IDENTIDADE E DESIGUALDADES SOCIAIS: O ETHOS DISCURSIVO COMO IMAGEM DE SI NA MÚSICA MINHA CASA

May 27, 2017 | Autor: Eliane Davila | Categoria: Ethos, Análise do Discurso, Identidades
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IDENTIDADE E DESIGUALDADES SOCIAIS: O ETHOS DISCURSIVO COMO IMAGEM DE SI NA MÚSICA MINHA CASA Eliane Davila dos Santos (FEEVALE) 1 Resumo: Na dinâmica do mundo contemporâneo, no qual a revolução tecnológica, as desigualdades sociais e a globalização estão em evidência, emerge a necessidade de discussões a respeito dos aspectos identitários com base na análise do discurso, uma vez que a linguagem é a essência da construção coletiva e individual do sujeito. A voz muitas vezes silenciada do sujeito é atravessada por diversos campos discursivos da sociedade capitalista, tais como o da mídia, do ambiente de trabalho, da literatura, da política e permite reflexões paradoxais sobre a representação identitária desses sujeitos nesses contextos. Este estudo delimita-se à análise da imagem de si do sujeito contemporâneo que se integra a um espaço capitalista e globalizado, marcado pelas desigualdades sociais a partir da música Minha Casa do compositor Zeca Baleiro. O objetivo do trabalho é analisar as marcas discursivas que constroem as representações identitárias do sujeito contemporâneo na música Minha Casa por meio de cenografias enunciativas das quais se depreende o ethos discursivo como imagem de si. Para compor o estudos sobre os conceitos de representação identitária, utiliza-se os ensinamentos de Charaudeau (2015), Bakhtin (2000) e Bourdieu (1998); sobre desigualdade social em Bauman (2000, 2013), Castel (2008) e Santos (2008); sobre sociedade e sistema capitalista abarca-se conceitos de Arendt (2007) e Marx (1982). O marco teórico principal da análise discursiva é da escola francesa, em especial, de Maingueneau (1997, 2008) e Charaudeau (2008, 2009). A metodologia utilizada configura-se por uma pesquisa exploratória com abordagem qualitativa. A análise discursiva realizada direciona a resultados que mostram representações identitárias dos sujeitos contemporâneos apoiadas em cenografias enunciativas que auxiliam na compreensão das marcas discursivas da letra da música Minha Casa, objeto deste estudo. Essas pistas revelam traços identitários do sujeito contemporâneo que tem sua voz, muitas vezes, omitida, mas que permanece ressoando nos fios discursivos da trama das desigualdades sociais que se entrelaçam no cotidiano. Palavras-chave: Desigualdade social. Identidade. Discurso. Considerações Iniciais O espaço destinado às reflexões sobre as representações identitárias em sociedades capitalistas 2 e às questões das desigualdades sociais ainda são tratadas com distanciamento, 1

Doutoranda e Mestre em Processos e Manifestações Culturais; E-mail: [email protected]. Currículo Lattes; http://lattes.cnpq.br/7340135294368513. 2 Neste estudo privilegia-se a sociedade capitalista por questões de contexto social no qual a letra foi elaborada, embora se admita que em outros regimes sociais também existam problemas relativos a desigualdades sociais, além de silenciamento de vozes.

1 Anais do IV Simpósio Internacional sobre Análise do Discurso: Discursos e Desigualdades Sociais. Belo Horizonte: NAD/FALE/UFMG, 2016. ISBN: 978-85-7758-301-0.

