Hospitalidade, Mobilidade Corporativa, Viagens Corporativas e Globalização com foco em Expatriação

June 2, 2017 | Autor: Juliana Ottero | Categoria: Globalization, Corporate Mobility, Expatriation and Repatriation
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Hospitalidade, Mobilidade Corporativa, Viagens Corporativas e Globalização com foco em Expatriação.
Beatriz Chueco Perez
Anhembi Morumbi University, São Paulo, Brazil
[email protected]

Elizabeth Kyoko Wada
Anhembi Morumbi University, São Paulo, Brazil
[email protected]

Juliana Rossi Ottero
Anhembi Morumbi University, São Paulo, Brazil
[email protected]

A Globalização tem propiciado o aumento de mobilidade Humana entre as fronteiras e facilitado o interesse das empresas em fomentar a mobilidade corporativa. Essa pesquisa tem como objetivo principal relacionar a Hospitalidade, Mobilidade Corporativa, Viagens Corporativas, Globalização e Expatriação além de verificar o quão importante é a Hospitalidade em um processo de expatriação. Para isto foi realizado na primeira etapa um levantamento bibliográfico e na segunda etapa uma entrevista com observação participante. Os dados obtidos permitiram mostrar que a hospitalidade é um conceito que está relacionado com os processos de mobilidade humana bem sucedida.

Palavras-chave: Hospitalidade. Mobilidade Corporativa. Viagens Corporativas. Expatriação. Globalização.

Introdução

A mobilidade Corporativa vem crescendo nos últimos tempos, propiciada pela Globalização que facilita a troca rápida de comunicação, permite novos alcances tecnológicos e propicia intercâmbios de conhecimento. A economia global tem impulsionado os deslocamentos de profissionais com as mais diversas finalidades.
Ao efetuar diversas pesquisas em Hospitalidade, Mobilidade Corporativa, Viagens Corporativas, Globalização e Expatriação procurou-se identificar a relação entre eles e suas características principais. Os objetos acima estão interligados quando se trata da ida e vinda de pessoas com o intuito profissional de deslocamento. Como foco da relação de Hospitalidade para essa pesquisa foi determinado que o empregador tem o papel do anfitrião enquanto o empregado o papel do hóspede.
O estudo tem como objetivo principal interligar os objetos e relacioná-los com a mobilidade humana além de estudar a relação de Hospitalidade como principal estratégia da mobilidade corporativa no processo de expatriação.


Hospitalidade

Segundo Lashley (2004), a relação de hospitalidade tem por base a conexão entre o anfitrião e o hóspede e procura compreender que esta pode trazer benefícios entre os envolvidos. Lashley e Morrison (2004) afirmam que:

O entendimento mais amplo a respeito da hospitalidade sugere, em primeiro lugar, que esta é, fundamentalmente, o relacionamento construído entre anfitrião e hóspede. Para ser eficaz, é preciso que o hóspede sinta que o anfitrião está sendo hospitaleiro por sentimentos de generosidade, pelo desejo de agradar e por ver a ele, hóspede, enquanto indivíduo. (LASHLEY; MORRISON, 2004, p. 21)

Quando se refere a uma organização, compreende-se que se trata de um agrupamento de pessoas com objetivos específicos com ou não obtenção de lucro em um mercado determinado. Com esse contexto comercial, segundo Lashley (2004) é possível encontrar a hospitalidade, conforme indicado os três domínios no quadro abaixo:

