História e cinema: A utilização do cinema como ferramenta do ensino de História

July 24, 2017 | Autor: Geraldo Mosna | Categoria: Cinema, Comunismo, Capitalismo, Educação de Jovens e Adultos
Share Embed


Descrição do Produto

7
História e cinema: A utilização do cinema como ferramenta do ensino de História
Geraldo Mosna*
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo geral lançar olhar sobre um tema marcante no século XX, a Guerra Fria, que dividiu o mundo em comunistas e capitalistas e o modo que a mesma foi representada, em alguns dos seus aspectos, pela cinematografia Hollywoodiana. Esta pesquisa exploratória de cunho bibliográfico apresenta como se desenvolveu no pós-guerra, a partir de 1945, o relacionamento diplomático entre URSS e EUA e também o modo como transcorreu o inicio do processo da chamada Guerra Fria. Aborda o modo como os personagens são construídos e seus estereótipos bem definidos entre 'mocinhos e bandidos' ou dito de outra forma, comunistas e capitalistas. O tema relações internacionais sempre levanta acaloradas discussões, principalmente em se tratando de um assunto contemporâneo, colocando a historiografia a analisar o papel desenvolvido pelos atores principais que, via de regra, definem os caminhos que serão traçados pela humanidade. Conclui que entender esse período, cheio de contradições, é crucial para nosso tempo presente com o fim do comunismo e a aparente vitória do sistema capitalista. .
Palavras-chave: Guerra Fria; Cinema; Educação de Jovens e Adultos; Capitalismo;Comunismo.
1 Introdução
O relacionamento diplomático envolvendo as principais nações, em termos de poderio econômico e militar, sempre passou por épocas de paz e de movimentos belicosos. Um desses momentos foi sem dúvida o término da segunda guerra mundial, que trouxe consigo o período definido como guerra fria, disputa que envolvia os dois principais atores do jogo diplomático mundial, a saber: Os Estados Unidos da América do Norte e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas que, apesar de estarem juntos na Segunda Guerra Mundial, não conseguiram estabelecer um tratado de paz, por não comungarem da mesma ideologia, esse embate diplomático surge logo em 1945 na conferencia do Conselho de Ministros realizado em Londres com o objetivo de acertar os termos do tratado de paz com a Alemanha, segundo Dea Ribeiro Fenelon, e teve a sua duração até 1991 quando da derrocada do sistema comunista na URSS. Para (Hobsbawm 1994) essa disputa pode ser considerado uma terceira guerra mundial, que não chegou a se concretizar, justamente devido ao poder bélico das duas nações, o medo era recíproco, pois os dois países sabiam que, caso entrassem em choque direto, poderiam destruir toda a terra devido ao poder atômico colocado a disposição de seus respectivos exércitos. Como a rivalidade se dava mais no campo diplomático e da ideologia é importante resaltar que, o conjunto de crenças construídas envolvendo o sistema capitalista e comunista inserido no contexto da guerra fria, funcionou adequadamente para aquele período, contribuindo também para forjar a concepção ideológica de milhões de pessoas em todo o mundo na disputa entre os dois sistemas econômicos e políticos, segundo Alexandre Busko Valim, em sua obra intitulada Imagens Vigiadas (2010).
O campo de disputa envolvendo essas duas superpotências não ficou restrito as áreas citadas acima, seu desdobramento se deu em todas as esferas, desde as mais simples como o esporte até aos mais complexos como a corrida espacial. Desse modo o medo de perder apoio político em determinada região do globo perpassa todos os elementos envolvidos na disputa diplomática. Porém, como já mencionado acima, a Guerra Fria teve a propriedade de também ser disputada fora dos domínios gravitacionais da atmosfera terrestre, isso ocorreu devido ao começo do processo da exploração espacial nos anos de 1950, "expressão de certa dianteira das economias comunistas frente ao capitalismo" (Hobsbawm apud Antonio Cícero Cassiano Souza, 2002, pg. 14) devido ao fato de que a URSS foi a responsável pelas primeiras incursões do homem ao espaço. Entre em cena esse ingrediente para criar mais um cabo de guerra entre as duas superpotências mexendo com uma questão com a qual a humanidade sempre teve um olhar diferenciado, e, foi sinônimo de mistério durante milênios que levou o homem as mais variadas interpretações, o azul infinito que está sobre a cabeça da humanidade iluminando durante o dia e enfeitando a noite com sua interminável quantidade de estrelas.
