História da Quinta de Baixo ou do Conde de Paço Vitorino Vilar de Andorinho

June 8, 2017 | Autor: P. Sousa Costa | Categoria: Architecture, Early Modern History, Nobility, Historia, História de Portugal
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2012 História da Quinta de Baixo ou do Conde de Paço Vitorino Vilar de Andorinho

Paulo J. Sousa e Costa, Historiador 06-06-2012

História da Quinta de Baixo ou do Conde de Paço Vitorino A história desta propriedade confunde-se com a história dos seus possuidores. No século 12, ela fazia parte de uma propriedade que se estendia até ao Febros no sítio de Vivilhe, onde confronta com o lugar de Chãos de Avintes, e que era metade de uma vila e metade de uma quintã. Segundo a informação do livro 10 dos Tombos Gerais do cabido da Sé do Porto que foi no ano de 1181 (Era1219)? -03-26, com o dinheiro que deixou o rei D. Afonso II para 1 aniversário por sua alma, que se comprou os casais de Vilar de Andorinho e de Fundo de Vila. Os originais do Cabido (livros 877, fl. 4 e 5) contrariam a data, e coloca como doador o Rei D. Sancho I, por verba testamentária e não o filho, seu executor. Os documentos são os seguintes: 



1211/10, Venda que Teresa Martins fez ao Deão Fernando e cónegos do cabido, da Herança que tem em Vilar que são ¼ da vila que são 3 casais e ¼ da quintã Que foi do pai e mãe, por 280 morabitinos. 1211/12, Venda que Gonçalo Gonçalves e mulher Urraca Martins (irmã de Teresa Martins), fizeram ao Deão Fernando e cónegos do cabido, da Herança que tem em Vilar que são ¼ da vila ¼ da quintã, 1 casal em vila Chã, Que foi do pai e mãe, por 300 morabitinos.

A propriedade pertencia aos antepassados de Teresa Martins e da irmã Urraca Martins, herança de seus pais e compunha-se de um quarto da vila e um quarto da quintã. Especifica que essa parte correspondia a 3 casais.

casais do Cabido, o casal de Vilar e o Casal de Fundo de Vila. Nos fins do século 15 e princípios do seguinte era assim que estavam designados. A própria documentação do cabido não nos informa quais as vicissitudes por que passaram ao longo de trezentos anos.

Evolução Cronológica do Casal de Vilar. Este casal é prazo de vidas, que possuiu antigamente Afonso Anes. 1499-Maio-22 – Foi emprazado a João Rodrigues e a sua mulher Madalena Anes, herdeira de Afonso Anes, em 1ª e 2ª vida. O cabido demandou o caseiro por danificar o casal, e contra ele alcançou sentença, deixando-lhe devoluto o Casal. 1505-12-05 Prazo do Cabido da Sé do Porto a Gil Monteiro, mercador e cidadão do Porto, de natureza de livre nomeação, sendo ele 1ª vida; 1505-12-16, Gil Monteiro toma posse do Casal. 1528-03-22 – Nomeação de 2ª vida a Violante Monteira, filha de Gil Monteiro que casou com Fernão Domingos Pinto 1568-05-19 – Nomeação de 3ª vida Gil Monteiro Pinto, fidalgo da casa de sua majestade, filho de Violante Monteira e Fernão Domingues Pinto, trás o casal que foi de seu pai e mãe. Foi nomeado no prazo por sua mãe. Gil Monteiro Pinto casou com Luísa Paiva de Azevedo, moradora na Rua Nova, na cidade

do Porto 1594-Maio-11 – Renovou-se o prazo em Luísa Paiva de Azevedo, viúva de Gil Monteiro, 3ª vida no prazo. Tem facilidade de subemprazar. Foi 3ª vida seu filho João Alves de Azevedo Monteiro.

