ÍNDICE DE CONDIÇÕES DE VIDA NOS TERRITÓRIOS RURAIS DO ESTADO DO AMAZONAS, AM ‐ BRASIL

July 19, 2017 | Autor: H. dos Santos Per... | Categoria: Sustainable Rural Development, Family Farming, Territorial politics
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  Dallabrida,  Valdir  Roque  (2007),  “A  Gestão  Social  dos  Territórios  nos  Processos  de  Desenvolvimento  Territorial:  Uma  Aproximação  Conceitual”, In: Sociedade, Contabilidade e Gestão, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2  Evans, Peter (1996), “Government Action, Social Capital and Development: Reviewing the Evidence on Synergy”, World Development,  Vol. 24, N° 6, p. 1119‐1132  França  Filho,  G.  C.  De  (2003),  “Gestão  Social:  um  conceito  em  construção”, In:   Colóquio  Internacional  sobre  Poder  Local,  9,  Salvador. Anais..., Salvador: CIAGS/UFBA  Habermas, Jürgen (2003), “Direito e democracia: entre facticidade e validade”, Vol. 2. 2 ed.;  tradução de Flávio Beno Siebeneichler,  Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro  “Marco Referencial para Apoio ao Desenvolvimento de Territórios Rurais” (2005). Série Documentos Institucionais. Brasília  Milani,  C.;  Solinís,  G  (2002),  “Pensar  a  democracia  na  governança  mundial:  algumas  pistas  para  o  futuro”.  In:  Milani,  C.;  Arturi,  C.;  Solinís, G. (Org.), Democracia e governança mundial: que regulações para o século XXI?, Porto Alegre: Universidade/UFRGS/Unesco, p.  266‐291  Silva, Roberto Robson da (2007), “Desenvolvimento, capital social e política social”, Sociedade em Debate, Pelotas, 28 13(1):27‐46  Suchman, M. C. (1995). “Managing Legitimacy: Strategic and Institutional Approaches”.  Academy of Management Review, 20(3), 571‐610  Tenório, F. G. A (2008), “Tem razão a administração?” 3 Ed. Ijuí: Editora da Unijuí, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Secretaria  de Desenvolvimento Territorial  Tenório, Fernando G. & Rozemberg, Jacob E (1997), “Gestão pública e cidadania: metodologias participativas em ação”, In: Revista de  Administração Pública, Rio de Janeiro: EBAP/ FGV, v.31, n. 4, p. 101‐125 

 

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[1232]  INDICE  DE  CONDIÇÕES  DE  VIDA  NOS  TERRITÓRIOS  RURAIS  DO  ESTADO  DO  AMAZONAS, AM ‐ BRASIL  Juliana  Araújo  Alves  1,  Therezinha  de  Jesus  Pinto  Fraxe2,  Antônio  Carlos  Witkoski3  Henrique  dos  Santos  Pereira4  1Doutoranda em Geografia pela Universidade do Minho, Portugal, ‐ Bolsista CAPES (Processo BEX 1684‐13/2), [email protected]  2Professora da Universidade Federal do Amazonas, Brasil, [email protected]  3Professor da Universidade Federal do Amazonas, Brasil, [email protected]  4Professor da Universidade Federal do Amazonas, Brasil, [email protected] 

RESUMO.  O  Índice  de  Condições  de  Vida  –  ICV  é  um  instrumento  de  análise  comparativa  alimentada  por  dados  de  natureza  primária,  por  amostragem,  por  intermédio  de  instrumentos  de  coleta  aplicados  nos  domicílios rurais e que permite comparações tanto ao longo do tempo, quanto entre distintos Territórios. A  presente  pesquisa  apresenta  os  dados  de  dois  Territórios  do  Estado  do  Amazonas  –  Território  do  Baixo  Amazonas,  composto  por  7  municípios;  e  o  Território  Manaus  e  Entorno,  composto  por  13  municípios  –  esses dois Territórios tiveram o acompanhamento de pesquisa e extensão durante 3 anos, por intermédio da  instalação  de  duas  Células  de  Acompanhamento  e  Informação  vinculadas  ao  Núcleo  de  Socioeconomia  da  Universidade Federal do Amazonas e que mantinham estreito diálogo com o Ministério do Desenvolvimento  Agrário – MDA, resultantes do projeto Territórios Rurais do Baixo Amazonas e entorno de Manaus: gestão  social para o desenvolvimento rural sustentável financiado com recursos do CNPq (Processo 554423/2010‐ 3).  Optou‐se  pelo  tratamento  dos  dados  da  pesquisa  de  campo  pela  análise  envolvendo  três  chaves  de  interpretação:  a  leitura  do  ICV  intrarregional,  envolvendo  os  Territórios  dos  outros  estados  brasileiros;  a  leitura univariada do ICV, correspondendo aos dados do Território do Baixo Amazonas e, por fim, a leitura  multivariada do  ICV.  A  grande  inquietação  ao  longo  deste  acompanhamento  foi  aferir  se:  as  condições  de  vida  dos  agricultores  familiares  do  Território  Rural  do  Baixo  Amazonas  e  Manaus  e  entorno  obtiveram  significativas melhorias com a implantação do Programa Territórios da Cidadania? A natureza subjetiva do  instrumento,  os  locais  selecionados  para  a  amostra,  a  ausência  de  série  histórica  de  comparação  e,  principalmente,  a  geografia  e  logística  peculiar  da  região  não  permitem  redarguir  tal  inquietação,  mas  a  leitura do ICV por diferentes perspectivas apresenta chaves de interpretação complexas sobre os Territórios,  em específico, e sobre a Amazônia, no plano geral.  Palavras‐chave: Agricultura familiar, Índice de Condições de Vida, Territórios Rurais.    INDEX OF LIVING CONDITIONS IN RURAL TERRITORY OF THE STATE OF AMAZONAS, AM ‐ BRAZIL  ABSTRACT. The "Índice de Condições de Vida" (ICV, Life Conditions Index) is a comparative analysis tool fed  by primary data, from samplings of rural households that allows temporal and spatial comparisons between  different  Territories.  This  research  shows  data  from  two  Territories  in  Amazonas  state  ‐  Lower  Amazon  Territory (Baixo Amazonas), composed of 7 municipalities; and Manaus and Surroundings Territory (Manaus  e  Entorno),  composed  of  13  municipalities.  Those  two  Territories  have  been  studied  by  research  and  extension teams for three years, by the installation of two Accompaniment and Information Cells linked to  Socioeconomics Center of Amazonas Federal University (UFAM), and who kept tight dialog with the Agrarian  Development Ministry (MDA). Those cells were a result of the project Rural Territories of Lower Amazon and  Manaus  and  surroundings:  social  management  for  sustainable  rural  development,  funded  by  grants  from  CNPq (Process 554423/2010‐3). We've chosen treating the field research data by means of three methods of   

 