compactuando para que as vozes dos sujeitos contemporâneos fiquem silenciadas, em nossa sociedade. Paradoxalmente, essas considerações cruzam nossas relações sociais, discursivas e linguageiras, o que possibilita, por meio dos diversos discursos que circulam na contemporaneidade, a reflexão da representação desse sujeito nesse contexto. Este estudo delimita-se à análise da imagem de si do sujeito contemporâneo que se integra a um espaço capitalista e globalizado, marcado pelas desigualdades sociais a partir da música Minha Casa (YOUTUBE) do compositor Zeca Baleiro. Insere-se na linha de pesquisa Linguagem e Processos Comunicacionais e justifica-se pela relevância da valorização da interdisciplinaridade na realização do estudo, a fim de fornecer ao pesquisador e, consequentemente, ao leitor, possibilidades múltiplas de conexões entre os assuntos abordados. Como questão norteadora desta pesquisa as marcas textuais presentes nos discursos da sociedade mostram representações identitárias do sujeito contemporâneo do qual alcançam o ethos discursivo – como imagem de si – por meio de cenografias enunciativas. O objetivo do trabalho é analisar as marcas discursivas que constroem as representações identitárias do sujeito contemporâneo na música Minha Casa por meio de cenografias enunciativas das quais se depreende o ethos discursivo como imagem de si. A escolha da música Minha Casa, de Zeca Baleiro, deu-se em função da materialidade discursiva de sua letra. Acredita-se que ela apresente pistas discursivas que abarcam o cumprimento do objetivo do estudo. Para compor os estudos sobre os conceitos de representação identitária, utilizam-se os ensinamentos de Charaudeau (2015), Bakhtin (2000) e Bourdieu (1998); sobre desigualdade social com base em Bauman (2000, 2013), Castel (2008) e Santos (2008); sobre sociedade e sistema capitalista abarcam-se conceitos de Arendt (2007) e Marx (1982). O marco teórico principal da análise discursiva é da escola francesa, em especial, de Maingueneau (1997, 2008) e Charaudeau (2008, 2009). Quanto à metodologia do estudo, trata-se de uma pesquisa aplicada com abordagem qualitativa; possui enfoque exploratório e é analisado mediante um estudo de caso. A análise discursiva realizada direciona a resultados que mostram representações identitárias dos sujeitos contemporâneos, apoiadas em cenografias enunciativas que auxiliam na compreensão das marcas discursivas da letra da música Minha Casa, objeto deste estudo. Essas pistas sugerem traços identitários do sujeito contemporâneo que tem sua voz, muitas

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vezes omitida, mas que permanece ressoando nos fios discursivos da trama das desigualdades sociais que se entrelaçam no cotidiano. Para melhor organização da pesquisa, as seções estão assim dispostas: a primeira delas trata das questões sobre representação identitária. Na seção seguinte, mencionam-se as questões sobre a desigualdade social e o sistema capitalista. Após, fala-se sobre o ethos discursivo. Segue-se com a apresentação das questões metodológicas e, em seguida, com a seção de análise de resultados do estudo de caso. Ao final, faz-se uma seção de síntese das análises.

Um olhar dinâmico sobre as questões das representações identitárias Dialogar sobre a questão da representação não é tarefa fácil. Embora seja um dos conceitos mais complexos da atualidade, todos os indivíduos, por meio de processos mentais, estão constantemente fazendo representações em suas atividades do cotidiano. Usando conceitos de Bourdieu (2002) é possível dizer que as representações são elaborações da sociedade. São visões do mundo a partir de um contexto de grupo e, ainda ressalta o autor que, ao falar em campo social, há sempre uma luta por representações e os diferentes grupos, por meio da própria representação. Bourdieu (2002) e Chartier (2002) convergem quando apontam que as representações estão localizadas no tempo e são elaboradas pelos indivíduos e seus grupos. Esses grupos, de alguma forma, forjam uma realidade social que pode ser construída para obedecer ou para dominar. Eis o jogo do discurso sendo apresentado em meio à sociedade. Conforme Chartier (1991), as representações estão conectadas à ordem social do indivíduo e são construídas ao longo do tempo. Pode-se dizer que a representação é uma estratégia de classe, em que cada grupo elabora a realidade à sua maneira. Bourdieu (2011) esclarece, também, que as representações que o indivíduo tem de si e a representação que ele vê nos outros, são percebidas pelos estilos de vida que cada um tem. Na contemporaneidade, segundo Hall (2006), os sujeitos estão se modificando constantemente e a identidade, que antes parecia estável e única, agora está fragmentada. Pode-se dizer que somos compostos não de uma identidade, mas de muitas identidades. A identidade pós-moderna torna-se uma “celebração móvel” em que o sujeito é transformado continuamente em relação à maneira como é representado e abordado pelos padrões culturais que o envolvem. 3

A identidade social é representada pelo que cada grupo revela de si e o que percebe do outro. Contribuindo com o tema, Bourdieu (1994), formula o conceito de habitus como uma fonte de representações e fruto de circunstâncias concretas. Isso significa dizer que o habitus permite interpretações que vão além de um elo entre práticas e representações. O habitus origina e faz com que práticas e representações aconteçam e se manifestem. Habitus é determinado por: Sistema de disposições duráveis, estruturadas predispostas a funcionar como estruturas estruturantes, isto é, como princípio gerador e estruturador das práticas e das representações que podem ser objetivamente ‘regulamentadas’ e ‘reguladas’ sem ser o produto de obediência a regras, objetivamente adaptadas a seu fim, sem supor a intenção consciente dos fins e o domínio expresso das operações necessárias para atingi-los e coletivamente orquestradas, sem ser o produto da ação organizadora de um regente. (BOURDIEU, 1994, p.61).