A dimensão da propriedade é relativa. Só sabemos que dessa compra originou os dois Paulo J. Sousa e Costa, Historiador | História da Quinta de Baixo ou do Conde de Paço Vitorino

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1679-Novembro-21 - Renovou-se o prazo em Gonçalo Pinto Monteiro, cidadão do Porto, e a sua mulher Dona Joana Francisca de Sousa, moradores na Rua das Flores.

Joaquim, que morreu menino e deixou como herdeira a mãe, já viúva. E por isso ela tinha legitimidade em reclamar a renovação do prazo.

Possui em 3ª vida seu filho José Pinto Monteiro, a quem sucedeu seu filho Gonçalo Pinto Monteiro.

1772-Outubro-30 Apegação da Quinta de Vilar. Feita a D. Joana Antónia da Gama e Amorim (sabe assinar), viúva, de Gonçalo Pinto Monteiro, curadora e tutora de seu filho. D. Joana recebeu o prazo por doação de seu defunto marido.

1742-Maio-31 Dote de casamento de Gonçalo Pinto Monteiro de Azevedo; dotador José Pinto Monteiro de Azevedo e sua mulher Dona Ana Josefa Luísa Forte; escritura de dote e nomeação dos prazos de seu filho Gonçalo Pinto Monteiro de Azevedo que casou com D. Joana Antónia da Gama Amorim Lopo Sottomayor, da vila de Caminha, filha de D. António Maurício de Sousa Amorim. Os Bens nomeados, que entraram no dote eram a quinta em Vilar e o que possuem além do rio Douro, comarca da Ribeira, o rendimento da passagem de Entre-Ambosos-Rios, as casas da Rua Nova onde vivem, o rendimento de metade da quinta de Parada da Régua e mais rendimentos, com a obrigação dos dotadores pagarem metade da despesa que fizerem nas vinhas. Cita documento de sucessão de Gonçalo Pinto Monteiro. Sucedeu seu filho menor e ficou sua mãe e mulher de Gonçalo Pinto Monteiro, Dona Joana da Gama, tutora e administradora dos bens do menor. 1769-Janeiro-18, D. Joaquim Pinto de Amorim, menor de 12 anos, órfão doente em perigo de vida nomeia sua mãe como herdeira e sucessora. O prazo antigo feito em 1679, Novembro, 21, feito a Gonçalo Pinto Monteiro, 1ª vida e sua mulher, D. Joana Francisca de Sousa em 2ª vida e o filho, José Pinto Monteiro, em 3ª, tinha-se extinto. Tinha possuído o filho da 3ª vida, Gonçalo Pinto Monteiro, marido da caseira, que faleceu mas deixou o prazo a um filho desse matrimónio de nome

1778-Dezembro-18. Testamento de dona Joana em que nomeia herdeiro o seu segundo marido, o capitão António Lopo de Sande. 1794-Novembro-26, cidade do Porto, Calçada da Presa Velha, morada de António Lopo de Sande e sua mulher Maria Preciosa da Cunha Leite Pereira Pimentel. 1799-Outubro-23. Prazo de vidas, sendo 1ª António Lopo de Sande e 2ª vida sua mulher Dona Maria Preciosa da Cunha Pimentel Leite Pereira de Mello, 3ª vida um filho ou filha de ambos. Na sua falta quem eles livremente nomearem. 1803-Janeiro-24, Testamento de António Lopo de Sande, aberto em 1807-Novembro30 Possuiu António Lopo de Sande. Faleceu e sucedeu a filha D. Antónia Maria Lopo de Sande, moradora no Porto, na Rua Nova de Santo António. 1816-Agosto-27 – Renovou-se o prazo a ela. 1822-Março-22 - A esta caseira concedeu-se licença para hipotecar este prazo pela quantia de 4 mil reis por 5 anos. Não teve efeito a hipoteca no prazo Por falecimento de Dona Antónia Maria Lopo de Sande, possuiu o desembargador Manuel José Calheiros Bezerra Brum de Araújo em 2ª vida. Quando faleceu foi tutora de seus filhos e administradora a viúva, Dona

