Homenageada, Dorrit considera a Abraji um embrião do jornalismo moderno

June 20, 2017 | Autor: Danielle Denny | Categoria: Journalism
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Homenageada, Dorrit considera a Abraji um embrião do jornalismo moderno
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Fernando Rodrigues, Dorrit Harazim e Rosental Calmon Alves na abertura do 5º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo

Texto: Clara Roman (2º ano ECA-USP), Danielle Denny (1º ano – Mackenzie), Leandro Melito (coordenação da cobertura) e Mayara Baggio (3º ano – Universidade Metodista de São Paulo) / Foto: Leandro Melito

A jornalista Dorrit Harazim foi a homenageada na abertura do 5º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo na noite da quinta-feira, dia 29 de julho, no campus da Vila Olímpia da universidade Anhembi Morumbi. Ela, que participou da fundação da revista Piauí, deixou de ir a uma reunião de fechamento no Rio de Janeiro para estar presente na cerimônia. Dorrit considera a Abraji "um embrião do jornalismo moderno, que engloba outra visão, mais duradoura".
Além de Dorrit, compunham a mesa o diretor do Centro Knight para Jornalismo nas Américas da Universidade do Texas, Rosental Calmon Alves, o presidente da Abraji, Fernando Rodrigues, e o coordenador do curso de jornalismo da Anhembi Morumbi, Nivaldo Ferraz. O mestre de cerimônias do evento foi o diretor da Abraji Plínio Bortolotti.
O congresso foi estruturado nos moldes do realizado pelo IRE – Investigative Reporters and Editors – com atividades simultâneas. Da mesma forma que a Abraji, que começou a se estruturar após a morte de Tim Lopes, o IRE surgiu após a perda de um jornalista e é uma das referências para a entidade brasileira.
Pessoas de quase todos os estados participam do congresso, com exceção do Amapá e Maranhão. José Roberto de Toledo, ex-coordenador de cursos da Abraji, avalia essa reunião como um dos principais pontos do congresso, pois possibilita o compartilhamento de informações em caráter nacional.
"Trata-se de uma reunião prática, a ideia é falar sobre um jornalismo das coisas não óbvias, que fogem das versões oficiais e do press release", diz Rosental Calmon Alves. Ele considera o Congresso, que ocorre em ambiente acadêmico, uma importante iniciativa junto às universidades. "O fato de o jornalismo investigativo não estar pautado como uma disciplina não significa que professores e alunos não estejam preocupados com o tema", ressalta.
O objetivo da Abraji é estimular a colaboração entre os jornalistas e promover o direito de acesso à informação pública a profissionais da área e cidadãos, explica Fernando Rodrigues. Atualmente, no Brasil, os documentos públicos podem ser mantidos em sigilo eternamente. A proposta é promover uma mudança para que o país "deixe de ser uma democracia atrasada", diz Toledo.
Dorrit Harazim, a repórter homenageada
"Repórter é a melhor palavra para denominar Dorrit", diz Rosental Calmon Alves. Apesar de editora e revisora, em seus 40 anos de profissão, ela nunca perdeu o olhar curioso e investigativo. Zuenir Ventura prestou sua homenagem a ela por escrito, em declaração lida por Fernando Rodrigues: "ela é minimalista, eu sou superlativo; ela é lide, eu sou nariz de cera" ele inicia. E encerra com uma frase que, em sua opinião, seria certamente suprimida em uma edição feita por Dorrit: "gosto demais dessa gringa, do que ela faz e de como escreve".
Otimista com relação ao jornalismo, ela não acredita em seu fim: "o termômetro da nossa eternidade na profissão é o grau de inquietação que os presidentes dos EUA têm em relação a vazamentos", diz. Dorrit considera a sorte um elemento importante em sua carreira, como estar no Chile no dia do golpe militar que derrubou Allende em 1973 e em Nova York no 11 de setembro de 2001.
Entre casos recentes de bom jornalismo que ela citou está a matéria realizada pelo repórter da Rolling Stone, que traçou um perfil do general McCrhystal e abalou a opinião da sociedade americana em relação à guerra do Afeganistão e ao Wikileaks, que conseguiu 92 mil documentos sobre o conflito e optou por mandá-los para três veículos: New York Times, Guardian e Spiegel, para edição e publicação simultânea em um trabalho que privilegiou o compartilhamento da informação e não a disputa pelo furo jornalístico.
Em sua longa experiência na cobertura de Olimpíadas, que começou na edição de Moscou, em 1980, ela acompanhou as inovações tecnológicas que hoje chegaram a um padrão equânime, de forma que o aparato técnico não é mais o grande diferencial. Isso faz com que o peso da cobertura seja estabelecido pelo talento do profissional.
Uma armadilha presente no jornalismo investigativo, segundo Dorrit, é o excesso de denuncismo. Uma vez que a administração é falha, pouco funcional e muito corrupta, jovens jornalistas acham que é necessário fazer denúncias e descobrir escândalos para alavancar suas carreiras. Na opinião de Dorrit, o que realmente faz o jornalismo é a apuração detalhada e aprofundada.
O 5º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi, com o patrocínio de Claro e Tetrapak, o apoio do Centro Cultural da Espanha em São Paulo, do Knight Center for Journalism in the Americas, do Open Society Institute, da Ogilvy, do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo e a parceria do Fórum de Acesso a Informações Públicas, do Centre for Investigative Journalism , da UNESCO e da OBORÉ.


https://congressoabraji2010.wordpress.com/2010/07/30/homenageada-dorrit-considera-a-abraji-um-embriao-do-jornalismo-moderno/

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