História da Física (a1). A passagem do mito à filosofia e à ciência: a origem do universo (1). Roberto de Andrade Martins

October 16, 2017 | Autor: R. de Andrade Mar... | Categoria: História Da Física, História Da Astronomia, Cosmologia
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História da Física Prof. Roberto de A. Martins A passagem do mito à filosofia e à ciência: a origem do universo (1) http://www.ghtc.usp.br/ Roberto de Andrade Martins

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Origem do universo Diferentes visões: • mitos cosmogônicos antigos • pensamento grego • surgimento de teorias científicas sobre a origem do universo Roberto de Andrade Martins

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Origem do universo Livro básico: • “O universo: teorias sobre sua origem e evolução” • São Paulo: Editora Moderna

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Mitos cosmogônicos Mito = descrição de acontecimentos envolvendo poderes sobrenaturais, deuses Cosmo = universo Cosmogônico = relativo à gênese (origem) do universo

Roberto de Andrade Martins

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Mito cosmogônico da Bíblia Antigo testamento: livro do “Gênesis” Origem do universo, dos seres vivos, do homem Criados por Deus

Roberto de Andrade Martins

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Pinturas de Michelangelo Capela Sistina (Michelangelo Buonarroti, 1475 - 1564)

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Gênesis (1) No princípio, Deus criou o Céu e a Terra. E a Terra era informe e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo; e o espírito de Deus se movia sobre as águas. E disse Deus: “Que seja feita a luz”, e a luz se fez. E Deus viu que a luz era boa. E separou a luz das trevas. Chamou a luz de Dia, e as trevas de Noite. E fez-se a noite eRoberto a manhã do dia um. de Andrade Martins 7

Separação luz-trevas

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Gênesis (2) E disse também Deus: “Seja feito o firmamento em meio às águas, e divida as águas das águas”, E Deus fez o firmamento, dividindo as águas que estavam sob o firmamento e as que estavam sobre o firmamento. E isso se fez assim. E Deus deu ao firmamento o nome de Céu. E fez-se a noite e a manhã do segundo dia. Roberto de Andrade Martins

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Separação das águas

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O firmamento O céu era imaginado como uma casca sobre uma Terra plana

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Gênesis (3) Deus disse: “Reúnam-se as águas que estão sob o céu, em um lugar, e que apareça o seco”. E isso se fez assim. E Deus chamou o seco de Terra, e denominou a reunião das águas de Mar. E Deus viu que era bom.

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Gênesis (3) Então Deus disse: “Que a Terra produza vegetação: plantas com sementes e árvores da terra que tragam frutos com sementes neles, de acordo com seus tipos”. E assim foi. A terra produziu vegetação [...] E Deus viu que era bom. E houve noite, e manhã, do terceiro dia. Roberto de Andrade Martins

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Gênesis (4) E Deus disse: “Que haja luzes no espaço do céu para separar o dia da noite, e que eles sirvam como sinais para marcar as estações e os dias e anos, E que haja luzes no espaço do céu para dar luz à Terra”. E assim se fez.

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Gênesis (4) Deus fez duas grandes luzes - a maior luz para governar o dia, e a menor luz para governar a noite. E também fez as estrelas. Deus as colocou no espaço do céu para dar luz à Terra, para governar o dia e a noite, e para separar luz das trevas. E Deus viu que era bom. E houve a noite e a manhã do quarto dia. Roberto de Andrade Martins

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Criação dos astros

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Gênesis (5) Nos dias seguintes, o Gênesis descreve a criação dos animais (5° dia) e do homem (6° dia)

No sétimo dia Deus terminou a obra que havia feito; e repousou no sétimo dia, de todas as obrasRoberto que produziu. de Andrade Martins 17

Gênesis Mito bíblico: • uma única divindade • nada surge por si próprio • a matéria não tem poder • Deus dá ordens ao universo Tudo criado a partir do nada? Ou separação? Roberto de Andrade Martins

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Estrutura geral dos mitos Mitos cosmogônicos: • explicar as principais coisas do universo • intervenção de deuses, poderes sobrenaturais • visão sobre estrutura do universo da época Aceitação: depende de fé Roberto de Andrade Martins

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Natureza dos mitos Os mitos não se baseiam na observação da realidade Eles procuram explicar aquilo que se conhece a partir de acontecimentos desconhecidos, que não podem ter sido presenciados por ninguém Roberto de Andrade Martins

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Mitos cosmogônicos É possível tentar compreender a realidade de diferentes modos: • estudando-se a dinâmica daquilo que existe hoje (Por quê chove? Como os animais se reproduzem? Como os astros se movem?) • investigando-se a origem daquilo que existe (De onde saíram as montanhas? De onde saiu o Sol?) Roberto de Andrade Martins 21

Universalidade dos mitos A origem do universo é um tema mítico universal • Contra-exemplo: estrutura da matéria - em poucas civilizações surgiram especulações sobre átomos ou coisas semelhantes Roberto de Andrade Martins

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Valor dos mitos Importância dos mitos cosmogônicos: • situar-se no universo • adquirir conhecimento prático Os mitos eram recitados em certas ocasiões e estavam associados a rituais com finalidades práticas Roberto de Andrade Martins

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Rituais Os rituais procuravam repetir, de forma simbólica, o significado dos mitos Mito de origem do mundo -- ritual de renovação do mundo Roberto de Andrade Martins

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Ciclos anuais Em muitas civilizações o “ano novo” era celebrado como o final de uma fase do mundo e o início de outra. Nessa renovação do mundo era recitado o mito cosmogônico, acompanhado de rituais adequados.

