Imaginário, Fronteira e Território

August 24, 2017 | Autor: Carlos Orellana | Categoria: Roland Barthes, IMAGINARIOS URBANOS, Fronteiras
Share Embed


Descrição do Produto

Imaginário, fronteira e território

O objetivo deste artigo é compreender como as noções de fronteira e território são atravessadas pelo campo do imaginário, especificamente, como essas noções são devedoras do conjunto de

Compreendemos o imaginário na definição de Gilbert Durand, ou seja, como "conjunto de imagens e relações de imagens que constitui o capital pensado do Homo sapiens" (DURAND, 2002, p. 14).
De acordo com Benveniste, o termo Rex (rei em Latim) não se refere ao chefe, mas aquele que determina os espaços consagrados (cidades, territórios), aquele que traça. E que por sua vez rego consistiria em estender uma linha, portanto, regular é a noção de estender uma linha reta a partir do ponto que se ocupa.
Assim, a ideia de domínio do território e a criação de fronteiras é um das noções mais básicas do homem e de seu exercício de poder, ou seja, constitui uma ferramenta simbólica básica de ordenar o espaço da vida e assim também desenvolver o mundo sistêmico.
De acordo com Barthes (2003), o território pode ser concebido como um sistema, ou seja, quer temporalmente (timing) quer gestual (condutas). O território como metáfora da experiência da passagem do mundo natural (sobrevivência, morada) para o mundo das leis, das regras, daquilo que é interdito.
Desse modo, entender as relações simbólicas de constituição de fronteiras é compreender a constituição da própria experiência humana e do seu mundo da vida.
De acordo com Barthes (2003) a noção de território pode ser concebido como espaço apropriado, defendido contra invasões, ligado às funções de reprodução (de uma nação), auto exibição e busca de alimentos. Nesse sentido, a fronteira é pensada como zona de limite entre dois territórios, lugar onde os rivais se enfrentam. Assim, a fronteira é concebida como divisão do espaço onde se cruzam o espaço de sobrevivência, de experiência do outro, onde a morada se encerra e inicia o enfrentamento para sua sobrevivência. A fronteira identificada como meio no qual as funções do mundo da vida dão lugar ao mundo sistêmico do controle, da segurança, como identifica Barthes (2003) morada transita para a fortaleza.
Segundo Barthes (2003), a função do território para além da própria segurança está ligada à regulação da distância, do seu constrangimento, de manter distância em relação ao outro. Portanto, a fronteira é baseada na noção de distância crítica em relação ao outro, isto é, a fronteira representa o espaço se executa e se encena (colocar em cena) essa distância.
Uma noção que vamos lançar é entender de que modo a noção de rede vem fazer repensar as noções sobre fronteira e território, isto é,

De acordo com Barthes (2003), o território humano dever ser entendido através de três formas básicas quanto à experiência, uma fenomenologia do território (visão, tato, audição). O que destacamos que os meios de comunicação de modo geral, preservam esses elementos da experiência coletiva em termos de um discurso totalizante e simplificador, principalmente, quando se refere às bordas do território. Barthes concebe as três experiências que atravessam o imaginário sobre o território.
O território pode ser dividido em três formas de experiência social: a) pode ser marcado pela visão, pertence me tudo o que posso abarcar com a vista, ´o horizonte é a linha que fecha meu território´ b) pode ser marcado pelo tato, pertence me tudo o que está ao alcance do meu toque. De meu gesto, de meu braço (ninho) c) rede polifônica de todos os ruídos familiares, os que posso reconhecer e que, desde então são sinais de meu espaço.
Verdadeira paisagem sonora, familiar: tranquilizante. Interessante, porque a paisagem descontínua, errática, e, no entanto muito codificada, daí a força do insólito: quer silêncio inesperado, quer ruído irreconhecível, obrigando a um trabalho interno de interpretação.
Percepção do habitat, a maioria das edificações, casas, prédios são retângulos. Entretanto, a natureza difere da forma retangular, ausência de retângulos, há nas sociedades modernas, uma poluição de retângulos, no qual os arquitetos são os agentes dessa poluição, há uma tirania, um poder sobre os traçados reguladores (retangular), isso de acordo a função da razão, ou seja, a partir da pós-modernidade há um retorno das formas orgânicas, que mimetizem a natureza.

De acordo com Barthes, a regra pode ser compreendida como um sistema de hábitos. Origem costumeira da regra se distinguir e se opor a lei. A segunda função da regra como instrumento de dominação é de conduzir: o tempo, o espaço e os objetos, ou seja, estender, traçar uma linha reta (regiões de tempos e de gesto). A terceira função da regra é ser pensada como contrato, uma anuência ao sistema repressivo, o contrato é sempre bilateral, isto é, garante a estabilidade (psíquica) e uma obediência (contra as demais formas de repressão e punição).
Rede se impõe como uma negociação ao imaginário do território, fronteira e territorialidade, já que apresenta tanto o mundo burocrático (askesis) de organização dos sujeitos, dos objetos e do tempo, quanto do pathos a força do afeto, dose sentimentos pintado pelo imaginário.



O objeto fronteira assume diversas características, pode ser abstrato ou concreto, material ou conceitual, geral ou específico. Embora seja muito específica a uma disciplina, terá funcionalidades reconhecíveis por outros grupos, o que pressupõe que os diferentes grupos irão utilizar um conjunto mínimo de conhecimento comum, de modo a dar a mesma interpretação para o objeto. É ao mesmo tempo suficientemente "plástico" para adaptar-se às necessidades e limitações dos atores que usam e suficientemente "robusto" para manter um significado comum do objeto para todos os atores.
O objeto fronteira torna-se um dado para a compreensão mútua e uma ferramenta de cooperação para evitar ou minimizar os conflitos que constituem uma base irredutível comum entre as partes do fenômeno. Na França, é Patrice Flichy que introduziu este conceito no contexto de sua teoria da inovação que explora a diversidade de relações entre técnica e social. Flichy desenvolveu a ideia de uma transição do objeto fronteira objeto valise: "O caso objeto corresponde a uma fase de incerteza nas escolhas tecnológicas. Uma vasta gama de possibilidades permanece aberta, tanto no ambiente operacional quanto ao de contexto de utilização. Trata-se, em seguida, as ambiguidades, para dissipar a confusão, para definir um objeto em contornos mais precisos, para passar de utopia à realidade, abstração e à implementação, construir um objeto fronteira ( ... ) . O objeto fronteira reposiciona a decisão de mundos reduzidos, simplificados, que lista os pontos em que a decisão sobre a pesquisa.
Atualmente, toda a questão do conceito de objeto fronteira é que nos permite analisar os requisitos de negociação e de organização entre os diferentes atores que trabalham em características comuns, mas cada um com suas performances. A observação destas situações proporciona o conhecimento de que pode ser transferido para outras áreas. O objeto fronteira pode ser analisado por dois ângulos diferentes :
É um objeto fronteira é intencionalmente criado como já demonstramos em outra situação e que funcionou intelectualmente, e então podemos considerar se é melhor neste novo contexto e pode ser melhorado.
É um objeto fronteira surge espontaneamente em uma determinada situação e , em seguida, podemos perguntar sobre a gênese desse objeto, a sua implementação, os participantes, a transferência para outros contextos e assim por diante .
Em qualquer caso, o conceito de objeto de fronteira é interessante como revelando os diferentes mundos em torno de uma determinada situação. Se existe ou não é um conceito relevante para examinar as práticas colaborativas. Pode ser que as pessoas trazidas para trabalhar não funcionam juntos, porque simplesmente não há objeto de fronteira ou de que é inadequado.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.