História da Física (a5). A passagem do mito à filosofia e à ciência: a origem do universo (5). Roberto de Andrade Martins

October 16, 2017 | Autor: R. de Andrade Mar... | Categoria: História Da Física, História Da Astronomia, Cosmologia
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História da Física Prof. Roberto de A. Martins A passagem do mito à filosofia e à ciência: a origem do universo (5) http://www.ghtc.usp.br/ Roberto de Andrade Martins

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Transição à cosmogonia científica Antigüidade: teorias mitológicas e filosóficas sobre origem do universo Idade Média: predominância do mito cosmogônico bíblico Roberto de Andrade Martins

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Transição à cosmogonia científica Surgimento da Ciência Moderna: século XVII (época de Galileo, Newton, etc.)

Roberto de Andrade Martins

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Transição à cosmogonia científica Os pensadores do início do século XVII estavam mais preocupados em saber qual a estrutura do universo. A origem do universo era vista como um problema teológico.

Roberto de Andrade Martins

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O modelo de Copérnico Em meados do século XVI, Nicolau Copérnico divulgou seu modelo heliocêntrico do universo.

Um século depois, o modelo de Copérnico era aceito por quase todos os pensadores da época. Roberto de Andrade Martins

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René Descartes O primeiro pensador conhecido do século XVII que propôs uma cosmogonia de natureza científica foi René Descartes (1596-1650) Roberto de Andrade Martins

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René Descartes Obras em que Descartes fala sobre a origem do universo: • “O mundo” [não publicou por medo das reações] • “Discurso do método” 1637 • “Princípios da filosofia” 1644 Roberto de Andrade Martins

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O universo de Descartes Idéias gerais de Descartes sobre o universo: • o Sol e as estrelas são semelhantes • as estrelas não estão todas à mesma distância de nós Roberto de Andrade Martins

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O universo de Descartes Idéias gerais de Descartes sobre o universo: • a Terra e os planetas são semelhantes

Roberto de Andrade Martins

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O universo de Descartes Os céus não são perfeitos • surgem estrelas “novas” • os cometas estão acima da Lua • o Sol tem manchas Roberto de Andrade Martins 10

O universo de Descartes Manchas solares: estudadas por Thomas Harriot e Galileo

Roberto de Andrade Martins

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O universo de Descartes Movimento dos planetas • deslocam-se em torno do Sol • os movimentos não são exatamente circulares • todos giram no mesmo sentido • movimentos são quase em um plano Roberto de Andrade Martins

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A matéria de Descartes • Não existem espaços vazios • matéria é constituída por partículas, mas não por “átomos” • o espaço entre os astros é cheio de uma matéria invisível (“os céus são líquidos”) • essa matéria transporta os planetas em torno do Sol Roberto de Andrade Martins

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Justificativa de Descartes Descartes afirmava acreditar que o universo foi criado como está descrito na Bíblia Porém, “fingindo” que o universo teve uma evolução, poderíamos compreendê-lo melhor Roberto de Andrade Martins

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Justificativa de Descartes Não duvido que o mundo tenha sido criado no prinçipio com toda perfeição que tem [agora] de modo que o Sol, a Terra, a Lua, as Estrelas tenham existido desde então, e que a terra tinha em si não apenas as sementes das plantas, mas as próprias plantas cobriam uma parte dela; e que Adão e Eva não foram crianças, mas criados com a idade de homens perfeitos. Roberto de Andrade Martins

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Justificativa de Descartes A Religião Cristã quer que nós o acreditemos, e a razão natural nos persuade absolutamente desta verdade, pois, considerando a onipotência de Deus, devemos julgar que tudo isso que ele fez deve ter tido desde o início toda a perfeição que deveria ter.