A representação abrange modelos que circulam na sociedade e que são repassados pelas tradições e por todos os setores da vida humana. A questão da representação não está dissociada do passado, pois as representações construídas não estão isentas do que já foi vivenciado. Quando algo causa estranhamento, o que se percebe é que essa representação está alicerçada em pré-conceitos que foram construídos durante a trajetória de vida. A tomada de consciência do sujeito, que se constrói a partir de uma identidade discursiva, no entanto, nada seria sem uma identidade social a partir da qual se constitui. Com isso, as identidades estão associadas e é pela combinação dessas que se constrói o poder da influência do sujeito falante. A identidade social é, em parte, determinada pela situação de comunicação, ela responde à pergunta (quando o sujeito falante toma a palavra): estou aqui para dizer o quê, imaginando o status e o papel que me é conferido por esta situação? (CHARAUDEAU, 2015). Ao pensar na identidade discursiva, trabalha-se para responder à seguinte questão: estou aqui para falar como? A identidade discursiva leva em consideração duas estratégias: a credibilidade e a captação. A tríade do eu 3 apresentada por Bakthin (2000) é fundamental para a compreensão da subjetividade, ou melhor, a construção das identidades se dá pela interação com o outro, ou seja, a alteridade auxilia na composição do eu, por meio do que é exterior, aquilo que está fora ou o excedente. O princípio da alteridade se legitima na identidade do “Eu”, levando em consideração a relação com o Outro, que se apresenta em situação de 3

“A alteridade: ‘eu-para-o-outro’ e ‘o-outro-para-mim’. A categoria ‘eu-para-o-outro’ se refere a como o outro me vê, como pareço aos olhos do outro. Inversamente, ‘o-outro-para-mim’ se relaciona a como percebo o outro, como o outro que está fora de mim é apreendido pelo seu eu”. (FREITAS, 2013, p. 191).

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diferença. É pelo olhar dos outros que somos demarcados na sociedade. Nossa roupa, nossa linguagem, nossa maneira de ser anuncia nossa adesão a uma categoria, o que possibilita aos outros nos ordenar nessa ao naquela condição. (CHARAUDEAU, 2015). A representação, para Hall (1997), envolve a língua, as imagens, sinais, sons que representam o mundo para uma determinada cultura. É essa aproximação do sujeito com a linguagem que permite entender melhor a questão da representação. A partir do signo vaise formando símbolos que conduzem a um significado e, assim, à representação. A representação corresponde, portanto, às associações de sentido a determinado signo, o que é viabilizado, principalmente, por meio da linguagem (HALL, 1997). Sendo a representação um discurso, a identidade eclode a partir das ideias que são representadas pelos próprios discursos de uma cultura, pela forma como cada um é interpelado por esses discursos e como se admite a posição de sujeito frente à cultura. A identidade deve ser pensada a partir da representação, uma vez que ela vem unificada ao posicionamento do sujeito no interior das representações. Na seção seguinte direciona-se o olhar às questões das desigualdades sociais.

Desigualdade social: um constructo que se estabelece nas relações sociais A expressão modernidade líquida 4, definida por Bauman (2013), contribui para dar contorno à sociedade contemporânea e à possibilidade de se reinventar, ou seja, os significados sociais não são mais permanentes e universais: a “modernidade sólida” cede espaço à “modernidade líquida”. A solidez traz uma perspectiva de vida dotada de estabilidade. O termo “líquido” caracteriza o caráter das mudanças presentes no cotidiano. As inconsistências encontradas na vida familiar, nas amizades e na sociedade em geral dão relevo a uma época volátil e de relações humanas intangíveis. Bauman (2013) relata que a “modernidade líquida” é caracterizada pela aceleração do tempo, fragmentação dos espaços e um crescimento ardente do individualismo, pois ser contemporâneo significa estar em movimento. Não se resolve, necessariamente, estar em movimento – como não se revolve ser contemporâneo. O sujeito “é colocado em movimento ao ser lançado na espécie de um mundo dilacerado entre a beleza e a visão e a feiura da realidade .” (BAUMAN, 2000, p. 92). A modernidade líquida oferece ao sujeito social uma série de indagações sem respostas satisfatórias em um meio não estático e, cada 4

Período Pós-Moderno.

