IMPACTO DE PLANTAS EXÓTICAS NA DINÂMICA DE HEBIVORIA NO BIOMA MATA ATLÂNTICA NA FLORESTA NACIONAL DE PASSA QUATRO/ MG

July 5, 2017 | Autor: B. Corrêa Barbosa | Categoria: Ecology
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IMPACTO DE PLANTAS EXÓTICAS NA DINÂMICA DE HEBIVORIA NO BIOMA MATA ATLÂNTICA NA FLORESTA NACIONAL DE PASSA QUATRO/ MG Paschoalini M.F.¹, Barbosa, B.C²; Lacerda, P.D. 3; Lelis, A.P.M. ²; Dib, M.M.²; Barbosa, D.E.F. ²; Voltolini, J.C.; Rodrigues, W.C.² Resumo: Espécies exóticas são consideradas uma das principais causas da perda de diversidade no mundo. O objetivo deste estudo é comparar danos foliares causados por herbívoros em três tipos de vegetação: mata nativa, Pinus sp. e Eucalyptus sp. Os pontos de coleta foram delimitados distando 20m entre si e a 10m da borda da vegetação, para evitar influência de efeito de borda. Para seleção das plantas foi adotado o método de “nearest neighbor”. De cada planta selecionada foram coletadas três folhas aleatoriamente. Não foi encontrada diferença significativa entre a porcentagem de dano foliar segundo o teste estatístico. O maior índice de herbivoria foi encontrado na área de Pinnus, seguida por Eucalipto e o menor índice encontrado foi na floresta nativa com araucárias. Palavras-chave: Plantas exóticas, herbívoros, fragmentação florestal. INTRODUÇÃO Espécies exóticas são consideradas uma das principais causas da perda de diversidade no mundo. O pinheiro americano, Pinus elliottii, é um exemplo de invasor que apresenta crescimento rápido e alta competitividade com outras espécies (LAMPRECHT, 1990). Espécies como Pinnus sp. quando introduzidas em certo ecossistema podem provocar modificações significativas e exercer dominância sobre espécies nativas levando-as a extinção (VOTOLINI; ZANCO, 2010). As práticas tradicionais de recuperação florestal frequentemente introduzem espécies exóticas com alto potencial adaptativo como Pinnus sp. e Eucalyptus sp. Essas espécies se adaptam ao novo ecossistema e causa danos, por isso são denominadas contaminantes biológicos (ZILLER, 2000). Um dos processos ecológico naturais no qual plantas exóticas podem interferir é a herbívora uma antiga relação ecológico-evolutiva entre herbívoros e vegetais (PASCHOALINI; BARBOSA; VOTOLINI, 2011). O efeito alelopático do pinheiro e do eucalipto pode desempenhar papel de defesa contra predadores herbívoros tanto em suas próprias folhagens quanto nas plantas ao seu redor, acarretando modificação químicas tornando-as impalatáveis aos herbívoros ou até mesmo inibindo seu crescimento. Portanto, o índice de herbivoria torna-se uma estimativa ecológica importante para avaliar os impactos da inserção de plantas exóticas em um ambiente (KREMONEZI et al., 2011). O presente trabalho teve por objetivo comparar danos foliares causados por herbívoros em três áreas florestais: mata nativa de Araucária, mata com plantação de Pinnus sp. e mata com plantação de Eucalyptus sp. MATERIAL E MÉTODOS A área de estudo compôs-se de três fragmentos de mata situados na Floresta Nacional (FLONA) de Passa Quatro, localizada no sul de Minas Gerais, no município de Passa Quatro. A FLONA abrange uma área de 3,5 milhões de m² inseridos no Domínio da Mata Atlântica, integrando o Corredor Ecológico da Serra da Mantiqueira e o Mosaico de Unidades de Conservação da Serra da Mantiqueira (ICMBio, 2009). A FLONA de Passa Quatro é um importante fragmento floresta do bioma Mata Atlântica composta por florestas estacionais semideciduais, floresta ombrófila densa e ombrófila mista (ICMBio, 2009), além de áreas de cultivo de Araucaria angustifolia, Pinnus sp., e Eucalyptus sp. (1) Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora(PGECOL); (2) Acadêmico de Ciências Biológicas do Centro de Ensino Superior Juiz de Fora(CESJF); (3) Biólogo Autônomo; (4) Departamento de Biologia da Universidade de Taubaté; E-mail: [email protected]

