Importância de uma ETAR para a Conservação do Ambiente
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Carlos Vaz Respeito Importância de uma estação de tratamento de águas residuais moderna para a conservação e manutenção do meio ambiente: Caso da Cidade de Maputo (Vale do Infulene)
DECLARAÇÃO DE HONRA Declaro que, esta dissertação nunca foi apresentada para obtenção de qualquer grau, e que ela constitui resultado da minha investigação pessoal, estando indicadas no texto e na bibliografia as fontes por mim utilizadas.
Maputo, ________ de __________________ de 2014
_______________________________ Carlos Vaz Respeito
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Carlos Vaz Respeito Importância de uma estação de tratamento de águas residuais moderna para a conservação e manutenção do meio ambiente: Caso da Cidade de Maputo (Vale do Infulene)
DEDICATÓRIA Pela graça de Deus, fonte de toda sabedoria, ciência, equilíbrio, paz e amor, dedico este trabalho aos meus pais Zacarias Respeito e Palmira Filipe, as minhas irmãs Leia da Conceição Respeito, Teresa Natália Respeito e Edna Miranda Respeito e a minha namorada Telma Felisberto Sambo.
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Resumo O saneamento é um processo essencial para a saúde humana pelo fornecimento de água potável e afastamento das águas residuais contribuindo para a conservação ambiental. O presente trabalho foi realizado com a intenção de mostrar a importância de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) moderna. A ETAR de Infulene, é do tipo lagoas de estabilização, devido ao seu estado de degradação tem exalado cheiro muito forte e incómodo. Devido a falta de conservação e manutenção esta infra-estrutura está a degradar-se. Esta infra-estrutura é muito importante para os agricultores que desempenham suas actividades no vale de Infulene e para o tratamento das águas residuais da cidade de Maputo. Recomenda-se que haja um maior controle da ETAR e que se proceda a manutenção para evitar o avanço da degradação, para níveis irreversíveis. Palavras-chave: Águas Residuais; ETAR; Saneamento
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Agradecimentos Agradeço a Deus, o pai todo-poderoso que me deu a vida, a família, os amigos, a inteligência, as incontáveis bênçãos e graças não merecidas. Agradeço aos meus pais, os quais me trouxeram ao mundo, por terem cuidado de mim em todas as fases que passei na vida e por terem me incentivado a valorizar a escola. As minhas irmãs pelas alegrias e tristezas que partilhamos sobre academia e que sempre suportam as minhas chatices e a minha namorada pela confiança, suporte, amor e pelos momentos que me fez sorrir das dificuldades. Um agradecimento muitíssimo especial a minha supervisora a Dra. Amida Mussa, pela orientação sabia, criticas, paciência, insistência, dedicação, ensinamento e todo apoio prestado na realização deste trabalho. Aos meus colegas do curso que me acompanharam nesta longa caminhada Isolda Dlamine, Hamina Taju, Isabel Germana, Keit Uafino, Valter Machatine, Edson M. Langa, Hélio Zeferino e todos outros. Aos meus irmãos da Igreja que sempre me apoiaram e oraram por mim Carlos Cumbe, Dário Marivate, Hélio Cumbe, Gabriel Ibraimo, Augusto Macie, David Malauene, Ivan Macie, Mercio e Gimina Langa, António Cumbane, Nuria Macie, Emerson, José Cuna, e Pe. Benedito Mahumane. Aos técnicos da Direcção Municipal de Águas e Saneamento do Município de Maputo pelas informações cedidas de forma cordial e educada, o Engº Analio, a Engª Dilene e ao Guarda da ETAR o Sr. Gaspar. A todos que conviveram ao meu lado durante esta minha caminhada, pelo acompanhamento e convivência. O meu muito Obrigado!
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Índice DECLARAÇÃO DE HONRA ................................................................................................... I DEDICATÓRIA ....................................................................................................................... II Resumo .................................................................................................................................... III Agradecimentos .......................................................................................................................IV Índice de Imagens .................................................................................................................. VII Glossário ............................................................................................................................... VIII Lista de abreviaturas ................................................................................................................IX 1. Introdução .............................................................................................................................. 1 2. Justificativa ............................................................................................................................ 3 3. Objectivos .............................................................................................................................. 4 3.1.Objectivo geral ................................................................................................................. 4 3.2. Objectivos específicos .................................................................................................... 4 4. Problema ................................................................................................................................ 5 5. Hipóteses ................................................................................................................................ 7 6. Revisão da Literatura ............................................................................................................. 7 7. Enquadramento Teórico e conceptual .................................................................................. 10 8. Metodologia ......................................................................................................................... 12 8.1. Dificuldades encontradas .............................................................................................. 13 9. Localização da área de estudo.............................................................................................. 14 9.1. Rio Infulene: Localização e generalidades ................................................................... 14 9.2. Qualidade das águas do rio Infulene ............................................................................. 14 10. Águas Residuais ................................................................................................................. 15 11. Estação de Tratamento de Águas Residuais de Infulene ................................................... 16 11.1. Localização ................................................................................................................. 16 11.2. Descrição..................................................................................................................... 16 11.4. Câmara de entrada....................................................................................................... 17 V
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11.5. Grades de barras .......................................................................................................... 18 11.6. Medidor venturi .......................................................................................................... 18 11.7. Separação (Divisão do caudal).................................................................................... 19 11.8. Descarga para camiões de sucção ............................................................................... 20 11.9. Lagoas anaeróbicas ..................................................................................................... 20 11.10. Lagoas facultativas.................................................................................................... 21 11.11. Vala de efluentes ....................................................................................................... 21 11.12. Vertedouro ................................................................................................................ 22 12. Processo de tratamento das águas residuais na ETAR de Infulene ................................... 22 13. Situação actual da ETAR ................................................................................................... 23 Principais aspectos da degradação da ETAR ........................................................................... 29 Resultados das entrevistas........................................................................................................ 30 14. Estação de tratamento de Águas Residuais Moderna ........................................................ 31 14.1. Fases de tratamento das águas residuais numa ETAR moderna ................................. 32 14.2. Tratamento preliminar ................................................................................................ 32 14.3. Tratamento primário ................................................................................................... 33 14.4. Tratamento secundário ................................................................................................ 33 14.5. Tratamento terciário .................................................................................................... 34 14.6. Tratamento da fase sólida ........................................................................................... 34 14.7. Vantagens de cada fase de tratamento num ETAR moderna .......................................... 35 15. Comparação entre ETAR do tipo lagoa de estabilização e ETAR moderna ..................... 36 16. Formas de poluição no vale de Infulene através da ETAR ................................................ 37 17. Propostas de resolução ....................................................................................................... 39 Conclusão................................................................................................................................. 41 Bibliografia .............................................................................................................................. 42 ANEXOS ................................................................................................................................. 48
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Índice de Imagens Figura 1: Localização da ETAR (Fonte: Googlemaps, 2014) ................................................. 16 Figura 2: Câmara de entrada das águas residuais na ETAR (Fonte: Extraída pelo autor, 2014) .................................................................................................................................................. 17 Figura 3: Grades de barras (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)................................................ 18 Figura 4: Medidor Venturi (Fonte: Extraída pelo autor, 2014) ............................................... 19 Figura 5: Divisão do caudal (Fonte: Extraída pelo autor, 2014).............................................. 19 Figura 6: Descarga para camiões de sucção (Fonte: Extraída pelo autor, 2014) ..................... 20 Figura 7: Vala de efluentes (Fonte: Extraída pelo autor, 2014) ............................................... 21 Figura 8: Vertedouro (Fonte: Extraída pelo autor, 2014) ........................................................ 22 Figura 9: Desvio das águas residuais (Fonte: Extraída pelo autor, 2014) ............................... 25 Figura 10: Canais que levam água residual as lagoas anaeróbicas (Fonte: Extraída pelo autor, 2014) ........................................................................................................................................ 26 Figura 11: Degradação da Lagoa Anaeróbica (Fonte: Extraída pelo autor, 2014) .................. 27 Figura 12: Lagoas Facultativas 1 & 2 cobertas com vegetação (Fonte: Extraída pelo autor, 2014) ........................................................................................................................................ 28 Figura 13: Vertedouro da lagoa facultativa 2 (Fonte: Extraída pelo autor, 2014) ................... 29 Figura 14: Planta da ETAR de Infulene (Fonte: DHV Consultores, 1984) ............................. 51 Figura 15: Localização da ETAR (Fonte: DHV Consultores, 1984) ....................................... 52
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Glossário Aeróbio – São microrganismos cuja existência não se pode prolongar sem o oxigénio do ar (dicio, 2011). Anaeróbico – Anaeróbico ou anaeróbio, é um organismo que vive e se desenvolve exclusivamente em um meio em que há ausência completa ou quase completa de oxigénio molecular. São em geral microrganismos, como por exemplo as bactérias e os fungos (LUIZ, 2011). Demanda Bioquímica de Oxigénio - Quantidade de oxigénio necessária para oxidar a matéria biologicamente. É um dos parâmetros mais importantes na medição da poluição orgânica e na quantidade de material orgânico para efeito de dimensionamento de reatores biológicos (Infopédia, 2003). Lodo - é o sedimento terroso no fundo das águas. São definidas como lamas das nascentes das águas minerais (Priberan, 2013).
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Lista de abreviaturas ARA-Sul – Administração Regional de Águas do Sul; BM – Banco Mundial; DBO – Demanda Bioquímica de Oxigénio; DMAS – Direcção Municipal de Águas e Saneamento; DNA – Direcção Nacional de Águas; ETAR – Estação de Tratamento de Águas Residuais; FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura.