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Sebastiana Augusta de Noronha e Meneses Pita. 1845-Novembro-12, Domingos Joaquim da Cruz e Silva, procurador de José de Noronha Castelo Branco Avilez, tutor e administrador de seus sobrinhos menores, Francisco e António, filhos que ficaram de Manuel José Calheiros Bezerra de Araújo e sua mulher Sebastiana Augusta de Noronha Meneses Pita. Pelo inventário que se efetuou, possuiu os bens Francisco Xavier Calheiros de Noronha. Por falecimento deste, possuiu por herança a sua viúva Dona Joaquina Wernech. 1907-02-07, o rei D. Carlos I concedeu a Francisco de Abreu de Lima Pereira Coutinho a Carta de Título de Conde de Paço Vitorino. Sucedeu na posse da quinta e bens anexos os filhos José Abreu Calheiros de Noronha Pereira Coutinho e Francisco d’ Abreu de Lima Pereira Coutinho residentes em Ponte de Lima. A renda do Casal paga ao senhorio directo foi de 570 reis brancos 2 galinhas. Lutuosa o mesmo, no século 15 para 16; em meados do século a renda aumentou para 700 reis brancos 2 galinhas. Lutuosa o mesmo. No século 17 a renda era de 600 reis e 2 galinhas, e depois passou para 700 reis, 3 galinhas. Lutuosa o mesmo. Laudémio quarta parte, que se manteve até ao fim.

Extensão da propriedade Possuía a quinta de Vilar o grande pinhal que sempre lhe foi pertença. O pinhal é foreiro ao cabido de Cedofeita. O pinhal grande da quinta sempre foi tapado em volta com parede e só no fundo se dividia por combros com os campos dos vizinhos cuja circunstância é um aumento do prazo. Sempre foi semeado de pinheiros e ser tão antigo que se cortaram para os navios, soalhos e mobílias.

Sempre pagou as competentes rendas aos senhorios Cabido da Sé, Colegiada de Cedofeita e Casa De Pedroso. O prazo de vidas da colegiada de Cedofeita O prazo primordial das leiras e mais terras foi feito em 1452-Abril-18; O 2º em 1497Dezembro-20; 3º Renovado em 1543-Julho27; 4º Renovado em 1675-Abril-18. 1603 – 07 – 03, o convento de Santa Clara do Porto fez prazo de vidas de uns moinhos a Luísa Paiva de Azevedo, viúva de Gil Monteiro Pinto. Os moinhos foram adquiridos ao caseiro. Que se situavam por baixo da Pena d’ Águia, junto ao Crasto, e pertencia ao Casal da Balsa. Hoje são os moinhos que estão a seguir à antiga escola da Mata, junto à ponte Fernandes. 1658-10-23, João Alvares de Azevedo, filho de Luísa Paiva de Azevedo, comprou terras foreiras a Santa Clara que pertenciam ao Casal da Laranjeira. Em 1679, no reconhecimento que faz ao convento das terras e bens que possui, Gonçalo Pinto Monteiro, declara que tem um moinho abaixo da igreja, no caminho para a quinta dos caseiros e outras partes. 1698-02-04, renovou-se o prazo dos moinhos, a Gonçalo Pinto Monteiro e a sua mulher Joana Francisca de Sousa. 1728-10-19, renovou-se o prazo das terras do convento, que pertenciam ao casal da Laranjeira, a José Pinto Monteiro de Azevedo, que sucedeu António Lopo de Sande.