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Ciclo anual Em cada ano, o mundo biológico passa por um ciclo de estações, acompanhando fenômenos astronômicos

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Ciclo anual

O início de um novo ciclo anual era escolhido, muitas vezes, naRoberto época do solstício de inverno --27 de Andrade Martins a noite mais longa e o dia mais curto do ano

Ciclo anual Solstício de inverno: dias frios, Sol fraco, plantas e animais morrendo – necessidade de renovar as forças da natureza

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Ciclo anual O objetivo dos rituais de “ano novo” era de ajudar a superar a decadência (trevas) do ciclo anterior, e iniciar um novo período de vida, de luz, de força. Essas celebrações utilizavam sempre certos rituais envolvendo fogo. Roberto de Andrade Martins

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Festas de solstício As “festas de São João” são remanescentes de rituais antiquíssimos (anteriores à era cristã) do solstício de inverno

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Festas de solstício Durante essas festas são realizados rituais como o de caminhar descalço sobre brasas.

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Utilidades dos rituais A recitação do mito cosmogônico fazia parte de rituais de vários tipos: • construção de templos e outras casas • nascimento e coroação de reis • cura de doenças graves Roberto de Andrade Martins

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Semelhança entre os mitos Os mitos de diferentes povos costumam possuir muitas semelhanças Essas semelhanças existem mesmo entre povos que não mantiveram contato cultural em épocas “recentes” Roberto de Andrade Martins

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Semelhança entre os mitos No mito bíblico, Deus constrói o homem a partir do barro, e depois sopra sobre ele para lhe dar vida

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Semelhança entre os mitos Em um mito indígena nheengatu brasileiro, Tupana forma o primeiro homem de barro e depois sopra sobre ele para lhe dar vida

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Semelhança entre os mitos Há interpretações psicológicas sobre essa semelhança entre os mitos de diferentes povos Teoria do psicólogo Carl Gustav Jung: existe um “inconsciente coletivo” comum a todos os seres humanos, de onde surgem os símbolos universais Roberto de Andrade Martins

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Inconsciente Sigmund Freud propôs a idéia de que a mente humana possui um reservatório de lembranças às quais nem sempre temos acesso. Esse inconsciente seria, segundo ele, o resultado daquilo que vivemos, e se manifesta nos sonhos. Roberto de Andrade Martins 37

Inconsciente O inconsciente conteria muito mais informações do que o consciente. Uma parte dos conteúdos do inconsciente só apareceriam sob forma simbólica, como nos sonhos Roberto de Andrade Martins

consciente

inconsciente

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Inconsciente coletivo Jung, estudando sonhos, concluiu que havia dois tipos de conteúdos que podiam surgir: • imagens associadas a lembranças, ao dia-a-dia • imagens sem nenhuma relação com a experiência ou com o conhecimento da pessoa Roberto de Andrade Martins

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Inconsciente coletivo Essas imagens sem relação com a vida da pessoa eram semelhantes aos símbolos que ocorriam em mitos Essas imagens apareciam em sonhos de pessoas com origens e culturas completamente diferentes Roberto de Andrade Martins

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Inconsciente coletivo Jung interpretou esses símbolos como sendo universais, pertencentes a um inconsciente impessoal, da raça humana, que todas as pessoas adquirem com sua estrutura biológica (como os instintos). Roberto de Andrade Martins

consciente

Inconsciente pessoal Inconsciente coletivo 41

Arquétipos Jung chamou esses símbolos de “arquétipos”. Eles seriam imagens primordiais, com forte conteúdo emocional e capazes de impressionar fortemente as pessoas que entram em contato com elas. Roberto de Andrade Martins

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Arquétipos Os arquétipos atuariam não apenas nos sonhos, mas também em processos como a criação poética, a inspiração religiosa e a produção artística de todos os tipos.

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As musas e a inspiração A concepção de Jung tem semelhança com o processo de “inspiração” descrito pelos artistas: eles sentem como se estivessem “captando” ou recebendo informações (música, poesia, etc.) “de fora” Roberto de Andrade Martins

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As musas e a inspiração Na mitologia gregas, as musas eram as inspiradoras das artes

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As musas e a inspiração

As nove musas gregas eram filhas da deusa Mnemósine [ = memória ] Mas Mnemósine não era a memória humana, e sim uma memória divina, que continha o passado e o futuro Roberto de Andrade Martins

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As musas e a inspiração Uma das 9 musas era Urania, a musa da astronomia (mesmo a astronomia era vista como fruto da inspiração)

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FIM

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