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1. Introdução O tema por mim escolhido para desenvolver como trabalho de fim de curso é “Importância de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais moderna para a manutenção e conservação do meio ambiente: Caso da Cidade de Maputo (Vale do Infulene) ”. Parte da rede de esgotos da Cidade de Maputo vai desaguar na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Infulene para ser tratada e depois despejada de forma segura no curso de água, mas nos últimos anos esta infra-estrutura não tem demonstrado muita eficiência nas tarefas que ditaram a sua construção, exalando odores fortes. As ETAR modernas são uma infra-estrutura para a despoluição de múltiplos cursos de água para onde, diariamente são canalizadas através das redes de esgotos. As ETAR normalmente localizam-se no fim do curso de água, recebendo de forma contínua os resíduos líquidos canalizados através da rede pública de esgotos. Posteriormente submete-se esses efluentes a um tratamento que se processa de forma faseada (Infopédia, 2003). A ETAR moderna tem uma participação fundamental na gradual diminuição da poluição dos rios, contribuindo não somente para a melhoria da qualidade da água utilizada para o consumo como também para o equilíbrio dos ecossistemas. O saneamento ambiental é importante para se garantir o desenvolvimento económico e social, manutenção da saúde pública, para protecção e melhoria da qualidade ambiental. Muito embora, nem sempre a área de saneamento ambiental recebeu a devida prioridade (PIMPÃO, 2011). Vários países no mundo têm se mostrado preocupados com os níveis de poluição dos cursos de água. Os cursos de água têm sido constantemente alvo de preocupação, pois as águas são uma das maiores fontes de serviços naturais, e vêm sendo prejudicadas pelo excesso de poluentes lançados indiscriminadamente nos seus leitos. No Vale do Infulene é possível verificar a forma indiscriminada como lixo, restos de fertilizantes usados nas machambas e efluentes despejados pelas fábricas tem contaminado o Rio Infulene. Segundo Barrenetxea apud BARROS & LICCO (2011), o odor desagradável é a forma de poluição que mais directamente impacta o ser humano, convertendo-se num problema de 1
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difícil condução quando incomoda um número razoável de pessoas, interferindo em seu bemestar. O odor exalado pela Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Infulene incomoda os agricultores das áreas próximas e aos que passam perto do mesmo como é o caso dos automobilistas que usam a Rua do Jardim a caminho da Matola ou de Maputo e pedestres que usam a mesma via. Este trabalho de dissertação é resultado de um estudo de caso da ETAR de Infulene, que passou a apresentar com frequência problemas de odores durante a sua operação nos últimos anos. Este trabalho visa analisar as causas dos odores exalados na ETAR, de onde vários agricultores tiram a água para irrigar as suas machambas.
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2. Justificativa A água é um dos principais vectores de doenças, havendo necessidade de trata-la de forma adequada antes de despejar nos cursos naturais de água. Infelizmente quando o homem desenvolve algumas das suas actividades não tem dado a devida importância a manutenção e conservação do meio ambiente. O que motivou a escolha do tema foi o facto de ter constatado, que vários camiões de sucção de águas de esgoto vão despejar os efluentes directamente na ETAR do Infulene e na mesma área existe um cheiro muito forte. Este tema é pertinente pois, no vale do Infulene, onde esta inserida a ETAR, são desenvolvidas várias actividades que garantem o sustento de famílias residentes na Cidade de Maputo e não só. Vários camponeses usam as águas do rio Infulene para irrigarem as suas culturas e alguns tem praticado a pesca neste rio. Existem áreas habitacionais a menos de 500m da actual ETAR expondo os residentes aos perigos de um rio contaminado e ao mau cheiro que é exalado. Com este tema pretende-se trazer a necessidade de fazer a manutenção do actual ETAR de Infulene para reverter os danos que este vem causando ao ambiente local. De referir que este tema poderá ser de grande contributo para a informação sobre o estado da ETAR de Infulene bem como para a tomada de decisão sobre possíveis soluções aos problemas actuais.
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3. Objectivos 3.1.Objectivo geral
Este trabalho tem como objectivo geral analisar a necessidade de uma ETAR moderna para a conservação e manutenção do meio ambiente no vale do Infulene.
3.2. Objectivos específicos 1. Identificar as formas de poluição ambiental através das águas residuais no vale do Infulene; 2. Explicar as etapas de tratamento dos efluentes de uma ETAR moderna; 3. Demonstrar as vantagens de uma ETAR moderna; 4. Comparar o funcionamento da ETAR do Infulene com uma ETAR moderna; e 5. Propor soluções para a correcção dos problemas da ETAR de Infulene.
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4. Problema Estima-se que, actualmente, a estação de tratamento de esgoto municipal de Maputo serve apenas 10% da população e está se deteriorando (BEDDOW & PARKER, 2013). O sistema de esgoto velho no centro da cidade descarrega directamente nos rios que fluem para a Baía de Maputo. A ETAR existente, e a área prevista para a extensão e expansão da planta, situa se no vale do rio Infulene entre Maputo e Matola. A área é propensa a inundações e é parcialmente utilizada para agricultura (Idem). As águas residuais da cidade de Maputo são transportadas por sistemas de colectores e desaguam na ETAR de Infulene para serem tratadas. É nesta infra-estrutura que as águas passam por um processo de purificação através de lagoas de estabilização. A ETAR de Infulene devido ao seu elevado mau estado de conservação não trata de forma eficaz as águas residuais (TEMBE & DE CARVALHO, 2014). Algumas secções de tratamento das águas estão danificadas e outras assoreadas. As grades que servem para conter a passagem de material grosseiro como plásticos, garrafas, papéis e outros que são transportados acidentalmente através das condutas, estão entupidas de tal forma que não permitem a passagem normal da água. Os canais, que levam a água, para as lagoas anaeróbicas estão cheios de lixo que não foi retido pela grade. As lagoas anaeróbicas encontram-se assoreadas e verifica-se o crescimento de capim, caniço e outros vegetais. É possível verificar também a existência de lixo que foi propositadamente despejado na lagoa anaeróbica como tanques plásticos de água, filtros de óleo e que causam mau cheiro inviabilizando o funcionamento normal da lagoa. A fraca fiscalização dos camiões de sucção, faz com que os motoristas e seus ajudantes, despejem as águas residuais de forma desregrada. Vários camponeses e pessoas não identificadas tem usado a ETAR como lixeira e como vala comum. A lagoa facultativa da ETAR esta completamente coberta por plantas aquáticas, o dique de protecção da lagoa facultativa tem capim e algumas árvores a crescerem a sua volta, esta tem sido usado para deitar lixo e em alguns casos os camponeses retiram água da lagoa para a rega das suas culturas. O lixo atirado nas lagoas, é transportado até a saída dos efluentes na parte sul da ETAR, a água sai com uma coloração esbranquiçada e com um cheiro muito forte, nas duas saídas de 5
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efluentes, a jusante da ETAR a água que sai produz muita espuma. Os agricultores da parte sul da ETAR, obstruíram propositadamente o vertedouro e o tubo que transporta água tratada para o rio Infulene. Segundo BEDDOW e PARKER (2013), estudos feitos na Baía de Maputo revelaram a existência de coliformes fecais, estreptococos fecais e Escherichia coli na água e em tecidos de moluscos marinhos. Os níveis nos tecidos dos mariscos foram consistentemente níveis altos. Os patógenios causadores de infecções gastrointestinais graves têm vindo a aumentar ao longo dos anos. A descarga de esgoto não tratado tem sido a principal causa dos problemas ambientais mencionados acima, que trazem implicações socioeconómicas e de saúde pública significativas (Idem). Sendo assim, face estas consequências a saúde publica, incluindo implicações ambientais e socioeconómicas significativas levou me a questionar: Em que medida a inexistência de uma ETAR moderna, a falta de manutenção ou a idade avançada do ETAR de Infulene é a causa da poluição do Rio Infulene e do mau cheiro que existe?
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5. Hipóteses 1. A falta de uma ETAR moderna1 na cidade de Maputo, concretamente no Vale do Infulene, é a causa do problema ou devido a inexistência do tratamento adequado dos efluentes; 2. A idade avançada e a falta de manutenção da ETAR contribui para a poluição do rio Infulene e para a exalação de odores fortes que se fazem sentir nas proximidades do ETAR. 3. Com a construção de uma ETAR moderna poderia se reduzir ou eliminar os poluentes emitidos para o rio e extinguir os cheiros emitidos no processo de purificação da água. Melhorando assim o ambiente local e a saúde das comunidades circunvizinhas.
6. Revisão da Literatura Todas as cidades produzem suas águas residuais, também denominado de esgoto urbano, que tem características similares com alto poder de poluição. Estes resíduos necessitam de tratamento e disposição final adequada sob pena de comprometerem o meio ambiente e a saúde pública (NASCIMENTO & FERREIRA, 2007). Uma das principais causas da poluição das águas é a matéria orgânica presente no esgoto, uma vez que, a solução "imediata" adoptada pelos órgãos responsáveis pelo saneamento básico, é o lançamento nos corpos da água, na maioria das vezes sem nenhum tratamento prévio, comprometendo a qualidade da água não apenas no local onde o esgoto é despejado, mas em toda a sua bacia hidrográfica (DINIZ & ALEGRIA, 2007). Segundo Barrenetxea apud BARROS e LICCO (2011), o odor desagradável é a forma de poluição que mais directamente impacta o ser humano, convertendo-se num problema de difícil condução quando incomoda um número razoável de pessoas, interferindo em seu bemestar. O tratamento das águas residuais é de extrema importância porque os rios e lagos são o destino de enormes quantidades de efluentes domésticos e industriais, que se não forem tratados podem destruir os ecossistemas ribeirinhos e impossibilitar a utilização dessas águas para consumo humano (ETAR, 2009).