A humanidade via surgir diante de seus olhos, as mais belas imagens jamais vista, dos confins do Universo e também um grande desenvolvimento cientifica nunca experimentado pela humanidade, graças a essa disputa entre Moscou e Washington. Após quase vinte anos de disputa pela supremacia no espaço as duas nações se convenceram que estavam diante de um desafio maior do que podiam enfrentar, o cosmos era algo muito grande diante da pequenês das ações beligerantes desenvolvidas pelas duas nações. Desse modo é colocado em prática a formação do consórcio interespacial Apollo (EUA) Soyus (URSS), culminando com o encontro dos cosmonautas soviéticos com os astronautas estadunidense, em pleno espaço sideral. A partir desse momento as relações diplomáticas serão menos conturbadas e passarão por uma revisão e melhora no ambiente internacional.
Porém o desenvolvimento da Guerra Fria contava com ações realizadas sem grandes holofotes e vindas de lugares aparentemente insuspeitos de fazê-lo. Um desses pontos de apoio utilizado para a disseminação das ideias de ambas as partes foi a indústria do cinema. Para o historiador Marc Ferro (1992) a primeira película utilizada para fazer apologia política, visando construir uma linha divisória entre o ideário comunista e o capitalista, foi o filme Dura Lex, feita na URSS na década de 20, que criticava o sistema jurídico burguês. Ressalto aqui a importância do historiador francês, da Escola dos Annales, Marc Ferro para o uso do cinema como fonte de estudo da História sua obra Cinema e História de, 1992, tornou-se referencia nessa área. Do outro lado podemos exaltar a força da indústria estadunidense, mais precisamente hollywoodiana, que para (VALIM 2010) de certa maneira foi colocada a serviço do anticomunismo e ajudou a reforçar o estereótipo de "comunista comedor de criancinhas". Sendo assim, nos anos seguintes a segunda Guerra Mundial, os amantes da sétima arte ao buscar um simples entretenimento acabavam encontrando mensagens subliminares que tentavam mostrar as benesses e também a maldade que estavam de um lado e do outro da cortina de ferro. Essa é, segundo Ana Maria Mauad, a grande força do cinema como instrumento de persuasão, o poder de mostrar de forma lúdica e maniqueísta assuntos complexos e que requerem grandes discussões.
Para buscar um melhor entendimento sobre a forma que a indústria da sétima arte tratou o período da guerra fria será trabalhado o filme 'Cortina Rasgada', do cineasta inglês Alfred Hitchcock, realizado em 1966. Nesta obra o mestre do suspense mostra a estória de um cientista da Alemanha Ocidental que foge para o outro lado da cortina de ferro indo trabalhar em uma Universidade da antiga Alemanha Oriental, a partir desse fato, o diretor constrói todo um imaginário em torno do tema Guerra Frio e suas consequências. A divisão política e geográfica da Alemanha mostra como se desenvolveu de forma diferentes as ações políticas lideradas pelos EUA e URSS, e , segundo Rene Remomd:
De, um lado, no oeste, entra em vigor a lei fundamental que é a constituição da republica federal e eleições gerais no outono designam um chanceler: Adhenauer. De outro, no leste, numa replica formula-se a constituição da republica Democrática Alemã com suas instituições e governos próprios (1974. Pg. 79)
Desse modo estavam colocados, lado a lado, separados por um muro físico, dois sistemas ideológicos, que se dividiam mais intrinsecamente nos corações e mentes das pessoas, e que poderiam ser analisados, a luz do desenvolvimento econômico conseguido por cada um dos dois países, qual seria o melhor modelo de desenvolvimento adotado. Com a formação da RDA e RFA se tornando estados independentes, um de inspiração comunista e o outro adotando a ideologia capitalista.
2 . Guerra Fria: Guerra e Diplomacia
O período que se segue ao término da segunda Guerra Mundial vê surgir uma grande mudança na condução da diplomacia mundial. Pela primeira vez na história, segundo Hobsbawm (1994) a Europa não está no centro das principais decisões tomadas envolvendo a política internacional, doravante essas decisões ficarão restritas a apenas dois gabinetes de comando, no kremlin e na Casa Branca. Um dos motivos para tal mudança foi a da destruição colossal provocada pela Segunda Guerra Mundial.
Todos os principais países europeus foram arrastados para o confronto, e saíram arruinados economicamente, além da brutal perda de vidas humanas, chegando à casa da dezena de milhões. O ano de 1945 foi determinante para entender como se desenvolveu o relacionamento diplomático do pós-guerra. Reunidos em Londres EUA e URSS não chegam a um acordo sobre o espólio do pós-guerra, começava então o período que ficou conhecido como Guerra Fria, termo cunhado pelo jornalista estadunidense Walter Lipmann, em artigo escrito para a revista The New Republic, segundo a historiadora brasileira Dea Fenelon(1982).
