\"Impacto do sismo de 1755 nos termos de Leiria e Ourém\", in «Luz da Serra», Santa Catarina da Serra, Ano XLII, n.º 503 (no original, 523), agosto de 2016, p. 14.

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LUZ DA SERRA

AGOSTO

-- histórias da História --

14

2016

Impacto do sismo de 1755 nos termos de Leiria e Ourém

No ano de 1755, a 1 de novembro, o território português foi afetado por um sismo de elevada intensidade, seguido de um maremoto, que provocou inúmeros óbitos e avultados danos em imensos locais do país de antanho, sobretudo em Lisboa, mas também em Vila Real de Santo António. No que se refere ao termo de Leiria, as memórias paroquiais das freguesias de então, lidas, transcritas e publicadas por Saul António Gomes, indicam a ocorrência de prejuízos mínimos nos mais diversos tipos de edifícios. De salientar alterações no plano topográfico. Por freguesia recolheram-se, em 1758, os seguintes dados:

1. AMOR. O cura Luís Carreira não deu qualquer resposta acerca do sismo. Descrição precisa encontra-se em documento de 1756 (vide: GOMES, Saul António, Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas - 8. Leiria, Viseu, Palimage, 2009, pp. 122-123). 2. ARRABAL. O clérigo José Pereira Batista registou, em 1758, que não «padeceo ruina no terremoto». Diploma de 1756, de 7 de março, refere danos nos templos da paróquia e em algumas casas, entre outros aspetos. Não houve mortes (pp. 133-135 e 139). 3. AZOIA. O padre João Nogueira respondeu, a 12 de abril de 1758, que no terramoto, às 9:15, a paróquia padeceu «algumas ruinas». Descrição mais precisa encontra-se em documento de 1756. Caíram objetos na matriz. Alterações topográficas. Diversas réplicas (pp. 148-149 e 151). 4. BAROSA. O eclesiástico José Ferreira dos Santos escreveu, a 15 de abril, que «não houve ruina pelo terramoto», apesar de alterações topográficas (pp. 160-161 e 167).

5. BARREIRA. António Lopes Saraiva, cura, não anotou, em 1758, qualquer dado, embora em 1756 tivesse escrito que houve alguns danos no casario e na igreja (pp. 173-174). 6. CARANGUEJEIRA. O pároco, não identificado, não deu informação alguma. 7. CARVIDE. O clérigo responsável pela paróquia respondeu que não «padesceo ruina». A 13 de março de 1756, o padre Manuel de Sousa referese a alterações topográficas. Ocorreram réplicas (pp. 197-199 e 204). 8. COIMBRÃO. O padre António Pereira escreveu, a 6 de abril de 1758, que «nam padeceo ruyna alguma». Em 1756, anotou alterações topográficas. Houve réplicas (pp. 215217 e 221). 9. COLMEIAS. O eclesiástico Francisco Pereira Nobre respondeu, a 4 de abril de 1758, que «nem com o terramoto padeceo lugar algum» (p. 239). 10. CORTES. O cura José Carvalho Pereira respondeu, a 7 de março de 1758, que houve alguns danos na paroquial. Em 1756, 3 de março, referira a existência de danos em vários templos (pp. 254-256 e 266). 11. LEIRIA. O clérigo responsável pela paróquia, cura, anotou que algum «efeyto fizeram no mencionado castello os impulsos do terremoto de 1758, que ainda se acha no mesmo estado. E no reparo dos que lanzou na sé cathedral se vay cuidando com zello» (p. 394). 12. MACEIRA. O cura, não identificado, anotou, a 6 de abril de 1758, que a matriz e algumas habitações foram afetadas pelo terramoto, ainda que fracamente (p. 441). 13. MARRAZES. José de Sousa, cura, mencionou, no inquérito, alguma ruína no castelo (p. 432). 14. MILAGRES. O responsável religioso da pa-

róquia escreveu, em 1758, que «nam padeseo alguma ruina no terremoto» (p. 452). 15. MONTE REAL. O pároco António Duarte da Rosa esclareceu, a 12 de abril, que não houve qualquer dano. Em texto de 20 de março de 1756 refere estragos em diversas habitações, algumas «bastantemente offendidas», e na igreja (pp. 462-463 e 468). 16. MONTE REDONDO. O cura João da Costa e Silva não registou, a 10 de abril de 1758, nada referente ao sismo, embora em texto de 29 de Fevereiro de 1756 o padre João Dias Tenente escrevesse que edifícios foram levemente atingidos e houve alterações topográficas (pp. 476-477). 17. PARCEIROS. O cura João Ribeiro, anotou, a 4 de abril de 1758, que a freguesia não «padeceo ruina consideravel no terremoto», tal como havia escrito a 20 de março de 1756 (pp. 488-489 e 491). 18. POUSOS. O padre João Rodrigues Homem clarificou, a 11 de abril de 1758, que não «padeceo este lugar dos Pouzos e freguezia ruina digna de memoria» (p. 503). 19. REGUEIRA DE PONTES. O respetivo cura, não identificado, referiu que não houve ruina alguma aquando do sismo. Documento de 18 de março de 1756 menciona alterações topográficas (pp. 512-514 e 518). 20. SANTA CATARINA DA SERRA. O cura João Pereira escreveu, a 7 de abril de 1758, que toda a freguesia «ficou livre e izenta de ruina do tremendo terremoto» (p. 529). 21. SOUTO DA CARPALHOSA. O vigário, José Amado, registou, a 13 de março de 1758, que no «terremoto nam padeceo ruina». Alterações topográficas (pp. 539-541 e 547).

