Implantação de um clube de ciências em uma escola estadual de J aboticabal, SP

July 9, 2017 | Autor: T. Gimenez da Sil... | Categoria: Science Education, Elementary Education
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I I I  EN EBI O &  I V ER EBI O – Regional 5  V Congreso  Ibero american o de Edu cació n  en Ciên cias Experimen tale s 

Implantação de um clube de ciências em uma escola estadual de J aboticabal, SP 

Bruna Carolina Mouro  Natiane Bonani Lopes de Castro  Thaís Gimenez da Silva Augusto  Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”  UNESP­ campus de Jaboticabal  [email protected]  Apoio: Núcleo de Ensino  Pr ó­Reitoria de Gr aduação  UNESP  FUNDUNESP 

Resumo  Descreve­se  e  analisa­se  a  implantação  de  um  clube  de  Ciências  em  uma  escola  estadual de Jaboticabal  por  licenciandas  do  curso  de  Ciências  Biológicas  sob  supervisão  de  uma docente da Universidade. O projeto teve como objetivo possibilitar que os estudantes do  ensino  fundamental  desenvolvessem  competências  e  habilidades  específicas  através  da  realização de atividades práticas dentro do laboratório escolar, promovendo a formação tanto  dos estudantes como das futuras docentes. As licenciandas puderam ter maior contato com a  instituição escolar e experienciar a função docente em algumas das suas dimensões, como o  planejamento e elaboração de estratégias de ensino inovadoras.  Introdução  A  pouca  eficácia  do  ensino  tradicional  nas  escolas  faz  com  que  a  formação  das  crianças e adolescentes seja fragmentada e limitada (BORGES, 2002).  De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), a escola e os  professores  devem  promover  em  sala  de  aula  o  questionamento,  o  debate,  a  investigação,  fazendo com que os alunos construam conhecimentos científicos a partir da visão histórica e  cultural  internalizando  o  saber  prático  e  superando  as  insuficiências  do  ensino  passivo,  fundamentado na memorização e sem a criação de qualquer significado para o aluno.  Em  pesquisa  realizada  sobre  as  estratégias  de  ensino  utilizadas  por  professores  de  Ciências e Biologia de Jaboticabal­SP, constatamos que predominam as aulas expositivas e a  resolução de questionários “em detrimento da problematização dos conteúdos, das discussões  ou  de  outras  práticas  que  levem  o  aluno  a  se  tornar  o  centro  do  processo  educativo  como  preconiza os currículos oficiais” (AUGUSTO; OLIVEIRA, 2008, p. 3).  Em conversas com professores de Ciências de uma escola pública estadual, estes nos  pediram  auxílio  para  revitalizar  o  laboratório  de  Ciências.  Esta  instituição  tem  um  bom 198  Re  v is  ta  a d  d a S  BE  En  nB  Bi  io  o –  – N  Nú  úm  me  er  r o 0  3.  . O  Ou  ut  tu  ub  br  r o d  e 2  20  01  10  0.  .  R ev  i st  a SB  o 03  o de 