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  interpretation:  reading  of  intraregional  ICV,  covering  Territories  from  other  brazilian  states;  the  univariate  ICV reading, corresponding to data of Lower Amazon Territory and, finally, the multivariate ICV reading. The  main  concern  along  this  accompaniment  was  to  verify  if:  the  life's  conditions  of  the  family  farmers  from  Rural Territory of Lower Amazonas and Manaus and surroundings have had significant improvements with  the  setup  of  Citizenship  Territories  Program?  The  subjective  nature  of  this  tool,  the  places  selected  for  sampling, the lack of historic series of comparison and, above all, the geography and peculiar logistics of the  region don't allow us to answer this concern, but the reading of ICV by different perspectives shows complex  interpretative keys over the Territories, specifically, and about Amazon, generally.  Keywords: Family farming, Life Conditions Index, Rural Territories.    1. INTRODUÇÃO  A estratégia de desenvolvimento territorial brasileira tem buscado lançar novas dinâmicas que estimulem a  formulação descentralizada de projetos e políticas públicas. Elaborada no início do Governo Lula (2003‐2006  e 2007‐2010), a proposta de trabalho direcionada para o fortalecimento da agricultura familiar passou a ser  a principal meta da então criada Secretaria de Desenvolvimento Territorial ‐ SDT. Concebida em um período  de transição, buscou dar consistência a um acúmulo de conhecimentos, experiências e proposições. Tornou‐ se  base  para  a  formação  do  Programa  de  Desenvolvimento  Sustentável  dos  Territórios  Rurais,  incluído  no  Plano‐Plurianual 2004‐2007.  Um dos eixos principais da proposta é apontar uma nova forma de conceber políticas públicas voltadas para  o desenvolvimento rural sustentável. Um aspecto transversal nessa discussão é a noção de território e suas  múltiplas dimensões, envolvendo governos estaduais, governos municipais e movimentos sociais. O grande  desafio  está  em  estimular  um  desenvolvimento  que  enfatize  as  complementaridades,  interdependências,  coincidências  e  agendas  comuns.  Para  isso,  é  preciso,  em  primeiro  lugar  banir  a  pobreza  e  estimular  a  inclusão  social  e  política.  Um  dos  aspectos  fundamentais  para  a  consolidação  desse  processo  é  garantir  o  acesso a terra, aos serviços públicos básicos e fortalecer a agricultura familiar.   Contudo, o desenvolvimento rural não ocorrerá de forma automática e espontânea, é fruto da dinâmica de  forças  políticas,  econômicas,  sociais  e  culturais  que  atuam  no  território.  O  que  justifica  a  importância  da  utilização de estratégias governamentais que incluam formas de controle social e de participação de agentes  sociais na definição de atividades produtivas, com metodologias participativas de gestão social, tendo como  enfoque principal o local do produtor/empreendedor. O território precisa ser visto não apenas como uma  estrutura física, mas como uma unidade político‐administrativa que envolve aspectos como a gestão social e  descentralização de políticas territoriais sustentáveis.   O  Programa  de  Desenvolvimento  Sustentável  dos  Territórios  Rurais  –  PDSTR  vai  ao  encontro  dessas  demandas,  buscando  acentuar  as  potencialidades  naturais  comuns,  as  interações  sociais  e  culturais  e  esforços em torno de interesses partilhados. O fato é que para implementar o que Casarotto Filho chama de  “Pacto  Territorial”  (o  encontro  de  atores,  instituições,  administrações  e  políticas)  são  necessários  alguns  requisitos,  como  a  mobilização  em  torno  de  uma  ideia  guia,  envolvimento  de  todos  os  atores  na  fase  de  elaboração  de  projetos.  Projetos  de  desenvolvimento  voltados  para  as  atividades  produtivas  do  território,  realização de projetos em tempos definidos, criação de ente gerenciador que expresse acordo e união entre  os atores envolvidos (CASAROTTO FILHO, 1998, p. 98).  A implementação de um processo de territorialização envolve a criação de esferas públicas de discussão e  deliberação.  A  criação  de  fóruns  que  possam  reunir  os  diferentes  atores  sociais  e  contextos  políticos  e  culturais.  Em  outras  palavras,  este  cenário  deve  refletir  a  recuperação  das  noções  de  Estado  e  Sociedade  Civil,  valorizando,  sobretudo,  a  participação  cidadã.  O  capital  social  assume  grande  importância  na  estruturação de uma sociedade democrática como fator de empoderamento.   Passados seis anos de implementação do Programa de Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais –  PDSTR, a Secretaria de Desenvolvimento territorial lança a proposta de incluir instituições acadêmicas e de  pesquisa em uma nova etapa de desenvolvimento do Programa, o monitoramento e avaliação. Diante deste  cenário,  foi  lançado  em  2009  o  Edital  MDA/SDT/CNPq  ‐  Gestão  de  Territórios  Rurais  Nº  05/2009,  tendo  como  finalidade  apoiar  atividades  de  pesquisa  e  extensão  com  foco  para  o  monitoramento  e  avaliação,  acompanhamento  da  evolução  e  qualidade  dos  resultados  do  Programa  Desenvolvimento  Sustentável  de  Territórios Rurais – PDSTR, mediante a seleção de propostas para apoio financeiro.  Mediante a aprovação das propostas enviadas ao CNPq, em agosto de 2010 foi dado início as atividades das  Células de Acompanhamento e Informação. As atividades tiveram início com a realização do I Encontro das  Células de Acompanhamento e Informação, realizado no período de 10 a 13 de agosto de 2010, na cidade de  Brasília  ‐  DF.  O  principal  objetivo  do  encontro  foi  fornecer  informações  acerca  dos  principais  objetivos  do  Edital  Gestão  de  Territórios  Rurais  e  apresentar  os  principais  instrumentos  de  coleta  de  dados  a  serem  utilizados  no  processo  de  monitoramento  e  avaliação  da  gestão  dos  colegiados  territoriais.  Após  as   

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  orientações iniciais de realização do projeto e consolidação do Sistema de Gestão Estratégica – SGE foi dado  início as atividades de acompanhamento e avaliação, que se estenderam até setembro de 2013.  De seis Territórios da Cidadania existentes no Estado do Amazonas, apenas dois deles têm acompanhamento  de Células de Acompanhamento e Informação, são eles os Territórios Manaus e Entorno e o Território do  Baixo Amazonas, resultantes do projeto Territórios Rurais do Baixo Amazonas e entorno de Manaus: gestão  social para o desenvolvimento rural sustentável financiado com recursos do CNPq (Processo 554423/2010‐ 3), e vinculado ao Núcleo de Socioeconomia ‐ NUSEC, da Universidade Federal do Amazonas – UFAM.  Este artigo trata de uma leitura específica do Programa Territórios Rurais, nomeadamente do instrumento  criado pela SDT, o Índice de Condições de Vida – ICV,  destinado a captar as melhorias nas condições de vida  do agricultor familiar com a implantação desta política pública.    2. Matriz teórica e epistemológica da construção do ICV  O Índice de Condições de Vida – ICV foi elaborado por uma equipe de pesquisadores vinculados ao Programa  de  Pós‐graduação  em  Desenvolvimento  Rural  –  PGDR,  da  Universidade  Federal  do  Rio  Grande  do  Sul  –  UFRGS. Segundo Paulo Waquil (et al, 2007), o ICV foi construído com a finalidade de acompanhar a evolução  e  a  consolidação  das  condições  de  autonomia  e  autogestão  do  Território,  a  partir  da  sua  aplicação  nos  Territórios  Rurais.  A  proposta  de  estruturação  do  ICV  está  centrada  em  três  dimensões  ou  instâncias,  embasadas  na  concepção  de  desenvolvimento  de  Amartya  Sen  (2000),  e  prima  pela  apreensão  da  multidimensionalidade  do  desenvolvimento,  considerando  a  matriz  econômica,  sociocultural,  político‐ institucional e ambiental.  A cada instância do ICV associam‐se oito indicadores de desenvolvimento rural e das condições de vida dos  domicílios  rurais.  A  primeira  instância  intitulada  condicionantes  do  desenvolvimento  rural  procura  apreender  as  distintas  características  do  Território  e  os  processos  de  desenvolvimento  territorial.  Esta  instância  centra‐se  na  definição  do  perfil  do  domicílio  rural.  A  segunda  instância  entendida  como  as  características  do  desenvolvimento  rural  capta  os  distintos  percursos  do  desenvolvimento.  Por  fim,  a  terceira  instância  os  efeitos  do  processo  de  desenvolvimento,  considera  as  características  distintas  atreladas  às  tão  particulares  perspectivas  territoriais  que  refletem  em  resultados  econômicos  e  sociais,  também, diferenciados.  As instâncias estão muito próximas do conceito de capacitações (capabilities) de Amartya Sen (2000), que  propõe avaliar a liberdade de escolha dos indivíduos, ou seja, a capacidade dos sujeitos de alcançar o estado  de  vida  que  almejam.  A  proposta  é  desencadeada  da  reflexão  de  que  os  índices  econômicos,  tais  como  o  Produto Interno Bruto e a renda per capita não são capazes de demonstrar as reais situações da melhoria da  qualidade  de  vida  das  pessoas.  Mais  do  que  enxergar  os  números  a  perspectiva  de  Sen  (2000)  busca  apresentar quais são os reais fatores que afetam positivamente a vida das pessoas e, principalmente, quais  os aspectos que possibilitam as pessoas obterem o que almejam. Baseado nesta perspectiva, Amartya Sen,  propõe a distinção entre os meios e os fins do desenvolvimento, e apresenta os conceitos de intitulamentos  (entitlements) e funcionamentos (functionings), o primeiro representa as possibilidades e a aptidão que um  sujeito  tem  para  possuir  bens  ou  mercadorias  na  sociedade,  enquanto  os  funcionamentos  se  referem  às  realizações e as reais oportunidades de escolha do indivíduo (SEN, 2000). Os elementos de conversão podem  ser  traduzidos  como  a  passagem  dos  meios  em  fins,  ou  seja,  dos  intitulamentos  em  capacitações  e  funcionamentos.  O  Índice  de  Condições  de  Vida  –  ICV  é  um  instrumento  de  análise  comparativa  alimentada  por  dados  de  natureza  primária,  por  amostragem,  por  intermédio  de  instrumentos  de  coleta  aplicados  nos  domicílios  rurais e que permite comparações tanto ao longo do tempo, quanto entre distintos Territórios. A maturação  e  a  base  teórico‐metodológica  do  ICV  são  incontestáveis,  apresentam  coerência  teórica  e  epistemológica,  além  de  relevância  do  ponto  de  vista  de  captar  as  transformações  e  o  desenvolvimento  individual  (liberdades),  que  não  são  possíveis  quando  se  consideram  os  índices  comumente  utilizados  pelo  Estado.  Contudo a aplicação deste instrumento na análise das Condições de Vida dos domicílios rurais do Amazonas  deve ser apreendida com algumas ressalvas.   Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Territorial – SDT, o Índice de Condições de Vida capta a percepção  dos  indivíduos  ou  famílias  sobre  as  condições  de  vida  nos  territórios  rurais.  É  eminentemente  um  índice  subjetivo e quando adota esta natureza da percepção dos indivíduos, que podem ser múltiplas e derivadas  de  várias  relações  causais,  deve  se  precaver  das  inconsistências  que  esta  natureza  produz,  quando  se  considera  que  a  percepção  é  singular  para  cada  indivíduo  e  depende  da  sua  bagagem  e  experiência  de  mundo,  além  de  fatores  externos  e  banais,  como  o  local  de  aplicação  do  formulário,  se  o  entrevistado  encontra‐se  de  fato  respondendo  as  questões  com  veracidade  e  etc.  Este  índice  pode  ser  tão  enganoso  quanto qualquer outro e revelar de maneira duvidosa o desenvolvimento na escala humana mais singular.      