Fonte: Lashley (2001, p.4), adaptado

No domínio social, identifica-se que a hospitalidade ocorre junto com impactos de forças sociais sobre a produção e consumo de alimentos, bebidas e acomodação. No domínio privado, é onde se considera o impacto do relacionamento anfitrião e hóspede. Já na hospitalidade comercial é quando a hospitalidade é tratada como atividade econômica. O ponto de intersecção entre os três domínios é o ponto chamado de gestão de experiência em hospitalidade e onde a mesma pode ser planejada.
Lynch, Molz, Mcintosh, Lugosi e Lashley (2011) sugerem que o controle social surge da ligação da hospitalidade e mobilidade. Hospitalidade relaciona padrões complexos de mobilidades físicos e virtuais refletindo sobre as mobilidades, imobilidades e amarrações das estruturas dos sistemas de estrutura e os padrões da vida económica e social. Hospitalidade tem com ponto focal a tratativa da mobilidade do visitante, o estrangeiro, o turista ou o requerente de asilo.
Com base no conceito de hospitalidade, dentro de uma organização se leva em consideração a relação entre as partes, onde uma necessita da outra se pode entender que há hospitalidade entre o empregador e o empregado, Camargo (2008) propõe que as relações de hospitalidade entre instituições não turísticas também podem existir, considerando que possui três alternativas dentro de sua cultura, o trabalho como o fato social, a hospitalidade nas relações das pessoas e atitudes hospitaleiras para hominização. Rejowski e Oliveira (2013) complementam Camargo e dizem que a hospitalidade pode estar presente em diversos contextos, não apenas em turismo, hotelaria e hospitais.

Mobilidade Corporativa e Viagens Corporativas

Mobilidade humana é o processo de ir e vir envolvendo o conjunto de recursos necessários para ocorrer, assim afirmam Ferreira e Wada (2011) e complementam que a mobilidade pode ser aplicada em diferentes formas, como física, social e no trabalho. Para o foco em questão, destaca-se a mobilidade baseada no trabalho e a estratégia envolvida para remoção de barreiras geográficas para crescimento, envolvendo o individuo no processo da mobilidade física e social com interesse capitalista. Ainda com Ferreira e Wada (2011) para uma organização, os pontos a serem tratados na mobilidade corporativa é a relação entre anfitrião e hóspede que envolve esse processo e o cuidado que a empresa precisa ter com seu empregado quando o coloca nesse meio da mobilidade.
Referindo se a viagens de corporativas, Beaverstock, Derudder, Faulconbridge, Witlox (2009) sugerem que podem ser interpretadas como um conjunto de práticas e processos relacionados, não apenas voltado para economia global, mas também para cultura, comportamento e até mesmo ao lazer. As motivações que podem estimular as viagens corporativas iniciam-se com a intenção de participar de reuniões, treinamentos, visitas a clientes, fechamentos de negócios e comparecimento em feiras e conferências.


Expatriação e Globalização

De acordo com Rosal (2015) houve nos últimos tempos avanços tecnológicos intensificando a competitividade entre as organizações globalizando a economia, incentivando as empresas a reagir com novas estratégias e ampliando seus mercados. McMillan e Rodrik (2011) propõem que a globalização facilita e contribui para uma produção mais eficiente. A maneira pela qual os países integram a economia mundial dependem das consequências da globalização. Armö (2013) sugere que a expatriação de funcionários é algo concreto e relacionado diretamente ao processo de globalização que facilita a troca de comunicação, os deslocamentos de pessoas e o interesse econômico das organizações. Ayari-Gharbi, Besson, e Mamlouk, (2014) complementam que as mudanças de mercado no trabalho mundial propiciam novas formas de mobilidade e expatriados. A decisão de expatriação é feita não só pela organização, mas pelo interesse pessoal do empregado.
Com base em Araujo, Teixeira, Cruz e Malini (2012), o processo da expatriação tornou-se frequente no mundo corporativo. É uma prática extremamente comum nas empresas multinacionais nos últimos tempos, que em busca de profissionais capacitados procuram fomentar a ida e vinda de pessoas, além de visarem uma expansão global objetivando à criação e manutenção de vantagem competitiva. Para Gallon, Scheffer, Bittencourt e Gallon (2014) a expatriação beneficia tanto a empresa quanto o empregado. O desenvolvimento de liderança, expansão do mercado, solução de problemas e desenvolvimento da organização são algumas das vantagens para a companhia, e para o empregado, a busca da realização profissional além da possibilidade de contato com novas culturas.
Segundo Araujo, Teixeira, Cruz e Malini (2012), apoiados por Lee E Van Vorst (2010) nomeia- se adaptação transcultural como a facilidade ou a dificuldade da mudança que as pessoas enfrentam diante dos novos desafios da vida pessoal e profissional. Rosal (2015) sustentada por Cardoso (2008) corrobora que o ajustamento cultural é um dos maiores desafios que as empresas possuem quanto a expatriação. Por esse motivo os Recursos Humanos da empresa tem papel fundamental no processo desde o recrutamento até o acompanhamento do expatriado no seu novo desafio. Assim Rosal (2015) afirma:

As dimensões do ajustamento intercultural no país anfitrião sofrem influência de outros elementos, como a percepção adequada do novo ambiente cultural, o grau de autonomia que o expatriado encontrará para realizar seu trabalho, o ajustamento da família, principalmente do cônjuge, e a logística oferecida pela empresa ao executivo recém-chegado. (ROSAL, 2015, p. 126).

Muitos são os fatores que influenciam a estada do expatriado no seu novo destino, desde o ambiente profissional quanto as mudanças em sua vida pessoal. Expatriados bem adaptados geralmente são abertos a novas experiências e tem mais facilidade de ajustarem-se aos novos desafios.

Como a Hospitalidade, viagens corporativas e mobilidade corporativa aqui estabelecidas podem se relacionar ao processo de expatriação.

Com base em Sousa e Simões (2010) o turismo possui influencia em fatores sociais, econômicos e espaciais e inclui um conjunto de atividades impactando serviços, produtos e agentes econômicos e sociais. O turismo movimenta milhões de pessoas pelo mundo e possui grande impacto na movimentação da economia global. Kuvan, 2010, diz:

It is widely accepted that tourism is among the world's fastest growing and largest industries on the basis of its economic benefits. Undoubtedly, the growth in international tourist arrivals and receipts will continue in the future. Many developing countries have seen tourism as the major source of foreign exchange earnings. (Kuvan, 2010, p. 155)

Beaverstock, Derudder, Faulconbridge, Witlox (2009) mencionam que a mobilidade tornou-se importante para quebra de barreiras geográficas e sociológicas, principalmente quando se relaciona à globalização, por causa das crescentes formas de mobilidade que definem as vidas de muitos trabalhadores. O cuidado com a mobilidade de seu empregado, considerado como o hóspede no processo da hospitalidade, pode ser um efeito da cultura organizacional da empresa e oriundo de politicas de viagens corporativas. Para Jones (2013) é possível interpretar que as viagens corporativas impulsionam a mobilidade corporativa apoiando-se nas influencias da economia e da globalização. Até um dado momento, viagens corporativas eram consideradas apenas quando o funcionário era expatriado, porém atualmente essas viagens englobam muito mais atividades.
Holland e Martin (2015) sugerem que as formas de relações sociais e espaciais são possibilitadas pela globalização, tecnologia e mobilidade. A hospitalidade influencia como fenômeno social a migração e a reestruturação urbana. Em ambos os casos é possível com a hospitalidade compreender a sociedade e suas relações.
Para a análise da relação da hospitalidade com o processo de expatriação foi utilizado uma empresa do ramo de Seguros, com sede na Itália e filial na cidade do Rio de Janeiro com aproximadamente 800 funcionários. Para esse case foram analisadas as respostas de um expatriado com o cargo de gerente financeiro. O mesmo ao responder as perguntas voltadas ao seu processo de expatriação e o conceito de hospitalidade informou que: "Não tinha processo. Deveria ter um processo. Por exemplo, faltou ajuda com idioma... tinha o problema de comunicação e também ninguém se preocupou com nada." Com relação a sua adaptação no Brasil, respondeu: "mais dificuldade com o trabalho por causa da cultura e mentalidade das pessoas... fora do trabalho não foi difícil porque o povo carioca é muito acolhedor." Foi constatado que o empregado não teve um processo de expatriação bem definido e que o novo idioma interfere muito na mudança de um país para o outro e na adaptação local. Foi possível também verificar a importância do acolhimento fora do local de trabalho.