Roberto de Andrade Martins

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Justificativa de Descartes No entanto, como se conheceria muito melhor qual é a natureza de Adão e a das árvores do Paraíso se tivermos examinado como as crianças se formam pouco a pouco no ventre das mães e como as plantas se formam de suas sementes, do que se tivermos apenas considerado como eram quando Deus os criou; ... Roberto de Andrade Martins

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Justificativa de Descartes ... da mesma maneira, entenderemos melhor qual é a natureza de todas as coisas que estão no mundo se pudermos imaginar alguns princípios que sejam muito compreensíveis e muito simples, dos quais façamos ver claramente que os astros e a terra, e enfim todo o mundo visível, poderia ter sido produzido assim como de algumas sementes, embora nós saibamos que ele não foi produzido dessa forma. Roberto de Andrade Martins

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Início do universo Início: uma matéria única, imóvel, preenchendo todo o espaço Deus dividiu toda a matéria em partes iguais de tamanho “médio” Movimentos das partes: • rotação • translação Roberto de Andrade Martins

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Transformações da matéria Movimento se conserva (lei da natureza) As partes da matéria não eram redondas Pelas suas rotações e choques, elas vão quebrando suas pontas e se tornando redondas Sobram algumas não redondas para preencher Roberto os espaços intermediários de Andrade Martins

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Transformações da matéria Surgem vários tipos de partículas: • tamanho semelhante ao inicial, porém redondas (“primeiro elemento”) • partículas menores (“pó” produzido pelo atrito e choques) – movimento rápido (“segundo elemento”) • partículas maiores (agregados) – movimento lento (“terceiro elemento”) Roberto de Andrade Martins

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Criação dos turbilhões Os movimentos de translação das partículas são em todas as direções A matéria se estrutura em turbilhões por causa desses movimentos Roberto de Andrade Martins

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Separação dos elementos As partículas menores (“segundo elemento”) vão aumentando em quantidade por causa do atrito e colisões das partículas iniciais Quando há um excesso, além de preencher os espaços entre as partículas médias, Roberto de Andrade 23 elasMartins vão para os centros

Separação dos elementos As partículas menores vão aumentando em quantidade e • partículas menores vão para o centro • partículas médias ficam em torno • partículas maiores se agrupam Roberto de Andrade Martins 24

Separação dos elementos Partículas menores no centro de cada turbilhão: • formam um corpo esférico • agitação produz uma pressão que se propaga = luz • cada centro = uma estrela Roberto de Andrade Martins 25

Circulação da matéria Os movimentos dos diversos turbilhões não se atrapalham Os pólos de cada turbilhão estão sobre os “equadores” dos outros Roberto de Andrade Martins

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Circulação da matéria A rotação dos turbilhões expulsa continuamente partículas menores pelo “equador” Ao mesmo tempo eles recebem um fluxo de novas partículas, pelos seus pólos Roberto de Andrade Martins

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Circulação da matéria Esse tipo de circulação de partículas só ocorre para as menores (“segundo elemento”), que circulam livremente entre as de tamanho médio Roberto de Andrade Martins

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Circulação da matéria As de tamanho médio (“primeiro elemento”) de cada turbilhão impedem a circulação das partículas dos turbilhões próximos Mas elas podem circular dos pólos para o centro e do centro para a periferia Roberto de Andrade Martins

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Circulação da matéria As partículas mais rápidas se distanciam mais do centro. As mais lentas vão dos pólos para o centro, e nesse movimento podem se agrupar e formar partículas maiores e ainda mais lentas Roberto de Andrade Martins

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Manchas solares As partículas maiores, que entram nas estrelas por seus pólos, são empurradas pelas partículas menores e mais rápidas para a superfície entre o primeiro e o segundo elementos Lá elas se agrupam e formam grupos opacos que “flutuam” sobre a superfície das estrelas = manchas solares Roberto de Andrade Martins

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Manchas solares As manchas solares se formam mais no “equador” do Sol do que perto dos pólos Elas possuem formas irregulares Elas giram com o Sol, como uma espuma As colisões das partículas menores e mais rápidas acabam destruindo essas manchas Essas partículas maiores são quebradas e formam uma esfera semelhante ao ar em de Andrade Martins 32 torno de cada Roberto estrela

Manchas solares Algumas vezes as manchas poderiam ir aumentando em torno de uma estrela, até cobri-la totalmente • essa casca poderia depois se romper e a estrela poderia reaparecer bruscamente = “estrela nova” de 1572 • a estrela poderia perder o brilho e a casca ir ficando cada vez mais grossa Roberto de Andrade Martins