   

Figura 1– Área de Estudo (Setores Censitários) – Território da Cidadania do Baixo Amazonas  Fonte: IBGE, 2012.   Organização: Rodrigo de Loyola Dias, 2013.    A  pesquisa  de  campo  da  Célula  de  Acompanhamento  e  Informação  do  Território  da  Cidadania  do  Baixo  Amazonas  realizou  a  amostragem  do  ICV  no  período  de  12  a  25  de  abril  de  2011,  com  o  apoio  de  15  pesquisadores  em  campo,  sendo  aplicados  288  formulários  de  pesquisa.  A  realização  da  expedição  para  aplicação do ICV contou com um barco, pois a dinâmica da pesquisa de campo na Amazônia incorpora outra  lógica, o acesso às comunidades e núcleos ribeirinhos se dá pelos grandes rios da região e se estabelece a  partir  de  uma  logística  complexa.  O  Território  do  Baixo  Amazonas  é  entrecortado  por  uma  densa  rede  de  drenagem  e  quando  acionada  a  sua  logística  rodoviária,  esta  é  precária  e  incipiente,  sendo  os  barcos  regionais o meio de transporte mais utilizado nesta região.  2.1.1 Perfil do entrevistado  O alvo prioritário do Programa Territórios da Cidadania é o agricultor familiar. Contudo, o ICV foi obtido a  partir de três tipos de domicílios rurais: 1. com produção familiar; 2. Com produção não familiar; e 3. Sem  produção. O questionário é composto por um preâmbulo que permite captar o tipo de domicílio rural que  está no alvo da entrevista “você tem alguma produção no seu domicílio ou estabelecimento?”. A partir da  resposta, se positiva o entrevistado permanece e responde as questões de todas as instâncias. Se negativa, o  entrevistado automaticamente é direcionado para a terceira instância.  Considerando  o  desmembramento  no  perfil  do  entrevistado  para  esta  análise,  considera‐se  a  terceira  instância como a chave de entendimento dos efeitos do desenvolvimento, pois abarcam os três níveis: sem  produção,  com  produção  familiar  e  com  produção  não  familiar.  Contudo,  esta  análise  dos  efeitos  do  desenvolvimento  pode  apresentar  um  cenário  distorcido  da  realidade:  1.  O  agrupamento  dos  três  grupos  pode revelar um desenvolvimento que não está diretamente relacionada à agricultura familiar; 2. Os grupos  sem produção e com produção não familiar, apesar de minoritários na amostra, podem elevar o índice de  condições de vida, sem necessariamente revelar as reais condições das bases da agricultura familiar do Baixo  Amazonas.     

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  2.1 Localização e Amostra da Pesquisa de Campo  As  orientações  de  pesquisa  do  Índice  de  Condições  de  Vida  ‐  ICV  no  Território  do  Baixo  Amazonas,  AM  contemplou  6  setores  censitários  (Tabela  11),  sendo  48  domicílios  por  setor,  totalizando  288  entrevistas.  Essas  entrevistas  deveriam  ser  realizadas  em  comunidades  abarcadas  pelos  setores  censitários  ‐  unidades  territoriais  definidas  pelo  IBGE  para  coleta  das  operações  censitárias,  comumente  reconhecidas  como  a  menor unidade territorial ‐ além do setor censitário, as orientações da pesquisa de campo do ICV definiram  setores de substituição, para complementar a amostra. O entrevistado alvo do Índice de Condições de Vida –  ICV era o agricultor familiar, sujeito‐chave da política territorial do Ministério do Desenvolvimento Agrário –  MDA.   

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  2.2 Análise do Índice de Condições de Vida do Território do Baixo Amazonas  De início, deve‐se deixar claro que o intuito desta análise, não é responder a inquietação mais pertinente do  Programa Territórios da Cidadania: se as condições de vida dos agricultores familiares do Território do Baixo  Amazonas  melhoraram  com  a  sua  implantação?  Adota‐se  aqui,  um  pressuposto  neutro  ou  nulo,  que  impossibilita sanar a inquietação acima levantada:   Pressuposto 1: Os dados da pesquisa de campo domiciliar não conseguem captar a essência da inquietação   levantada,  pois  a  amostra  além  de  insuficiente  não  fora  aplicada  com  os  verdadeiros  beneficiários  do  Programa Territórios da Cidadania. Entende‐se que o eixo central desse Programa seja o Apoio a Projetos de  Infraestrutura e Serviços em Territórios – PROINF, os empreendimentos ou projetos são os capitais fixos no  Território e foram implantados para dinamizar a vida territorial, apesar de nenhum item do instrumento de  coleta  do  ICV  atentar  para  este  aspecto:  você  é  beneficiário  ou  se  utiliza  de  algum  empreendimento  do  Território?  A  memória  de  campo  esclarece  que  os  setores  censitários  onde  foram  aplicados  o  ICV  não  abarcaram áreas onde foram implantados empreendimentos do PROINF. Nesse ponto de vista, fica inviável  estabelecer alguma relação de desenvolvimento na vida do agricultor familiar proporcionada pelo Programa  Territórios da Cidadania.  Pressuposto  2:  Apesar  da  natureza  do  Índice  de  Condições  de  Vida  de  permitir  comparações  ao  longo  do  tempo e entre distintos territórios, tal como ressaltado anteriormente, a falta de comparação com o mesmo  instrumento  de  coleta,  antecedendo  a  implantação  do  Programa  ou  no  início  da  sua  implantação.  Nesse  sentido,  não  é  possível  atrelar  um  hipotético  desenvolvimento  a  implantação  do  Programa,  por  não  existirem indicadores consolidados que  permitam analisar as condições de vida  dos agricultores familiares  do Território do Baixo Amazonas na escala temporal necessária: antecedendo à implantação do Programa,  no início do trabalho das Células de Acompanhamento e Informação e no fim deste acompanhamento.  Com  as  devidas  ressalvas,  que  justificam  a  inconsistência  das  informações  para  responder  a  supracitada  questão,  utiliza‐se  como  norte  de  construção  de  análise  do  Índice  de  Condições  de  Vida  do  Território  do  Baixo Amazonas a classificação nacional dos Territórios Rurais, segundo os quintis de ICV, onde o Território  do  Baixo  Amazonas  ocupa  o  estrato  Alto  com  ICV  de  0,59.  Portanto,  adota‐se  como  inquietação:  a  classificação por quintis adotada para o ICV reflete as reais condições de vida dos agricultores familiares do  Território do Baixo Amazonas? Várias chaves de interpretação se apresentam válidas para responder a esta  questão e uma delas, em especial, será a hipótese principal: o paradoxo de Easterlin.   A análise qualificada do Índice de Condições de Vida será composta de três horizontes de interpretação: O  primeiro nível de interpretação do ICV será revelado a partir da comparação do ICV intrarregional, ou seja, a  classificação nacional dos Territórios Rurais e o posicionamento dos Territórios do Norte e, particularmente,  do  Território  do  Baixo  Amazonas  ‐  AM  no  estrato  Alto.    O  segundo  horizonte  de  interpretação  abarca  a  leitura  univariada  do  Índice  de  Condições  de  Vida,  a  análise  do  ICV  à  luz  dos  dados  captados  pelo  instrumento de coleta e sintetizados nos biogramas no ambiente da Célula no Sistema de Gestão Estratégica  – SGE. E por fim, uma terceira chave de interpretação a partir da análise multivariada dos dados, cruzada  com dados de natureza secundária ou com dados de instâncias distintas do próprio instrumento de coleta  abarcando os Territórios Manaus e Entorno e Baixo Amazonas ‐ AM.    2.3 Primeira chave de interpretação: ICV intrarregional  O  Índice  de  Condições  de  Vida  –  ICV  foi  realizado  em  37  Territórios  Rurais  do  país,  totalizando  10.106  entrevistas e abarcou três grupos: 21,2% dos entrevistados no âmbito nacional são representantes do grupo  sem produção, 57,9% são do grupo produção familiar e 20,9% do grupo produção não familiar. A amostra do  Território  do  Baixo  Amazonas  –  AM  representa  2,85%  das  entrevistas  realizadas  nos  37  Territórios  Rurais.  Deste universo de 288 formulários validados para o Território do Baixo Amazonas, 87,14% (251 formulários)  foram aplicados com o grupo produção familiar, 4,17% (12 formulários) foram aplicados com o grupo sem  produção e 8,69% (25 formulários) são do grupo produção não familiar.  Durante o III Encontro das Células de Acompanhamento e Informação que ocorreu em Fortaleza – CE, entre  os  dias  29  a  31  de  agosto  de  2012,  a  analista  em  tecnologia  da  informação  Maria  Inez  Machado  Telles  Walter, da Universidade de Brasília apresentou a análise do Índice de Condições de Vida – ICV no âmbito da  integração  dos  37  Territórios  Rurais,  atentando  para  as  particularidades  regionais.  Segundo  as  análises  de  Maria  Inez  Walter,  o  Índice  de  Condições  de  Vida  variou  de  0,47  a  0,66  estes  dados  foram  agrupados  de  acordo com o método os quintis – medidas de posição que divide o conjunto de dados em cinco subgrupos de  iguais tamanhos:    Tabela 2 ‐ Classificação nacional dos Territórios Rurais por quintis  Quintil (20% dos TRs)  Primeiro 