A partir desse momento as relações diplomáticas entre as duas potencias vão ficando cada vez mais complicadas e começam a pipocar, em vários pontos do planeta, situações de confrontos . No inicio da década de 1950 surge o primeiro embate entre as duas potencias, a guerra da Coreia coloca cara a cara o poderio militar das duas nações. O fornecimento de armas, com grande poder de destruição, para o pais asiático provoca uma fuga em massa da população coreana para os países vizinhos, sobretudo a China. Neste episódio ficou claro a disposição das duas nações em não ceder espaço político e nem físico para o outro lado, a luta pela hegemonia no globo estava apenas começando.
Outro momento de grande excitação e expectativa foi a chamada crise dos mísseis, desencadeada a partir do momento em que a União Soviética resolveu instalar mísseis em cuba. A luta pelo poder na ilha caribenha se desenvolveu no fim da década de 1950, entre o grupo liderado por Fidel Castro e Che Guevara e o governo de Fulgêncio Batista, após a tomada do poder, Castro declara instalado o governo socialista, e busca apoio na União Soviética em uma clara demonstração de independência em relação aos EUA, vizinho e parceiro do governo de Batista. No ano de 1962 a URSS toma uma decisão política arriscada, instalando mísseis de longo alcance em Cuba. A reação dos EUA Foi imediata, com a aprovação do governo turco, instalou naquele território ogivas nucleares com poder para alcançar o território russo, tendo assim um modo mais fácil para negociar com os soviéticos a retirada dos mísseis instalados em cuba.
Esse processo de instalação de armas nucleares gerou uma grave crise diplomática que só foi resolvida através de intermináveis reuniões entre a cúpula do poder das duas potencias. Em sua trajetória de bilhões de anos, esse foi o período mais crítico para a existência da terra, nem mesmo em seus primórdios quando fora bombardeada por objetos vindos do espaço, como meteoros e asteroides, correu tanto risco devido ao poderio nuclear instalado sob o comando das duas superpotências. Por outro lado, toda essa potencia nuclear instalada, levou o historiador estadunidense David Tarr analisar de maneira diferente aquele período, as potencias partiram para a política da intimidação mutua o 'terror nuclear' de uma destruição em massa (1968). Ideia também compartilhada por Hobsbawm (1994) em que o velho historiador inglês, citando Hobbes, diz que "a guerra não é somente o período de batalha", mas todos os momentos que a antecede. Esses momentos aconteceram em maior e menor intensidade, durante o longo período de 1945-1990, ano que marca o fim do comunismo na URSS, e a queda do muro de Berlim.
3 O filme como construtor de estereótipos
Assistir a um filma ou outra obra artística requer sabedoria para entender, que os fatos ali expostos, tem ligações com o mundo real, um bom exemplo disso é a ópera As bodas de Fígaro, do genial compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, onde o autor faz uma dura crítica ao modo de vida da nobreza decadente em plena ascensão da burguesia.
Posto isso, podemos notar que, no filme Cortina Rasgada, do grande diretor inglês Alfred Hitchcock, repete-se essa pratica o que nos leva a lembrar da conduta, proposta pelo historiador Marc Ferro (1992), de que quem analisa uma película tem que levar em consideração todo o contexto da época de sua realização. O filme, realizado em pleno auge da Guerra Fria, mostra como se dava a relação diplomática e também do cidadão comum na divisa das duas Alemanhas.
Desse modo autor faz uma a caracterização dos personagens comunistas e capitalistas colocando-os em lado opostos não somente no que tange ao aspecto ideológico mas também em suas atitudes, numa separação do tipo o joio e o trigo, sendo este segundo os capitalistas e evidentemente os representantes do kremlin sendo mostrados como o joio da história. Gormek, guarda costas vivido pelo ator Wolfgang Kieling, esta sempre volta com saudosismo do tempo em que morava em Nova York. Com esse comportamento o personagem deixa transparecer que a vida nos Estados Unidos da América era melhor do que aquela que ele leva em seu próprio país.