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Com as 3 fases de tratamento de efluentes (Primário, Secundário e Terciário)
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Uma Estação de Tratamento de Águas Residuais moderna é uma infra-estrutura destinada ao tratamento de águas residuais. Nas estações, as águas residuais são sujeitas a tratamentos que removem as substâncias contaminantes, os poluentes, antes de serem devolvidas ao meio ambiente (Municipio de Almada - SMAS, 2012). As ETAR servem para receber e tratar as águas residuais através da separação e diminuição da quantidade de matéria poluente da água, permitindo a sua devolução ao meio ambiente, nas melhores condições e de acordo com as exigências legais. As estações de tratamento de águas residuais (ETAR) modernas constituem dispositivos muito importantes para a redução e controlo da poluição. A remoção dos vários contaminantes existentes nas águas residuais depende da sua natureza e respectivas concentrações, sendo materializada por uma série de etapas ordenadas de modo a estabelecer sequências lógicas, adaptadas ao objectivo pretendido. Nesta perspectiva, e para as águas residuais urbanas, a sequência de operações de tratamento consiste na remoção de sólidos grosseiros e em suspensão, a que se segue a remoção de compostos orgânicos solúveis, os quais são removidos por meio de processos biológicos, onde populações de microrganismos decompõem a matéria orgânica transformando-a, essencialmente, em dióxido de carbono e novas células (SIMARSUL, SA, 2010). As lagoas de estabilização são consideradas como uma das técnicas mais simples de tratamento de esgotos. Dependendo da área disponível, topografia do terreno e grau de eficiência desejado (BDT@, 2005). As lagoas de estabilização, são grandes tanques de pequena profundidade cavados na terra, nos quais o esgoto flui continuamente e é tratado por processos naturais. São definidas também como corpo de água lento, construído pelo homem para armazenar resíduos líquidos de natureza orgânica. O tratamento é feito através de processos naturais, físicos, biológicos e bioquímicos (auto depuração ou estabilização). Esses processos são responsáveis pela transformação de compostos orgânicos putrescíveis em compostos minerais ou orgânicos mais estáveis (Idem). Poucos estudos sobre a ETAR de Infulene foram elaborados no âmbito geográfico inclusive noutras áreas, o material disponível, foi feito pela empresa de consultoria DHV Consultores, responsável pelo estudo da construção da ETAR na década de 1984. 8
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A DHV Consultores foi responsável pelo desenho e concepção da ETAR de Infulene e do sistema de drenagem das águas pluviais da cidade de Maputo. Os dados relevantes como Demanda Bioquímica de oxigénio, clorofórmios fecais, que entram e saem através da ETAR não são colectados. Alguns estudantes do Departamento de Química, da Faculdade de Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane têm feito estudos acerca da qualidade da água do rio Infulene, e vem recolhendo dados importantes principalmente a jusante do ponto de descarga das águas residuais da ETAR de Infulene. CHIBANTÃO (2009) no seu estudo sobre o Controlo da Qualidade da Água do rio Infulene para fins de Irrigação, concluiu que para a irrigação, os resultados dos parâmetros estudados satisfazem os limites recomendados pelas normas da Organização das Nações Unidas para Agricultura (FAO) o que confere a boa qualidade da água do rio Infulene para fins de irrigação, este estudo não faz menção sobre a qualidade da água do rio para o consumo humano. Por sua vez CAMILO (2014), refere que as águas do rio Infulene não são próprias para o consumo humano, predominantemente pela elevada contaminação microbiológica.
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7. Enquadramento Teórico e conceptual Segundo LOPES (2013) enquadramento teórico tem a finalidade de sustentar e contextualizar os conteúdos essenciais, que irão fundamentar a compreensão do trabalho, esclarecendo assim o tema em estudo. Portanto, os conteúdos são fundamentados na perspectiva de alguns autores, tendo em vista o vínculo desses, com a realidade prática vivenciada no dia-a-dia. Sendo assim, neste capítulo far-se-á abordagem, a importância de uma Estação de Tratamento de Águas Residuais moderna para a manutenção e conservação do meio ambiente: Caso da Cidade de Maputo (Vale do Infulene). Águas Residuais são definidas como sendo as águas que resultam de diversos usos ou actividades ligadas à vida humana: água utilizada nas nossas casas, no comércio e na indústria. As águas residuais contêm substâncias contaminantes, nomeadamente: sólidos suspensos, matérias orgânicas biodegradáveis, microrganismos patogénicos, nutrientes inorgânicos dissolvidos, metais pesados, poluentes prioritários, produtos orgânicos refractários, etc (Municipio de Almada - SMAS, 2012). As águas residuais são todas as águas descartadas que resultam da utilização para diversos processos. As águas residuais transportam uma quantidade apreciável de materiais poluentes que se não forem retirados podem prejudicar a qualidade das águas dos rios, comprometendo não só toda a fauna e flora destes meios, mas também, todas as utilizações que são dadas a estes meios (CETESB, S/D). Analisando as definições acima citadas, pode-se afirmar que eles convergem nas suas ideias ao considerarem que as águas residuais resultam das actividades humanas e que as mesmas têm um potencial de poluir se não forem devidamente tratadas, causando impactos na vida social do homem e no meio ambiente que o rodeia. Saneamento segundo Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005) apud GUIMARÃES (2007) é o controlo de todos os factores do meio físico do homem, que exercem ou podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social. De outra forma, pode-se dizer que saneamento caracteriza o conjunto de acções socioeconómicas que tem por objectivo alcançar salubridade ambiental. Outros autores definem Saneamento como o conjunto de acções, obras e serviços que têm por objectivo alcançar níveis crescentes e sustentáveis de salubridade ambiental (GUEDES, 2012). 10
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O meio ambiente é um sistema formado por elementos naturais e artificiais relacionados entre si e que são modificados pela acção humana. Trata-se do meio que condiciona a forma de vida da sociedade e que inclui valores naturais, sociais e culturais que existem num determinado local e momento (conceito, 2011). As Estação de Tratamento de Águas Residuais são infra-estruturas que servem para a despoluição de múltiplos cursos de água que são canalizados através das redes de esgotos. Estas estações recebem de forma contínua os resíduos líquidos canalizados através da rede de esgotos. Posteriormente submete esses efluentes a um tratamento que se processa de forma faseada (Infopédia, 2003). A ETAR é por definição uma Estação de Tratamento de Águas Residuais que trata águas residuais, que podem ter origem doméstica ou industrial. Depois de tratadas, as águas podem ser lançadas para os recursos hídricos com níveis de poluição aceitáveis sem que se corra o risco de prejudicar o ecossistema destes recursos. Para que o tratamento das águas seja eficiente, estas terão de passar por diversos processos, nos quais lhes vão ser alteradas as características que as tornariam prejudiciais (Grupo Água, 2007). Vários autores, investigadores e instituições concordam em afirmar que a principal tarefa da ETAR é de tratar a água residual doméstica e/ou industrial, para que esta esteja em condições de ser descartada de forma segura no meio receptor, seja ela um lago, um rio ou no mar. De salientar que segundo o Grupo Água (2007) as águas residuais tratadas, sempre são lançadas com níveis de poluição aceitáveis. As Lagoas de Estabilização são sistemas de tratamento biológico em que a estabilização da matéria orgânica é realizada pela oxidação bacteriológica (oxidação aeróbia ou fermentação anaeróbia) e/ou redução fotossintética das algas (JUNIOR, S/D). Segundo JUNIOR (S/D) os sistemas de lagoas de estabilização constituem-se na forma mais simples para tratamento de esgotos, apresentando diversas variantes com diferentes níveis de simplicidade operacional e requisitos de área.
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8. Metodologia Este trabalho é de natureza qualitativa pois visa analisar a importância de uma ETAR moderna para a manutenção e conservação do meio ambiente. A natureza é qualitativa porque procura compreender as causas que originam o problema em estudo tratando de recolher os dados teóricos que serão coniventes com a base de referências bibliográficas, entrevistas, e observação do funcionamento da ETAR. Quanto ao tipo de pesquisa é bibliográfica, descritiva e de campo, pois para além de comportar fundamentos teóricos de alguns autores, a pesquisa será suportada com algumas informações colhidas na realidade a ser estudada (CERVO & BERVIAN, 1996). Bibliográfica porque fez se a consulta de algumas obras que versam sobre o tema, artigos publicados na internet. Descritiva porque fez se a observação, a recolha de dados, análise e interpretação de dados dos acontecimentos e fenómenos que ocorrerem no campo (TRIVIÑOS, 1987). Para a sua elaboração recorreu-se a pesquisa nas diversas fontes da internet sobre materiais ligados ao tema desde artigos científicos e dissertações. Visitas as bibliotecas e observação directa feita no campo. Para esta pesquisa usou-se como instrumentos e técnicas as entrevistas não estruturadas e a observação directa da realidade. As entrevistas não estruturadas foram feitas aos agricultores, motoristas de camiões de sucção e aos transeuntes da área circunvizinha a ETAR, em forma de conversa efectuada face a face, de forma metódica, proporcionando ao pesquisador a obtenção de informação. A observação directa foi feita na ETAR com o objectivo de observar a realidade face a face para a obtenção de vários aspectos vividos na área de estudo. As entrevistas qualitativas são muito pouco estruturadas, sem uma expressão e uma ordem rigidamente estabelecida das perguntas (BALOI, 2010). Portanto usou-se um guia de tópicos a serem cobertos, mas não haverá uma ordem para colocação de perguntas sobre tais tópicos, fez-se perguntas ocasionais para ajustar e clarificar aspectos importantes. Os dados recolhidos no terreno são simplesmente para fins académicos e não se espera que sejam revelados a nenhuma identidade de pesquisa como forma de garantir a sua dignidade e confidencialidade.
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Os métodos usados neste trabalho foram o método Indutivo e o método observacional. No método indutivo, partiu-se da observação de factos ou fenómenos cujas causas desejava-se conhecer. Por meio da indução chega-se a conclusões que são apenas prováveis, este é o método mais adequado para investigação nas ciências sociais (GIL, 2008). No método indutivo, de acordo com MARCONI & LAKATOS (2003), deve-se considerar três elementos fundamentais para toda indução: observação dos fenómenos, descoberta da relação entre eles e generalização da relação. Método observacional pois observa algo que acontece ou já vem acontecendo, e pode afirmar-se que qualquer investigação em ciências sociais deve valer-se, em mais de um momento, de procedimentos observacionais (Idem). Os dados qualitativos foram analisados através de descrição e comparação no pacote Ms Word. Os dados recolhidos no terreno são apresentados por meio de tabelas do MS Word. Usou-se também o MS Word para a produção de textos. Permitindo assim a interpretação e significância dos resultados a serem apurados. 8.1. Dificuldades encontradas Várias dificuldades surgiram ao longo a elaboração deste trabalho. A demora na emissão das credenciais atrasou em duas semanas o trabalho de recolha de dados. A burocracia existente para o acesso a informação na Direcção Municipal de Água e Saneamento levou quinze dias. Nas bibliotecas da Faculdade de Engenharia da Universidade Eduardo Mondlane existem muitos manuais sobre ETAR com abordagem de engenharia e em Inglês. A biblioteca da Direcção Nacional de Águas (DNA) tem muita informação antiga e parte dos documentos encontram-se perdidos, não existem relatórios recentes sobre saneamento. A biblioteca do MICOA encontrava-se em arrumação não tendo sido possível consultar nenhuma obra. Para além que, no trabalho de campo a timidez e receio de alguns entrevistados, dificultou a obtenção de informação.
