Imagens do Século XIX: Fotografia Científica

July 14, 2017 | Autor: Marília Peres | Categoria: History of photography, Scientific photography, Fotografia Científica
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IMAGENS DO SÉCULO XIX: FOTOGRAFIA CIENTÍFICA Maria Estela Jardim, Marília Peres e Fernanda M adalena C osta 

1.  Introdução Em 1839, no decurso do discurso que apresentou à Academia das Ciências em Paris (Fig. 1), François Arago (1786­‑1853), prestigiado físico francês, considerava, com grande sentido de previsão, o contributo que teriam para as Ciências e as Artes os trabalhos de Louis Daguerre (1787­‑1851) e Joseph Niépce (1765­‑1833) relativos à descoberta da Fotografia. Nesse discurso, Arago indicava as perspectivas de utilização da descoberta como um auxiliar indispensável ao cientista nas áreas da Astronomia, Arqueologia e Espectroscopia. Sucessivos progressos técnicos e científicos encorajaram a prática fotográfica em diversas outras ciências. No início, a utilização da fotografia no papel de auxiliar documental da Ciência é entendida, segundo Jules Janssen (1824­‑1907), eminente astrónomo francês, como a “retina do cientista”. A evolução da técnica fotográfica acabará por ter uma   Departamento

de Química e Bioquímica, Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa ([email protected]).   Centro de Ciências Moleculares e Materiais da Universidade de Lisboa (mariliaperes@ ciberprof.com).   Centro de Ciências Moleculares e Materiais da Universidade de Lisboa (facosta@ fc.ul.pt).   “(…) À l’inspection de plusieurs des tableaux qui ont passé sous vos yeux, chacun songera à l’immense parti qu’on aurait tiré, pendant l’expédition d’Egypte. (…) les réactifs découverts par M. Daguerre hâteront les progrès d’une des sciences qui honorent le plus l’esprit humain. Avec leur secours, le physicien comparera les lumières par leurs effets (…), le même tableau donnera des empreintes du soleil, des rayons des étoiles.” in ARAGO, F. (1858), Œuvres Complètes, tome IV – Notices, pp. 499­‑500. Paris, J. A. Barral.   “La surface photographique est la rétine du savant” in Conférences publiques sur la photographie, théorique et technique – 1891­‑1900, p. 29. Ed. Jean Michel. 223

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Fig. 1 – Comunicação de François Arago à Académie des Sciences, a 7 de Janeiro de 1839 (Figuier, s. d.).

i­nfluência considerável no domínio das aplicações científicas e até industriais. A fotografia, para além de representar o real, visível ou invisível, é também incluída no protocolo experimental científico, conservando, no entanto, a sua vertente documental, quer com o carácter arquivístico, quer como veículo de transmissão e informação do conhecimento científico, sendo que a sua inclusão em documentos impressos, a partir do último quartel do século XIX, também lhe vai conferir um papel primordial na divulgação científica. No século XIX, a fotografia científica é utilizada e aperfeiçoada por cientistas profissionais e amadores, muitas vezes em colaboração com fabricantes de instrumentos científicos e fotográficos. Uma literatura extensa, sob a forma de artigos e de livros,   Alguns

dos mais reputados fabricantes de instrumentos científicos, como Charles Chevalier (1804­‑1859), são simultaneamente cientistas, contribuindo para o avanço técnico da fotografia. Ver, por exemplo, CHEVALIER, C. (s. d.), Rapports sur les instruments inventés ou construits par Charles Chevalier. Paris, Imp. Ed. Proux et Cie.

