ÍNDICES DE CONCENTRAÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CIMENTO

June 20, 2017 | Autor: Raphael Douglas | Categoria: Indicadores, Mercado, Oligopolios
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ÍNDICES DE CONCENTRAÇÃO DA INDÚSTRIA BRASILEIRA DE CIMENTO Raphael Douglas de Freitas Lucena Filiação: Aluno de Graduação do Departamento de Economia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte Email: [email protected] Bruno José Bezerra Silva Filiação: Aluno de Graduação do Departamento de Economia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte E-mail: [email protected] Joedson Jales de Freitas Filiação: Doutor em Economia pelo PIMES/UFPE e Professor Adjunto da UERN E-mail: [email protected] Ildérica Lopes da Silva Filiação: Aluna de Graduação do Departamento de Economia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte Email: [email protected] Filiação: Aluna de Graduação do Departamento de Economia da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte Email: [email protected] Ana Cristina Nogueira Maia Filiação: Professora do Departamento de Economia da Universidade do Rio Grande do Norte Email: [email protected] Grupo de Pesquisa: Teoria Econômica, Economia Monetária e Finanças. RESUMO O cimento se mostra um produto de máxima importância no desenvolvimento das atividades econômicas no Brasil, especialmente, no âmbito da construção civil, dessa forma, seu mercado vem sendo composto por grandes grupos cimenteiros. Nesta perspectiva, o presente estudo tem como objetivo mensurar os índices de concentração da indústria brasileira de cimento no período de 2003-2012. Os dados utilizados são de fonte secundária. Usam-se os índices de concentração para calcular como são distribuídas as parcelas de mercado. Os resultados encontrados para indústria de cimento mostra um mercado oligopolista, onde um grupo detém grande parcela de mercado. Conclui-se com base na metodologia adotada e nos dados do período analisado, que ocorreu uma redução da concentração do poder de mercado das empresas de cimento, o que torna o mercado bem distribuído e competitivo. Palavras – chave: Cimento. Concentração. Poder de mercado. Índices de concentração. ABSTRACT The Cement has shown an extremely important product in the development of economic activities in Brazil, its market is composed of large cement producers. In this perspective, this 1

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study aims to measure the levels of concentration of the Brazilian cement industry in the 2003-2012 period. The data used are secondary source. It's used the concentration indices to calculate how the market shares are distributed. The results for the cement industry shows an oligopolistic market where a group holds large market share. The conclusion was based on the methodology and data of the analyzed period, there was a reduction of the concentration of market power of the cement companies, which makes the market well balanced and competitive. Key words: Cement. Concentration. Market power. Concentration Indices.

1. INTRODUÇÃO O setor da construção civil é um dos mais importantes e dinâmicos da economia brasileira. Em termos de investimentos, geração de renda, empregos diretos e indiretos o setor se destaca no cenário econômico nacional. Além disto, atende uma das principais necessidades básicas do cidadão brasileiro, a moradia. Entre importantes indústrias que fornecem insumos para este setor, como a da cerâmica, materiais elétricos, vidros, laminados, madeira, entre outros, destaca-se a indústria de cimento (GALDINO; GARCIA, 2008). A indústria do cimento está intimamente ligada a da construção civil, por isso, qualquer análise da primeira necessariamente passa por uma análise da segunda. Da implantação até os dias atuais, ocorreram diversos ciclos produtivos e de consumo na indústria da construção civil que afetaram a estrutura da indústria cimenteira. O transbordamento do capital do café, o programa de substituição de importações, o I e o II plano nacional de desenvolvimento, o plano de metas, entre outros afetaram sensivelmente a indústria do cimento. Com destaque para a década de 1990 quando a abertura da economia brasileira imposta pelo governo de Fernando Collor de Mello expôs os produtores nacionais à concorrência de grandes grupos internacionais afetando a economia de modo geral e, particularmente, a indústria do cimento (PROCHNIK, PEREZ e SILVA, 1998). O Brasil é um dos maiores produtores e consumidores de cimento na América Latina e do mundo. Encontram-se instaladas no país grandes e importantes empresas produtoras deste insumo básico da construção civil, sendo que as mesmas produzem vários tipos de cimento. As diferenças básicas entre eles são em sua resistência, tempo de secagem e cor, mas segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (SINC), 98% do insumo produzido no Brasil e no mundo é o tipo portland, sendo este o produto analisado neste estudo (SNIC, 2006). Ferreira (1999), citado por Santos (2011), mostra que a importância do uso do cimento nas obras de engenharia, o crescimento da atividade econômica ao longo do tempo, foram fatores que fizeram com que vários grupos cimenteiros fossem atraídos pra o país. Entre os grupos que participam do mercado de cimento no Brasil, pode-se citar João Santos, Votorantim, Cimpor, Ciplan, Holcim, Lafarge, Itambé, Intercement, com destaque para o grupo Votorantim, que detém maior participação no mercado, foi possível verificar tendência de crescimento da produção para os anos de 2003 a 2012. Nos últimos anos, alguns elementos apresentados pela indústria brasileira de cimento têm chamado bastante atenção, entre eles o aumento significativo da produção e do consumo 2