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9. Localização da área de estudo 9.1. Rio Infulene: Localização e generalidades O rio Infulene integra a bacia do Infulene, que é uma pequena bacia hidrográfica nacional de regime de escoamento permanente. O rio Infulene situa-se na província de Maputo e faz fronteira com os municípios de Maputo e Matola. Corre na direcção norte-sul da província de Maputo paralelamente à Estrada Nacional N1 e desagua no estuário Espírito Santo, que é um braço-de-mar na margem ocidental da Baía de Maputo ARA-Sul (2008) apud CHIBANTÃO (2012). O rio Infulene tem cerca de 20 km de comprimento, 500 m de largura média, 130 Km2 de área e uma descarga total que varia entre 0.2 a 7m 3/s. Nesta bacia existe grande influência da água de retorno de indústrias e da ETAR (Idem). A principal origem da sua água é a das infiltrações das encostas arenosas, sendo bastante explorada pelo sector familiar, privado e cooperativo nas chamadas zonas verdes da cidade de Maputo, para irrigação de hortifruticulturas, principalmente pelo método de valas de regulação do lençol freático. Verifica-se um considerável aumento de salinidade e contaminação pelas águas de esgoto SITOE (2008) apud CHIBANTÃO (2012). 9.2. Qualidade das águas do rio Infulene A qualidade da água muda ao longo do ano em função de factores meteorológicos e da eventual sazonalidade de lançamento de efluentes e dos caudais; em contrapartida também melhora pela capacidade de auto depuração dos próprios rios e diluição dos contaminantes pela recepção de boa qualidade de seus afluentes que pode atingir níveis de qualidade aceitável ou boa. É muito difícil que a recuperação seja total. BAUDER et al (2011) apud CHIBANTÃO (2012). As águas superficiais utilizadas para a irrigação de horticulturas, principalmente nas zonas verdes de grandes centros urbanos, apresentam-se muitas vezes contaminadas por agentes físicos, químicos e microbiológicos (Idem). Estudos efectuados pela ARA-SUL de Moçambique sobre a qualidade das águas da bacia do Infulene para o consumo humano, no primeiro trimestre de 2008 mostraram um nível elevado de turvação e nitratos em relação aos limites máximos admissíveis em todas as estações de
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monitoramento. E associado ao elevado teor de nitratos, notou-se igualmente a presença de amónia em concentrações elevadas ARA-Sul (2006) apud CHIBANTÃO (2012). A turvação no rio Infulene deve-se à presença em elevada concentração de partículas suspensas na água, provocando uma cor mais escura. A ocorrência de concentrações elevadas de nitratos está associada ao uso de fertilizantes e despejos de efluentes domésticos e industriais, o que aumenta o risco de doenças (Idem).
10. Águas Residuais Segundo BUTLER e DAVIES (2004) apud DE SOUSA (2009), as águas residuais são originadas a partir de vários fluxos, nomeadamente de origem doméstica, não doméstica (comercial ou industrial) e infiltração/escorrências, existindo uma série de factores que os poderão condicionar, tais como: localização, hábitos alimentares; presença de comércio e indústrias, tipo de sistemas colectores e condições dos mesmos. São águas que resultam de diversos usos ou actividades ligadas à vida humana: água utilizada nas nossas casas, no comércio e na indústria. As águas residuais contêm substâncias contaminantes, nomeadamente: sólidos suspensos, matérias orgânicas biodegradáveis, microrganismos patogénicos, nutrientes inorgânicos dissolvidos, metais pesados, poluentes prioritários, produtos orgânicos refractários, etc. (Municipio de Almada - SMAS, 2012). As águas residuais transportam uma elevada carga orgânica, nutrientes e uma concentração de poluentes que, se não forem tratados, podem degradar a qualidade da água do meio receptor com consequentes impactos para a saúde pública, vida aquática e recursos de água utilizáveis em condições economicamente aceitáveis. (SIMARSUL, SA, 2010). Tratar as águas residuais, além de beneficiar directamente o meio ambiente, gera emprego e pode desencadear um processo de desenvolvimento económico, inclusive no contexto regional. A redução de gastos com a saúde, a ampliação da capacidade produtiva das pessoas e a inclusão social de moradores de áreas carentes que tem sistema de esgotos implantado são alguns dos benefícios indirectos gerados por acções neste sector (WAGNER & BELLOTTO, 2008).
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11. Estação de Tratamento de Águas Residuais de Infulene 11.1. Localização A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Infulene, está localizada nas coordenadas 25º55’08.5’’ de Latitude Sul do Equador e 32º32’19.3’’ de Longitude Este de Greenwich, no km 2 da Rua do Jardim, na margem direita do Rio Infulene (Figura 1, pág 16).
Figura 1: Localização da ETAR (Fonte: Googlemaps, 2014)
11.2. Descrição A ETAR do Infulene, é do tipo Lagoas de Estabilização. As obras de construção da ETAR de Infulene, iniciaram na década de 1980, tendo entrado em funcionamento nos finais da mesma década. A ETAR de Infulene foi construída com a capacidade de tratar esgotos de cerca de 90.000 hab. (TEMBE & DE CARVALHO, 2014). O Município de Maputo é o actual gestor da ETAR de Infulene, que antes era gerido pela Administração Nacional de Águas através do Gabinete de Drenagem (MIMBIRI, 2012). Em Maputo existem dois sistemas de drenagem, um de águas pluviais e outro de águas residuais, que ocupam uma área de 1.500 hectares. O Sistema 1 da área baixa da cidade está sob responsabilidade do Conselho Municipal, através do departamento de água e saneamento. E o Sistema 2 que inclui a estação de tratamento do Infulene, as valas abertas ao longo das Avenidas Joaquim Chissano, de Angola e Acordos de Lusaka, era feita pela Direcção Nacional de Águas, através do Gabinete de Drenagem (TEMBE & DE CARVALHO, 2014). 16
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As águas residuais da cidade de Maputo chegam a ETAR através de colectores municipais do Sistema 2. Existem 2 estações de bombagem que transportam as águas residuais da cidade para a ETAR de forma a serem tratadas convencionalmente, mas desde 2009, as duas bombas não estão a funcionar e partes das descargas estão a ser feitas directamente no mar (TEMBE & DE CARVALHO, 2014). A ETAR de Infulene é composta por:
Câmara de entrada;
Grades de barras;
Medidor venturi;
Separação;
Descarga para camiões de sucção;
Lagoas anaeróbicas;
Lagoas facultativas;
Vala de efluente; e
Vertedouro.
11.4. Câmara de entrada É o local por onde entram as águas residuais para serem tratadas. A câmara é bastante estreita para evitar a sedimentação de areia e de matéria orgânica (Figura 2, pág. 17). Acima do fundo, um cano de descarga esta ligado a esta câmara, que pode servir de escumador e através do qual se pode fazer um desvio total da estação de tratamento.
Figura 2: Câmara de entrada das águas residuais na ETAR (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
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11.5. Grades de barras Na estação de tratamento existem 2 tipos de grades de barras, e que são limpas manualmente, por meio de ancinhos especialmente desenhados (Figura 3, pág. 18). As grades estão colocadas a um ângulo abaixo de 70º com o solo. A primeira grade tem aberturas de 120-130mm e barras com 20mm de diâmetro. A segunda grade tem barras de 10mm e uma abertura de 40mm. Com os ancinhos, especialmente desenhados, qualquer lixo retido pelas grades pode ser removido. Durante a operação, quando as grades estão parcialmente bloqueadas com entulho ou quando 50-75% do espaço vazio entre as barras esta bloqueado, o nível da água, a montante das grades sobe a um nível que a água começa a fluir através de um desvio. Este canal de desvio tem uma capacidade de caudal suficiente para acomodar todo o caudal das águas residuais, mesmo se as grades estiverem completamente bloqueadas.
Figura 3: Grades de barras (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
11.6. Medidor venturi Este medidor serve para medir a variação de caudais (Figura 4, pág. 19). Foi adequado um canal de aproximação com a largura de 0,8m e um medidor com uma aproximação de 0,4m.
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Figura 4: Medidor Venturi (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
11.7. Separação (Divisão do caudal) A jusante do medidor venturi, o caudal foi dividido em duas partes iguais, de forma a serem conduzidas a cada uma das lagoas anaeróbicas paralelas (Figura 5, pág. 19). Em cada um dos canais foi instalada uma portinhola para poder se desviar de uma das lagoas anaeróbicas. Quando uma das portinholas esta fechada, a medição do caudal no medidor venturi prossegue sem perturbação.
Figura 5: Divisão do caudal (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
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11.8. Descarga para camiões de sucção Perto da lagoa anaeróbica A2, mais ao ocidente, foi construída uma câmara especialmente para descarregar, para esta lagoa, a lama das fossas sépticas trazidas por camiões de sucção (Figura 6, pág. 20). É neste local onde os camiões que fazem a recolha das águas residuais na área peri-urbana onde não há colectores municipais de águas residuais, assim como de alguns edifícios e esgotos municipais são despejados.