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vez mais, sem fronteiras delimitadas. A contemporaneidade modifica os laços de sociedade e a fragmentação identitária situa os sujeitos à espera de mercadorias para suprir o colapso que a pós-modernidade causa na vida humana. Percebe-se o quão relevante é a compreensão da diferença humana como possibilidade de engrandecimento do ser. A modernidade líquida (BAUMAN, 2013) contribui para que a desigualdade ocupe espaço dentro das

sociedades na

contemporaneidade. Não se percebe mais a diferença humana como uma fonte da expressão do ser. O sujeito pós-moderno se entrega aos diálogos com o “outro” e, desse contato, pelas relações de força e dominação, as desigualdades surgem originadas por juízos de valor. A partir das ideias de juízos de valor (superioridade ou inferioridade), os preconceitos e valorações sociais se cristalizam na sociedade. A perspectiva de valorização dos direitos humanos pode-se dizer que “as pessoas e os grupos sociais têm o direito a ser iguais quando a diferença os inferioriza e, o direito a ser diferente quando a desigualdade os descaracteriza”. (SANTOS, 2003, p.56). O autor promove reflexões mais complexas acerca da dignidade do ser humano na contemporaneidade. A relação paradoxal: como valorizar as diferenças e não prejudicar a igualdade de direitos? Como preservar a igualdade de direitos sem descaracterizar a individualidade do ser humano? Questões desse tipo, sinalizam uma “crise” identitária do sujeito contemporâneo. A pós-modernidade confere ao sujeito o direito de ser dono de seu destino e gestor individual em sua trajetória. Castell (2008) afirma em suas pesquisas que o processo de globalização, que marginaliza países inteiros, contribui para a formação de sociedades fragmentadas com mudanças de estruturação social tão drásticas quanto os princípios de câmbio econômicos e tecnológicos. Os processos econômicos fundamentam-se no princípio mercadológico das relações de trabalho, na contemporaneidade, em que o dinheiro se torna mercadoria. Pensar a esfera de circulação de mercadorias leva ao pensamento de Marx (1988, p. 196): “o verdadeiro paraíso dos direitos inatos do homem.” Nesse paraíso, reinam a liberdade e a igualdade, princípios da propriedade privada. Marx (2006) atesta a corrosão do ser humano quando o coloca na posição do trabalho que conduz à alienação 5, o que leva a sociedade à valorização dos bens, considera o ser humano como mera mercadoria, fazendo-o abdicar da condição de ação ou práxis (ARENDT, 2007). 5

Marx (2006) coloca a alienação do trabalho como uma consequência da mercantilização do ser humano.

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Amaral (2010), com base na visão marxista, comenta que o crescimento econômico do mercado está relacionado a dois processos de acumulação: de capital e de homens 6, ou seja, a ideia é de que o lucro e a força de trabalho são interdependentes, porém os homens tornam-se sujeitos ao capital e às práticas do sistema capitalista. O mercado oferece aos sujeitos a capacidade de praticar “a experiência 7” (AMARAL, 2010, p. 223), que possibilita a esses sujeitos a liberdade para intercambiar. Essa liberdade difundida pela sociedade capitalista dissemina as evidências de uma parceria entre as classes e assim mantém a ordem do capital. No capitalismo, as modernidades tecnológicas (CASTELLS, 2008) são utilizadas para potencializar as práticas da sociedade, em que o sujeito parece ser apenas uma peça da engrenagem produtiva capitalista (MARX, 1982). Na próxima seção, apresentam-se reflexões sobre o ethos discursivo como imagem de si. A construção do ethos discursivo: a imagem de si corporificada no discurso As manifestações culturais que norteiam a sociedade revelam a identidade do sujeito contemporâneo. A identidade é constituída por normas, valores, práticas e interesses que produzem a representação do sujeito na sociedade. Pode-se dizer que é esse papel que lhe dá a autoridade 8 para expor sua realidade social. O “discurso não é somente determinado conteúdo associado a uma dêixis e a um estatuto de enunciador e de destinatário, é também uma maneira de dizer específica, a que se chama de um modo de enunciação.” (MAINGUENEAU, 2008, p. 90). Do discurso depreende-se uma voz própria, conforme sugere Bakhtin (2000) 9, a relevância do tom em textos verbais de qualquer gênero. Assim, pode-se dizer que o discurso comporta um tom, oral ou escrito, o qual “se apoia sobre uma dupla figura do enunciador, a de um caráter e de uma corporalidade, estreitamente associadas.” (MAINGUENEAU, 2008, p. 92, grifo 6

O capital pode ser entendido como lucro e os homens são a força de trabalho. Conforme Marx (1988), pode se dizer que os trabalhadores são proprietários da força de trabalho e são necessários para a acumulação de riqueza (capital). 7 “As ideias da classe dominante são, em cada época, as ideias dominantes; isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade e, ao mesmo tempo, sua força espiritual dominante.” (MARX; ENGELS, 1986, p. 72). 8 “A autoridade é uma posição no processo de influência que dá ao sujeito o direito de submeter o outro com a aceitação deste: resulta, ao mesmo tempo, de um comportamento e de uma atribuição. A legitimidade remete ao Eu; a autoridade, à relação Eu-tu.” (CHARAUDEAU, 2006, p. 68, grifo do autor). 9 Correlaciona-se o conceito de tom de Maingueneau (2008b) ao conceito de entoação de Bakhtin (2000). Por intermédio da entoação, da cena enunciativa, percebe-se a junção entre o discurso verbal e o contexto extraverbal. Qualquer enunciado carrega uma entoação valorativa, um tom volitivo-emocional. Aquilo que não é dito na cena enunciativa ganha relevância apoiado ao conceito de entoação de Bakhtin (2000).