Foram coletadas amostras foliares de plantas em três áreas distintas: fragmento com plantação de Pinnus sp., fragmento com plantação de Eucalyptus sp. e fragmento de mata nativa de floresta ombrófila mista com cultivo de Araucaria angustifolia. Os pontos de coleta foram delimitados distando 20 m entre si e a 10 m da borda da vegetação, para evitar influência de efeito de borda. Em cada ponto foi selecionada uma planta de acordo com o método de “nearest neighbor”, a mais próxima do ponto demarcado com diâmetro na altura do peito (DAP) ≥ 1cm e altura ≤ 2m. De cada planta selecionada foram coletadas três folhas aleatoriamente, uma da região inferior, uma da região mediana e outra da região superior da copa (PASCHOALINI; BARBOSA; VOTOLINI, 2011). O método adotado para estimar dano ao tecido foliar foi escaneamento em malha quadriculada de 25mm2. Para fins de padronização metodológica foram incluídas na contagem somente as quadrículas com área igual ou superior a 50%. O período de coleta de material deu-se de 8 às 18h do dia 16 de setembro de 2011, durante a estação seca. Para análise estatística foram utilizados dados de média, erro padrão e teste de Kruskal-Wallis para a geração de gráfico tipo Block Spot pelo pacote estatístico BioEstat 5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO Na área de Pinnus, foram amostrados 20 pontos, na floresta nativa com Araucaria foram amostrados 25 pontos e na área com Eucalyptus foram amostrados 13 pontos. A diferença no número de pontos apresentados em cada área deve-se as diferentes dimensões dos fragmentos amostrados. A porcentagem de dano foliar nas três áreas amostradas foram: Pinus 7,69 ± 2,21 (0,00 – 27,54), Eucalyptus 5,07 ± 1,40 (0,28 – 16,08) e floresta nativa com Araucaria 2,63 ± 0,69 (0,00 – 11,30). Não foi encontrada diferença significativa entre a porcentagem de dano foliar segundo o teste de Kruskal-Wallis (N=58; H=4,12; p=0,13) (Figura 1).

Figura 1. Gráfico da porcentagem de dano foliar nas diferentes áreas de vegetações amostradas. Apesar do Teste de Kruskal-Wallis não apresentar diferença, os dados apontam tendência para maior índice de herbivoria na área de Pinus, seguida pela área de Eucalyptus e, por fim, pela área de Araucaria. Apesar de serem exóticas as áreas de Pinnus e Eucalyptus se mostraram mais suscetíveis a herbivoria, o que pode ser explicado pelo fato de o material coletado nestas áreas ser de origem do (1) Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora(PGECOL); (2) Acadêmico de Ciências Biológicas do Centro de Ensino Superior Juiz de Fora(CESJF); (3) Biólogo Autônomo; (4) Departamento de Biologia da Universidade de Taubaté; E-mail: [email protected]

sub-bosque bem desenvolvido. Como Pinnus e Eucalipto sofrem pouca ou nenhuma predação por herbívoros (FERREIRA; RESENTE, 2007), induziram a maior predação das espécies componentes do sub-bosque enfraquecidas pela pouca disponibilidade de luz e sob o efeito aleloquimico das exóticas. Segundo Espirito Santo et al (2007) as folhas de eucalipto são percebidas pelos herbívoros como desertos sem recursos. O menor índice de herbivoria encontrado na floresta nativa com araucárias pode ser devido a maior extensão do fragmento e diversidade de plantas que remete a maior diversidade de alimento para forrageio dos herbívoros, além da ausência de substâncias alelopáticas. CONCLUSÕES O presente trabalho aponta impacto de Pinnus sp e Eucalytpto sp. sobre a dinâmica de hebivoria induzindo maior índice de predação no sub-bosque nativos. REFERÊNCIAS ESPÍRITO SANTO, N. B. et al. Comparação de assembléias de artrópodes em Eucalyptus urophylla e Eugenia sp. (myrtaceae) no parque Estadual do Itacolomi, Ouro Preto, Minas Gerais. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu – MG. FERREIRA, M. A.; RESENDE, D. C. Serviços do ecossistema: efeito de remanescentes florestais sobre a produtividade de sistemas agroflorestais de Eucalyptus, na região do Vale do Rio Doce, MG. Anais do VIII Congresso de Ecologia do Brasil, 23 a 28 de Setembro de 2007, Caxambu – MG. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Plano de Manejo da Floresta Nacional de Passa Quatro/MG.Brasília, 2009. KREMONEZI, T. C. et al. Herbivoria sob influência do efeito de borda no Parque da Lajinha, Juiz de Fora - MG. Anais do X Congresso de Ecologia do Brasil, 16 a 22 de Setembro de 2011, São Lourenço/ MG. LAMPRECHT, H. Silvicultura nos trópicos.Hamburg: GTZ, 343p, 1990 PASCHOALINI, M. F.; BARBOSA, B. C.; VOLTOLINI, J. C. Influência de herbivoria em Melastomatáceas sob efeito de borda e interior no Parque Municipal da Lajinha, Juiz de Fora – MG. Anais do X Congresso de Ecologia do Brasil, 16 a 22 de Setembro de 2011, São Lourenço/MG. VOLTOLINI, J. C.; ZANCO, L. Densidade de plântulas e jovens de espécies nativas de Floresta Atlântica em áreas com e sem o pinheiro americano (Pinus elliottii) REVISTA BIOCIÊNCIAS, UNITAU. Volume 16, número 2, 2010. ZILLER, S.R. A Estepe Gramíneo-Lenhosa no segundo planalto do Paraná: diagnóstico ambiental com enfoque à contaminação biológica. 268pp (Tese) Universidade Federal doParaná, Curitiba, 2000. (1) Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal de Juiz de Fora(PGECOL); (2) Acadêmico de Ciências Biológicas do Centro de Ensino Superior Juiz de Fora(CESJF); (3) Biólogo Autônomo; (4) Departamento de Biologia da Universidade de Taubaté; E-mail: [email protected]

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