Os Prazos da Câmara: 1787-03-28, Prazo nº 4 da Câmara, do Monte de Vilar de Andorinho, com a renda de 1600 reis, feita a António Lopo de Sande; sucedeu sua filha Antónia Maria Sande; sucedeu o desembargador Manuel José Calheiros Bezerra Brum de Araújo; sucedeu sua mulher Dona Sebastiana Augusta de Noronha e Meneses Pita; sucedeu António

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Noronha Meneses; sucedeu Francisco Xavier Calheiros de Noronha. 1821-02-21, Prazo nº 128 da Câmara, com a renda de 480 reis, do Campo do Pinhal a António Alves da Fonseca e mulher Maria Pinta, do lugar das Menesas; (houve impugnação de D. Antónia Maria de Sande); possui Dona Sebastiana de Meneses Noronha e Pita; sucedeu Francisco Xavier Calheiros de Noronha 1845-Novembro-12, Prazo nº 12, com renda total de 430 reis, do Monte Do Solar, feito João Alves de Oliveira Jobim, De Avintes, e consortes João Ferreira Baptista e mulher Bernarda da silva Baptista e os herdeiros do Calheiros.

A genealogia da família Pinto Monteiro Gil Monteiro, mercador, cidadão do Porto, morador na Rua Nova, numas casas régias emprazadas em 1494 e confirmadas pelo rei D. Manuel I em 1514. Segundo Felgueiras Gayo, casou com Inês do Couto e teve diversos filhos, sucedendo-lhe Nuno do Couto Monteiro. Este registo contraria a sucessão no prazo da quinta de Vilar. Confirma-se que teve uma filha, Violante Monteira, mas desconhece com quem casou. A sucessão no prazo diz-nos que foi segunda vida Violante Monteira que casou com Fernão Domingos Pinto, que tiveram como filho Gil Monteiro Pinto, fidalgo da casa de sua majestade. Gil Monteiro Pinto casou com Luísa Paiva de Azevedo. Alão de Morais diz que era natural de Aviz e foi meirinho do Bispo D. Marcos, acompanhando-o na sua vinda para o Porto. Sobre Luísa Paiva de Azevedo, diz que era filha de um moço de esporas do comendatário Cristóvão da Costa Brandão e que ela rapava os pintelhos às senhoras,

citando em nota Eugénio da Cunha e Freitas. Esta sarcástica opinião deve ser interpretada em sentido figurado e reveladora das origens humildes da senhora. Acrescenta que ela fora criada das freiras de Santos. Mais adiante sugere que era neta do bispo D. João de Azevedo e de Catarina Aranha, pois seu pai foi António Fernandes, cujo irmão foi prior de Landim. Justifica esta afirmação com elementos do cartório de Landim, que diziam que João Alvares de Azevedo possuía os bens que foram de seu avô António Fernandes. Alão de Morais refere que Gil Monteiro Pinto e Luísa Paiva de Azevedo tiveram três filhos, João Alves de Azevedo Monteiro, que sucedeu, António, frade crúzio e Isabel de Paiva, freira em S. Bento de Ave-maria, no Porto. Sucedeu-lhes o filho João Alves de Azevedo Monteiro, casado com Verónica Pinto de Azevedo, e residiram na Rua Nova. Diz Felgueiras Gayo que foi vereador na Câmara do Porto, informação corroborada por Alão de Morais. Este autor diz que a mulher chamava-se Vicência Pinta e era filha de Gonçalo Pinto. A notícia sobre a progenitura desta senhora não difere muito da que dá Felgueiras Gayo, que diz que o pai dela chamava-se Gonçalo de Oliveira Pinto. Este último autor atribui seis filhos, sendo o primogénito, Gonçalo Pinto Monteiro, herdeiro do morgado, enquanto os restantes seguiram a via religiosa. Os filhos ingressaram nas ordens beneditina, cisterciense e Agostiniana de Santa Cruz de Coimbra. As filhas ingressaram no mosteiro de S. Bento de Ave-maria. Alão de Morais, menciona só cinco filhos, em que um sucedeu e os outros seguiram a via religiosa regular. Gonçalo Pinto Monteiro, cidadão do Porto, e a sua mulher Dona Joana Francisca de Sousa, foram moradores na Rua das Flores, na cidade do Porto, morada que havia sido da avó Luísa Paiva de Azevedo e era prazo de vidas do convento de Santa Clara do Porto.