Metodologia

Como metodologia, foi adotada uma investigação empírica, de caráter exploratório e desenvolvida por meio de levantamento bibliográfico na primeira etapa e na segunda etapa utilizou-se a observação participante de um expatriado de uma empresa do segmento de Seguros, que optou por manter seu anonimato e da empresa. Essa observação participante ocorreu por meio de uma entrevista com finalidade de verificar a relação da Hospitalidade entre uma empresa e seu expatriado e suas implicações.

Considerações Finais

O estudo objetivou compreender a relação da hospitalidade, viagens corporativas, mobilidade corporativa, globalização e expatriação. Foi constatado pelo levantamento bibliográfico que os objetos estão interligados dentro de um mesmo segmento. A partir da entrevista com o expatriado selecionado, verificou-se que a hospitalidade pode interferir no processo de expatriação bem sucedido, porém na empresa do entrevistado não há utilização da hospitalidade no processo o que impactou negativamente em sua adaptação profissional. As autoras recomendam que essa pesquisa preliminar deva ser continuada para melhores constatações da relação da hospitalidade dentro de um processo de expatriação.



REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Camargo, Luiz Octávio de Lima. "A pesquisa em hospitalidade." Revista Hospitalidade 5. (2008). p.15-51.
LASHLEY, C. & MORRISON, A. (2004) Em busca da hospitalidade-perspectiva para um mundo globalizado. Barueri, SP: Editora Manole, 2004.

DE OLIVEIRA, Anderson Rodrigo, REJOWSKI, Mirian. Hospitalidade nas organizações: produção científica como indicador de um novo segmento de mercado em ascensão. TURyDES. p. 6-15. Dez 2013.

FERREIRA, Ricardo S.; WADA Elizabeth K. Corporate Mobility in Latin America : a guide to having a best-in-class travel program in the region. São Paulo: Aleph, 2011.

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JONES, Andrew. (2013), "Conceptualising business mobilities: Towards an analytical framework". en: Research in Transportation Business and Management, Volume 9, Elsevier, p. 58–66.

McMillan, M. S., & Rodrik, D. (2011). Globalization, structural change and productivity growth (No. w17143). National Bureau of Economic Research.

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Disponível em:

GONZÁLEZ, Juan; OLIVEIRA, José (2011). Os efeitos da expatriação sobre a identidade: estudo de caso. Cad. EBAPE.BR, v. 9, nº 4, artigo 10, Rio de Janeiro, Dez. 2011 p. 1123-1135

ROSAL, Anna (2015). Gestão de Recursos Humanos Internacional e o Ajustamento Intercultural do Executivo Expatriado. Psic. Rev. São Paulo, volume 24, n.1, 121-141, 2015

Ayari-Gharbi, A., Besson, D., & Mamlouk, Z. B. A. (2014). Management of individual expatriation: Case of the academics expatriates in France.International Journal of Innovation and Applied Studies, 9(1).

ROSAL, Anna (2015). Gestão de Recursos Humanos Internacional e o Ajustamento Intercultural do Executivo Expatriado. Psic. Rev. São Paulo, volume 24, n.1, 121-141, 2015

Armö, J. (2013). Expatriation and careers in global organisations: How can we understand expatriate employees' experience of international assignment in the context of globalisation?.

Lynch, P., Molz, J. G., Mcintosh, A., Lugosi, P., & Lashley, C. (2011). Theorizing hospitality. Hospitality & Society, 1(1), 3-24.

Holland, C., & Martin, E. (2015). Lifestyle migration and work choices.Hospitality & Society, 5(1), 23-42.
Sousa, Bruno, and Cláudia Simões. "Comportamento e perfil do consumidor de turismo de nichos." Tékhne-Revista de Estudos Politécnicos p. 137-146. (2010).

Kuvan, Y. (2010). Mass tourism development and deforestation in Turkey.Anatolia, 21(1), 155-168.



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