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laboratório porque  foi  escola  técnica  no passado,  contudo  nos  últimos  anos  o  espaço  estava  desativado.  Atualmente  são  reconhecidas  na  literatura  sobre  ensino  de  ciências  diversas  funções  das  aulas  práticas  desde  despertar  o  interesse  do  aluno,  realizar  trabalho  em  grupo  e  desenvolver conceitos e habilidades. Entretanto, algumas aulas práticas direcionam os alunos  a encontrar respostas certas reduzindo­se a uma atividade simplesmente manual, ao invés de  estimular  o  raciocínio  para  o  desenvolvimento  de  problemas    (KRASILCHIK,  2008).  Para  que  haja  aprendizado  e  envolvimento  do  aluno  com  a  situação  proposta  é  importante  saber  formular os problemas e instruir com as informações adequadas.  Os  procedimentos  das  aulas  no  laboratório  devem  permitir  que  o  aluno  desenvolva  competências  como  analisar  cada  etapa  realizada  para  adequá­la  ou  corrigi­la,  a  fim  de  construir  o  conhecimento.  Ademais,  é  necessário  que  sejam  exploradas  atividades  que  têm  sido  excluídos  do  ensino,  como  documentação,  organização,  comparação  dos  dados,  argumentação,  verificação  e  revisão de textos  escritos.  As  atividades práticas  não  podem  se  limitar  apenas  a  manipulação  de  objetos  de  laboratório,  mas  sim  estabelecer  um  espaço  de  reflexão, construção e desenvolvimento de idéias, de atitudes e de procedimentos (BRASIL,  1998).  Valorizar o cotidiano do aluno em meio a uma atividade experimental em laboratório  também possibilita um trabalho mais efetivo. O estudante traz consigo experiências cotidianas  e observações da realidade as quais supostamente são questionadas por eles e muitas  vezes,  não são debatidas e inseridas no ensino formal (RAMOS e ROSA, 2008).  Diante do exposto, desenvolveu­se um projeto que teve como objetivo  implantar um  clube  de  Ciências  na  referida  escola  estadual  utilizando,  principalmente,  o  espaço  do  laboratório.  As  atividades  com  alunos  do  ensino  fundamental  foram  desenvolvidas  por  licenciandas  em  Ciências  Biológicas  da  UNESP,  supervisionadas  por  uma  docente  da  Universidade,  buscando  assim  promover  a  formação  de  todos  os  envolvidos  através  da  elaboração de estratégias de ensino inovadoras, como as preconizadas pelos PCN.  O  desenvolvimento  de  atividades  de  ensino  em  condições  reais  é  muito  importante  para a formação dos licenciandos que podem experienciar a função docente em algumas das  suas dimensões, como o planejamento de aulas práticas, elaboração de estratégias de ensino  inovadoras e o relacionamento com alunos reais sob a supervisão do docente universitário. 199  Re  v is  ta  a d  d a S  BE  En  nB  Bi  io  o –  – N  Nú  úm  me  er  r o 0  3.  . O  Ou  ut  tu  ub  br  r o d  e 2  20  01  10  0.  .  R ev  i st  a SB  o 03  o de 

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Objetivo  Descrever  e  analisar  o  processo  de  implantação  de  um  Clube  de  Ciências  em  uma  escola  estadual  de  Jaboticabal  por  licenciandas  do  curso  de  Ciências  Biológicas  sob  supervisão de uma docente do referido curso. 

Desenvolvimento  O  projeto  “Clube  de  Ciências”  teve  como  objetivo  possibilitar  que  os  estudantes  do  ensino  fundamental  de  uma  escola  pública  desenvolvessem  competências  e  habilidades  específicas, através da realização de atividades práticas no laboratório escolar, sob orientação  de  licenciandas  do  curso  de  Ciências  Biológicas,  promovendo  a  formação  tanto  dos  estudantes como das futuras docentes. Consistiu em encontros semanais de uma hora e meia  durante quatro meses em uma escola estadual do município de Jaboticabal/SP. Os encontros  ocorreram em horário oposto ao período das aulas regulares.  Inicialmente  fomos  até  a  escola  para  verificar  se  o  laboratório  estava  em  boas  condições  de  uso  e  quais  materiais  estavam  disponíveis,  a  fim  de  reativá­lo.  A  partir  disso,  fizemos  um  levantamento  dos  alunos  das  oitavas  séries  que  gostariam  de participar  e quais  conteúdos  na  área  das  Ciências  Naturais  eles  teriam  maior  interesse  em  desenvolver  no  laboratório.  A seguir descrevemos sucintamente apenas algumas das atividades desenvolvidas, em  função do espaço limitado deste artigo. 

Primeiro Encontro  O primeiro encontro iniciou­se com uma apresentação do projeto “Clube de Ciências”  e o objetivo do mesmo, como os encontros seriam realizados e a importância da participação  dos  estudantes  nas  discussões  e  na  realização  das  atividades.  Distribuímos  o  termo  de  consentimento  livre  e  esclarecido  aos  estudantes  para  que  o  responsável  permitisse  sua  participação. Em seguida, os estudantes e as licenciandas (responsáveis pelo desenvolvimento  do projeto na escola) se apresentaram expondo suas expectativas sobre o projeto. Finalizando  a  primeira  parte,  um  contrato  de  grupo  foi  estabelecido.  Foram  elaboradas,  conjuntamente 200  Re  v is  ta  a d  d a S  BE  En  nB  Bi  io  o –  – N  Nú  úm  me  er  r o 0  3.  . O  Ou  ut  tu  ub  br  r o d  e 2  20  01  10  0.  .  R ev  i st  a SB  o 03  o de 