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sobre as aplicações científicas da fotografia nos vários ramos da Ciência, atingiu o seu apogeu nos anos 1885­‑1896 (Londe, 1896; Londe, 1893a; Londe, 1893b; Chevalier, s. d.; Trutat, 1884). Até à década de 1980, a história da fotografia foi encarada, pelos historiadores, como uma investigação da sua vertente estética, inserida no panorama das belas­‑artes. Com a publicação da Nouvelle Histoire de la Photographie (Frizot, 2001) e da revista Etudes Photographiques, sob a égide da Sociedade Francesa de Fotografia (SFP), a investigação sobre a fotografia científica começa a tornar­‑se, claramente, uma opção. Igualmente, fotografias científicas passam a ser incluídas em diversas exposições e catálogos (Thomas, 1999; Canguilhem, 2004) dedicados ao tema o que indica a relevância deste tipo de produção fotográfica. Trabalhos de investigação histórica, publicados nas últimas duas décadas, abordam também esta temática (Corcy, 1997; Berger, 1992; Fieschi, 1995). Na sua inter­‑relação com a Ciência, a fotografia é muito mais que uma mera produção de imagens científicas; é, portanto, essencial que o estudo do seu papel no desenvolvimento da Ciência inclua conhecer e interpretar a sua evolução através dos processos físicos e químicos que lhe são inerentes, os processos ópticos e instrumentação associada, bem como os processos químicos e materiais envolvidos nas diferentes vertentes e técnicas fotográficas. Em Portugal, para além de alguns estudos, recentemente realizados, sobre a história da fotografia científica (já nos anos 2000 e seguintes), não há senão pequenos apontamentos nas raras obras sobre história da fotografia, das quais a mais importante é História da Imagem Fotográfica em Portugal, de António Sena (1941­‑…) (Sena, 1998). Desde o início que a fotografia tem contribuído para o desenvolvimento de todas as ciências. Optámos por apresentar os temas que no século XIX tiveram maior relevância na Europa e, em particular, em Portugal.

2.  Ciências Biológicas e Fotomicrografia Antes da descoberta da fotografia, já a câmara escura e a câmara lúcida eram utilizadas conjuntamente com o microscópio. É, no entanto,    Por exemplo: TROUFLÉAU, C. (2002), “ La légende d’Auguste Bertsch” in Études photographiques, n.º 11; LEBART, L. (1996), “ Les archives du ciel” in Études photographiques, n.º 1.

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a associação do microscópio com a fotografia, no método fotográfico denominado fotomicrografia, que vai determinar um notável avanço na precisão experimental e desenvolvimento de ciências da vida, como a Botânica, a Zoologia e a Anatomia Patológica. As primeiras experiências, no século XIX, de fotomicrografia foram realizadas por William Talbot (1800­‑1877), em 1835, com o seu microscópio solar, sendo também de salientar, entre outros, os trabalhos de Andreas Ettingshausen (1796­‑1878), em 1840, utilizando a técnica do daguerreótipo, de Auguste Bertsch (1813­‑1870), com o microscópio heliográfico e do físico Alfred Donné (1801­‑1871), autor da obra Cours de Micrographie, publicada em 1844 (Thomas, 1999). Em 1868, o investigador francês Jules Girard (1834­‑1902), numa comunicação à SFP, declarava: “Si le dessinateur le plus consciencieux ne peut traduire avec une fidélité suffisante la merveilleuse organisation des infiniment petits, la lumière est d’une rigoureuse infaillibilité.” (Girard, 1868) Na segunda metade do século XIX, Fernand Monpillard (1865­‑1937), membro da SFP, desenvolve, com extraordinária mestria, os processos fotomicrográficos, procurando integrá­‑los no protocolo experimental. Como reputado técnico de fotografia científica, monta um atelier de fotomicrografia em Paris, perto do Museu de História Natural, colaborando com biologistas, mineralogistas e médicos (Hannavy, 2008). No início do século XX, realiza diversas experiências com emulsões ortocromáticas, contribuindo assim para a investigação da fotografia das cores (Cartier­ ‑Bresson, 2008). Em 1899, publica um primeiro tratado de fotomicrografia, ilustrado com fotomicrografias (Monpillard, 1899) (Fig. 2) e, em 1900, o Atlas d’Histologie normale, em colaboração com Etienne Rabaud (1868­‑1956), professor de anatomia da Faculdade de Medicina de Paris (Monpillard e Rabaud, 1900). Esta publicação, que Monpillard considera um complemento de tratados de histologia clássicos, contém fotografias de tecidos e órgãos. Ainda no campo da fotomicrografia são relevantes os trabalhos de Louis Donnadieu (1877­‑1959), professor da Faculdade de Ciências de Lyon, relativos a operações fotográficas de dissecação de invertebrados e fotomicrografias, como as de alevins de truta. Donnadieu utilizou um aparelho construído por um fabricante de instrumentos científicos de   Este cientista estuda também os sistemas de estereoscopia que publica em L’œil et l’objectif. Paris, Charles Mendel.

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Fig. 2 – Fotocolografia, planche II (Espermatozóides de coelho) (Monpillard, 1899).