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A mulher de Gonçalo Pinto Monteiro, Dona Joana Francisca de Sousa, era filha de Pantaleão de Sousa, contador da Relação do Porto, e de Luísa de Almeida (que aparece citada nas confrontações do casal de Fundo de Vila), que era irmã do Prior de Cedofeita, Dr. Francisco de Almeida Ribeiro (filhos de Isabel Almeida Tendeira, de alcunha a Serralheira, por ser a profissão do pai). Por sua mulher ser herdeira do pai, e viverse num mundo machista onde o marido adquiria as funções que foram do sogro. Por isso, em 1673-03-17, Gonçalo Pinto Monteiro, obtém do rei D. Afonso VI a merce do ofício de Contador da Relação do Porto. Anos mais tarde, em 1685-12-10, é aceite a renúncia do cargo para fazer dote às filhas religiosas. Do casamento tiveram dez filhos. O primogénito, José Pinto Monteiro de Azevedo, sucedeu na herança, enquanto os restantes seguiram a via religiosa. Um, João Alves de Azevedo foi cónego na Sé do Porto, outro foi frade beneditino, outro foi clérigo de missa, outro foi padre abade de S. Miguel de Gândara, Bento Bartolomeu Ribeiro. As filhas ingressaram todas no mosteiro de S. Bento de Ave-maria, tal como havia sucedido anteriormente com as tias. Felgueiras Gayo afirma que o nome próprio do primogénito era João. No entanto, Alão de Morais diz que é José. Na documentação que consultamos, nomeadamente os prazos do Cabido da Sé do Porto, o nome próprio era José. José Pinto Monteiro de Azevedo teve por mulher Dona Ana Josefa Luísa Forte, filha de um mercador do Porto, Francisco Rodrigues Forte. Neste aspecto ambos os genealogistas concordam. Tiveram três filhos, Gonçalo Pinto Monteiro de Azevedo, António Pinto Monteiro de Azevedo, cónego coadjutor na Sé do Porto e Ana Catarina de Azevedo.

Gonçalo Pinto Monteiro de Azevedo sucedeu a seu pai. Em 1742 casou com D. Joana Antónia da Gama Amorim Lopo Sottomayor, da vila de Caminha, filha de D. António Maurício de Sousa Amorim. Morreu cedo. Em 1769 o filho Joaquim Pinto de Amorim, seu sucessor, órfão de pai e enfermo, que também não haveria de medrar, nomeia sua mãe herdeira. A viúva, D. Joana Antónia da Gama Amorim Lopo Sottomayor, ainda haveria de contrair segundo matrimónio, com o capitão António Lopo de Sande, que não frutificou. E aqui se extinguiu a linhagem dos Pinto Monteiro da quinta de Vilar de Andorinho. Depois sucedeu na posse da quinta a filha do segundo casamento do capitão António Lopo de Sande com Maria Preciosa da Cunha Leite Pimentel, Dona Antónia Maria Lopes de Sande, que era cega de nascimento e viveu solteira.

Fontes: ADP, Cabido da Sé do Porto, livros 8, 9, 10, 462, 877; ADP, Convento de Santa Clara do Porto, lv. 74, fl. 146v-152, lv. 58, mç. 33, lv. 58 A, mç. 4; Arquivo Municipal Sofia de Mello Breyner, Lv. 201, Maço 3, Maço 6, Maço 115 A, Maço 129 A, livro 109, fl. 133v.-138; Torre do Tombo, Feitos Findos Diversos, mç, 1, nº 12; Chancelaria D. Manuel I, lv. 15, fls. 3 e 13v); Registo Geral das Merces, D. Afonso VI, lv. 14, fl. 182, D. Pedro II, lv. 4, fl. 259v; D. Carlos I, liv. 23, fl.161v. Gayo, Manuel José da Costa Felgueiras, Nobiliário das Famílias de Portugal, Vol. VII, Braga, Edição Carvalho Basto, 1989, pp. 431-432. Morais, Cristóvão Alão de, Pedatura Lusitana, Braga, Edição Carvalho Basto, 1988, p. 509. Arquivo de Finanças do Distrito do Porto, Matriz Rústica de Vilar de Andorinho [19201981].