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do autor). O tom é compreendido como um valor social, ou seja, uma ênfase ou um sentido dado à palavra no contexto em que a enunciação é articulada e percebida por quem recebe a informação. O tom possibilita ao receptor do discurso elaborar “uma representação do corpo enunciador, fazendo emergir uma instância subjetiva que desempenha o papel de fiador 10 do que é dito.” (MAINGUENEAU, 2013, p. 98). A partir dessa ideia, “este é o tipo de fenômeno que, por desdobramento da retórica tradicional, pode se chamar de ethos: por meio da enunciação, revela-se a personalidade do enunciador.” (MAINGUENEAU, 2013, p. 97-98). Ao introduzir o conceito de incorporação, Maingueneau (2008) defende que o destinatário não é somente um consumidor de ideias, ou seja, ele anui com uma maneira de ser, ou seja, uma maneira de dizer. Assim, retoma-se o pensamento de Bourdieu (1998), que permite associar a linguagem como uma técnica do corpo, ou seja, o domínio linguístico, especialmente o fonológico, é uma dimensão do movimento corporal, na qual se exprime toda a relação com o mundo social. Quando se pensa em ethos discursivo, logo se vincula essa questão a resultados da interação de diversos fatores: ethos pré-discursivo (ethos prévio), ethos discursivo (ethos mostrado), mas também “os fragmentos do texto nos quais o enunciador evoca sua própria enunciação (ethos dito) – diretamente – “é um amigo que lhe fala” ou indiretamente, por meio de metáforas ou de alusões a outras cenas de fala, por exemplo.” (MAINGUENEAU, 2011, p. 18, grifo do autor). A diferença entre o ethos dito e o ethos mostrado se inscreve nos limites de uma linha; é muito difícil definir uma fronteira cristalina. O ethos efetivo resulta da interação entre as diversas esferas. Os enunciadores se manifestam por meio de uma preferência da língua em concordância com as coerções de cada gênero linguístico. Quando se fala em cena de enunciação, reforça-se a ideia de que ela acontece em um “espaço instituído, definido pelo gênero de discurso, mas também sobre a dimensão construtiva do discurso, que se “coloca em cena” e instaura seu próprio espaço de enunciação.” (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2012, p. 95). 10

O fiador é aquele que se revela no discurso. O ethos relaciona-se com a elaboração de uma corporalidade do enunciador por meio do tom lançado por ele no âmbito discursivo. O tom possibilita ao leitor construir, no texto escrito, uma representação subjetiva do corpo do enunciador, corpo este exposto não fisicamente, mas elaborado no âmbito da representação subjetiva. A imagem corporal do enunciador faz aparecer a feição do fiador, concebida aqui como aquela que deriva da representação do corpo do enunciador efetivo, construindose no âmbito do discurso, conforme Maingueneau (2013).

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Maingueneau (2013) propõe uma análise da instância da enunciação, distinguindo três cenas: a cena englobante, a cena genérica e a cenografia. A cena englobante é relacionada ao tipo de discurso: religioso, político, publicitário. A cena genérica é definida pelos gêneros de discurso. Cada gênero de discurso implica uma cena específica que impõe aos sujeitos interlocutores um modo de inscrição no espaço e no tempo, um suporte material, um modo de circulação, uma finalidade. Não é por meio desse quadro cênico que é relatado o