Lyon, Jean‑Baptiste Carpentier, em 1883, o Physiographe Universel, cuja câmara fotográfica, de fole, podia atingir o comprimento de dois metros e que, devido à sua disposição vertical, permitia fotografar as preparações microscópicas, bem como as amostras, em meio aquoso. O aparelho foi concebido de modo a poder ser adaptado a qualquer tipo de microscópio (Fig. 3) (Donnadieu, 1884). Em Portugal, a fotomicrografia foi utilizada, principalmente, na aplicação da fotografia à anatomia patológica, tendo sido pioneiro neste tipo de

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Fig. 3 – Physiographe Universel (Donnadieu, 1884).

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trabalho o médico Carlos May Figueira (1829­‑1913), professor da Escola Médico­‑Cirúrgica de Lisboa, a quem se deve a introdução dos estudos de microscopia em Portugal (Cortez Pimentel, 1988).

3.  Processos Fotomecânicos e Aplicações Cartográficas 3.1.  Poitevin e os Processos Fotomecânicos Alphonse Poitevin (1819­‑1882), engenheiro químico francês, desenvolveu, a partir de 1855, os processos fotomecânicos, em que a impressão das provas fotográficas é obtida por conjugação da fotografia com a gravura. O objectivo de Poitevin quando se dedica, em 1851, a ensaios de processos fotográficos era de: “rendre inaltérable l’image brillante mais fugi‑ tive tracée par la lumière” (Poitevin, 1883). Os resultados científicos dos seus ensaios, relacionados com a impressão fotográfica, estão descritos no livro que publicou em 1883: Traité des impressions photographiques. Uma das suas experiências permitiu­‑lhe concluir que os colóides, como a gelatina, à qual são adicionados dicromatos alcalinos, além de serem insolúveis à luz, podem levar tinta gorda de impressão, permitindo a impressão fotomecânica das provas fotográficas por diferentes métodos, como a fotolitografia e a fototipia. 3.2.  A Cor e os Processos Fotomecânicos Nos primórdios da fotografia, os cientistas fizeram estudos para determinar a sensibilidade dos sais de prata às cores do espectro electromagnético da zona do visível. Essas experiências, feitas com a adição de pigmentos à placa fotográfica, foram inconclusivas, uma vez que não se obtiveram imagens estáveis – experiências de John Herschel (1792­‑1871), em 1842 (Herschel, 1842), e de Edmond Becquerel (1820­‑1891) em 184810.   Ambos

os processos fotomecânicos são do século XIX; enquanto a fotolitografia é um processo planográfico de impressão, sobre pedra litográfica, com recurso à fotografia, a fototipia é, igualmente, um processo planográfico, mas com impressão sobre vidro, utilizando a gelatina bicromatada. 10  Becquerel descreve uma imagem fugidia que não consegue estabilizar: BECQUEREL, E. (1848), “De l’image photographique colorée du spectre solaire” in CRAS, vol. 26, pp. 181­‑183.

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Para demonstrar a teoria de Thomas Young (1773­‑1829)11, em 1861, James Clerk Maxwell (1831­‑1879) realiza, na Royal Society, em Londres, a experiência da síntese fotográfica das cores por projecção (Maxwell, 1857). Em 1869, Ducos du Hauron (1837­‑1920) e Charles Cros (1842­‑1888) apresentam, separadamente, mas em simultâneo, o seu método de tricromia, processo pigmentário que utiliza a síntese subtractiva das cores. Na célebre sessão da SFP, de 7 de Maio de 186912, é lida uma comunicação de Ducos du Hauron sobre o seu método de tricromia subtractiva. Em 1892, Ducos du Hauron adapta os seus procedimentos à obtenção de provas fotomecânicas (Fig. 4) (Ducos du Hauron, 1897).

Fig. 4 – “Phot. Grav. et Imp. Prieur & Dubois, Puteaux” (Ducos du Hauron, 1880). 11  A

fisiologia da percepção é regida de uma forma tricromática. du 7 Mai, Bulletin de la Société Française de Photographie, 1869, pp. 122­‑125.