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Descrição da Quinta de Vilar de Andorinho

1593-Maio-18 (ADP, Cabido da Sé do Porto, LV. 508 fl. 135-136v) Casa torre telhada Onde vive o caseiro Casas terreiras telhadas Pegado à casa Torre 1 Pardieiro Pegado às casas terreiras telhadas

Largo – 6 varas Comprido - 9 Comprido – 9 Largo - 4 Comprido – 5 Largo – 4 Comprido – 13 Largo – 4,5

Lanço de casas colmadas

22 Parcelas rústicas

1594-Maio-11 (ADP, Cabido da Sé do Porto, LV. 508, fl. 154-155v) Largo – 6 varas Comprido - 9 Comprido – 9 Largo - 4 Comprido – 5 Largo – 4 Comprido – 13 Largo – 4,5

Casas torre Casas terreiras Pegado à casa Torre 1 Pardieiro Pegado às casas terreiras telhadas Lanço de casas colmadas

21 Parcelas rústicas É uma cópia do outro já transcrito

1679-Novembro-21 (ADP, Cabido da Sé do Porto, LV. 508 fl. 158-158v) Composição/Obs. / Localiza

Nascente

Casas de sobrado

Norte

Poente

Com cabido

Sul

Dimensões

Com estrada

Comprido – 13 Largo – 11

Pátio com sua fonte A Água que abastece, nasce no casal de António Leite Uma rua com árvores e campo por cima

Comprido – 28 Largo – 13 Com terras desta quinta

Parte com Luísa de Almeida

Com terras desta quinta

Campo da cortinha Com casas do caseiro telhadas e colmadas Corte Junto das casas Choupelo Defronte das casas do caseiro

Com terras desta quinta

Com caminho

Com terras desta quinta

Com Santa Clara

Com terras desta quinta

Comprido – 80 Largo – 20 Comprido – 68 Largo – 79 Comprido – 24 Largo – 4,5 Comprido – 6 Largo – 4 Comprido – 30 Largo – 9

Tem água da presa que está junto da Igreja e da Ribeira de Mariz Menciona só 6 parcelas rústicas.

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1772-Outubro-30 (ADP, Cabido da Sé do Porto, LV. 508 fl. 116-121v) Composição/Obs. / Localiza Casas telhadas e sobradadas (leva semeadura 1 alqueire de centeio) Estão várias casas sobradadas e térreas dentro desta medição, com varandas em volta e escadas de pedra com 2 lanços. Uma capela em que se diz missa com sua tribuna Terreiro com uma fonte com seu tanque (leva semeadura 1,5 alqueire de centeio) Para o poente acima das casas Para o sul um carreiro que serve de entrada desta quinta com suas árvores de uma parte e outra sem fruto Hortas, Pomar, Jardim, tudo junto Casa térreo palheiro e recolha de gados (leva semeadura 15 alqueire de centeio) Terra lavradia abaixo das casas da quinta para nascente, Com ramadas esteios de pedra e outras árvores de fruto de espinho Na cabeça do norte para a parte do poente, casa Água de rega da presa do Souto conforme repartição com seus meeiros

Nascente

Norte

Poente

Sul

Parte com terras deste prazo Largo – 27 varas Medido a direito pela varanda e eirado

Parte com terras deste prazo Compri. E – W – 29 Medido desde a esquina da casa que serve de cozinha, até ao cunhal das casas que estão defronte da Fonte.