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desde meados de 2003, os investimentos expressivos em novas unidades fabris - em função do crescimento econômico acelerado, dos programas habitacionais (Minha Casa, Minha Vida), da licitação dos grandes projetos hidrelétricos, das perspectivas de consumo com o início dos projetos da copa do mundo e das olimpíadas - e o rápido avanço internacional de grupos brasileiros (Votorantim, Camargo Corrêa e CSN) visando ingressar na produção de cimento e derivados (concreto e agregados) em outros mercados (SANTOS, 2011). Uma das principais características da indústria cimenteira é o fato de se tratar de um oligopólio natural, assim caracterizado pela existência de substanciais barreiras à entrada e à saída da indústria, pelo produto homogêneo, e por ser altamente intensiva em capital, ficando o segmento restrito a um pequeno número de grandes empresas, geralmente atuantes em escala mundial (CUNHA e FERNANDEZ, 2003). O alto grau de centralização do capital e concentração industrial implica um pequeno número de empresas dominando uma determinada indústria. De acordo com Braga e Mascolo (1982), “em um sentindo amplo, concentração significa acumulação de certos atributos econômicos (tais como renda, riqueza, produção, etc.) por correspondentes unidades de controle (indivíduos, firmas, estabelecimentos industriais)”. A concentração de mercado é um assunto de grande importância para a análise econômica. Por meio da análise do grau de concentração, pode-se identificar a possibilidade da estrutura e o poder de mercado. Diante do exposto, tornou-se relevante a realização deste trabalho que tem como objetivo mensurar os índices de concentração da indústria brasileira de cimento no período de 2003-2012. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Estruturas de Mercado e Medidas de Concentração As estruturas de mercado demonstram informações de como é dado à organização industrial, que é determinado, pelo número de firmas produtoras no mercado, diferenciação do produto, e pela existência de barreiras à entrada de novas empresas (BRAGA, 1980, p. 1516). O estudo da estrutura de mercado de um determinado setor é imprescindível à mensuração da concentração industrial, que segundo (COMUNELO & GODARTH, 2014) vem a ser um indicador muito importante, fazendo referência à estrutura produtiva como ao tamanho, poder de mercado, de uma dada empresa. Na literatura, é constatado que a concentração industrial é bastante utilizada para determinar qual estrutura de mercado vigora em determinada indústria, estudos de Soares 2006et al; Leite e Santana 1998 (apud Heimann e Dresch, 2013, p.141) confirmam que é fundamental observar a concentração para classificar, identificar, se a estrutura de mercado é monopolista, oligopolista ou concorrencial. A importância de se identificar o tipo da estrutura de mercado que determinada empresa se localiza se faz pelas estratégias de mercado que a mesma irá assumir dado a estrutura identificada. A concentração da produção para George; Joll 1983 (apud Almeida & Silva, 2013, p.3),está relacionada com o tamanho e a quantidade produzida por cada empresa, e para, Kon 3