12  Séance

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Na mesma época, Charles Eckstein, director técnico do Departamento Topográfico do Ministério de Defesa da Holanda, inventa o processo fotomecânico de fotocromolitografia com tricromia, para obtenção de mapas a cores. Cartas topográficas da Holanda e de Java são realizadas por este processo. A tricromia é executada com transporte fotográfico em três pedras litográficas; os pigmentos primários utilizados são o vermelho, o azul e o amarelo. A obtenção de meios­‑tons é feita através de processo de trama ou reticulado13 (Fig. 5).

Fig. 5 – Cartas topográficas de Java obtidas pelo método de Eckstein14.

Eckstein publica em livro a sua descoberta e, em 1876, essa publicação é enviada à exposição de Filadélfia, juntamente com alguns exemplares de mapas obtidos por esse processo (Eckstein, 1876). Em Portugal, com Filipe Folque (1800­‑1874), director­‑geral dos Trabalhos Geodésicos do Reino, é criada, em 1872, a secção fotográfica (mais tarde, chamada artística), para elaboração de mapas e cartas por processos fotográficos (Rodrigues, 1876). É nomeado para seu director José Júlio Rodrigues (1843­‑1893), professor de Química na Escola Politécnica de Lisboa. 13  Eckstein

tem 10 anos de avanço sobre o processo de reticulado desenvolvido por George Meisenbach (1841­‑1912), gravador alemão. 14  Mapa enviado pelo ministro de Guerra da Holanda, G. J. Klerck, em conjunto com uma carta onde refere a disponibilidade para receber um técnico português, a fim de estudar os métodos utilizados no Instituto Topográfico da Holanda (Arquivo do IGP).

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Esta secção, dirigida por José Júlio Rodrigues (JJR), é equipada com os melhores instrumentos fotográficos e de impressão da época, para a utilização em cartografia associada aos processos fotográficos, entre os quais, máquinas fotográficas Dallmeyer, objectivas aplanáticas de Steinheil e máquinas de impressão de Voirin, adquiridas em Paris15. Na referida secção fotográfica16, são praticados os processos fotográficos com sais de prata (colódio e papel albuminado) e com gelatina bicromatada. Os processos de estampagem com tintas de impressão utilizam os métodos fotomecânicos em pedra ou em chapas metálicas de cobre, estanho (processo de JJR) ou zinco (fotogravura, fotozincografia, etc.) (Rodrigues, 1876). José Júlio Rodrigues é membro da SFP, desde 1875, e publica os resultados das suas experiências no seu boletim, um dos mais prestigiados periódicos de fotografia do século XIX17. A secção fotográfica obtém diversos prémios em exposições internacionais e universais. Da análise da correspondência entre o Departamento Topográfico, acima referido, e JJR, sabemos que o livro de Eckstein lhe foi oferecido, juntamente com exemplares de mapas a cores acima citados. Foi enviado à Holanda um dos mais hábeis fotógrafos da secção fotográfica, Manoel Dias dos Santos, para aprender este novo processo fotomecânico e a sua aplicação à produção cartográfica. Em 1877, JJR desenvolve um novo processo de tricromia, semelhante ao processo de Eckstein, utilizando chapa de cobre em vez de pedra litográfica, à qual adiciona, além do mordente, cloreto de ferro III, um pigmento, oxido de ferro III, que permite uma graduação melhor dos meios tons. Este novo processo é designado por cromocuprografia. Exemplares de cromocuprografias foram apresentados na Exposição Universal de Paris, de 1878, e fazem hoje parte do espólio da Sociedade Francesa de Fotografia18. 15  Inventário

da Secção Photografica (Arquivo do IGP). secção utilizava geradores de luz eléctrica para obtenção de negativos e positivos, sendo pioneira relativamente a outros institutos cartográficos. 17  Société Française de Photographie (1868­‑1880), Bulletin de la Société Française de Photographie. Paris : Gauthier –Villars. Ver, por exemplo: vol. 19, p. 231; vol. 20, pp. 116, 148­‑153; vol. 22, p. 187 e vol. 23, p. 287. 18  Catalogue Spécial de la Section Portugaise à l’Exposition Universelle de Paris en 1878 (1878). Paris: Imprimerie typographique de A. Pougin. GRANDIDIER, A. (1882), Exposition Universelle Internationale de 1878 à Paris. Rapports du Jury. Paris, Ministère de l’Agriculture et du Commerce. 16  Esta

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Eckstein e JJR introduziram o método de tipo­‑autografia para a toponímia, embora JJR tenha inventado, recorrendo à fotografia, uma versão mais precisa, que foi utilizada pelos institutos cartográficos até ao século XX (Fig. 6) (Wallis e Robinson, 1987).