Parte com terras deste prazo

Parte com caminho

126 Parte com as casas acima

11 Parte com caminho

Parte com terras do mesmo caseiro foreiro a Pedroso

16 Parte com caminho

142 Parte com terras deste prazo

67 Parte com caminho

Parte com terras deste prazo

54 Parte com caminho

Água de rega da presa do Souto Menciona 7 parcelas rústicas

1779 – Junho – 21 (ADP, Cabido da Sé do Porto, LV. 508 fl. 146-148v) Composição/Obs. / Localiza Pátio grande onde estão edificadas as casas desta quinta; As casas são sobradadas, com 2 salas e mais repartimentos com sua varanda em volta coberta sobre colunas de pedra e nos baixos seus alpendres e áreas, no meio escadas de pedra com 2 entradas para sul Capela pública virada para poente Para onde tem a galilé e frontispício Porta de entrada para poente Entre pilares de pedra com suas armas em cima 1 Chafariz com seu tanque no lado sul Cuja água veio de um casal que foi de António Leite e que agora vem de outras partes Casas, com cozinha térrea, com chaminé grande Atrás das casas medidas com salas e repartimentos 1 Janela de peitoril a sul E outra de vista Um bocado de terra com um pessegueiro grande por onde entra a água para a cozinha e mais repartimentos Jardim (leva ½ alq. Centeio) Com sua ruas de murta e repuxo no meio um lago Tem na parte do sul um grande cedro Este jardim fica atrás das casas É fechado de muro 1 Rua

Nascente

Com as casas e mais terras desta quinta

Norte

Poente

Com terras desta quinta

Com terras desta quinta

Com terras desta quinta

Casas atrás medido

Sul

Dimensões

Com estrada pública

E – W (a meio) = 32,5 Largo no meio onde entra a largura da fronte da capela = 29

Com estrada pública

E – W (N) = 16 Largo no meio entre as casas e a cozinha = 14 e 3 palmos

Com estrada pública e casas já medidas

E – W (meio) = 31 E (entra o compri. De uma chave) – 27 W – 12,5



Esta vedoria termina abruptamente. Não foi concluída. O louvado da caseira Manuel Lopes Moreira, lavrador e morador na aldeia de Baixo em Vilar, sabe assinar. O cabido louvou-se em Manuel de Sousa, mestre carpinteiro, de Vilar (assinou o nome). Paulo J. Sousa e Costa, Historiador | História da Quinta de Baixo ou do Conde de Paço Vitorino

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Os apegadores e louvados gastaram 3 dias; Apegador levou por cada dia a importância de 1600 reis; o escrivão levou o mesmo que o apegador; os louvados os 3 dias, 1200 reis. A conta custou 80 reis Custou tudo 11.347 reis (32 reis de selos incluído) – tudo isto pagou o caseiro

1799-Outubro-23 (ADP, Cabido da Sé do Porto, LV. 508, fl. 137-145) Composição/Obs. / Localiza Casas, Tem pátio e fonte Entrada da quinta São as mesmas Referidas no prazo Fonte está no sítio referido Nascente tem o campo Rua e campo Rua que forma a entrada principal Campo corre ao longo da rua Campo da cortinha Entre as casas e um choupelo para norte Casas do caseiro Corte de gado Na entrada da porta principal desta quinta, a norte à esquerda Choupelo Defronte das casas do caseiro Estava situada onde hoje está a entrada do Norte, vindo a ficar entre as casas do caseiro e os vizinhos de poente Campo Junto às casas este se presumia estar pegado ao primeiro item da apegação Campo dos Padrinhos Ao lado do campo da cortinha Junto às casas Estes campos perderam a sua configuração antiga e ainda as casas e tudo se reduziu a um corpo fechado de muros Plantado e fabricado de socalcos e ramadas