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Extinção das estrelas Quando uma estrela se extingue, a circulação de matéria no turbilhão é impedida O turbilhão pode se destruir, e a antiga estrela é capturada por um turbilhão vizinho e se transforma em: • um planeta ou • um cometa Roberto de Andrade Martins

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Extinção das estrelas Corpos “mais sólidos” = maior proporção do 3° elemento As partículas menores (1° e 2° elementos) passam através dos sólidos Apenas o 3° elemento se desloca realmente com o corpo, e é o responsável por sua tendência a continuar em movimento Roberto de Andrade Martins

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Extinção das estrelas Quando uma estrela se extingue: • planeta: baixa “solidez” – é capturado pelo turbilhão • cometa: maior “solidez” – passa de turbilhão em turbilhão Roberto de Andrade Martins

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Formação do sistema solar Planetas aproximam-se do centro até uma região cujas partículas têm a mesma tendência a continuar a se mover em linha reta que eles Roberto de Andrade Martins

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Formação do sistema solar Se descerem mais: encontram partículas com maior agitação que lhe dariam mais movimento e o fariam subir Se subirem mais, encontram partículas com menor agitação, que diminuiriam seu movimento e o fariam descer. Roberto de Andrade Martins

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Formação do sistema solar Primeiramente, diversas estrelas, grandes e pequenas As menores se extinguem antes, e são capturadas pelas outras Essas, por sua vez, também se extinguem, e são capturadas pela maior de todas (o Sol), carregando consigo as menores (satélites) Roberto de Andrade Martins 39

Formação do sistema solar Esse modelo explica diversos fatos astronômicos: • os planetas giram todos no mesmo sentido em torno do Sol • eles se movem quase em um plano

Roberto de Andrade Martins

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Formação do sistema solar A rotação do Sol, dos planetas e o movimento dos satélites é no mesmo sentido

Roberto de Andrade Martins

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Formação do sistema solar Planetas mais próximos do Sol são os menos “sólidos” Os mais próximos do Sol giram mais rapidamente (menor período) mas possuem menor velocidade O Sol gira mais rapidamente do que o movimento dos planetas (em período) Roberto de Andrade Martins 42

Estrutura da Terra Os planetas contêm ainda dentro deles uma parte central do “segundo elemento”, com partículas pequenas rápidas • interior da Terra deve ser quente e líquido • isso explicaria a formação das montanhas, terremotos, vulcões

Roberto de Andrade Martins

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Origem da gravidade A Terra gira, e em torno dela (e dos outros planetas) existe um turbilhão secundário, que transporta a Lua A matéria invisível desse turbilhão tende a se afastar do centro da Terra Roberto de Andrade Martins

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Origem da gravidade Um objeto que não esteja girando em torno da Terra sofre um empuxo, produzido por essa matéria invisível, em direção ao centro da Terra Isso explicaria a gravidade Roberto de Andrade Martins

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Análise da cosmogonia cartesiana O trabalho de Descartes é um mito, é científico ou filosófico? • único elemento mítico: Deus divide a matéria e a coloca em movimento • elementos filosóficos: existe uma única matéria prima, não existem espaços vazios • elementos científicos: tentativa de explicar fenômenos observáveis através de processos físicos compreensíveis Roberto de Andrade Martins 46

Análise da cosmogonia cartesiana Problemas: • Descartes utilizou explicações qualitativas e vagas • Os detalhes da cosmogonia parecem arbitrários: poderia ser diferente • Partindo dos fenômenos conhecidos, ele “força” as explicações Roberto de Andrade Martins

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Análise da cosmogonia cartesiana Não é uma cosmogonia detalhada nem rigorosa, mesmo para os padrões da época Os defeitos que existem na proposta de Descartes não são muito diferentes dos que existem até hoje

Roberto de Andrade Martins

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Análise da cosmogonia cartesiana Representou um grande avanço em relação às idéias anteriores: • abandonou a versão religiosa (bíblica) • tentou explicar um grande número de fenômenos conhecidos por processos naturais Foi uma importante tentativa de elaboração de uma cosmogonia científica Roberto de Andrade Martins

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FIM Próxima aula: início de um novo bloco Conceitos de ciência: do conhecimento grego ao método experimental Roberto de Andrade Martins

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