confronto dos sujeitos interlocutores, mas pela cenografia, que não é imposta pelo tipo de gênero de discurso, mas instituída pelo próprio discurso. A cenografia é, assim, ao mesmo tempo, aquilo de onde vem o discurso e aquilo que o discurso cria; ela legitima um enunciado que, em troca, deve legitimá-la. Essa cenografia da qual emerge a fala é, precisamente, a cenografia necessária para contar uma história, denunciar, entre outros. A cena de enunciação imposta pela cenografia de um discurso implica não somente uma figura de enunciador e, correlativamente, uma de coenunciador, mas também uma cronologia e uma topografia próprias de cada discurso. (MAINGUENEAU, 2013). Além da cena englobante, genérica e da cenografia, a cena enunciativa pode remeter a representações já instaladas na memória coletiva, ou seja, às cenas validadas. Maingueneau (2013, p. 102) faz a seguinte consideração quanto à cena validada: “se falamos em cena validada, e não de cenografia validada, é porque a cena validada não se caracteriza, propriamente, como discurso, mas como um estereótipo automatizado, descontextualizado, disponível para reinvestimentos em outros textos.” Podem-se considerar como cenas validadas a conversa em família, as praias com coqueiros, a empresa ideal para se trabalhar, as reuniões de trabalho para informar metas, etc. O ethos e a cenografia formam um sistema de enlaçamento (MAINGUENEUAU, 2013). Nesse processo de enlaçamento, retoma-se a noção de cenografia como um cenário metafórico, pois o ethos discursivo emerge à medida que os planos discursivos são considerados. A construção do ethos discursivo leva à imagem de si. Concebe-se, então, que a linguagem é o resultado do esforço de um sujeito que, no ato da linguagem, organiza seu dizer de forma coerente, com o objetivo de causar boa impressão ou certa influência no outro. Para tanto, o ato de linguagem se constitui em meio a ambientes sociointerativos, ou seja, explícitos e implícitos que podem estar associados às esferas de produção do discurso e ao ethos daquele que o produz (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2012). A seguir, mostra-se a ordenação metodológica do estudo.

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Critérios de ordenação metodológica A metodologia do estudo segue as recomendações de Prodanov e Freitas (2013). O corpus de pesquisa corresponde à análise discursiva da letra da música Minha Casa (YOUTUBE) por meio de cenografias enunciativas das quais se depreende o ethos discursivo como imagem de si. A melodia, e consequentemente a letra, foram criadas pelo cantor Zeca Baleiro e faz parte do álbum chamado Líricas, que teve seu lançamento no ano de 2000 no Brasil. Quanto aos procedimentos metodológicos, a pesquisa é de natureza aplicada, com abordagem qualitativa. Assume-se o caráter exploratório e descritivo diante dos resultados da análise discursiva. Quanto à coleta de dados, os procedimentos são bibliográficos (embasados nas categorias teóricas) e documentais (constitui-se do acesso à letra da música, disponibilizados no Youtube). O percurso segue com o recorte textual discursivo selecionado que interessa para aprofundamento das questões previstas neste estudo. As perspectivas teóricometodológicas adotadas neste trabalho basearam-se nas seguintes categorias de conhecimento: a) Representações identitárias: contemplam-se as questões sobre identidade e suas representações. Abarcam-se conceitos de Charaudeau (2015), Bakhtin (2000) e Bourdieu (1998). b) Diversidade social e sociedade capitalista: procura-se refletir sobre a diversidade social na sociedade capitalista. Os princípios da diversidade social são discutidos com base em Bauman (2000, 2013), Castel (2008) e Santos (2008); sobre o sistema capitalista, abarcam-se conceitos de Arendt (2007) e Marx (1982). c) Ethos discursivo: busca-se por meio de cenografias enunciativas das quais se depreende o ethos discursivo como imagem de si. A exploração dos conceitos segue os postulados de Maingueneau (1997, 2008) e Charaudeau (2008, 2009). Para melhor organização da pesquisa, apresenta-se o corpus, objeto de pesquisa, privilegiando-se a materialidade discursiva. Em seguida, identifica-se a análise dos resultados mediante as categorias teóricas: representações identitárias; diversidade social e sociedade capitalista e ethos discursivo. Em seguida, apresentam-se as considerações finais do estudo.

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Análise e resultados do estudo

Nesta etapa do estudo, antes do início das análises e resultados, apresenta-se a materialidade discursiva do corpus eleito. Trata-se da letra da música Minha Casa do autor e compositor Zeca Baleiro, cuja letra da música é apresentada no Quadro 1. Quadro 1 – Letra da música Minha Casa Minha Casa é mais fácil cultuar os mortos que os vivos mais fácil viver de sombras que de sóis é mais fácil mimeografar o passado

amoras silvestres no passeio público amores secretos debaixo dos guarda-chuvas tempestades que não param

que imprimir o futuro

pára-raios quem não tem

não quero ser triste como o poeta que envelhece lendo Maiakóvski na loja de conveniência

mesmo que não venha o trem não posso parar veja o mundo passar como passa uma escola de samba que atravessa

não quero ser alegre como o cão que sai a passear com o seu dono alegre sob o sol de domingo

pergunto onde estão teus tamborins pergunto onde estão teus tamborins sentado na porta de minha casa

nem quero ser estanque

a mesma e única casa

como quem constrói estradas e não anda

a casa onde eu sempre morei.

quero no escuro como um cego tatear estrelas distraídas

Fonte: Site Youtube (2016).