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com os alunos presentes, regras sociais e regras de laboratório para o bom desenvolvimento  do trabalho.  Logo após a elaboração do contrato, iniciamos o desenvolvimento de uma atividade,  que  tinha  como  objetivo  abordar  a relação  entre  área,  pressão,  superfície  e  peso  a partir  de  uma  situação  problema.  Os  estudantes  foram  divididos  em  grupos  de  três  e  cada  grupo  recebeu os seguintes materiais: uma bacia com água, pedrinhas, papel alumínio  e o  seguinte  problema  “Como  será  que  a  gente  faz  para  construir  um  barquinho  que  na  água  consiga  carregar o maior número de pedrinhas sem afundar?”. 1  Os estudantes tentaram resolver o problema, em grupo, fazendo barcos de dobradura, e  depois de  várias  tentativas  perceberam que o barco  em  forma de balsa  era  o  que  conseguia  carregar o maior número de pedrinhas sem afundar.  Em  seguida  iniciamos  uma  discussão  sobre  cada  etapa  da  atividade.  Primeiramente  cada grupo explicou como tinham desenvolvido a situação proposta e em seguida discutimos  o  porquê  de  tal  resultado.  A  partir  das  explicações  dos  estudantes  fomos  conduzindo  a  discussão  até  que  eles  percebessem  a  relação  entre  área,  pressão,  superfície  e  peso.  A  atividade também foi relacionada com o desenvolvimento do conhecimento científico em que  o cientista se depara com um problema e então precisa fazer vários testes para chegar a uma  solução.  Ao  final,  pedimos  para  que  os  alunos  relatassem  por  escrito  como  tinham  desenvolvido a atividade. 

Segundo Encontro  Iniciamos  o  segundo  encontro  relembrando  o  contrato  de  grupo  estabelecido  no  primeiro encontro e recolhendo o termo de consentimento livre e esclarecido.  Em seguida, sem comentar o tema da aula, apresentamos aos alunos os materiais que  seriam  utilizados,  entre  estes:  béqueres,  colher,  sal  de  cozinha,  areia,  óleo,  água,  álcool,  açúcar e cascalho. Cada aluno recebeu quatro béqueres que foram enumerados pelos próprios  estudantes  e  eles  poderiam  misturar  as  substâncias  de  acordo  com  seus  interesses  sempre  anotando o que continha em cada béquer e o que eles analisavam após a mistura.  1 

Esta atividade baseia­se no livro CARVALHO, Anna Maria Pessoa de... et al. Ciências no ensino  fundamental:  o conhecimento físico. São Paulo: Scipione, 1998.

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Ao  término  da  atividade  colocamos  na  lousa  o  que  cada  aluno  fez,  comparando  as  misturas,  analisando  quantas  fases  era  possível  enxergar  e  discutindo  os  acontecimentos  observados.  A  partir  disso,  chegamos  ao  conceito  de  mistura  homogênea  e  heterogênea  identificando o que eles haviam feito. Durante a atividade os alunos permaneceram bastante  concentrados.  Pedimos  para  que  os  estudantes  relacionassem  as  misturas  feitas  na  atividade  com  outras misturas que eles tivessem visto ou ouvido falar no cotidiano, como sangue, ar e café  com leite. Houve muita participação e perguntas. 

Terceiro Encontro  Neste encontro desenvolvemos uma atividade sobre um dos cinco sentidos: o Tato.  A  atividade  foi  divida  em  seis  etapas  que  apresentavam  situações,  nas  quais  o  tato  seria utilizado para que os alunos percebessem as diferentes percepções que este sentido nos  proporciona.  Os estudantes formaram duplas e cada um recebeu um roteiro explicativo sobre cada  etapa: ·  1ª  Etapa  ­  Com  um  alfinete,  toque  a  superfície  cutânea  da  mão,  alternadamente  pontiaguda  e  rombuda  para  que  o  voluntário  reconheça  as  duas  sensações.  Em  seguida,  alterne  a  estimulação  em  várias  regiões  da  mão  perguntando  se  está  sendo  estimulado com a parte romba ou pontiaguda. ·  2ª  Etapa  –  Com  um  compasso,  com  aberturas  diferentes,  pesquisar,  em  diferentes  regiões cutâneas, a distância mínima em que o colega percebe claramente dois pontos  estimulados. ·  3ª  Etapa  –  Selecione  um  objeto  e  mostre­o  aos  demais  membros  do  grupo,  com  exceção de um voluntário que estará de olhos vendados. Coloque a peça sobre a palma  da mão do voluntário e peça­lhe que diga o nome do objeto com e sem a manipulação. ·  4ª Etapa – Escreva com o dedo na testa e nas costas de um colega de olhos fechados,  as letras b ou d, bem como, p ou q. Qual a letra que o colega conseguiu identificar e  em qual região? ·  5ª Etapa – Escolha um voluntário do grupo para que coloque o indicador direito dentro  da bacia  com  água  gelada  e  o  indicador  esquerdo dentro da bacia  com água  quente. 202  Re  v is  ta  a d  d a S  BE  En  nB  Bi  io  o –  – N  Nú  úm  me  er  r o 0  3.  . O  Ou  ut  tu  ub  br  r o d  e 2  20  01  10  0.  .  R ev  i st  a SB  o 03  o de 