Outro ponto de observância é o comportamento dos cidadãos comuns, do outro lado da cortina de ferro, ele se constitui em muitos momentos como sendo um braço do governo para alcançar o inimigo comum abraçando a ideologia e sendo parte ativa na reprodução do sistema totalitário , pelo menos nesse inicio de fortalecimento das relações URSS e RDA, segundo Mary Fullbrock, (2009) isso fica evidente quando um simples taxista se interesse pelo paradeiro do guardas costa do professor Armstrong indo até a policia para falar que sabia do seu paradeiro. Em outra cena, enquanto executa os seus passos de dança, uma bailarina consegue reconhecer o casal, quando estes se preparam para a fuga para a Alemanha Ocidental. Portando fica claro que as atividades repressoras contra o que vem de fora só é possível, em um sistema político fechado, quando ele conta com a cumplicidade dos cidadãos comuns. Aquilo que Remnod (1974) chama de "estado monopolizado pelo proletariado"
Neste ponto fica claro como se dava a relação na fronteira dos dois países divididos por imposição política dos vencedores da guerra, segundo Rene Remond (1974). Ainda, segundo Remond, a divisão da Alemanha começou em 1949 instituindo duas instituições políticas que segundo Remond (1974, p. ???).
De, um lado, no oeste, entra em vigor a lei fundamental que é a constituição da republica federal e eleições gerais no outono designam um chanceler : Adhenauer. De outro, no leste, numa replica formula-se a constituição da republica Democrática Alemã com suas instituições e governos próprios.
Desse modo estava colocado, lado a lado, divididos por um muro físico, dois sistemas ideológicos, que se dividiam mais intrinsecamente nos corações e mentes das pessoas, e que poderiam ser analisados, a luz do desenvolvimento econômico conseguido por cada um dos dois países, qual seria o melhor modelo de desenvolvimento adotado. Com a formação da RDA e RFA se tornando estados independentes, um socialista sob controle da URSS e o outro capitalista sob controle dos aliados.
Outro ponto a Sr analisado através do filme refere-se a credulidade de um estado em receber um membro, vindo de um pais considerado inimigo, dotado de grande conhecimento, para entrar em suas fileiras sem passar por uma adequada averiguação. Um episódio de tal magnitude abalaria com certeza a relação já pouco amistosa envolvendo as duas superpotências.
Os acontecimentos envolvendo a guerra fria e a disputa pela hegemonia no globo, entre Estados Unidos, de um lado, e União Soviética do outro é exemplar para demonstrar, segundo Hobsbawn (1994) o declínio político e econômico da Europa, pela primeira vês na história, ficando a margem das resoluções que definiam os destinos da humanidade.
4 Cinema e Politica
No decorrer do século XX a humanidade viu surgir confrontos bélicos que resultaram na morte de milhões de pessoas e deixaram marcas profundas, Logo no começo do século, mais precisamente na segunda década, explode a primeira Guerra mundial, confronto físico que é reflexo do posicionamento político dos principais países europeus desse período, segundo Marc Ferro (1990), em sua obra A Grande Guerra, o autor diz que a imprensa teve participação fundamental no açodamento da relação entre Alemanha e Inglaterra através da repercussão, de certo modo exagerada, das declarações dos diplomatas de ambas as nações.
O inevitável choque bélico tem inicio no ano de 1914 durando até 1918, seu resultado foi desastroso para a humanidade nas palavras do historiador inglês Eric Hobsbawm (1995), o mundo não conhecera, até aquele momento algo tão destruidor de vidas humanas. Mais adiante o mundo conheceria uma nova ideologia, que iria destruir milhões de vidas em defesa de uma suposta superioridade racial, o movimento fascista que começou na Itália na década de 1920 e teve seu pior momento nas mãos de Adolf Hitler.
Passados esses momentos obscuros da humanidade, com os vencedores tomando as rédeas da condução do processo político-diplomatico, surge uma nova forma de guerra, onde as bombas entram, não com o poder de destruição material, mas sim com o intuito de ganhar no campo psicológico; a guerra fria. Seu desenvolvimento, como descrito anteriormente se deu muito no campo da propaganda e entre os veículos usados tem certo destaque o cinema através de vários filmes construídos com esse interesse.
Desse modo, segundo Busko Valim (2005) , 'alguns filmes procuram induzir aos indivíduos a identificarem-se com suas ideologias, as posições sociais e políticas dominantes'. Neste contexto o filme Cortina Rasgada (1966), de Alfred Hitchcock, pode ser visto como uma obra onde a construção da memória histórica dos personagens nos leva a ter uma visão maniqueísta da história, ou seja há os bons de um lado o os maus do outro lado.