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1994 (apud Comunelo & Godarth, 2014, p.30) setores com altos níveis de concentração são aqueles setores que não oferecem preços competitivos. Um mercado mais concentrado tende a um mercado oligopolista, que segundo Braga (1980, p.20) é um mercado que contém uma quantidade reduzida de grandes empresas que rivalizam entre si, de maneira que, as empresas maiores, seus ajustamentos, influenciam nos preços e nas quantidades vendidas das demais empresas rivais. Além disso, as empresas podem se deparar com diferentes estruturas de mercado, onde, destacam-se dois extremos; o mercado de concorrência perfeita e a estrutura monopolista. No que diz respeito a esses dois extremos Varian (2012) mostra que, no primeiro, inúmeras firmas competem entre si com um produto homogêneo, sendo que, cada uma delas faz parte de uma parcela mínima do mercado, os preços são dados pelo mercado e cada firma só deve se preocupar com a quantidade a ser produzida, já que são tomadoras de preços. No segundo extremo, podemos pensar no oposto, existe apenas uma firma que detém todo mercado, sendo ela protegida por barreiras a entrada de novas firmas, nesse caso, a firma é formadora de preços. Em estruturas de mercado, as barreiras à entrada, segundo Pindyck & Rubinfeld (2002) também pode ser vista em um oligopólio, onde altos investimentos são necessários para a entrada no mercado, sendo que, no longo prazo, maioria das empresas conseguem lucros satisfatórios. Através do uso dos índices de concentração, é possível detectar o tipo da concorrência efetiva de um dado mercado, sendo que, na medida em que se tem um maior grau de concentração, a concorrência entre as empresas daquele dado mercado será menor de maneira que, o poder de mercado da indústria estará concentrado em uma ou em poucas empresas. (RESENDE; BOFF, 2002 apud TANACA &SOUZA, 2010, p.7). Os mesmo autores ressaltam que a capacidade que uma empresa tem de controlar o preço de venda do produto, está relacionada com o poder de mercado da mesma, as empresas de destaque no mercado são aquelas que produzem a custos mais baixos, proporcionando vantagens para as demais com relação à competição entre preços, levando, assim, a ocupação de uma maior parcela de mercado por essa empresa. O poder de mercado de uma empresa como mostra (RESENDE; BOFF, 2002 apud TANACA &SOUZA, 2010, p.7) pode ser dado através do seu patrimônio líquido, volume de produção e o número de funcionários empregados, e que quanto mais estiver concentrado o poder, os níveis individuais da participação no mercado das demais empresas estarão sendo reduzidas, ocasionando em um maior grau de desigualdade na repartição das parcelas de mercado entre as empresas vigentes. As medidas de concentração são compostas por duas categorias de índices: Os parciais, que só se utiliza de uma parte dos dados das firmas de um dado mercado, que é o caso do CR, razão de concentração, e os índices – resumo, que é o mais completo, levando em conta os dados de todas as firmas de um dado mercado, esse é o caso dos índices HHI e entropia (BRAGA, 1980, p. 46-48). 2.2 Um Breve Relato Sobre a Indústria Brasileira de Cimento 4