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Por quanto tempo ele conseguiu sentir a diferença de temperatura?  Após isso, coloque  os dois dedos em uma bacia com água normal. Qual a sensação? ·  6ª Etapa –  Um voluntário do grupo deve introduzir o dedo indicador na água quente  por quinze segundos ou o quanto resistir. Espere um pouco e introduza a mão inteira.  Em qual momento a sensação foi menos suportável?  Após o desenvolvimento da atividade cada dupla relatou o que observou, as sensações  apresentadas  e  as  dificuldades  de  percepção.  Durante  a  discussão  as  licenciandas  aproveitaram  para  explicar  questões  que  estão  envolvidas  com  a  percepção  do  tato  como  a  presença de receptores de vários tipos e a distribuição destes receptores pela região cutânea. 

Quarto Encontro  No  inicio  deste  encontro  apresentamos  os  materiais  que  seriam  utilizados  e  distribuímos  sob  a  mesa.  Foram  separados  seis  tubos  de  vidro,  açúcar,  fermento  biológico,  farinha  de  trigo,  sal,  água morna  e  bexigas.  Cada  aluno ficaria  responsável  em  preparar um  tubo  e  no  final  analisariam  o  resultado  de  todos.  O  tema  deste  encontro  foi  o  processo  de  fermentação. 2  Descrevemos  na  lousa  o  que  seria  colocado  em  cada  tubo  e  os  alunos  deveriam  enumerá­los.  Tubo 1: água morna e açúcar.  Tubo 2: água morna e sal.  Tubo 3: água morna e fermento.  Tubo 4: água morna, fermento e sal.  Tubo 5: água morna, fermento e açúcar  Tubo 6: água morna, fermento e farinha de trigo  Assim que colocavam as substâncias indicadas, os estudantes deveriam tampar a boca  de cada tubo com uma bexiga. Enquanto ocorriam as reações nos tubos pedimos para que os  alunos escrevessem em um papel o que achavam  que iria acontecer com cada bexiga e com  cada tubo.  Em  seguida,  os  resultados  começaram  a  aparecer.  Analisando  que  algumas  bexigas  encheram  e  outras  não  os  alunos  começaram  a  questionar  o  fato.  Discutimos  o  que  havia  2 

Atividade retirada do Caderno do Professor da Nova Proposta Curricular do Estado de São Paulo, 2009.

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acontecido  e  o  motivo  da  reação.  Assim  explicamos  que  o  fermento  é  constituído  por  microorganismos que consomem a glicose dos alimentos e liberam um gás conhecido como  gás carbônico. Esse gás que faz a bexiga encher. Os estudantes associaram essa reação com a  preparação  de  bolos  e  pães,  comentando  que  no  cotidiano  o  fermento  é  usado  para  fazer  o  bolo e o pão crescerem.  Ao  final  da  atividade  pedimos  para  que  os  estudantes  analisassem  as  anotações  que  haviam  feito  antes  dos resultados  e  corrigissem  o  próprio  erro explicando o porquê de  cada  reação. Houve muita participação dos alunos. 

Quinto Encontro  No  quinto  encontro  realizamos  uma  atividade  sobre  osmose.  Inicialmente  os  estudantes  foram  divididos  em  duplas  e  para  cada  uma  foram  entregues  os  seguintes  materiais: duas batatas, sal, açúcar, um béquer e duas placas de petri. Em seguida, explicamos  que cada dupla deveria cortar a batata ao meio e colocar em uma metade sal e na outra, açúcar  e  a  outra  batata  deveria  ser  colocada  dentro  da  água.  Pedimos  para  que  cada  estudante  escrevesse o que achava que aconteceria com cada batata. Os estudantes ainda não sabiam que  a atividade era sobre osmose.  Os  estudantes  foram  observando  os  resultados  da  atividade  e  comparando  com  que  inicialmente pensavam. Cada um relatou o esperado e o observado e tentou explicar o porquê  destes  acontecimentos. As  licenciandas  explicaram  os  resultados  apontando  a  osmose  como  responsável  por  tais  acontecimentos  e  relacionando  este  fenômeno  com  alguns  fatos  cotidianos. 