O espectador é levado por uma aparente normalidade de ações, porém aos poucos, a obra vai tomando contornos de propaganda em defesa de um sistema político. Hitchcock, mostrando todo o seu talento como realizador, utiliza-se de certos aspectos para marcar as diferenças entre um lado e outro para Souza (2002), a mudança no tom de cor mostrado na tela, entre a Berlim Ocidental, mais colorida, e a Oriental em cores cinza, induz ao pensamento de rigidez, falta de liberdade. As referencias ao comunismo estão em alguns detalhes sutis, como na aparição de objetos de cor vermelho, além também da imagem em quadros ou estatua de Marx. Esse é o aspecto mais visível da película, há também o ingrediente psicológico a influenciar o espectador ao redor do mundo fora da realidade hollywoodiana no mundo real, pois segundo Thompson(1985) aquele período de divisão não havia meio termo ou estava-se de um lado ou de outro.
A maior prova de que o período da guerra fria foi de fato um momento singular da História foi a chamada caça as bruxas, ao fim dos anos de 1940 e inicio da década de 1950, empreendida pelo senado estadunidense, comandado pelo senador Joseph McCarthy, onde o anticomunismo fica evidente ao ser censurada algumas obras e também a expulsão de alguns cineasta, exemplo de Charles Chaplin, por suposta apologia ao sistema político de Moscou. A nação que se orgulha do direito de liberdade agindo, do suposto modo, dos seus inimigos. Além é claro da perda de credibilidade de sua maior fonte de criação, o cinema de Hollywood.
Outro ponto explorado pelo cinema estadunidense foi a introdução de personagens vindos de países periféricos, dois desses personagens foram importados do Brasil, Zé Carioca e Carmem Miranda. Uma leitura possível desses personagens é de que eles falam mais do pensamento de quem os criou do que quem eles realmente representam. O Carioca criada para o cinema representa o pensamento estadunidense da época sobre o povo brasileiro de modo geral, preguiçoso que vive de pequenos golpes. Já Carmem Miranda, ainda que portuguesa, representa o estereótipo de mulheres brasileiras e sua dança como representante única da cultura popular brasileira, ignorando outras manifestações culturais, típicas de países que receberam pessoas de várias partes do mundo.
5 Conclusão
Este estudo discutiu de modo geral a realização cinematográfica enquanto geradora e divulgadora de ideologias. Esse é um tema bastante controverso, desse modo os fatos e o filme aqui analisados mostram um enfoque particular e um ponto de vista próprio, sabendo também que a analise tem por essência a subjetividade devido ao fato de que o objeto de pesquisa está inserido em um contexto histórico diferente do período em que foi feita a devida leitura de seu conteúdo.
Porém é claro a preocupação da principal potencia produtora de conteúdos voltados ao entretenimento a defesa de seu modo de vida do capitalismo e da suposta democracia liberal. Ao se deparar com uma rival que poderia colocar em xeque esses sistemas o enfrentamento foi inevitável e se espalhou pelo globo através de embates, não de forma direta , mas de modo indireto através do fortalecimento de relações diplomáticas e políticas e do uso da cultura como fonte de aliciamento de países subalternos aos princípios estadunidenses. O uso da diplomacia foi feito de maneira frenética, buscando a todo custo levar vantagens sobre o seu oponente. O convencimento se dava através de varias maneiras, financeiro, bélico e cultural. Este ultimo consistia em levar aos mais diferentes e longínquos lugares trupes de astros e estrelas para serem apreciados por plateias das mais diferentes matizes culturais. A aparição de astros , que na tela encarnava a luta contra o mal comunista, fortalecia o sentimento anticomunista proposto para o período.
Ao longo do desenvolvimento deste trabalho ficou constatado a influencia e a articulação do cinema produzido nos Estados Unidos em prol de uma unidade de pensamento para colocar em evidencia sua luta contra o mal vermelho e tudo de ruim que o mesmo representava para aquela sociedade. Ao abraçar tal causa a obra imagética lança-se em um obscuro labirinto de difícil observação, pois além do conhecimento sobre a técnica cinematográfica, o espectador necessita de um conhecimento histórico para poder fazer a devida contextualização dos fatos apresentados na tela para que, desse modo, o cinéfilo tenha a compreensão exata de que naquela projeção esta uma parte da história e não a verdadeira história.







* Graduada (o) em História pela UEM Faculdade/Universidade. Pós-graduanda (o) em Educação Profissional e de Jovens e Adultos pelo Instituto Paranaense de Ensino e Faculdade de Tecnologia América do Sul. Endereço eletrônico: geraldomosna@yahoo. com. br.

1

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.