Fig. 6 – Pormenor de Extracto Chorografico dos Concelhos de Mafra e Cintra19.

Nem Eckstein nem JJR mencionam as descobertas de Ducos du Hauron, o que é compreensível, pois a comunicação de Hauron foi apresentada em 1869 e corresponde ao processo fotográfico de tricromia subtractiva, sendo por ele abordado o processo fotomecânico, só muito mais tarde, na década de 1890.

19  “Typo­‑autographia

reduzida pelo cahoutchouc e estampada a vapor no prelo litographico de Voirin. Pertence o original d ’este specimen a um excelente trabalho do Sr. Estacio da Veiga, cuja copia, em parte inexacta, se apresenta aqui tão sómente a titulo de exemplo do processo, que foi descripto (...)” in RODRIGUES, José Júlio (1876), op. cit., espécimen 12.

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4.  Ciências da Terra Uma das importantes aplicações científicas da fotografia foi na área da Espeleologia, exploração científica de grutas e túneis, o que permitiu um melhor conhecimento da geologia e da física da Terra. Um dos pioneiros desta investigação foi o francês Édouard­‑Alfred Martel (1859­‑1938) que, de 1883 a 1912, estudou e fotografou diversas grutas na França, Suíça e Grã­‑Bretanha (Martel, 1903). A exploração científica das grutas e consequente estudo através de um registo fotográfico só foi possível através da utilização de luzes artificiais. Das diversas luzes artificiais utilizadas no período século XIX­‑início do século XX, a luz emitida pela combustão do magnésio, ou de misturas do magnésio com outros compostos químicos, como o clorato de potássio20, foram as mais utilizadas por cientistas como Martel. Estas luzes eram muito actínicas para as emulsões fotográficas do século XIX (Peres et al., 2008). O emprego de luz artificial em fotografia foi de grande importância, pois permitiu alargar o campo de aplicação científica da fotografia e com uma precisão superior ao da utilização de luz natural. Diversas lâmpadas foram concebidas, no século XIX, para a utilização destas luzes, sendo a de Solomon e Grant uma das primeiras a ser construída para este fim (Londe, 1912). Em Portugal, José Júlio Rodrigues foi pioneiro na utilização da luz do magnésio na exploração das grutas dos Açores21, onde se deslocou em 1892 (Fig. 7).

5.  Astronomia, Astrofísica e Meteorologia Em 1891, no periódico American Journal of Science, Henry Rowland (1848­‑1901), professor de física da universidade John Hopkins e pioneiro da espectroscopia astronómica, escrevia no relatório sobre o progresso da espectroscopia: “The spectra of all known elements, with the exception of a few gaseous ones or those too rare to be yet obtained, have been photographed in connection with the solar spectrum from the extreme ultraviolet down to the D line.” (Rowland, 1891) 20  Photopoudres 21  Occidente,

(em francês) ou flashpowders (em inglês). 1892, pp. 182­‑184.

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Fig. 7 – Fotogravuras da furna do Pico da Cruz (Occidente, 1892).

Na realidade, durante o século XIX, verifica­‑se um avanço considerável na obtenção rigorosa do espectro solar, devido à grande evolução nos métodos espectrográficos, para a qual, de certo, contribuiu a qualidade dos sistemas ópticos, nomeadamente, dos prismas e, mais tarde, das redes de difracção. Desde 1862, que diversos observatórios estiveram envolvidos em fotografia solar, entre os quais os de Kew e Harvard (Bonifacio e Malaquias, 2007). O conhecimento da posição e o número de manchas solares são parâmetros importantes para determinação da actividade solar e, de acordo com Vaquero (Vaquero, 2007), são documentos históricos relevantes para conhecer o comportamento do Sol nos últimos séculos. No Observatório Infante D. Luiz, João Brito Capello (1831­‑1891), a partir de 1871, trabalha na obtenção de fotografias das manchas solares, utilizando um “fotoheliografo”. Os seus resultados são publicados em revistas científicas de elevado prestígio (Capello, 1872). Durante esse período, Capello manteve uma correspondência abundante com diversos

