
Principalmente pela
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