 

Nível do ICV Baixo

Quintil – Limite Superior (20) 0,503374

                Figura 2– Ranking dos quintis de ICV nacional  Fonte: SDT/MDA, 2012.    De início, deve‐se deixar claro que a justificativa para Índices de Condições de Vida – ICV tão elevados nos  Territórios  do  Norte  é  complexa  e  envolve  múltiplas  chaves  de  interpretação.  Desde  aspectos  mais  subjetivos, quanto de ordem objetiva. Desvencilha‐se de velhas explicações que não são capazes de revelar a  essência da complexidade dos números: a primeira delas é o fator educacional, níveis baixos de educação  não justificam a ausência de autocrítica sobre a situação e condições de vida dessas populações. Além de se  constituir em visão preconceituosa do processo não reflete o cenário que representa a complexa e desigual  região Amazônica.   De  fato,  o  fator  educacional  é  fragilizado  na  região  Norte  e  a  situação  se  agrava,  quando  se  considera  a  dinâmica do mundo rural amazônico, mas atrelar ausência de autocrítica, expectativa de vida e percepção  crítica sobre a sua condição e do meio em que vivem, não ajuda a compreender o que se camufla por trás  dos  números.  O  fator  cultural  tão  pouco  é  uma  chave  de  explicação  concisa  sobre  a  dinâmica  que  ora  se  almeja descortinar. Outro aspecto que merece destaque relativo é a situação geográfica que se encontram  essas comunidades, onde fora aplicado o instrumento de coleta do ICV, comunidades distantes e de difícil  acesso  somada  a  uma  logística  precária.  Afinal,  estas  famílias,  não  possuem  parâmetros  de  comparação  entre regiões que lhes permitam uma avaliação mais abrangente e aprofundada de suas condições de vida,  quiçá comparação com outras regiões brasileiras.   De que nível de percepção se trata? Toda avaliação pressupõe uma construção do ideal ou do que dele se  aproxima. Avaliar as condições de saúde, nutrição, econômicas e ambientais requer minimamente que haja  clareza dos níveis ideais. Portanto, de que nível de compreensão do mundo e das condições essas famílias   

 

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  Segundo  Médio‐Baixo (40) 0,524503   Terceiro  Médio (60) 0,535389   Quarto  Médio‐Alto (80) 0,567137   Quinto  Alto       Fonte: SDT/MDA, 2012.    A partir desse método da estatística descritiva elaborou‐se o ranking dos Territórios Rurais do país, segundo  os quintis. Dois Territórios Rurais do Norte do Brasil, especificamente, os Territórios: Baixo Amazonas – AM e  Manaus  e  Entorno  –  AM,  são  classificados  no  estrato  Alto,  que  reflete  que  as  condições  de  vida  dos  domicílios rurais estão entre as melhores do país.   Tal  posicionamento  leva  a  seguinte  questão:  de  fato,  essa  classificação  do  Índice  de  Condições  de  Vida  reflete as reais condições de vida no rural no Estado do Amazonas e, especificamente, do Território do Baixo  Amazonas?   

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  têm como referência? É uma avaliação baseada apenas no seu núcleo familiar?  É uma avaliação baseada no  estrato social em que se encontram? É uma avaliação baseada a partir do seu estrato social considerando  um estrato social superior? Esse nível de compreensão da percepção do universo da pesquisa não é possível  de ser apreendido.   Portanto, o que se pode extrair de reflexão desta experiência é a imprecisão de captar esse nível de questão,  a partir de um instrumento de natureza subjetiva. A partir da avaliação da percepção sobre as condições de  vida das famílias rurais dos Territórios do Norte, especificamente, os Territórios Baixo Amazonas e Manaus e  Entorno, não conseguem captar a real dimensão da vida cotidiana amazônica, principalmente, nas entranhas  do mundo rural. Nesse sentido, adota‐se como substrato de interpretação da maquiagem dos dados à luz  das reais condições de vida dessas famílias rurais, o paradoxo de Easterlin.   2.3.1. Paradoxo de Easterlin  Richard  Easterlin  é  o  responsável  pelo  cunho  do  termo  paradoxo  de  Easterlin,  economista  e  demógrafo,  atrelou  níveis  de  bem  estar  e  status  econômico.  Assim  como  o  ICV,  a  natureza  da  sua  pesquisa  está  em  dados subjetivos de felicidade. Para o economista, o grupo de mais alto status eram mais felizes em média,  do que os grupos de status mais baixo. Contudo, a relação positiva entre renda e felicidade não é absoluta e  nem  generalizada,  pois  alguns  países  pobres,  não  necessariamente  se  apresentaram  menos  felizes  que  países ricos.    At a point in time, those with more income are, on average, happier than those with less. Over the life cycle,  however, the average happiness of a cohort remains constant despite substantial income growth. Moreover,  even though a cohort's experienced happiness remains constant throughout the life span, people typically  think that they were worse off in the past and will be better off in the future (EASTERLIN, 2011, p. 465).    O  que  ficou  comumente  conhecido  como  o  Paradoxo  de  Easterlin  foram  as  relações  paradoxais,  entre  a  felicidade média com o aumento da renda. Umas das sustentações da análise apontam que, em baixos níveis  de  desenvolvimento  econômico,  existem  lacunas  que  favorecem  a  dimensão  urbana  em  detrimento  das  áreas  rurais,  em  todos  os  parâmetros  de  desenvolvimento,  tais  como  educação,  estrutura  ocupacional  e  renda, que elevam o nível de satisfação com a vida ou de felicidade, nas áreas urbanas e diminuem nas áreas  rurais, ainda que não se considerem os parâmetros negativos dos problemas urbanos: poluição, problemas  de moradia, desemprego, congestionamento e etc. Contudo, nos níveis mais avançado de desenvolvimento,  as diferenças econômicas desaparecem e a satisfação com a vida nas áreas rurais se excede sobre a urbana.  Richard  Easterlin  descarta  que  o  êxodo  rural  ou  a  migração  rural‐urbana  seja  a  chave  de  explicação  deste  processo:  The  convergence  in  urban–rural  life  satisfaction  differences  should  not  be  thought  of  as  an  automatic  by‐ product of rising GDP per capita. Rather it is due to two crucial developments that are not simply the result  of  the  GDP  trend,  but  reflect  the  real  world  nature  of  modern  economic  growth  and  the  demo‐graphic  transition. The first is the weakening of the close bond between place‐of‐work and place‐of‐residence as the  general  purpose  technology  (GPT)  underlying  rising  per  capita  income  evolved  from  that  of  the  First  Industrial  Revolution  to  that  of  the  Second,  and,  then,  Third  Industrial  Revolution  (  EASTERLIN,1999  apud  EASTERLIN, 2011).    A  participação  das  pessoas  mais  idosas,  que  são  aposentadas  e  tem  liberdade  de  tomar  decisões  de  residência  sem  restrições  e  cada  vez  mais  tem  optado  por  residir  nas  áreas  rurais.  Essa  transição  demográfica,  segundo  Easterlin  (1996)  é  originária  da  mudança  na  estrutura  etária  da  população,  que  ocorreu de forma independente do nível de desenvolvimento.   O que se adota como pressuposto de análise para os elevados quintis do ICV para os Territórios do Norte,  especificamente, Território do Baixo Amazonas gravita em torno da seguinte sentença: expectativas de vida  baixa refletem em avaliações positivas, ainda que tenham ocorrido melhorias mínimas nas condições de vida  dessas populações.     2.4 Segunda chave de interpretação: Leitura Univariada do ICV  A leitura univariada do índice de Condições de Vida – ICV considera os dados do instrumento de coleta por si  só, que apresentam valores médios e médio‐alto para as Condições de Vida dos agricultores familiares do  Território  do  Baixo  Amazonas.  Contudo,  a  leitura  desses  dados  deve  ser  analisada  com  ressalvas  dada  a  natureza subjetiva do instrumento de coleta.  A média do Índice de Condições de Vida – ICV do Território do Baixo Amazonas ‐ AM é de 0,593. De acordo  com  a  metodologia  de  cálculo  proposta  pelo  SDT,  isto  significa  que  o  Índice  de  Condições  de  Vida  da  população  rural  do  Baixo  Amazonas  é  considerado  “médio”  por  encontrar‐se  entre  os  indicadores  0,40  e   