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cientistas europeus de diferentes observatórios (Kew, Londres, Paris)22. Como no século XIX se determinou a relação entre a actividade solar e fenómenos de magnetismo, muitos observatórios astronómicos passaram a fazer determinações experimentais magnéticas e eléctricas. No Observatório Infante D. Luiz foram também realizadas ­experiências para a determinação de grandezas magnéticas, eléctricas e outras determinações meteorológicas, tendo sido adquiridos, para esse fim, instrumentos de registo fotográfico. Entre estes, foram adquiridos, em 1863, magnetógrafos de Patrick Adie, um electrógrafo de Thomson (Fig. 8) e um baropsicógrafo de Salleron. Os diferentes registos e descrição dos instrumentos estão nos anais e relatórios que fazem parte do arquivo do referido observatório. (Silveira, 1864).

Fig. 8 – Electrómetro de quadrante de Thomson23. 22  Pasta

de correspondência científica internacional: Arquivo do Instituto Geofísico Infante D. Luiz. 23  Fotografia de Marília Peres (2008). Com a cortesia do Museu de Ciência da Universidade de Lisboa (n.º de inventário MCUL00331).

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É de salientar uma interessante publicação, contendo os resultados das impressões fotolitográficas produzidas simultaneamente pelos magne­ tógrafos dos observatórios de Kew e Lisboa que possuíam o mesmo tipo de aparelho, construído pelo fabricante Patrick Adie (Fig. 9) (Capello e Steward, 1864).

Fig. 9 – Magnetógrafos de Adie24.

No espólio do Observatório Infante D. Luiz também se encontra uma carta de William Thomson, Lord Kelvin (1824­‑1907) endereçada a João Capello25, descrevendo detalhadamente o funcionamento do electrómetro de Thomson, o que mostra o prestígio daquele cientista português e a visibilidade do Observatório Infante D. Luiz na comunidade científica internacional. Capello, entre outros processos fotográficos, utilizou o das placas secas de sais de urânio. Este processo fotográfico emprega como substância fotossensível o nitrato de urânio em vez do nitrato de prata26. Este composto é ensaiado, pela primeira vez, por John Herschel, como produto de substituição do citrato de ferro amoniacal no seu processo fotográfico de 1842, designado por crisiotipia (Ware, 1991). 24  Pasta

741 do arquivo do Observatório Astronómico de Lisboa. de 22.12.1864, de William Thomson a Brito Capello (Pasta correspondência – 1864, IGIDL). 26  Bulletin de la Société Française de Photographie, vol. 4, 1853, p. 101. 25  Carta,

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6.  Ciências Médicas Desde muito cedo que a fotografia é aplicada na área da Medicina. Em 1852, o neurofisiologista francês Guillaume Duchenne (1806­‑1875), mais conhecido como Duchenne de Boulogne, inicia os seus estudos na área da neurofisiologia, fazendo experiências, registadas fotograficamente, que relacionavam a expressão fisionómica com a estimulação dos músculos feita por correntes farádicas. Duchenne publica o resultado dessas experiências, ilustradas com fotografias, no livro Le mécanisme de la physionomie humaine (Fig. 10) (Duchenne, 1876). Esta publicação

Fig. 10 – Albumina de um paciente sujeito a estimulação eléctrica27. 27  Albumina

em papel segundo negativo de colódio sobre vidro. In DUCHENNE, G.­‑B. (1862), Album de photographies pathologiques complémentaire du livre intitulé “De l’électrisation localisée”. Paris, J.­‑B. Baillière et Fils. A figura representa a fotografia de frente de um homem, a quem foram aplicadas, directamente, correntes farádicas nos músculos da face por reóforos, estimulando, deste modo, os diferentes feixes musculares submetidos ao exame.