Sexto Encontro  No  sexto  encontro  foram  realizadas  duas  atividades.  Primeiramente  entregamos  aos  alunos copinhos  de  café,  algodão  e  sementes  de  feijão  e  milho.  Os  estudantes  plantaram  as  sementes nos copinhos com algodão umedecido.  Neste  contexto  discutimos  com  os  alunos  o  que  aconteceria  com  as  sementes  e  o  porquê elas conseguiam crescer estando apenas no algodão umedecido. A partir da discussão  entregamos a eles um roteiro para que preenchessem ao longo do crescimento da plantinha.  No roteiro seria necessário descrever a semente plantada, a data do plantio, as características 204  Re  v is  ta  a d  d a S  BE  En  nB  Bi  io  o –  – N  Nú  úm  me  er  r o 0  3.  . O  Ou  ut  tu  ub  br  r o d  e 2  20  01  10  0.  .  R ev  i st  a SB  o 03  o de 

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do  local  onde  o  copinho  ficaria  e  o  inicio  da  germinação. Também  apresentava uma  tabela  para analisar a quantidade de vezes que a semente foi regada por dia. Toda semana os alunos  deveriam trazer o roteiro para que analisássemos o desenvolvimento da planta.  Depois do plantio, iniciamos uma atividade para que os alunos compreendessem a lei  física que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. Entregamos aos alunos  bacias  e  enchemos  de  água.  Fornecemos  também  copos  e  folha  de  papel.  Eles  teriam  que  colocar  o  papel  amassado  no  fundo  do  copo  e  mergulhá­lo  na  bacia  com  água  sem  deixar  molhar o papel. Depois de muitas tentativas os alunos conseguiram encontrar a solução.  Em seguida fizemos um furo na parte inferior do copo e pedimos para que os alunos  realizassem novamente a mesma tarefa. Entretanto, eles não conseguiram deixar o papel seco.  Sendo assim, discutimos todo o processo desenvolvido desde o problema proposto, como foi  feito  e  o  porquê  do  resultado  e  comparamos  com  o  desenvolvimento  do  conhecimento  científico, observação e experimentação.  Nos encontros subseqüentes foram desenvolvidas outras atividades experimentais que  abordaram  as  seguintes  temátoicas:  extração  do  DNA  vegetal,  confecção  de  modelos  de  células  procariontes  e  eucariontes,  observação  controlada  da  germinação  e desenvolvimento  de plantas monocotiledôneas e dicotiledôneas, processos de quebra de dormência de sementes  e visita ao horto florestal e ao viveiro de muda da Unesp. 

Discussão  O planejamento dos encontros do “Clube de Ciências” foi realizado pelas licenciandas  e pela docente responsável pelo projeto, buscando elaborar estratégias de ensino inovadoras  como as preconizadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais.  Ao  final  de  cada  encontro,  os  alunos  avaliavam  as  atividades  e  davam  sugestões  de  temas que gostariam que fossem abordados nos próximos encontros.  Para permitir que os estudantes fossem levados a raciocinar, a pensar e a refletir sobre  as  atividades  desenvolvidas  e  também  sobre  as  etapas  do  conhecimento  científico,  as  licenciandas  sempre  tentavam  partir da problematização dos  temas  a  serem desenvolvidos  e  ouviam as interpretações e observações dos estudantes a respeito do fenômeno estudado antes  de explicá­lo, dessa maneira era possível instigar os estudantes olharem de outro modo para o  fenômeno  em  estudo.  Segundo  Capelleto  (1992),  permitir  que  o  próprio  aluno  raciocine  e 205  Re  v is  ta  a d  d a S  BE  En  nB  Bi  io  o –  – N  Nú  úm  me  er  r o 0  3.  . O  Ou  ut  tu  ub  br  r o d  e 2  20  01  10  0.  .  R ev  i st  a SB  o 03  o de 