  0,60.  Quanto  mais  próximo  de  1,  mais  alto  é  considerado  o  nível  de  desenvolvimento  das  regiões.  Como  ressaltado, o uso dos formulários visa obter dados a partir da percepção dos indivíduos entrevistados sobre  as condições de vida no seu território a partir de três instâncias.    

  Figura 3– Instâncias do Índice de Condições de Vida ‐ ICV  Fonte: SGE./CAI Território Baixo Amazonas ‐ AM    2.4.1 Primeira Instância: fatores do desenvolvimento  A  primeira  instância  do  instrumento  de  coleta  do  ICV  procura  avaliar  os  Fatores,  recursos  ou  acessos  que  condicionam o Desenvolvimento no território do Baixo Amazonas ‐ AM. Isto é, os meios que propiciam uma  boa  qualidade  de  vida  na  região  do  setor  censitário  e  considera  como  fatores  desse  desenvolvimento  os  seguintes indicadores: número de famílias trabalhando, mão de obra familiar, área utilizada para produção,  escolaridade, condições de moradia, acesso aos mercados, Programas do Governo, acesso a crédito, acesso  à assistência técnica e a presença de instituições.    

 

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  Figura 4– Fatores do Desenvolvimento do ICV  Fonte: SGE./CAI Território Baixo Amazonas ‐ AM    2.4.2 Segunda Instância: características do desenvolvimento  A segunda instância do instrumento de coleta do ICV ‐ Características de Desenvolvimento ‐ também ocupa  o  estrato  médio,  pela  amostra  dos  setores  censitários  (0,582)  e  considera  como  fatores  desse  desenvolvimento  os  seguintes  indicadores:  renda  familiar,  produtividade  do  trabalho,  produtividade  da   

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  terra,  diversificação  da  produção  agrícola,  diversificação  nas  fontes  de  renda  familiar,  conservação  das  fontes de águas, conservação da área de produção: solo e preservação da vegetação nativa.   

 

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  Figura 5– Características do Desenvolvimento do ICV  Fonte: SGE./CAI Território Baixo Amazonas ‐ AM  2.4.3 Terceira Instância: efeitos do desenvolvimento  A  terceira  instância  do  instrumento  de  coleta  do  ICV  dá  relevo  às  múltiplas  dimensões  de  capacitações  e  funcionamentos dos efeitos do desenvolvimento dos domicílios rurais nos setores censitários da amostra da  pesquisa,  esta  instancia  é  alocada  no  estrato  “médio‐alto”  (0,693).  Os  efeitos  do  desenvolvimento  são  captados  a  partir  dos  seguintes  indicadores:  condições  de  alimentação  e  nutrição,  condições  de  saúde,  permanência  dos  familiares  no  domicílio,  situação  econômica,  situação  ambiental,  participação  em  organizações comunitárias, participação política e participação em atividades culturais.   

 

  Figura 6– Efeitos do Desenvolvimento do ICV  Fonte: SGE./CAI Território Baixo Amazonas – AM    2.5 Terceira chave de interpretação: Leitura Multivariada do ICV  As Células de Acompanhamento e Informação dos Territórios do Baixo Amazonas e Manaus e Entorno – AM,  para a definição das informações secundárias considerou a variável independente: tipos de domicílios rurais,  desmembrados  em:  sem  produção  (com  trabalho  off‐farm/sem  trabalho  off‐farm)  e  com  produção  (familiar/não familiar).   

 

  Tipologia de  domicílio rural

Com  produção Domicílio  rural Sem  produção

Familiar Não familiar Com trabalho  “off farm” Sem trabalho  “off farm”

  Figura 7– Tipologia de domicílios rurais  Org.: CAIs Manaus e Entorno e Baixo Amazonas, AM.    Considerou‐se a questão “a percepção entre esses grupos de domicílios rurais é diferente?” e “quem pode  nos responder isso?”. Definiu‐se que apenas a 3º instância poderia responder esse tipo de questionamento e  realizar o filtro dos dados secundários. A 3º instância foi escolhida por contemplar todos os entrevistados  (com  produção  familiar,  com  produção  não  familiar  e  sem  produção),  independente  do  tipo  de  domicílio  rural.  Utilizando‐se das variáveis da terceira instância do instrumento de coleta do ICV relacionadas com variáveis  independentes  agrupadas  nas  tipologias  (grupo):  com  produção  em  regime  familiar/com  produção  em  regime não familiar/sem produção e sem trabalho off‐farm/sem produção e com trabalho off‐farm) defini‐se  os  cenários  apresentados  pelas  variáveis  independentes,  a  partir  das  variáveis  da  3º  instância  (ex.  alimentação,  saúde,  econômica  etc.).  Compreendem‐se  os  dados  secundários,  como  variáveis  explicativas  para subsidiar as análises qualitativas das subvariáveis da 3º instância.  A  partir  da  definição  das  variáveis  independentes  definiram‐se  os  dados  secundários,  que  possibilitariam  subsidiar  qualitativamente  as  análises  do  Índice  de  Condições  de  Vida  –  ICV  por  Território  (Manaus  e  Entorno/Baixo Amazonas ‐ AM) e entre os Territórios supracitados:    Variável Secundária  População por situação de domicílio  (dinâmica  demográfica  da  população  rural)  Bolsa‐Família  Número  de  famílias  inscritas  no  CadÚnico;  Número  de  famílias  beneficiárias  do  Programa Bolsa Família (2006‐2012) 

Efetivo Rebanho Bovino 

Justificativa

Trata‐se  de  um  dado  essencial  para  captar os tipos de ruralidade presente  nos  municípios dos Territórios  Variáveis:  1.Situação  Houve  um  número  significativo  de  Econômica;  famílias  com  aumento  de  renda  no  2.  Condições  de  Estado do Amazonas. A hipótese é de  alimentação e nutrição;  que  esse  incremento  esteja  relacionado  aos  benefícios  do  Governo  Federal  (como  o  Bolsa‐ Família  –  mais  identificado  nos  domicílios  onde  foram  realizados  o  ICV).  O  acesso  ao  benefício  independe  do  tipo  de  domicílio  (urbano/rural)  Variáveis: Os  dados  permitem  explicar  a  1.Situação  Ambiental;    situação  ambiental  do  município,  2. Situação Econômica;  principalmente, relacionadas ao uso e  ocupação do solo; 

Estabelecimentos  rurais (quantidade e  área) 

Variáveis: 1.  Trabalho  fora  da  propriedade;  2.  Situação  Econômica;  3.  Situação  Ambiental; 

Campos  institucionais  das  políticas  públicas  para  agricultura  familiar  e  reforma agrária 

Variáveis: 1.  Participação  em  organizações  comunitárias;                2.  Participação Política;  Variáveis: 1. Condições de Saúde 

Estabelecimentos  de  saúde  na  área  rural  Quantidade  de  leitos  dos  estabelecimentos  Número  de  agentes  comunitários  de 

 

Questões  do  ICV  3º  instância    Transversal 

Permite  traçar  o  perfil  rural  relacionado  a  situação  ambiental  (desmatamento,  por  exemplo)  a  situação  econômica  (produção/tamanho  da  área  de  produção)  e  com  o  trabalho  fora  da  propriedade (tamanho X produção);  Possibilita  captar  as  relações  institucionais; 

Fonte    Censo IBGE  2000/2010  Fonte:  CadÚnico  – Ministério  do  Desenvolvimento  Social  e  Combate  à  Fome 

Censo Agropecuário 2006    Perfil  da  Pecuária  Municipal – IBGE 2011      Censo Agropecuário  2006 

 

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Variável

SGE 

  439 Os  dados  permitem  qualificar  as  condições de saúde captadas durante  as  entrevistas  do  ICV  no  primeiro  ciclo de pesquisas; 

DATASUS 

  saúde  Festas municipais representativas para  a área rural  Equipamentos  culturais  (campos  de  futebol,  cinemas,  teatros,  igrejas,  clubes etc.). 