Figura 6: Descarga para camiões de sucção (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
11.9. Lagoas anaeróbicas Na estação de tratamento existem duas lagoas anaeróbicas, paralelas, com uma área de superfície de 0,31ha cada, para poder manter um tempo de retenção nas lagoas de, aproximadamente 1,5 dias. Esperava-se uma redução da Demanda Biológica do Oxigénio (DBO), nas lagoas anaeróbicas, entre 40 e 50% da carga total transportada para a estação. De ressaltar que neste processo é bem conhecido pelo mau cheiro e por atrair moscas. As lagoas anaeróbicas têm uma profundidade mínima de 2m. Os primeiros 25m, perto da entrada, tem uma profundidade de 3m, esta escavação adicional de 1m destina-se a acumulação de lamas. O espaço mínimo entre as operações de desenlameamento regular que foi recomendado pelo consultor é de uma vez por mês. A lama poderia ser bombada para leitos descarregadores de lamas, ou podia ser removida por meio de camiões de sucção e ser espalhada nas machambas, como fertilizante. 20
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Os diques da lagoa anaeróbica foram construídos com uma altura de 1m acima do nível máximo das águas nas lagoas, para permitir a ocorrência de ondulação nas lagoas durante períodos de grande velocidade dos ventos. Os efluentes tratados nas lagoas anaeróbicas são conduzidos para as lagoas facultativas através de vertedouros de transbordamento. A largura total do vertedouro, em cada lagoa, é de 3m. A montante de cada vertedouro foi construído um escumadouro, que retêm óleo, gordura e outro material flutuante. 11.10. Lagoas facultativas Na estação de tratamento, existem duas lagoas facultativas, paralelas, cada uma com uma superfície de 3,4ha. A profundidade mínima nas lagoas facultativas é de 1,50m, para evitar o crescimento de caniço nelas. Nos períodos prolongados de chuva, a profundidade da água aumenta até um máximo de 1,72m, devido a capacidade limitada dos vertedouros. Os diques da lagoa facultativa foram projectados com uma altura de 1m, acima do nível máximo da água. Os vertedouros de descarga das lagoas facultativas são idênticos aos existentes entre as lagoas anaeróbicas. 11.11. Vala de efluentes No sudoeste das lagoas facultativas, foi construído uma vala para efluentes, entre as duas saídas das lagoas facultativas e o Rio Infulene (Figura 7, pág. 21). Esta vala transporta as águas que saem da lagoa facultativa em direcção ao Rio Infulene.
Figura 7: Vala de efluentes (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
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11.12. Vertedouro A jusante da lagoa facultativa F1, foi construído um vertedouro para medir, o caudal total da lagoa facultativa F1 e da F2 (Figura 8, pág. 22).
Figura 8: Vertedouro (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
12. Processo de tratamento das águas residuais na ETAR de Infulene O tratamento das águas residuais na ETAR de Infulene, iniciam com a entrada das águas trazidas pelas condutas de esgotos da cidade. As águas residuais passam por um pré tratamento que consiste na remoção de grandes sólidos para proteger as demais unidades de tratamento, os dispositivos de transporte (tubulações) e os corpos receptores (lagoas). Este processo é feito com o uso de duas grades que impedem a passagem de trapos, papéis, plásticos, pedaços de madeira, etc. A primeira grade tem aberturas de 120-130mm e barras com 20mm de diâmetro. A segunda grade tem barras de 10mm e uma abertura de 40mm (DHV Consultores, 1984). De seguida, a água é divida, e segue por dois canais separadores para cada uma das lagoas anaeróbicas que foram dimensionadas para receber cargas orgânicas elevadas, que impedem a existência de oxigénio dissolvido no meio líquido. As lagoas anaeróbicas ocupam uma área de 0,31ha cada. A profundidade das lagoas anaeróbicas, é de 3m e o tempo de detenção hidráulico ou seja o tempo que as águas ficam antes de passarem para as lagoas facultativas é
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de cerca de 1,5 dias. Nas lagoas anaeróbicas, é feito o tratamento primário que consiste na remoção de poluentes, através de acções físicas como a sedimentação e a acção dos microrganismos anaeróbicos. Isto é, a matéria orgânica em suspensão sedimenta formando lama no fundo das bacias, esta lama é decomposta por microrganismos anaeróbicos. Segundo a DHV Consultores (1984) a água sai das lagoas anaeróbicas através de vertedouros com uma remoção de matéria orgânica entre 40-50%, o remanescente é removido nas lagoas facultativas. As lagoas facultativas ocupam uma área de superfície de 3,4ha e tem uma profundidade mínima de 1,5m. Nas lagoas facultativas a água entra e permanece por um período de tempo longo o suficiente para que os processos naturais de estabilização da matéria orgânica se desenvolvam (DHV Consultores, 1984). Nas lagoas facultativas a estabilização da matéria orgânica ocorre em duas camadas, sendo a superior aeróbia e a inferior anaeróbia, simultaneamente (SAAE – Serviço autônomo de Água e Esgoto, 2006). Nas lagoas facultativas a matéria orgânica em suspensão tende a sedimentar, constituindo a lama de fundo (zona anaeróbia). Esta lama sofre o processo de decomposição por microrganismos anaeróbicos, sendo depois convertido lentamente em gás. Após um certo período de tempo, apenas a fracção não biodegradável permanece na camada de fundo. A matéria orgânica dissolvida, conjuntamente com a matéria orgânica em suspensão de pequenas dimensões não sedimenta, permanecendo dispersa na massa líquida. Na camada mais superficial, tem se a zona aeróbia. Nesta zona, a matéria orgânica é oxidada por meio da respiração aeróbia. Há a necessidade da presença de oxigénio, o qual é suprido ao meio pela fotossíntese realizada pelas algas. Tem-se, assim, um perfeito equilíbrio entre o consumo e a produção de oxigénio e gás carbónico. Por fim as águas residuais tratadas nas lagoas facultativas são despejadas nas valas de efluentes através de vertedouros e depois transportadas ao meio receptor que é o Rio Infulene.
13. Situação actual da ETAR A rede de águas residuais da Cidade de Maputo encontra-se, em alguns locais da cidade, degradada, apresentando actualmente fugas, as quais podem causar problemas por contaminação dos meios receptores. Estima-se que a Estação de Tratamento de Águas
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Residuais (ETAR) do município de Maputo sirva apenas 10% da população (RAMÔA, 2010). Os efluentes são usados, em parte, para irrigação agrícola. As restantes águas residuais são lançadas na Baía de Maputo, sem tratamento, contaminando o ambiente. A deposição final das lamas constitui outro problema sério, em termos de riscos para a saúde pública. Actualmente, não existe qualquer estação de tratamento de lamas, embora esteja a ser construída uma unidade no âmbito da reabilitação da ETAR no vale do Infulene, em Maputo/Matola. As lamas são assim maioritariamente descarregadas nas águas superficiais ou no solo, em campos de acesso público sem qualquer tratamento não existindo, que se tenha conhecimento, um quadro jurídico que regulamente as descargas DNA (2005) apud RAMÔA (2010). A ETAR não esta a funcionar na sua capacidade máxima, pois ela foi concebida para tratar efluentes de 90.000 habitantes, mas neste momento recebe efluentes de cerca de 40.000 habitantes da cidade de Maputo que estão cobertos pelo Sistema 2. (TEMBE & DE CARVALHO, 2014). A partir dos resultados das entrevistas e observação directa constatou-se que o estado actual da ETAR de Infulene é de abandono. A ETAR funciona com dificuldades em várias secções de tratamento e a área reservada para o funcionamento de outras actividades ligadas a mesma, também encontra-se subaproveitada. Para além que a ETAR não tem uma vedação de protecção e segurança, estando aberta a qualquer um que deseje entrar ou passar independentemente das suas intenções e em casos mais graves os amigos do alheio usam o local para efectuar as suas acções. As duas vias que dão acesso a ETAR são de terra e quando chove dificulta a passagem dos camiões de sucção. O capim alto e o caniço tomaram conta do espaço da ETAR. Os caminhos de acesso a pé a infra-estrutura da ETAR, também foram tomados pela vegetação. Na ETAR é possível ver tubos colectores de águas abandonados e contentores que funcionavam como escritórios a ficarem degradados. A entrada da infra-estrutura de tratamento, ao receber as águas sob grande pressão, estas passam por um pré-tratamento que consiste na separação de material sólido transportado pelas condutas de água residual tais como papel, plástico, garrafas e outros. As duas grades 24
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que fazem a separação destes materiais, encontram-se totalmente bloqueadas devido a falta de limpeza para remoção do lixo (Figura 3, pág. 18). Desta forma, devido ao avançado estado de entupimento, as águas fluem por um desvio passando directamente para as lagoas anaeróbicas sem este pré tratamento (Figura 9, pág. 25).
Figura 9: Desvio das águas residuais (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
O local de descarga para os camiões de sucção, encontra-se entupido e coberto de vegetação, as pessoas usam o local como lixeira e alguns defecam no local. Esta infra-estrutura não esta em utilização a alguns anos (Figura 6, pág. 20). Os dois canais que levam a água para as lagoas, estão cheios de lixo que não foi separado no pré-tratamento (Figura 10, pág. 25).
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Figura 10: Canais que levam água residual as lagoas anaeróbicas (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
As lagoas anaeróbicas da ETAR também estão cheias de diferentes tipos de lixo e, o fundo das bacias está sedimentado com areia, nas taludes tem vegetação como caniço, capim e algumas árvores. Parte da talude da lagoa anaeróbica 2 encontra-se destruída, permitindo a infiltração dos solos que as águas das chuvas transportam e que mantêm assoreada a bacia. Na lagoa anaeróbica 2, algumas oficinas de automóveis tem despejado óleos, restos de combustível e outros tipos de lixo que não são adequados para despejar na ETAR de Infulene (Figura 11, pág. 26).