No que se refere ao termo de Ourém, as memórias paroquiais das freguesias de então, lidas, transcritas e publicadas por Vasco Jorge Rosa da Silva, indicam a ocorrência de prejuízos mínimos nos mais diversos tipos de edifícios, à exceção de algumas estruturas posicionadas no reduto acastelado. De salientar alterações no plano topográfico. Por freguesia recolheram-se, em 1758, os seguintes dados:

1. ESPITE. O cura Manuel de Sousa Ferreira respondeu, a 7 de abril do ano supra, registou que a paróquia não «padeceo ruina com o terramotu» (vide: SILVA, Vasco Jorge Rosa da Silva, "As Memórias Paroquiais de Ourém (1758)", in Nova Augusta, Torres Novas, Câmara Municipal, 2011, n.º 23, p. 68). 2. FÁTIMA. O pároco João Pereira, cura, registou, a 12 de abril, que no sismo de 1755 «so alagaram nesta freguezia humas cazas as quais agora sam ja reparadas e outras padecerão alguma ruina» (pp. 69-70). 3. FORMIGAIS. Não foram encontradas, até ao momento, informações relativas ao impacto do terramoto. 4. FREIXIANDA. O eclesiástico Manuel de Oliveira, cura, anotou, a 6 de abril, que às perguntas 22, 23, 24, 25 e 26, a do terramoto, não tinha nada a responder. 5. OLIVAL. O clérigo João Rodrigues, cura, não registou, a 10 de junho, nada referente ao sismo. 6. OURÉM. Em 1758, o cura Luís António Flores, coadjutor da colegiada oureense (ouriense), escreveu que a vila foi bastante afetada pelo fenómeno natural em análise, tendo falecido inúmeros habitantes e caído diversos edifícios, como o da colegiada, o da câmara, o da cadeia e o

das casas do priorado (vide: - SILVA, Vasco Jorge Rosa da, "Memória Paroquial de Ourém: 1758 (transcrição)", in Nova Augusta, Torres Novas, Câmara Municipal, 2015, n.º 27, p. 276). 7. RIO DE COUROS. José Gaspar de Santo António, cura, na resposta de 13 de março não registou informação alguma acerca do impacto do sismo. 8. SEIÇA. O padre Luís Ferreira, cura, escreveu, a 31 de março, que no terramoto «padeceo ruina em duas cazas» (vide: SILVA, Vasco Jorge Rosa da Silva, "As Memórias Paroquiais de Ourém (1758)", in Nova Augusta, Torres Novas, Câmara Municipal, 2011, n.º 23, p. 80). Bibliografia sumária:

- GOMES, Saul António, Notícias e Memórias Paroquiais Setecentistas - 8. Leiria, Viseu, Palimage, 2009, pp. 122-123, 133-135, 139, 148-149, 151, 160-161, 167, 173-174, 197-199, 204, 215-217, 221, 239, 254-256, 266, 394, 432, 441, 452, 462-463, 468, 476-477, 488489, 491, 503, 512-514, 518,

Vasco Jorge Rosa da Silva Paleógrafo e Epigrafista Leiria - Ourém 529, 539-541 e 547. - SILVA, Vasco Jorge Rosa da, "Impacto do sismo de 1755 no termo de Leiria, in Diário de Leiria, Ano 28.º, n.º 5.421, 26 de abril de 2016, terça-feira, p. 8. - SILVA, Vasco Jorge Rosa da, "Impacto do sismo de 1755 no termo de Ourém, in Ramo d’ Além, Ano 13, n.º 144 (no original, 145), julho de 2016, p. 6. - SILVA, Vasco Jorge Rosa da Silva, "As Memórias Paroquiais de Ourém (1758)", in Nova Augusta, Torres Novas, Câmara Municipal, 2011, n.º 23, pp. 68-70 e 80. - SILVA, Vasco Jorge Rosa da, "Memória Paroquial de Ourém: 1758 (transcrição)", in Nova Augusta, Torres Novas, Câmara Municipal, 2015, n.º 27, p. 276.

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