Variável:  1.  Participação  em  atividades culturais; 

Possibilita  captar  a  quantidade  de  equipamentos  destinados  a  atividades culturais e acessibilidade a  estes festejos; 

Prefeituras  Municipais;  Organizações  Culturais;  Anuário  estatístico  da  SEPLAN 

 

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Tabela 1– Proposta de dados secundários a serem incorporados na análise do Índice de Condições de Vida  Org.: CAIs Manaus e Entorno e Baixo Amazonas, AM.    Para  a  análise  da  terceira  chave  de  interpretação,  considera‐se  a  leitura  dos  dados  do  ICV  de  forma  multivariada e incorporando a dinâmica peculiar dos Territórios do Baixo Amazonas e Manaus e Entorno ‐  AM.   

  Figura 8– Frequência da tipologia de grupos de domicílios rurais por Território  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    Considerando  a  tipologia  adotada  para  os  domicílios  rurais  apreende‐se  que,  na  área  da  amostra,  a  proporção de domicílios com produção em regime familiar é maior Território do Baixo Amazonas. Enquanto,  a proporção de domicílios rurais sem produção e em regime não familiar foi maior no Território Manaus e  Entorno, aferindo os setores censitários da amostra.   

  PIN= Parintins; BVR= Boa Vista do Ramos; MAUES= Maués; SBUT= São Sebastião do Uatumã; BARR= Barreirinha.

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  Figura 9‐ Tipologia de grupos de domicílios rurais por Território  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    A composição das tipologias do grupo é mais variada no Território Manaus e Entorno. No Território do Baixo  Amazonas  a  produção  familiar  predomina,  em  todas  as  comunidades  dos  setores  censitários  da  amostra,  diferente do Território Manaus e Entorno que apresenta municípios com maior participação da agricultura  não  familiar  e  domicílios  sem  produção.  Os  dois  territórios  concentram  importantes  núcleos  urbanos  da  região,  como  Manaus  (Território  44)  e  Parintins  (Território  17),  mas  ainda  assim  a  ruralidade  desses   

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T ERRIT ORIO   Figura 10– Histograma da instância Efeitos do Desenvolvimento por Território  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    A  variável  que  apresenta  maior  diferença  no  padrão  de  distribuição  das  respostas  é  a  questão  da  participação da família em atividades culturais, o Território do Baixo Amazonas (17) apresenta como Boa as  condições  das  famílias,  enquanto  a  amplitude  da  resposta  desta  questão  no  Território  Manaus  e  Entorno  (44) varia de Ruim a Boa. O padrão de resposta para todas as outras questões é muito semelhante entre os  dois Territórios. No caso do Território 44, a proximidade com Manaus, metrópole do Estado do Amazonas,  não  apresentou  um  cenário  distinto  e  nem  melhor  avaliado  em  relação  ao  Território  17,  mesmo  considerando  que  a  possibilidade  de  deslocamento  entre  os  municípios  daquele  território  sejam  mais  facilitadas pelas rodovias, sem considerar a dinâmica intensa de atividades culturais que Manaus concentra.  Ao contrário o Território do Baixo Amazonas apresenta outra lógica de deslocamento, por via fluvial e ainda  assim,  a  participação  das  famílias  em  atividades  culturais  foram  melhor  avaliadas.  Presume‐se  que,  isso  aconteça  pelo  resguardo  de  atividades  culturais  na  região  do  Baixo  Amazonas,  que  não  perdeu  a  tradição  pelas festividades dos santos e da agricultura familiar.  Quando  as  respostas  são  agrupadas  por  tipologia  de  domicílio  a  dinâmica  do  padrão  das  respostas  sofre  algumas modificações.    T ERRIT ORIO

 

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  territórios é diferenciada. Segundo os dados do Censo 2010 do IBGE, Parintins tem 68% (69.905 habitantes)  de  sua  população  urbana  e  32%  de  sua  população  na  área  rural  (32.161  habitantes).  Manaus,  em  outra  dimensão  da  monstruosidade  urbana  têm  99%  (1.793.416  habitantes)  da  sua  população  habitando  a  área  urbana. 

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  Figura 11– Histograma com indicadores dos Efeitos do Desenvolvimento nos Territórios  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    Os histogramas apresentam que os grupos 1 (produção familiar) e 2 (produção não familiar) diferem apenas  no  padrão  de  resposta  para  as  questões  de  participação  da  famílias  em  organizações  comunitárias  e  em  atividades culturais. O grupo 3 (sem produção e sem trabalho off‐farm), dada  a natureza da sua tipologia,  desvela que a maior parte da amostra desse grupo respondeu que nenhum membro da família precisou sair  do  domicílio  pra  trabalhar  fora.  O  grupo  4  (sem  produção  e  com  trabalho  off‐farm)  tem  o  padrão  de  respostas mais distinto considerando os demais grupos, de forma peculiar nos indicadores saúde, trabalho  fora do domicílio, situação econômica e participação política. O trabalho fora do domicílio das famílias desse  grupo é avaliado entre Boa parte e Poucos, enquanto os demais grupos tem padrão de resposta entre Pouco  ou Nenhum membro do domicílio rural.  O  indicador  saúde  apresenta  um  padrão  de  resposta  diferenciado  para  o  grupo  4  (sem  produção  e  com  trabalho  fora),  em  que  as  condições  de  saúde  são  avaliadas  em  média  como  Boas,  enquanto  a  média  do  padrão  de  respostas  dos  outros  grupos  é  avaliada  entre  Regulares  e  Boas.  A  explicação  para  este  padrão  diferenciado  do  grupo  4,  pode  ser  interpretado  pela  lógica  de  que  este  grupo  exerce  no  trabalho  fora  do  domicílio  e  pode  ter  acesso  a  outros  serviços  de  saúde,  tendo  níveis  de  saúde  melhores  que  os  demais  grupos,  restritos  a  renda  e  ganhos  em  dinheiro  da  unidade  produtiva  e  de  transferência  de  benefícios  e  reféns do atendimento do agente de saúde e da unidade de saúde mais próxima do seu domicílio, que no  caso da região foco desta análise, são grandes e com estruturas precárias.  A situação econômica do grupo 4 (sem produção e com trabalho off‐farm) apresenta as melhores avaliações.  Enquanto a frequência de resposta dos demais grupos permaneceu na avaliação Não mudou e Melhorou nos  últimos 5 anos. A participação política no grupo 4 também foi avaliada de forma diferenciada dos demais, a  frequência de respostas avaliaram a participação política desse grupo como Regular, enquanto o padrão de  respostas  para  os  demais  grupos  foi  avaliada  entre  Regular  e  Boa.  Presume‐se  que  a  diferenciação  seja  resultante da jornada de trabalho off‐farm que impossibilita que a família tenha participação política mais  assídua.  O  indicador  alimentação  e nutrição  são avaliados  com  o  mesmo padrão,  em  todas  as  tipologias  de  grupo,  entre  Regulares  e  Boas,  ainda  que  a  renda  e  os  ganhos  em  dinheiro  sejam  diferenciados  entre  os  grupos,  principalmente entre o grupo 4 e os demais, o acesso a diversidade de produtos é restrita, dada a distância  desses domicílios das sedes urbanas.  A  análise  de  variância  por  questão  considerou  as  tipologias  da  amostra  por  território,  considerando  indicadores  de  avaliação.  Este  tipo  de  análise  indicou  uma  interação  de  grupo  e  território  significativa  (p=0,028),  com  destaque  para  o  grupo  4  (sem  produção  e  com  trabalho  off‐farm)  no  Território  do  Baixo  Amazonas,  que  apresenta  médias  superiores  aos  demais  grupos  e  para  o  grupo  3  (sem  produção  e  sem  trabalho  off‐farm)  com  média  inferior.  O  Território  do  Baixo  Amazonas  tem  variações  significativas  de    GRUPO