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Figura 11: Degradação da Lagoa Anaeróbica (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
Alguns camiões de sucção tem despejado de forma desregrada as águas residuais, durante a visita de campo, foi possível constatar que alguns camiões nos horários em que não há vigilância despejavam água na entrada que de acesso ao ETAR, outros despejavam fora da lagoa de estabilização e outros despejam o resto das águas no caminho. O local que foi reservado para depositar as lamas retiradas da lagoa anaeróbica, para secagem e posterior utilização pelos camponeses como adubo nas machambas, está coberto de vegetação, o espaço não é capinado e não se faz limpeza do lixo. As lagoas facultativas da ETAR de Infulene, estão cobertas de vegetação aquática, e parte da lagoa está assoreada (Figura 12, pág. 27). Nas taludes é visível o crescimento de capim e árvores. A quantidade de lixo concentrada nas lagoas facultativas é de certa forma menor em relação as lagoas anaeróbicas. Os agricultores deitam lixo nas taludes da lagoa facultativa e depois procedem a queima do mesmo. A maioria dos agricultores do lado oeste da ETAR, retiram água para irrigação na lagoa facultativa, por esta ser a fonte mais próxima de água.
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Figura 12: Lagoas Facultativas 1 & 2 cobertas com vegetação (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
Na saída dos efluentes das duas lagoas facultativas, na vala de efluentes, a água sai com muita espuma através dos vertedouros, nestas saídas o cheiro exalado pela água é muito forte (Figura 13, pág. 28). Todos agricultores a sul da ETAR tiram água na vala de efluentes. Desta secção a água passa pelo vertedouro que encontra-se degradado não desempenhando correctamente a função de medidor de caudal (Figura 8, pág. 22). No local de junção com o rio Infulene antes e depois da pontinha, o cheiro da água do rio é muito forte, a água aparenta ter uma cor escura, com presença de vários sólidos flutuantes, neste mesmo ponto a água apresenta muita espuma.
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Figura 13: Vertedouro da lagoa facultativa 2 (Fonte: Extraída pelo autor, 2014)
Principais aspectos da degradação da ETAR Os níveis de degradação das instalações da ETAR de Infulene são preocupantes.
A infra-estrutura reservada para camiões de está coberta de lixo, vegetação e está entupida;
As grades de separação de resíduos estão enferrujadas, bloqueadas por resíduos grosseiros;
As portinholas para o desvio das águas de uma lagoa para outra já não existem;
As taludes da lagoa anaeróbica 2 estão danificadas, nas duas lagoas verifica-se crescimento de capim, caniço e algumas árvores nas taludes, há também a presença de lixo e areia que assoreou as lagoas;
Nas lagoas facultativas há vegetação aquática, verifica-se crescimento de capim, árvores, lixo e assoreamento na lagoa facultava 2;
Os vertedouros tem presença de lixo não separado pelas grades e lixo atirado pelos agricultores, há também concentração de óleos e gorduras;
A vala de efluentes encontra-se maioritariamente coberta de vegetação;
E o vertedouro para a medição do caudal, está danificado, quase submerso e encontrase coberto de vegetação;
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O local reservado para a deposição das lamas, esta coberto de vegetação; e
O lixo e o capim cobriram a área de serviços e caminhos da ETAR.
Resultados das entrevistas Na entrevista realizada à um dos guardas da ETAR, em anonimato, informou que na ETAR de Infulene, cerca de 30 instituições (estatais e privadas) trazem seus camiões de sucção com diferentes capacidades, para despejar as águas residuais que recolhem nos locais que não são abrangidos pelo sistema 1. Muitos motoristas e seus ajudantes, não cumprem com as regras de despejo das águas residuais. Foi possível constatar que, após terminar a descarga, alguns não fecham o tanque, despejando a água no chão e quando não há vigilância as águas são despejadas logo a entrada, no caminho que da acesso a lagoa. Isto contribui para a proliferação de moscas e de mau cheiro na área da ETAR. A partir das entrevistas efectuadas aos motoristas dos camiões de sucção, por sua vez, constatou-se que desconhecem a importância da estação assim como do destino final das águas após despejarem na lagoa anaeróbica. Muitos não tinham conhecimento de que a água estava ali para ser tratada. Reclamaram as más condições de acesso a ETAR. Segundo os motoristas esta é fraca por vezes falta de vigilância, pois isto leva a que alguns não despejem as águas na ETAR mas sim na via, alguns camionistas não licenciados tem prejudicado pois estes também não cumprem as normas de despejo. A falta de limpeza do recinto da ETAR para remoção de capim e lixo foi uma das preocupações que foram levantadas. Alguns agricultores, apesar do cheiro que se faz sentir, reconhecem a importância da ETAR naquele local e mostram-se satisfeitos com a sua localização pois este “é uma fonte gratuita e abundante de água para as machambas”. Os agricultores usam a água que tiram da lagoa facultativa para a rega das suas culturas. Lamentam o facto de a entidade responsável pela ETAR não estar a zelar pela mesma como deve ser, pois, o espaço foi ocupado pelo capim, a lagoa facultativa foi ocupada pelas plantas aquáticas e algumas partes encontram-se degradadas. Os agricultores reconhecem que eles são parte dos problemas pois deitam lixo na lagoa, deixam estrume e adubo próximo a talude das lagoas e alguns tem feito queimadas. No lado sul, a saída das águas residuais tratadas, os camponeses bloquearam a vala de efluentes e o
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vertedouro para poderem reter a água e usar para a rega das suas culturas, estes tomaram esta medida pois não há controlo por parte dos responsáveis da ETAR. Dos transeuntes entrevistados, os responsáveis pela ETAR devem melhorar o espaço, pois, o cheiro que sai da ETAR é muito forte, o capim e o caniço estão muito altos. Há falta de segurança no local faz com que de noite e/ou de madrugada ocorram assaltos, violações e até mortes naquele local. Reclamam por colocação de iluminação e de vedação para por fim ao dilema que vem sofrendo.
14. Estação de tratamento de Águas Residuais Moderna As estações de tratamento de águas residuais (ETAR) modernas constituem dispositivos muito importantes para a redução e controlo da poluição. A remoção dos vários contaminantes existentes nas águas residuais depende da sua natureza e respectivas concentrações, sendo materializada por uma série de etapas ordenadas de modo a estabelecer sequências lógicas, adaptadas ao objectivo pretendido. Nesta perspectiva, e para as águas residuais urbanas, a sequência de operações de tratamento consiste na remoção de sólidos grosseiros e em suspensão, a que se segue a remoção de compostos orgânicos solúveis, os quais são removidos por meio de processos biológicos, onde populações de microrganismos decompõem a matéria orgânica transformando-a, essencialmente, em dióxido de carbono e novas células (SIMARSUL, SA, 2010). Uma Estação de Tratamento de Águas Residuais moderna é uma infra-estrutura destinada ao tratamento de águas residuais/esgotos. Nas estações, as águas residuais são sujeitas a tratamentos que removem as substâncias contaminantes, os poluentes, antes de serem devolvidas ao meio ambiente (Municipio de Almada - SMAS, 2012). As ETAR servem para receber e tratar as águas residuais através da separação e diminuição da quantidade de matéria poluente da água, permitindo a sua devolução ao meio ambiente, nas melhores condições e de acordo com as exigências legais. Nas ETAR as águas residuais são submetidas à remoção de sólidos em suspensão de natureza orgânica e à desinfecção e remoção das bactérias, dos nutrientes em excesso e de compostos tóxicos, tornando-as mais limpas.
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14.1. Fases de tratamento das águas residuais numa ETAR moderna Numa ETAR moderna o tratamento das águas residuais é efectuado por processos de natureza física, química e biológica, estando dividido e organizado em diversas operações que estabelecem os vários níveis de tratamento: preliminar, primário, secundário, terciário e tratamento da fase sólida METCALF e EDDY (2003) apud DE SOUSA (2009). Existe assim, uma fase líquida, onde se processa o tratamento do efluente, e uma fase sólida, a partir da qual se tratam os subprodutos do tratamento da fase líquida PEREIRA (2008) apud DE SOUSA (2009). 14.2. Tratamento preliminar Na primeira etapa de tratamento estão incluídas as operações de gradagem e desarenação. A gradagem consiste na passagem das águas residuais num canal onde estão colocadas uma ou mais grades de diferentes tamanhos, que retêm os materiais grosseiros. Nesta operação, a limpeza regular das grades é um aspecto muito importante, sendo esta efectuada manual ou mecanicamente. Os materiais sólidos recolhidos pelas grades, são o primeiro subproduto gerado pelo tratamento das águas residuais, tendo geralmente como destino final a deposição em aterro sanitário METCALF e EDDY (2003) apud DE SOUSA (2009). A remoção das areias presentes nas águas residuais, desarenação, processa-se após a gradagem. A areia removida é constituída por material inorgânico como, areia (propriamente dita), escórias, pedras, cascalho, filtros de cigarro, fragmentos metálicos, pedaços de vidro e também algum material orgânico como conchas, ossos, espinhas e restos de comida. O processo de remoção das areias é feito por sedimentação, através de um desarenador, sendo posteriormente conduzidas para um classificador de areias, onde se processa a sua lavagem, remoção da matéria orgânica existente e a redução do teor de humidade. Após o armazenamento em contentores, as areias são encaminhadas para destino final, que poderá incluir a deposição em aterro ou valorização (DE SOUSA, 2009). Os óleos e gorduras formam geralmente películas superficiais, que dificultam as trocas gasosas, condicionando a actividade das bactérias e microrganismos responsáveis pelo tratamento biológico e sobretudo a qualidade do efluente final descarregado no meio receptor natural. Por isso, está normalmente associada ao processo de desarenação, a remoção de óleos e gorduras, sendo estes encaminhados para tratamento apropriado, dada a sua resistência à degradação por via biológica PEREIRA (2008) apud DE SOUSA (2009).