Zeca Baleiro, o autor da letra da música Minha Casa, é um dos compositores da MPB brasileira que mais se destaca por apresentar seu olhar sobre vida contemporânea, abordando questões da sociedade pós-moderna, identidade, diversidade social e cultural, individualismo, consumismo, padrões de beleza, entre outros. A música Minha Casa faz parte do CD Líricas que foi lançado pelo compositor no ano de 2000. Seguindo os procedimentos metodológicos adotados, parte-se para a análise das categorias teóricas eleitas: a) Representações identitárias: a letra da música Minha Casa apresenta uma série de pistas discursivas que reportam às representações do sujeito em seu cotidiano, em que o autor dialoga com as representações identitárias elaboradas pela sociedade (BOURDIEU, 2002). Nota-se que, as marcas discursivas não quero ser triste; não quero ser alegre; nem quero ser estanque, revelam visões de mundo, construídas a partir de posicionamentos que o sujeito assume no seu cotidiano. As informações que advêm da materialidade discursiva permitem a reflexão sobre a mobilidade das representações identitárias do sujeito contemporâneo. O sujeito se modifica continuamente, tornando-se uma “celebração móvel” (HALL, 2006). A marca discursiva mesmo que não venha o trem não posso parar 11

aponta que o sujeito contemporâneo está em constante transformação, envolvido por padrões culturais que a pós-modernidade insere. Não se pode ser estanque, rígido, sugerindo ao sujeito a obediência às regras regulamentadas e reguladas, ou seja, o habitus (BOURDIEU, 1994) que origina a manifestação das práticas e das representações da sociedade. Os rastros discursivos: não quero ser alegre como o cão que sai a passear com o seu dono alegre sob o sol de domingo, suscitam reflexões acerca da identidade social e discursiva (CHARAUDEAU, 2015) do sujeito contemporâneo. Percebe-se que a construção da identidade do sujeito acontece na relação com o outro. O sujeito, ao escolher não ser alegre, decide em sua enunciação, diferenciar-se dos outros e legitimar sua identidade discursiva perante o mundo. A identidade social que acompanha o sujeito como uma voz, carregada de valores e crenças, sugestiona a tomada de decisão e as escolhas linguageiras e identitárias do indivíduo no seu cotidiano social. A representação identitária, pelas marcas discursivas da letra da música revela que o sujeito contemporâneo adquire várias identidades no seu cotidiano, ou seja, assume vários papéis de acordo com a situação em que se encontra. Nas pistas não quero, nem quero ser, nota-se que o mesmo assume suas representações identitárias a partir de modelos discursivos que encontra na sociedade (HALL, 1997). Percebe-se que as pistas tempestades que não param e não posso parar fazem alusão ao mundo contemporâneo que atua em sua dinamicidade e provoca um estado de intensa movimentação identitária. Precisa-se estar sempre em movimento para participar da sociedade e, dela, não ser excluído. b) Diversidade social e sociedade capitalista: as pistas discursivas é mais fácil cultuar os mortos que os vivos; mais fácil viver de sombras que de sóis é mais fácil mimeografar o passado que imprimir o futuro permitem uma reflexão sobre nossa sociedade contemporânea. O sujeito parece estar em uma ação presente, que, de certa forma, é a sua realidade, porém as marcas discursivas remetem ao passado. Aquela vida estável marcada pela fixidez (BAUMAN, 2013) já não existe mais.

Persistem

inconsistências na vida familiar, nas amizades e na sociedade, que revelam um ser humano que vive o presente, embora a busca pela estabilidade seja encontrada no passado. Nota-se que a letra da música contribui para evidenciar que o ser humano não está em movimento, ou melhor, ele é colocado em movimento pela vida contemporânea. As marcas discursivas nem quero ser estanque como quem constrói estradas e não anda e quero no escuro como um cego tatear estrelas distraídas sensibiliza o leitor para a reflexão sobre as 12

diversidades sociais que surgem, originadas pelos sistemas de valor em que o sujeito está inserido, ou seja, o juízo de valor e preconceitos do grupo no qual participa . As diferenças sociais criadas nas sociedades, de uma forma geral, contribuem para uma crise identitária do sujeito contemporâneo. (SANTOS, 2003). As pistas não quero ser triste como o poeta que envelhece lendo maiakóvski na loja de conveniência; não quero ser alegre como o cão que sai a passear com o seu dono alegre sob o sol de domingo referem-se às diferenças identitárias e permite ao sujeito a escolha de seu próprio destino. A globalização, mesmo que indiretamente, marginaliza e separa nações inteiras, além de contribuir para a construção de sociedades fragmentadas. Percebe-se que o sujeito da letra da música se sente conformado, paralisado ao assistir o mundo passar. Marx (1988) e Arendt (2007) sinalizam para uma possibilidade de alienação do ser humano que passa a ser uma mercadoria no mundo globalizado. Há evidências, pelas pistas discursivas do texto que, embora mundo o apresentado pela música seja aquele cujas modernidades tecnológicas (CASTELL, 2008) são utilizadas para potencializar as práticas da sociedade, os sujeitos ainda aparecem como uma engrenagem capitalista. c) Ethos discursivo: as pistas discursivas Minha Casa, título da letra da música, são enunciadas e são apoiadas por um tom (BAKTIN, 2000) que dá um caráter e uma corporalidade