GRUPO

  Figura 12– Análise de Variância indicador “Condições de Alimentação e Nutrição” por tipologia de grupo e  Território  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    Presume‐se  que  essa  constante  no  padrão  de  avaliação  das  condições  de  alimentação  e  nutrição  no  Território  Manaus  e  Entorno  se  justifique  pela  proximidade  com  a  capital,  Manaus,  e  pelas  facilidades  de  acessibilidade,  diferente  das  condições  de  acesso  do  Território  do  Baixo  Amazonas  que,  na  sua  totalidade  permite fluxos pelas hidrovias dificultando, neste aspecto, o acesso a condições de alimentação e nutrição,  por  isso  o  padrão  de  avaliação  diferenciado  neste  território.  O  único  grupo  que  apresenta  avaliação  diferenciada no Território do Baixo Amazonas é o grupo 4 (sem produção e com trabalho off‐farm), com as  condições  no  estrato  Boas.  A  dinâmica  de  trabalho  off‐farm  pode  ser  a  chave  de  interpretação,  trabalhar  fora  do  domicílio  pode  permitir  ter  maior  acessibilidade  e,  portanto,  acesso  à  produtos  diferenciados  que  influenciam diretamente na dieta alimentar desse grupo.   

 

  Figura 13 – Análise de Variância indicador “Condições de Saúde” por tipologia de grupo e Território  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    A  análise  de  variância  é  significativa  para  os  grupos  por  Território  (p=0,020).  Novamente,  o  Território  Manaus e Entorno apresenta um padrão de avaliação por grupo uniforme, enquanto o Território do Baixo  Amazonas apresenta um padrão de avaliação diferenciado entre os grupos. No Território Manaus e Entorno  as  avaliações  variam  entre  Regulares  e  Boas,  novamente  presume‐se  que  este  padrão  de  avaliação  justifique‐se  pela  proximidade  com  a  capital,  com  facilidades  de  acesso  em  todos  os  municípios  desse  Território por rodovias. O grupo 4 (sem produção e com trabalho off‐farm) se diferencia nos dois Territórios  revelando que, a avaliação das condições de saúde desse grupo é diferenciada. O grupo 3 (sem produção e  sem  trabalho  off‐farm),  tem  as  piores  avaliações  acerca  das  condições  de  saúde,  principalmente,  no  Território do Baixo Amazonas.  Os domicílios sem produção e sem trabalho off‐farm apresentam avaliação desfavorável de saúde, enquanto  que  os  domicílios  sem  produção,  porém  com  outras  fontes  de  renda  e  ganhos  em  dinheiro  apresentam  avaliação melhor que todas as outras tipologias de grupo. 

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  avaliação  entre  as  tipologias  de  grupo.  Enquanto  o  Território  Manaus  e  Entorno  apresenta  um  padrão  de  avaliação constante, entre Regulares e Boas. 

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  Figura 14– Análise de Variância indicador “Trabalho fora do domicílio” por tipologia de grupo e Território  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    O padrão de respostas das tipologias de grupo apresentou a mesma configuração para os Territórios Manaus  e Entorno e Baixo Amazonas. Como previsível o grupo 4 (sem produção e com trabalho off‐farm) tem padrão  de resposta no estrato Boa parte e Quase todos e o grupo 1 (com produção em regime familiar), por outro  lado, ocupa o estrato Poucos ou Nenhum membro. O grupo 3 (sem produção e sem trabalho off‐farm) se  diferencia de todas as tipologias de grupo ocupando o estrato Nenhum membro.  

  Figura 15– Análise de Variância indicador “Situação econômica” por tipologia de grupo e Território  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    Novamente, um padrão diferenciado de avaliação entre os Territórios sobre a situação econômica da família  nos  últimos  5  anos.  O  Território  Manaus  e  Entorno  apresenta  um  padrão  de  respostas  uniforme  entre  as  tipologias de grupo, estrato Não mudou e Melhorou.  Os grupos 1 (com produção em regime familiar) e 2  (com produção em regime não familiar) apresentam o mesmo padrão de resposta. O grupo 3 (sem produção  e  sem  trabalho  off‐farm)  avalia  de  forma  desfavorável  a  condição  econômica  do  domicílio,  possivelmente  por sua fonte de renda e ganhos em dinheiro serem provenientes de programas de transferência de renda  do  Governo  Federal,  como  o  Bolsa  Família.  O  grupo  4  (sem  produção  e    com  trabalho  off‐farm),  neste  Território, apresenta avaliação mais favorável que todas as demais tipologias de grupo.   

  Figura 16– Análise de Variância indicador “Organização Comunitária” por Território  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    A  diferença  entre  os  Territórios  pela  análise  de  variância  foi  significativa  (p=0,024)  e  a  avaliação  entre  os  domicílios rurais destes Territórios foi diferenciada: o Território 44 ‐ Manaus e Entorno avalia a participação  em organizações comunitárias entre regular e boa. Enquanto, o Território 17 – Baixo Amazonas apresenta a  melhor avaliação na participação avaliada como boa.  Possivelmente,  a  avaliação  diferenciada  dessa  participação  pode  ser  explicada  pela  identidade  destes  Territórios, ou seja, o quanto eles foram dados ou construídos pelos seus sujeitos territoriais ou impostos  pelas políticas tecnocratas e verticalizadas do Estado. Talvez, a construção do Território do Baixo Amazonas  tenha uma organicidade maior que o Território Manaus e Entorno. 

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  Figura 17 – Análise de Variância indicador “Participação Política” por Território  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    A participação política das famílias também pode ser explicada pela identidade e origem desses Territórios.  A  diferença  entre  os  Territórios  é  significativa,  o  Território  17  –  Baixo  Amazonas  ocupa  o  estrato  entre  Regular  e  Boa,  enquanto  o  Território  Manaus  e  Entorno  ocupa  o  estrato  Ruim  e  Regular,  inferindo  que  a  participação política das famílias é melhor no Território Baixo Amazonas, ainda que não seja possível fluxo  por rodovias neste Território, é menor que o Território Manaus e Entorno e mais coeso que este, uma vez  que o Território 44 é extenso e possuí quase o dobro de municípios que o Território 17.   2.5.1 Análises exploratórias   A  primeira  e  segunda  instância  captou  a  percepção  apenas  dos  grupos  com  produção  (familiar  e  não  familiar) nos domicílios rurais dos Territórios Manaus e Entorno e Baixo Amazonas ‐ AM. A percepção desses  grupos  também  é  diferenciada  e  pode  apresentar  heterogeneidades  na  ruralidade  desses  Territórios,  tão  próximos e tão distintos entre si.  As condições de moradia são diferenciadas em alguns aspectos entre esses grupos (1 e 2), que considera a  frequência de serviços e utensílios urbanos por grupo de domicílio:     

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  Figura 18– Histograma da instância Características do Desenvolvimento – condições de moradia  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    Ainda que a frequência dos serviços e utensílios urbanos não seja tão desarmônica, há distinções entre os  grupos  1  (produção  em  regime  familiar)  e  2  (produção  não  familiar),  a  frequência  de  todas  as  variáveis  é  maior  nos  domicílios  do  grupo  2.  A  disparidade  mais  intrigante  é  a  frequência  de  banheiro,  dentro  ou  próximo do domicílio, mais frequente no grupo 2. De todos os utensílios, o que tem a frequência mais baixa  nos dois grupos é o computador.    0

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  Figura 22– Avaliação da situação dos domicílios rurais por Território (presença de serviços e utensílios)  Fonte: Dados da Pesquisa de Campo, 2011. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    O  histograma  apresenta  a  frequência  desses  utensílios  nos  dois  Territórios  desvelando  uma  tendência  diferenciada  e  inversa  entre  o  Território  17  –  Baixo  Amazonas  e  Território  44  –  Manaus  e  Entorno.  O  Território Manaus e Entorno tem frequência maior desses utensílios nos domicílios rurais da amostra, o que  pode ser explicado pela proximidade com a capital Manaus, revelando uma aproximação maior no rural do  modo de vida urbano.    SOMA