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14.3. Tratamento primário A etapa seguinte de tratamento refere-se ao tratamento primário, que é feito através de uma sedimentação gravítica num decantador, promovendo a remoção de sólidos suspensos orgânicos e inorgânicos e a recolha à superfície de escumas e materiais que flutuam (óleos e gorduras) por meio de raspadores. A decantação primária permite normalmente uma remoção média de 50-70% dos sólidos suspensos e 25-40% da carência bioquímica de oxigénio METCALF e EDDY (2003) apud DE SOUSA (2009). O efluente clarificado resultante deste processo, segue para o tratamento secundário, e os sólidos removidos geram uma lama, denominada lama primária. O tratamento primário pode ocasionalmente ser beneficiado, através de uma filtração prévia antes da decantação ou quimicamente pela adição de agentes coagulantes, que favorecem o processo de decantação (Idem). 14.4. Tratamento secundário Entre os vários processos disponíveis para o tratamento secundário das águas residuais, os de natureza biológica são os mais utilizados, nomeadamente os filtros percoladores, as lamas activadas e as lagoas de oxidação. Como as águas residuais contêm uma elevada componente biodegradável, esta poderá ser degradada biologicamente através de processos de oxidação, com posterior captura e incorporação dos sólidos suspensos num floco biológico sedimentável. Existe ainda, a possibilidade de remoção de alguns nutrientes, potenciais causadores de fenómenos de eutrofização (azoto e fósforo), e também de alguns metais pesados (DE SOUSA, 2009). Os processos biológicos destinados ao tratamento das águas residuais podem classificar-se em processos de biomassa fixa e de biomassa suspensa. Nos processos de biomassa fixa, os microrganismos aderem a um meio de suporte, de composição variável (pedra, areia, material sintético, etc), com uma área e ventilação suficiente para o seu crescimento (biofiltros, leitos percoladores e biodiscos) DUARTE (2004) apud DE SOUSA (2009). Como processos de biomassa suspensa existem as lagoas de oxidação (aeróbias, anaeróbias e facultativas) e os sistemas de lamas activadas. As lamas activadas são o processo de biomassa suspensa mais utilizado, permitindo uma eficiência de remoção de 90-95% da carga poluente da água residual. Sendo um processo biológico aeróbio, onde ocorre a mistura por agitação e arejamento da água residual com a biomassa (microrganismos), dando origem à formação de 33
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uma lama biológica, que é posteriormente separada da fase líquida por decantação (decantação secundária). Parte dessa lama é recirculada para o tanque de arejamento, de forma a manter elevada a concentração de microrganismos responsáveis pela degradação da matéria orgânica presente na água residual DUARTE (2004) apud DE SOUSA (2009). 14.5. Tratamento terciário Nas ETAR modernas o tratamento terciário é uma etapa adicional do processo de tratamento. De acordo com o objectivo de qualidade pretendido, são vários os processos de tratamento terciário disponíveis. Se o objectivo for a remoção ou inactivação de patogénicos, por questões de saúde pública, ou para reutilização da água residual, a desinfecção poderá ser feita através de cloragem, ozonização ou radiação UV. Os processos de precipitação química e de tratamento biológico são normalmente utilizados, quando se tem como a objectivo a remoção de nutrientes (principalmente azoto e fósforo), METCALF e EDDY (2003) apud DE SOUSA (2009). Existem também uma série de tecnologias que, embora possam ter alguns condicionalismos em termos de custos de instalação, têm dado bastantes garantias de qualidade final da água residual tratada com vista à reutilização, tais como: coagulação e decantação; filtração; membranas; adsorção sobre carvão activado; osmose inversa; oxidação avançada; troca iónica e “air stripping” (Idem). 14.6. Tratamento da fase sólida No decurso do tratamento da fase líquida são gerados vários subprodutos que, antes de serem encaminhados para destino final, deverão ter um tratamento que minimize os seus custos de transporte e torne o seu manuseamento o mais seguro possível. As lamas primárias e as lamas secundárias são os subprodutos gerados em maior quantidade ao longo do processo de tratamento das águas residuais, sendo o seu tratamento efectuado através de processos de espessamento, estabilização e desidratação. As lamas geradas no tratamento das águas residuais (primárias, secundárias ou mistas) são espessadas num espessador gravítico semelhante a um decantador, sendo este um processo unitário utilizado para aumentar a concentração de sólidos das lamas, através da redução da sua fracção líquida. Após o espessamento, a lama é encaminhada para estabilização e o sobrenadante devolvido ao processo de tratamento da fase líquida. 34
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A estabilização das lamas pode ser efectuada química ou biologicamente e permite a redução do seu volume, a estabilização da matéria orgânica e a eliminação dos organismos patogénicos, tornando possível a valorização ou eliminação das mesmas. Como à saída do digestor, a lama ainda apresenta um teor de humidade consideravelmente elevado, é necessário efectuar a sua desidratação. Este é um processo físico que promove uma redução considerável do volume de lamas e, de acordo com o método utilizado (filtro de banda, centrifuga, leitos de secagem), permite obter uma lama com um teor de matéria seca de aproximadamente de 20%. (DE SOUSA, 2009). As lamas de ETAR apresentam geralmente uma composição bastante variável, que lhes é conferida pelos diferentes tipos de águas residuais que lhes dão origem e sobretudo pelo processo de estabilização e as condições de secagem SANTOS (2001) apud DE SOUSA (2009).
14.7. Vantagens de cada fase de tratamento num ETAR moderna As vantagens de cada uma das etapas de tratamento de uma ETAR moderna são várias, na fase do tratamento preliminar o principal benefício é a protecção dos sistemas mecânicos das ETAR e evitar interferências operacionais provocadas por objectos, que são normalmente arrastados pelas águas residuais. LIU e LIPTÁK (2000) apud DE SOUSA (2009). Mantendo assim o normal funcionamento das fases que se seguem sem danificar os sistemas. No tratamento primário, normalmente há uma remoção média de 50-70% dos sólidos suspensos e 25-40% da DBO. METCALF e EDDY (2003) apud DE SOUSA (2009). O tratamento primário pode também ser beneficiado, através de uma filtração prévia antes da decantação ou quimicamente pela adição de agentes coagulantes, que favorecem o processo de decantação TILLMAN (1992) apud DE SOUSA (2009). O tratamento secundário tem como o principal objectivo, a redução da Demanda Bioquímica do Oxigénio e dos sólidos suspensos totais das águas residuais, pois, após o tratamento primário a carga do efluente em termos de DBO e em sólidos suspensos totais ainda é normalmente elevada (DE SOUSA, 2009). O tratamento terciário é uma etapa adicional do processo de tratamento sendo executado como medida de protecção adicional do ambiente, antes da descarga das águas residuais
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tratadas no meio receptor natural. É habitualmente utilizada quando se tem por objectivo a reutilização da água residual tratada, nomeadamente para rega (culturas agrícolas, jardins e campos de golfe), para fins recreativos e para consumo humano MAIER et al. (2009) apud DE SOUSA (2009). No tratamento da fase sólida, as lamas primárias como as lamas secundárias apresentam elevados teores de humidade, 91-95% e 98,5-99,5% respectivamente. A desidratação das lamas é deste modo, um aspecto fundamental que tem como benefícios: a diminuição dos custos de transporte, a facilidade de manuseamento e transporte, o aumento do poder calorífico das lamas (importante se o destino for a incineração), a redução dos cheiros e do potencial de putrefacção e a melhoria das condições do processo de compostagem ou deposição em aterro. METCALF E EDDY (2003) apud DE SOUSA, (2009).
15. Comparação entre ETAR do tipo lagoa de estabilização e ETAR moderna As ETAR do tipo lagoas de estabilização (ETAR do Infulene) comparadas com as ETAR modernas constituem-se na forma mais simples para tratamento de esgotos, apresentando diversas variantes com diferentes níveis de simplicidade operacional e requisitos de área (ALANIS, S/D). Nas ETAR do tipo lagoa de estabilização o tratamento é feito através de processos naturais que são responsáveis pela transformação de compostos orgânicos putrescíveis em compostos minerais ou orgânicos mais estáveis (Idem). A ETAR do tipo lagoa de estabilização, quando bem concebida e mantida, apresenta inúmeras vantagens quer na sua fase de concepção, quer durante a sua exploração. Estas ETAR, apresentam: baixo custo de tratamento, manutenção mínima, total aproveitamento do efluente para fins agrícolas, piscicultura ou outros, boa adaptação à variação de caudais, não necessita aditivos químicos, boa adaptação ao nosso clima, elevada eficiência no tratamento de DBO, coliformes fecais, removem grandes quantidades de compostos azotados e fósforo, proporcionam bom enquadramento paisagístico (ReCESA, 2009). A implantação da ETAR do tipo lagoas de estabilização tem custos mais baixos quando comparados com os sistemas mecânicos de tratamento (ETAR moderna), a sua manutenção tem custos quase nulos já que não há recurso a consumos energéticos, requerendo apenas análises periódicas aos efluentes e cortes ocasionais da massa vegetal e quanto a duração já 36
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registos de lagoas de plantas cuja longevidade ultrapassou os 100 anos nos Estados Unidos da América (Idem). As ETAR do tipo lagoa de estabilização, apresentam algumas desvantagens como requisito de grandes áreas, proliferação de insectos e exalação de odores. As lagoas de estabilização são bastante indicadas para regiões de clima quente e países em desenvolvimento pois não há necessidade de muitos equipamentos e o custo de implantação e operação são adequados (SALLES, 2003). As ETAR modernas tem um custo de manutenção elevado em comparação com a ETAR do tipo lagoa de estabilização. Contudo tem a vantagem de poder fazer-se o aproveitamento total do efluente para fins agrícolas ou outros e não emite cheiros (Idem). As ETAR modernas não necessitam de elevados requisitos de área, e tem a vantagens de satisfazer padrões de lançamento bem restritivos. A complexidade operacional requer pessoal especializado, as ETAR modernas funcionam de forma constante independentemente das condições climáticas como temperatura e insolação (SALLES, 2003). Nas ETAR moderna, a possibilidade de crescimento de insectos é praticamente insignificante, e este não emitem maus odores como as lagoas anaeróbias das ETAR do tipo lagoa de estabilização. As ETAR moderna em comparação com as ETAR do tipo lagoa de estabilização tem uma satisfatória eficiência na remoção de DBO, para além dos baixos requisitos de área (Idem).