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é considerada uma das primeiras publicações científicas com ilustrações fotográficas. As 84 fotografias, albuminas coladas no livro (os processos fotomecânicos estavam, ainda, a ser desenvolvidos) representavam o estudo da acção dos músculos faciais, em resposta à estimulação eléctrica localizada, de modo a captar as diversas emoções da face humana. Duchenne trabalha com o famoso fotógrafo Adrien Tournachon (1825­‑1903), irmão do não menos célebre fotógrafo parisiense Nadar, utilizando objectivas fotográficas alemãs que considera serem superiores às francesas (Duchenne, 1876). Anos depois, em 1868, um outro fisiologista, Étienne­‑Jules Marey (1830­‑1904), utiliza o método gráfico (com fotografia) para estudar o músculo em repouso e o músculo tetanizado (Marey, 1885). No célebre livro de Charles Darwin (1809­‑1882), A Expressão das Emo‑ ções no Homem e nos Animais, publicado em 1872, são também utilizadas fotografias, sob a forma de provas fotomecânicas, heliotipias28. Algumas das fotografias do livro de Darwin são da autoria de Duchenne de Boulogne, tendo este autorizado o grande biologista inglês a utilizá­‑las na sua publicação, outras são realizadas por um fotógrafo célebre na Inglaterra vitoriana, Oscar Rejlander (1817­‑1875), de nacionalidade sueca29. Outro nome incontornável da fotografia científica do século XIX, no campo da Medicina, é Albert Londe (1858­‑1910), investigador médico e fotógrafo científico. Membro da SFP, é contratado por Jean Martin Charcot (1825­‑1893), célebre neurologista, em 1882, para trabalhar no hospital de la Salpêtrière, em Paris, como preparador químico (Bernard e Gunther, 1993). Londe propõe, de imediato, a instalação e funcionamento de um serviço fotográfico no hospital, compreendendo um atelier e um laboratório fotográfico que brevemente se torna um modelo a seguir na Europa. Londe estava interessado em desenvolver a fotografia médica com protocolos adequados e equipamento apropriado; durante 20 anos regista fotograficamente as manifestações patológicas dos pacientes do hospital. Londe torna­‑se especialista no processo de gelatino­‑brometo de prata, tendo inventado um obturador fotográfico que permitia fazer fotografias 28  Heliotipia,

prova fotomecânica, variante da fototipia ou colotipia, em que é utilizada a sensibilização da gelatina bicromatada, com sulfato de crómio e potássio hidratado, processo planográfico, tal como a fotolitografia. Inventado pelo inglês Ernest Edwards (1837­‑1903), em 1867, representa um avanço técnico em relação à fototipia e era muito utilizado para a ilustração de livros científicos e técnicos. 29  DARWIN, C. (1998 [1872]), A Expressão das Emoções no Homem e nos Animais, plate V.

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instantâneas (Londe, 1885). Em 1893, em colaboração com o médico e artista plástico Paul Richer (1849­‑1933), que trabalhava no mesmo hospital, desenvolve o processo de cronofotografia, construindo um aparelho fotográfico de nove objectivas (Londe, 1893). As fotografias médicas de la Salpêtrière foram publicadas na Nouvelle Iconographie de la Salpetrière (Fig. 11) (Charcot, 1888). Albert Londe cria também o primeiro laboratório de radiografia dos hospitais de Paris, escrevendo um livro sobre radioscopia (Londe, 1898). Dedica­‑se igualmente à investigação sobre luzes artificiais em fotografia.

Fig. 11 – “Imbécilité – Absence de corps calleux” (Charcot, 1888).

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Conclusões Durante o século XIX, a fotografia foi fundamental para o desenvolvimento e documentação da Ciência. Determinados campos científicos, como a Química, a Física e as Ciências da Vida, beneficiaram da evolução dos métodos fotográficos, principalmente através do estudo de substâncias fotossensíveis e dos sistemas ópticos e materiais utilizados em fotografia. Para além de constituírem um património documental, as imagens fotográficas da Ciência do século XIX têm, na sua maioria, um elevado valor estético. Em Portugal, cientistas de instituições universitárias e institutos públicos, como o Observatório Infante D. Luiz e a Secção Fotográfica do Instituto Cartográfico de Portugal, contribuíram para o desenvolvimento da fotografia científica, estabelecendo relações internacionais com as suas congéneres europeias e promovendo a integração daquelas instituições em redes científicas internacionais. É primordial desenvolver o estudo sistemático da evolução da fotografia científica em Portugal, no contexto europeu, quer nas aplicações científicas, quer na contribuição de cientistas e fotógrafos portugueses para a evolução dos processos físico­‑químicos e instrumentação, no período mais importante, que vai do século XIX ao início do século XX (Fig. 12).

fotografia científica

Documentação Científica

Processos Físicos e Químicos

Óptica

Química

Instrumentos Científicos Fig. 12 – Esquema sobre o estudo histórico­‑científico da fotografia.

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