SOMA

  Figura 20– Dinâmica Demográfica dos Territórios Manaus e Entorno e Baixo Amazonas  Fonte: IBGE, 2010. Organização: Henrique dos Santos Pereira.    A combinação da taxa de crescimento média anual da população rural (eixo Y) e a taxa de urbanização da  população  (eixo  X)  permite  uma  visualização  das  diferentes  dinâmicas  demográficas  dos  municípios.   Municípios com alta taxa de urbanização (>60%) tenderam a apresentar um crescimento nulo ou negativo de  sua  população  rural  (Itacoatiara,  Parintins,  Manaus  e  Iranduba),  com  destaque  para  Iranduba  que  teve  a  menor taxa de crescimento populacional rural (‐7,42% a.a.).    O município de Barreirinha (Território do Baixo Amazonas), apesar de apresentar uma urbanização mediana,  também  apresentou  significativa  perda  de  população  rural.  Presume‐se  que  a  explicação  para  este  êxodo  rural  ou  decréscimo  da  população  rural  esteja  atrelado  aos  problemas  anuais  com  a  enchente  neste  município.  Em  2009,  90%  do  município  ficou  submerso  e  acumulou  20%  na  perda  do  rebanho  (SANTOS,  2012), talvez a dinâmica hidrológica esteja afetando a ruralidade em todas as dimensões.   A maioria dos municípios apresenta taxa de urbanização da população entre 40% e 60%.  Os municípios de  Manaquiri,  Careiro  e  Careiro  da  Várzea  (Território  Manaus  e  Entorno)  apresentaram  as  menores  taxas  de  urbanização,  com  destaque  para  o  município  de  Manaquiri  que,  também  apresentou  a  maior  taxa  de  crescimento  da  população  rural  (10,03%  a.a.).  O  município  de  Careiro  da  Várzea  também  se  destaca  pela  menor taxa de urbanização (4,18%). Os municípios com as maiores taxas de crescimento foram Manaquiri,  Presidente  Figueiredo  (Território  Manaus  e  Entorno)  e  São  Sebastião  do  Uatumã  (Território  Baixo  Amazonas), com taxas superiores a 6% a.a. que também estão entre os municípios do Estado do Amazonas,  que mais cresceram em termos de população total.    3. Considerações Finais:  As  leituras  do  Índice  de  Condições  de  Vida  –  ICV  podem  ser  múltiplas  e  apresentam  chaves  distintas  de  interpretação. A leitura intrarregional do ICV apresenta os quintis de estrato Alto, ocultando as verdadeiras   

Casarotto Filho, Nelson e PIRES, Luis Henrique (1998), “Rede de Pequenas e Médias Empresas e Desenvolvimento Local – Estratégias  para a Conquista da Competitividade Global com Base na Experiência Italiana”, Atlas, São Paulo  Easterlin, Richard A (1974), “Does economic growth improve human lot? Some empirical evidence”, In: DAVIS, P. A.; REDER, M. W.  (Eds.), Nation and Households in Economic Growth: Essays in Honor of Moses Abromowitz, New York and London: Academic Press  Easterlin,  Richard  A  et  al  (2011),  “The Impact of  Modern  Economic Growth  on urban‐rural differences  in  subjective well‐being”,  In:  World Development, Vol. 39, nº. 12, pp. 2187‐2198, Disponível em: http://www.journals.elsevier.com/world‐development.  Easterlin,  Richard  A  (1996),  Growth  triumphant:  The  twenty‐first  century  in  historical  perspective,  Ann  Arbor,  MI:  University  of  Michigan Press  Santos,  Jhonas  (2012),  População  de  Barreirinha  (AM)  sofre  com  enchente,  In:  Jornal  A  Crítica,  Caderno  Cidades,  12  de  abril,  Disponível  em:  http://acritica.uol.com.br/noticias/Populacao‐Barreirinha‐AM‐sofre‐enchente‐Amazonia  Amazonas‐ Manaus_0_680931972.html  Sen, Amartya (2000), Desenvolvimento como liberdade, São Paulo: Companhia das Letras  Ministério  do  Desenvolvimento  Agrário  (2005),  Secretaria  de  Desenvolvimento  Territorial,  “Marco  Referencial  para  Apoio  ao  Desenvolvimento de Territórios Rurais”, Série Documentos Institucionais, Brasília  Ministério do Desenvolvimento Agrário (2005), “Referências para a Gestão Social de Territórios Rurais”, Documento Institucional nº  03, Brasília  Ministério do Desenvolvimento Agrário (2006), “Referências para a gestão social dos territórios rurais: Guia para o controle social”,  Documentos de Apoio nº 04. Brasília, maio de 2006.  Waquil, Paulo D.  et  al (2007),  “Para  medir  o  desenvolvimento  territorial  rural:  validação  de  uma proposta  metodológica”,  In:  Anais do XLV Congresso Brasileiro de Economia, Administração e Sociologia Rural. Londrina 

   

SS07.2 ­ Family Farming and Sustainable Development: 2014 and beyond  Organizers:  Rosalina  Pisco  Costa,  University  of  Évora  &  CEPESE;  Maria  da  Saudade  Baltazar,  University  of  Évora & CICS.NOVA  Chair: Saudade Baltazar   

[1180]  NOVAS  CONFIGURAÇÕES  SOCIAIS  NO  CAMPO:  REDE  MANIVA  DE  AGROECOLOGIA E A CERTIFICAÇÃO PARTICIPATIVA NO AMAZONAS, BRASIL 

 

20th APDR Congress | ISBN 978‐989‐8780‐01‐0 

  condições de vida dos domicílios rurais dos dois Territórios do Norte: Baixo Amazonas e Manaus e Entorno ‐  AM.  A  leitura  univariada  do  ICV  permite  desvelar  as  reais  condições  de  vida  mascaradas  pelos  números.  Quando as instâncias e indicadores são isolados a real situação das condições de vida é revelada. Contudo,  quando a instância é avaliada de forma geral, com perguntas específicas sobre a avaliação das condições de  moradias,  situação  econômica,  alimentação  e  nutrição  e  acerca  da  questão  ambiental,  incorporam  outra  dimensão,  diferenciada  da  análise  de  indicadores  isolados.  A  análise  multivariada  que  incorpora  os  dois  Territórios é muito mais rica e reveladora do que a análise dos Territórios de forma isolada.   A  grande  inquietação  ao  longo  deste  acompanhamento  foi  aferir  se  as  condições  de  vida  dos  agricultores  familiares  do  Território  do  Baixo  Amazonas  melhoraram  com  a  implantação  do  Programa  Territórios  da  Cidadania? A natureza subjetiva do instrumento, os locais selecionados para a amostra, a ausência de série  histórica de comparação e, principalmente, a geografia e logística peculiar da região não permitem redarguir  tal  inquietação.  Qual  o  real  motivo  da  SDT/MDA  criar  instrumento  de  coleta  desta  natureza,  senão  para  medir a capacidade de promover desenvolvimento a partir do Programa Territórios da Cidadania. Se fossem  apenas para caracterizar as condições de vida nas áreas rurais os dados do Censo Agropecuário de 2006 e  dos Censos elaborados pelo IBGE (plausíveis de série histórica) permitiriam atender a esta demanda.     Referências 

Aguiar, Janaina¹; Béguin, Pascal²; Fraxe, Therezinha de Jesus Pinto³  ¹ [email protected], Universidade Federal do Amazonas (UFAM) et Centre Max Weber (UMR 5283), Université Lyon 2, França.  ² [email protected], IETL‐Centre Max Weber (UMR 5283), Université Lyon 2, França.  ³ [email protected], Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Brasil. 

RESUMO. A partir da década de 1990, expandiram‐se no Brasil, as organizações da sociedade civil, uma vez  que  as  ações  governamentais  pareciam  não  abarcar  sua  vasta  extensão  territorial,  acentuada  não  só  por  diferenças  sociais,  culturais,  ambientais  e  climáticas  significativas,  mas  por  estágios  distintos  de  desenvolvimento  socioeconômico.  No  meio  rural,  essas  organizações  têm  alcançado  legitimidade  e  representatividade  sob  a  forma  de  Redes  de  Agroecologia.  Em  geral,  as  redes  de  agroecologia  são  uma  crítica  ao  modelo  agrícola  hegemônico  advindo  da  revolução  verde  e  atuam  na  construção  de  novos  modelos  de  desenvolvimento  rural,  mais  sustentáveis  e  equitativos.  Essas  redes  se  difundiram  no  país,  influenciando  a  criação  de  políticas  públicas  voltadas  à  Agricultura  Familiar  e  à  Agroecologia.  A  Política  Nacional  de  Agroecologia  e  Produção  Orgânica,  instituída  em  2012  no  Brasil,  é  apenas  um  exemplo  da  influência  política  dessas  redes,  uma  vez  que  tem  por  objetivo  integrar,  articular  e  adequar  políticas,  programas  e  ações  indutoras  da  transição  agroecológica  e  da  produção  orgânica  e  de  base  agroecológica,   

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