HISTÓRIA DO TEATRO ROMANO

May 24, 2017 | Autor: Ana Flávia Corrêa | Categoria: Teatro
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HISTÓRIA DO TEATRO ROMANO

O teatro romano se apossou da hierarquia dos deuses olímpicos da Grécia, com poucas mudanças de nomes, mas nenhuma modificação maior de caráter. Tália era a musa da comédia, enquanto Eutérpia era a musa da flauta e do coro trágico, sendo elas as duas deusas do teatro. Tanto em suas características dramáticas quanto arquitetônicas, o teatro romano é herdeiro do grego. Os anfiteatros não pertenciam aos poetas. Serviam de palco aos jogos de gladiadores e às lutas de animais, para combates, espetáculos acrobáticos e de variedades. Era muito mais um show business organizado do que um lugar dedicado às artes.
Como antes, em Atenas, esta era divide-se em um período de atividade dramatico-literária e em outro, no qual as gerações seguintes esforçaram-se para criar uma moldura arquitetônica digna. No que diz respeito ao florescimento da literatura dramática de Roma, este período corresponde aos séculos III e II a.C., quando prosperam as peças históricas e as comédias (em palcos temporários de madeira), e, no tocante ao período áureo da glorificação arquitetural da idéia de teatro, os séculos I e II d.C.

LUDI ROMANI

Durante a mesma época que Aristóteles descreveu a então inteiramente desenvolvida tragédia grega, Roma assistia a seus primeiros ludi scaenici (jogos cênicos), modestos espetáculos de mimo de trupes itinerantes. Estes incluíam danças e canções, acompanhadas de flauta e também invocações religiosas. Nessa época, a preocupação dos atores e da platéia era aplacar os poderes da vida e da morte, já que se estava no ano de 364 a.C. e a peste se alastrava pelo país.
O teatro romano também era um instrumento de poder do estado, dirigido pelas autoridades. Assim como em Atenas a arte da tragédia e da comédia desenvolvera-se a partir do programa de festividades das Dionisíacas e das Leneias, Roma agora procurou organizar a arte do drama, com base no programa de suas festividades. Os Ludi Romani, instituídos em 387 a.C., foram celebrados anualmente em setembro, com quatro dias de espetáculos teatrais.
Em 240 a.C. Lívio Andrônico escreveu suas primeiras adaptações de peças gregas. Uma tragédia e uma comédia foram representadas, nas quais o próprio autor participou como ator, cantor e encenador, na melhor tradição ateniense. O exemplo dele logo trouxe à cena o primeiro dramaturgo latino, Gneu Névio, um escritor espirituoso, com agudo senso crítico, que se apresentou com obras próprias, pela primeira vez, nos Ludi Romani, cinco anos mais tarde.
A glorificação dramática da história de Roma trouxe grandes honrarias a Gneu Névio, ele, porém, arriscou todas elas com suas comédias nas quais se aventurava no campo das polêmicas locais e, ao fiel exemplo de Aristófanes, atacava os políticos e nobres de sua época. Porém, Roma não era Atenas, e Névio foi preso e exilado, morrendo por volta de 201 a.C.
Outro autor romano foi Quinto Ênio, que obteve fama por suas adaptações de tragédias e comédias gregas. Escreveu, segundo o modelo de Eurípedes, peças como Aquiles e Alexandre. Ênio sempre teve o cuidado de evitar assuntos controversos durante toda a sua vida, tornando-se popular tanto junto ao povo quanto aos aristocratas.

COMÉDIA ROMANA

O primeiro grande poeta cômico de Roma foi Plauto. Os modelos dramáticos de suas comédias foram as obras da comédia nova grega, especialmente as de Menandro. Plauto possuía suficiente prática teatral para selecionar as cenas mais eficazes de seus modelos. Ao fazê-lo, não hesitava em encaixar os temas de várias peças, se isso ajudasse a realçar o efeito. Foi igualado, uma geração mais tarde, por Terêncio, o segundo grande poeta cômico romano. Terêncio escreveu ao todo seis peças, todas buscando o estudo do caráter: Aquele que castiga a si próprio e Os Adelfos foram suas peças mais importantes. Após a apresentação da última, Terêncio partiu para uma viagem à Grécia, buscando conhecimento com os grandes poetas gregos, porém desapareceu em circunstâncias desconhecidas.

DO TABLADO DE MADEIRA AO EDIFÍCIO CÊNICO

O teatro romano cresceu sobre o tablado de madeira dos atores ambulantes da farsa popular. Durante dois séculos o palco não foi nada mais do que uma estrutura temporária, erguida por pouco tempo para uma ocasião e desmontada de novo. O tablado consistia em uma plataforma retangular de madeira, cerca de um metro acima do chão, cujo acesso era feito por escadas de madeira laterais e com uma cortina que delimitava o fundo. O público ficava em semicírculo ao redor da plataforma. Até 150 a.C. ainda era proibido sentar-se durante um espetáculo teatral.
Cinco anos após o desaparecimento de Terêncio, em 155 a.C., o censor Cássio Longino construiu o primeiro teatro com colunas decorando o palco, mas depois de terminada a temporada de encenações, ele foi derrubado por ordem do Senado. O mesmo aconteceu com a caríssima construção feita por Lúcio Múmio, em 145 a.C.
Apenas em 55 a.C., Pompeu usou um inteligente estratagema para que o teatro não fosse demolido ao final dos jogos: acima da última fileira do anfiteatro semicircular, ergueu um templo para Vênus Victrix, a deusa da vitória. Os assentos de pedra – ele argumentou – eram o lance de escadas que levavam ao santuário.

O COLISEU

Os dois traços característicos do império romano, tanto em questões de arte quanto de organização, eram a síntese e o exagero. O teatro sozinho não oferecia campo suficiente para a exibição do poder e esplendor. O teatro da Roma imperial queria impressionar. Desta forma, em 72 d.C. foi iniciada a construção do Coliseu pelo imperador Vespasiano e terminada em 80 d.C. Nas cerimônias inaugurais do novo anfiteatro, que se estenderam por aproximadamente cem dias, aproximadamente cinqüenta mil pessoas lotaram o auditório para as lutas de gladiadores e o açulamento e matança de animais. Nenhum drama de qualquer mérito literário foi jamais apresentado no Coliseu.

A FÁBULA ATELANA

O declínio do drama romano e a extinção da comédia abriram as portas do teatro estatal para uma espécie rústica de farsa conhecida como fábula atelana. A rusticidade de suas máscaras grotescas correspondia a robusta irreverência de seus diálogos improvisados, e seus repertórios modestos se apoiavam em meia dúzia de tipos, que anos mais tarde deu origem a Commedia Dell'Arte.

MIMO E PANTOMIMA

Ao contrário dos atores atelanos, os mimos romanos não usavam máscaras. O mimo não necessitava de nada além de si próprio, sua versatilidade e sua arte da imitação. Representavam na beira da estrada, na arena, num tablado ou no próprio teatro. Usavam as roupas comuns dos homens e mulheres das ruas – farrapos, como o das pessoas que representavam e como eles próprios o eram – ou seda e brocados, quando conseguiam os favores de algum patrono rico. O bobo da corte vestia uma roupa de retalhos coloridos, como a usada ainda hoje pelo Arlequim, e um chapéu pontudo.

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