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realize as diversas etapas da investigação científica é a finalidade primordial de uma aula de  laboratório.  Quando  o  estudante  participa  ativamente  do  processo  de  construção  de  um  conhecimento ele  se sente parte integrante do processo de ensino­aprendizagem o que torna  este mais prazeroso e mais produtivo.  Nos encontros tentamos abordar fenômenos naturais através de experimentos, sempre  procurando  relacionar  o  fenômeno  estudado  com  atividades  cotidianas  para  estimular  a  curiosidade e a percepção dos estudantes, além de permitir que estes pudessem criar meios de  solucionar problemas cotidianos. Segundo Rosito (1998), a utilização do cotidiano no ensino  de  Ciências  deve  valorizar  a  compreensão  dos  princípios  da  Ciência  com  a  finalidade  de  aplicá­lo na resolução e no controle de fenômenos do dia­a­dia.  O  desenvolvimento  deste  projeto  foi  de  suma  importância  para  a  formação  das  licenciandas  responsáveis  que  puderam  ter  maior  contato  com  a  instituição  escolar,  experienciar a função docente em algumas das suas dimensões, como o planejamento de aulas  práticas, elaboração de estratégias de ensino inovadoras, as dificuldades de se trabalhar dentro  de  um  laboratório  e  o  relacionamento  com  alunos  reais  sob  a  orientação  de  um  docente  responsável.  Para  Santos  (2008),  este  tipo  de  atividade  se  configura  em  um  momento  de  formação  na  prática  que  proporcionará  a  construção  dos  saberes  práticos  do  professor.  As  autoras ressaltam que o aprendizado mais importante que este tipo de atividade proporciona é  o “saber da realidade” .  Neste ano, o projeto terá continuidade e buscaremos dar maior autonomia aos alunos  que poderão desenvolver seus próprios projetos de pesquisa sob orientação das licenciandas  que  os  auxiliarão  a  elaborar  uma  metodologia  e  a  pesquisar  materiais  necessários  para  responder as questões propostas pelos alunos.  Consideramos  que  esta  aproximação  entre  a  escola  de  educação  básica  e  a  Universidade  é  de  suma  importância  para  a  formação  coletiva  de  alunos  do  ensino  fundamental  e  licenciandos.  E  neste  novo  ano  buscaremos  ainda,  uma  maior  aproximação  com os professores de Ciências da própria escola. 

Referências  AUGUSTO, T.G.S ; OLIVEIRA, R. R. . Estratégias de ensino desenvolvidas por professores  de  Ciências  e  Biologia  de  escolas  públicas  de  Jaboticabal  ­SP,  Brasil.  In:  VIII  Jornadas 206  Re  v is  ta  a d  d a S  BE  En  nB  Bi  io  o –  – N  Nú  úm  me  er  r o 0  3.  . O  Ou  ut  tu  ub  br  r o d  e 2  20  01  10  0.  .  R ev  i st  a SB  o 03  o de 

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Nacionales  y  III  Congreso  Internacional  de  Enseñanza  de  la  Biología,  2008,  Mar del  Plata.  VIII  J or nadas  Nacionales  y  III  Congreso  Inter nacional  de  Enseñanza  de  la  Biología,  2008. v. 1. 

BORGES, A. T. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Cad. Br as. Ens. Fís., v.  19, n.3: p.291­313, dez. 2002. 

BRASIL.  Secretaria  de  Educação  Fundamental.  Parâmetr os  Cur ricular es  Nacionais:  ciências naturais. Brasília: MEC/ SEF, 1998. 

CAPELETTO,  A.  Biologia  e  Educação  ambiental:  Roteiros  de  trabalho.  Editora  Ática,  1992. p. 224. 

KRASILCHIK. M. Prática de Ensino de Biologia. Editora Edusp, 4ª ed. São Paulo, 2008, p.  86. 

RAMOS, L. B. C.; ROSA, P. R. S. O ensino de ciências: fatores intrínsecos e extrínsecos que  limitam a realização de atividades experimentais pelo professor dos alunos iniciais do ensino  fundamental. Investigações em Ensino de Ciências, v.13, 2008. p. 299­331. 

ROSITO, B. A. Investigando as concepções de pr ofessores de um Curso de Licenciatura  em Ciências. Porto Alegre: PUCRS, 1998. Dissertação de Mestrado. Faculdade de Educação,  Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 1998. 

SANTOS, Mariana dos. Os saberes docentes de licenciandos e a construção da identidade  profissional.  Dissertação  (Mestrado  em  Educação).  Universidade  Federal  de  São  Carlos.  2008.

207  Re  v is  ta  a d  d a S  BE  En  nB  Bi  io  o –  – N  Nú  úm  me  er  r o 0  3.  . O  Ou  ut  tu  ub  br  r o d  e 2  20  01  10  0.  .  R ev  i st  a SB  o 03  o de 

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