Capela Pública

Em Excelente casa. Padroeiro São João Baptista

Nascente

Norte

Poente

Sul

Campo

Rua e campo

Entrada da quinta e caminho para a igreja

Com caminho que vai para a Igreja juntar à estrada que vai para Arouca

Rua

Caminho

Confrontantes Manuel Pinto terras de Santa Clara

Casas

Casas do caseiro

Entrada principal

Vizinhos

Casas

Terras deste caseiro foreiro a Santa Clara

Estrada

Casas

Estrada

Casas

Casas

Entrada da capela e caminho para a igreja

Caminho para a igreja

S (W – E) principiando no campo próximo da entrada principal da quinta até à porta dela = 22 varas; Deste canto até ao cunhal de fora compreendendo o portal = 8 varas (deste cunhal até ao canto direito da capela) = 18,5 varas; Frente da capela = 5; Daqui até ao fim do muro = 75 = 128,5 N (W – E) Principia acima da entrada principal, a poente correndo para nascente até ao fim do muro = 120 E = (principia a medição no cunhal do muro que está na estrada correndo para sul até o outro caminho) = 139 W (N – S) = 123 (medindo desta estrada até ao caminho) Tem mãe de água que entra para o tanque vindas de terras dos caseiros mas de outro senhorio

Composição/Obs. / Localiza

Nascente

Norte

Poente

Sul

Campo do Pombal (leva 5 alq. Centeio) No prazo anterior chamava-se das Macieiras Terra lavradia A nascente tem um monteirinho com seu mato; Tem árvores Tem casa do Pombal; Tapado de parede pelo norte e nascente, e por combro a poente; Marcado a sul

105 Confronta com o caminho e estrada de Arouca

30 Confronta com a estrada de Arouca

115 Confronta com este caseiro com o campo ainda chamado de Pombal

34,5 Confronta com terras que este caseiro tem foreiras a Santa Clara

Menciona 4 parcelas rústicas anexas.

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Interessante verificar que os topónimos das parcelas rústicas que se acrescentaram à quinta permaneceram registados nos artigos matriciais rústicos, e prevaleceram até ao século XX.

O edificado, como podem verificar, é composto por uma sucessão de casas entre o século XVI e o XVIII. Na primeira metade do século XVIII foi, talvez, acrescentada a capela, no lado sul, fechando o pátio e a arcaria da fachada, num estilo rocaille a lembrar o dramatismo de Nazoni. Embora não tenhamos detetado os contratos de construção e acrescento da quinta no período cronológico entre 1720 e 1750, não podemos adotar esta sugestão como definitiva, mas antes um ponto de partida interpretativo. O que sabemos é que a família Pinto Monteiro estava perfeitamente bem relacionada com o Cabido da Sé, por laços contratuais, como familiares. José Pinto Monteiro teve

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irmão cónego do Cabido da Sé do Porto, e a quinta pertencia ao senhorio directo do Cabido da Sé. O Padre Manuel Leão, historiador de Gaia, num artigo publicado na revista de “Os Amigos de Gaia” de Julho de 1992 (nº 33, vol. Vº), pp. 18-24, “Artificies Gaienses no século XVIII – Vilar de Andorinho”, regista que em 1755 “um artificie conquista um lugar impar na história da sua arte: Manuel António de Sousa, com outros, toma a obra da Torre dos Clérigos (ADP, PO 2, lv. 247, fl. 3v) e passados quatro anos assina o distrate, que dava por concluída a obra monumental” (ADP, PO 8, lv. 258, fl. 20).

O que se sabe de Nicolau Nazoni, é que veio para o Porto pela mão e proteção do cabido da Sé do Porto. E a sua presença, marcou bastante os artistas canteiros e pedreiros da região. Se juntarmos as relações que a família tinha com a entidade encomendatária e com o facto de ter havido uma equipa de pedreiros que trabalhou com o mestre na Torre dos Clérigos, é possível que o aspecto atual da quinta fosse influenciado pelo gosto italiano. Mas isto é uma suposição com base em indícios, bastante fortes é certo, mas que necessita de comprovação documental nos cartórios. Paulo J. Sousa e Costa, Historiador | História da Quinta de Baixo ou do Conde de Paço Vitorino

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