16. Formas de poluição no vale de Infulene através da ETAR Todas actividades desenvolvidas pelo homem, tem a capacidade de produzir impactos na natureza. A ETAR de Infulene, é uma infra-estrutura que esta inserida no meio ambiente, por isso também provoca impactos. Após a visita do campo para recolha de dados e entrevistas, verificou-se que a principal forma de poluição detectada no campo efectuada pela ETAR é a poluição do ar (atmosférica) e das águas do rio Infulene (hídrica). A Estação de tratamentos de águas residuais pode ser considerada como uma fonte importante de poluição do rio Infulene, uma vez que carrega junto aos seus efluentes grandes quantidades de resíduos domésticos e águas estagnadas, que apesar do tratamento, não há total eliminação dos agentes contaminantes (CHIBANTÃO, 2012).
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Os principais factores que provocam a poluição no rio Infulene, são os componentes orgânicos e os nutrientes, originários dos despejos da ETAR, dos efluentes industriais das fábricas que despejam seus efluentes directamente no rio e dos efluentes provenientes da produção agrícola (Idem). Uma comparação feita dos resultados das análises de amostras feitas no ano 2012 por Chibantão (2012) com os resultados das análises de amostras feitas em 2013 por Camilo (2014), demonstra um aumento de todos os parâmetros analisados no intervalo de 2012 a 2013, sendo importante fazer o tratamento dessas águas para o seu posterior uso independentemente do fim (CAMILO, 2014). O principal poluente provocado por uma lagoa anaeróbica é o odor. Este não é tóxico, porém incómodo. O odor é gerado em vários pontos da ETAR, contudo os principais focos são as grades, o canal de separação, as lagoas anaeróbicas e a vala de efluentes. Da mesma forma, mas em menor intensidade, as lagoas facultativas também apresentam problemas de odores devido a uma série de factores como carga orgânica superior à sua capacidade de tratamento, problemas operacionais diversos, mudança de temperaturas, introdução de cargas tóxicas, etc. (TRUPPEL, 2002). Dos agricultores e transeuntes entrevistados, muitos mostravam-se mais preocupados com a poluição do ar provocada pelo mau cheiro exalado pela ETAR do que com o próprio aspecto visual da ETAR. A exposição prolongada aos cheiros exalados pelas lagoas de estabilização, podem causar irritação dos olhos e da garganta, tosse e problemas para respirar. Efeitos a longo prazo da inalação destes cheiros incluem fadiga, perda de apetite e dor de cabeça. A inalação do cheiro provocado pela lagoa anaeróbica provoca efeitos nocivos para a saúde, como desconforto gastrointestinal, diarreia, náuseas e vómitos. Os efluentes dos esgotos mal tratados podem constituir a maior ameaça à saúde pública quando ele insere o abastecimento de água. (LEMOINE, 2012).
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17. Propostas de resolução Da visita efectuada no campo e das entrevistas feitas aos técnicos da Direcção Municipal de Água e Saneamento (DMAS), foi possível constatar que para a resolução dos actuais problemas actuais da ETAR, seria necessário um grande investimento financeiro. Pois, no ano 2009, foi feita uma dragagem apenas na lagoa anaeróbica 2 com fundos do Banco Mundial e custaram cerca de vinte e sete milhões de Meticais (TEMBE & DE CARVALHO, 2014). O Município de Maputo através da DMAS, sendo o actual gestor da ETAR, deverá fazer a manutenção desta infra-estrutura para que esta possa desempenhar a sua função de forma adequada sem prejudicar o ambiente a os utilizadores. Como propostas de soluções para alguns problemas detectados, deve-se:
Vedar o local para garantir a segurança da infra-estrutura, dos seus utilizadores e dos agricultores. A colocação de iluminação, diminuiria de certo modo os assaltos e violações que ocorrem na calada da noite;
Deve ser feita a limpeza ao redor da infra-estrutura para eliminar a vegetação composta por capim, caniço, etc. que tomou conta do espaço, assim como do lixo que se encontra próximo as taludes das lagoas;
Deve-se desobstruir os vertedouros das lagoas e a conduta que leva a água da vala de efluentes para o rio;
Deverá ser feita a dragagem das lagoas que se encontram assoreadas pelos solos e pelas lamas para permitir o normal funcionamento das mesmas, a remoção da vegetação em todas lagoas e retirada do lixo que se encontra dentro das lagoas;
A recolha regular de amostras das águas para avaliar e controlar a qualidade das águas da ETAR são essências;
Deve haver um controlo rigoroso de camiões de sucção que entram e despejam as águas na ETAR de forma a evitar desmandos que vem acontecendo. O local para descarga dos camiões de sucção deve ser reabilitado;
Segundo JORDÃO & PESSOA (2005) apud (ReCESA, 2009) os odores fortes exalados pelas ETAR são provocados pela sobrecarga dos esgotos, presença de substâncias tóxicas e outros. Quanto a proliferação de insectos este afirma que são causados por material gradeado exposto, crescimento de vegetação na talude interna da lagoa e pode também ser devido a 39
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película da escuma e óleo sempre presente nas lagoas anaeróbias, bem como sua disposição inadequada, quando removida. A presença de escuma deve-se ao super florescimento de algas que chegam a formar uma nata esverdeada sobre a superfície líquida. Lançamento de material estranho na lagoa, placas de lodo desprendidas do fundo, pouca circulação e actuação do vento também provocam mau cheiro nas lagoas. Para se obter um bom resultado em relação a não geração de odores, algumas medidas podem ser tomadas, tais como: Limpeza regular das grades da ETAR que devem ser limpas e higienizadas para evitar acúmulo de material que possa entupi-las; Manutenção preventiva, isto é, é necessário seguir um plano de manutenção preventiva, para evitar que os problemas actuais voltem a acontecer e deve haver o controle do processo de tratamento das águas; Estas medidas básicas, poderão contribuir para a melhoria da ambiente circundante da ETAR, melhorar a qualidade de vida dos utilizadores da ETAR, diminuição de emissão de poluentes para o rio e exalação de mau cheiro que cria incomodo aos transeuntes, agricultores e outros.
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Conclusão A pesquisa feita, revelou que para o caso do vale de Infulene, não é necessária uma ETAR moderna, pois a actual ETAR (lagoa de estabilização) apesar do seu estado de degradação é o sistema de tratamento recomendado e eficaz para a cidade de Maputo, pois, na localização actual da ETAR tem espaço suficiente para a infra-estrutura e a cota do vale é baixa o suficiente para permitir que as águas residuais da cidade cheguem por gravidade através do colector principal que esta localizado na Praça do Destacamento Feminino. A idade avançada, falta de manutenção e controle da ETAR fez com que ela deixa-se de desempenhar de forma eficaz a sua função. Esta infra-estrutura começou a degradar-se e passou a exalar cheiros que incomodam e a despejar águas não tratadas eficazmente, o que contribui para a poluição do ar e do rio Infulene. A ETAR moderna apesar se ser uma infra-estrutura muito eficaz para o tratamento das águas residuais, esta requer muitos cuidados e deve ser manuseado por pessoal especializado, a sua operação é delicada, cria maiores custos de operação e implantação, alta demanda de energia eléctrica. Para o seu funcionamento e manutenção são necessários investimentos financeiros avultados. Coma construção de uma ETAR moderna, poderia se sim reduzir e eliminar os poluentes emitidos para o rio e extinguir os cheiros emitidos no processo de purificação da água. Melhorando assim o ambiente local e a saúde das comunidades circunvizinhas Apesar de a ETAR moderna ser importante para a manutenção e conservação do meio ambiente do Vale do Infulene, conclui-se que a ETAR do tipo lagoa de estabilização é a que melhor se adequa a realidade socioeconómica e geográfica da Cidade de Maputo.
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ANEXOS
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ANEXO I – Quadro resumo dos aspectos observados na ETAR de Infulene UNIDADE
Grades
SITUAÇÃO ACTUAL
CONSEQUÊNCIAS
OBS.
Grades bloqueadas por 1. Geração de resíduos resíduos sólidos;
sólidos; 2. Exalação de odores; 3. Proliferação de insectos.
Canais separadores
Lixo e vegetação
1. Bloqueio das condutas; 2. Exalação de odores; 3. Proliferação de insectos
Lagoa Anaeróbia
Crescimento de
1. Erosão na talude; 2.
vegetação (capim,
Redução na eficiência
caniço, arvores);
de remoção de DBO;
Assoreamento;
3. Produção de
Deposição de lixo;
escuma; 4. Exalação de
Destruição da talude;
odores; 4. Contaminação da água.
Lagoa Facultativa
Idem lagoa anaeróbica;
1. Redução na
Crescimento de plantas
eficiência dos
aquáticas;
processos naturais de tratamento de águas residuais; 2. Produção de escuma.
Vala de efluentes
Crescimento de plantas
1. Erosão da talude;
aquáticas; Crescimento de capim; Vertedouro
Crescimento de
1. Degradação do
vegetação; bloqueio
vertedouro; 2.
pelos agricultores
Possibilidade de transbordo.
Adaptado de ALANIS (S/D)
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ANEXO II – Guião (tópicos) para as entrevistas de campo Técnico:
Que actividades desenvolve como técnico da DMAS principalmente na ETAR?
Como funciona a ETAR do Infulene? Etapas de tratamento? E as condições actuais?
Saber quais são os principais problemas da ETAR do Infulene?
A ETAR polui? De que forma?
Que doenças podem afectar as comunidades circunvizinhas provocadas pela situação actual da ETAR?
Como é feita a monitoria e manutenção da ETAR do Infulene?
Que dificuldades e perspectivas tem como técnico para a ETAR?
Camionistas/ajudantes
Conhece a importância da ETAR?
Como fazem o manuseamento do despejo das águas residuais?
Dificuldades e nível de satisfação em relação a ETAR?
Quais são os constrangimentos ou que pontos negativos existem?
Recomendações?
Camponeses e Pescadores (caso existam)
Qual é a importância da ETAR para si?
Quais são as principais constrangimentos e os pontos negativos?
Recomendações?
Transeuntes
Conhece a importância da ETAR?
Quais são as principais constrangimentos e os pontos negativos?
Recomendações?
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ANEXO III – Planta da ETAR de Infulene
Figura 14: Planta da ETAR de Infulene (Fonte: DHV Consultores, 1984)
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ANEXO IV – Localização da ETAR
Figura 15: Localização da ETAR (Fonte: DHV Consultores, 1984)
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