ao discurso. Minha casa é percebida pelo leitor como uma metáfora

identitária do sujeito do discurso. As materialidades discursivas não quero ser triste; não quero ser alegre; nem quero ser estanque revelam um sujeito, cuja mobilidade identitária constrói um ethos (MAINGUENEAU, 2013) ajustável, móvel e que acompanha a flexibilidade do mundo contemporâneo. O sujeito marcado na textualidade discursiva da música deixa-se conhecer pelo (ethos prévio) que perpassa os saberes de um sujeito contemporâneo. O ethos dito manifesta um sujeito que está em luta com consigo mesmo, frente ao cotidiano de sua vida; revela um ser em busca da sua consciência. O ethos mostrado apresenta, em suas marcas discursivas, é mais fácil cultuar os mortos que os vivos, mais fácil viver de sombras que de sóis e veja o mundo passar como passa, uma escola de samba que atravessa, pergunto onde estão teus tamborins?sugere que o sujeito da letra da música está mergulhado em sua melancolia, porém está consciente de seus atos e busca encontrar na sua vida a razão de viver, ou seja a sua felicidade. (MAINGUENEUAU, 2011). A cenografia do texto colabora para construção de um espaço enunciativo em que o sujeito do texto e o leitor encontram adesão. A cenografia revela a nossa sociedade 13

contemporânea, com as características principais de diversidades sociais, fragmentações identitárias que colaboram para que o leitor venha a aderir ao discurso proposto, identificando-se com as diversas ideias apresentadas na canção (CHARAUDEAU; MAINGUENEAU, 2012). A cena englobante, neste estudo, é o poético e a cena genérica é a lírica. Percebe-se que o sujeito construído na letra da música Minha Casa elabora sua construção discursiva em cenografias validadas, como nas pistas como o poeta que envelhece lendo Maiakóvski na loja de conveniência que sugere uma passividade do sujeito frente às dificuldades da vida. A imagem de si, o ethos discursivo, no decorrer da música manifesta-se discursivamente em construções metafóricas como nas marcas discursivas como um cego tatear estrelas distraídas. As diversidades sociais do mundo contemporâneo são retratadas pelos fragmentos discursivos que deixam pistas de um sujeito que participa da engrenagem social e outro que apenas observa o mundo conforme marca textual veja o mundo passar.

Considerações finais

Este estudo tematizou as representações identitárias dos sujeitos, cujas vozes, muitas vezes, permanecem silenciadas e marcadas pelas desigualdades sociais a partir das pistas discursivas encontradas no corpus do estudo. A materialidade discursiva possibilitou a análise das representações identitárias do sujeito na letra da música Minha Casa, por meio das cenografias enunciativas, do qual se depreende o ethos discursivo ‒ como imagem de si ‒, confirmando a proposição da questão norteadora e atendendo ao cumprimento do objetivo do estudo. As marcas discursivas revelaram que o sujeito contemporâneo assume diversos papéis em seu cotidiano. O sujeito possui uma identidade individual, porém ele possui uma identidade social que o acompanha, expressa em suas crenças e valores. Percebeu-se que a representação identitária do sujeito, no corpus de estudo, está sempre em movimento.

Os rastros

discursivos sugerem que as diversidades sociais criadas pelas sociedades contribuem para uma crise identitária. O ethos discursivo é apresentado como um sujeito flexível, cuja mobilidade identitária, a partir das cenografias discursivas que a canção nos sugere, retrata um embate entre fazer parte da engrenagem social ou assistir passivamente às mudanças contemporâneas. O ethos dito denuncia um sujeito que está em luta consigo mesmo, ou 14

seja, um ser em busca de sua consciência. O ethos mostrado sugere um sujeito melancólico, que procura encontrar sua razão de viver. Acredita-se na relevância dos estudos discursivos em letras de canções, visto que permitem reflexões sobre a sociedade e sobre os atores sociais que dela fazem parte. A dinâmica contemporânea é complexa e os traços identitários dos sujeitos que possuem sua voz, muitas vezes omitida, permanecem ressoando nos fios discursivos da trama das desigualdades sociais que se entrelaçam nesse cotidiano.

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