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No final do século XIX ocorreram os primeiros registros de produção de cimento da indústria brasileira no Estado da Paraíba, apesar do funcionamento da unidade industrial por apenas três meses (SUZIGAN, 1972). Deste modo, a indústria de cimento surge, no Brasil, paralelamente às indústrias têxtil e alimentícia, até então as principais atividades manufatureiras existentes à época. No ano de 1897, ocorreu a instalação de uma primeira fábrica de cimento no país, a Usina Rodovalho, no Estado de São Paulo. Todavia, a unidade fabril, com capacidade de produção de 25 mil toneladas, logo foi paralisada e sua reativação ocorreu em 1904, quando foi comprada pela empresa AR Pereira & Cia. Mesmo assim, passado alguns meses de retomada das atividades, a unidade sofreu sucessivas interrupções na produção. Em 1918, a Sociedade Anônima Fábrica Votorantim a adquiriu e a manteve funcionando esporadicamente até fechá-la no início da década de 1920 (PELÁEZ, 1972). A instalação definitiva de uma unidade industrial ocorreu somente no final da década de 1920, com a entrada em operação de uma fábrica da Companhia Brasileira de Cimento Portland (CBCP), cuja capacidade de produção era de 60 mil toneladas e o controle acionário era exercido por canadenses, 70%, e o restante, 30%, por capitais nacionais (FERREIRA, 1999). O fortalecimento da indústria de cimento brasileira a partir dos anos 1930 pode ser analisado a partir de quatro pontos principais, quais sejam 1) urbanização e crescimento do mercado interno; 2) entrada de capital e tecnologia estrangeiros; 3) investimentos carreados de outros ramos econômicos presentes no país; 4) apoio incondicional do Estado (SANTOS, 2005).Nas primeiras décadas do século XX, as transformações das relações socioeconômicas engendradas pela cultura do café resultaram no surgimento de inúmeros negócios subseqüentes à atividade primária, tais como o desenvolvimento do comércio, de bancos e de indústrias leves e intermediárias. Aliado a isso e, em parte decorrente disso, assistimos ao processo de urbanização, com a cidade de São Paulo atingindo um forte crescimento populacional e uma importância econômica que lhe possibilitou assumir a condição de sede do poder econômico no país (SANTOS, 2011). Apesar do funcionamento de novas fábricas, o abastecimento do mercado interno dependeu das importações até a primeira metade da década de 1950, com as compras externas acima de 10% da demanda local do produto. Em finais dos anos 1960 e início dos anos 1970, devido ao forte crescimento da atividade econômica no Brasil, o consumo interno foi abastecido com as importações que, no entanto, passaram a responder por algo em torno de 2% da demanda doméstica. A elevação do consumo de cimento durante os anos 1970 de 9,3 para 24,8 milhões de toneladas deveu-se, sobretudo, às políticas habitacionais sob a tutela do Estado - por meio do Banco Nacional da Habitação (BNH) e aos grandes projetos de engenharia, entre eles a construção de hidrelétricas, rodovias e pontes. Outro fator importante foi, é claro, o rápido processo de urbanização por que o país passou. (SANTOS, 2011). Os elevados custos de transporte e de armazenagem, as escalas mínimas para a produção competitiva, o grande volume de investimentos e o prazo relativamente longo para sua amortização compõem o grau de contestabilidade do ramo de cimento, ou seja, antes da entrada de qualquer concorrente, esses fatores são previamente avaliados (HAGUENAUER, 1997). 5

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O mercado da indústria brasileira de cimento é formado por um número pequeno de grupos industriais que comandam várias fábricas. Os grupos industriais que operam no mercado brasileiro de cimento de maneira registrada segundo o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento-SNIC são (João Santos, Votorantim, Cimpor, Ciplan, Holcim, Lafarge, Itambé, Intercement). Cabe dizer que a indústria de cimento exige altos investimentos iniciais, os custos são elevados para retornos em longo prazo, dessa maneira, os fatores precisam ser analisados com antecedência (HAGUENAUER, 1997 apud SANTOS, 2011, p.84). 3. METODOLOGIA 3.1 Área de Estudo e origem dos dados A pesquisa foi realizada a partir da produção anual de cada empresa da indústria brasileira de cimento, a fim de mensurar a concentração e a estrutura do mercado. O cimento foi o objeto de estudo escolhido pelo fato de ser um produto homogêneo no seu segmento, e por apresentar grande importância na composição de obras públicas ou privadas. Para esse estudo foram utilizados os dados disponíveis do relatório anual do Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) para os anos de 2003 a 2012. 3.2Estimativa da Elasticidade da Demanda Foi utilizado o calculo da elasticidade-preço da demanda para possibilitar a mensuração do índice de Lerner. A elasticidade-preço da demanda é definida como a variação percentual da quantidade decorrente da variação percentual no preço. Quando for maior que 1 em módulo o bem tem demanda elástica. Menor do que a unidade, a demanda é inelástica e quando for igual à unidade é dita unitária. A elasticidade foi encontrada depois de feita uma regressão, utilizando-se o preço e a produção do cimento no período de 1995 a 2013. O preço foi deflacionado para se o efeito da inflação. O modelo foi estimado em logaritmo, de tal modo de tal modo que o parâmetro estimado fornece diretamente a elasticidade. Assim a elasticidade encontrada foi de |-1,3|. Sendo assim a variação da quantidade demandada é maior que a variação percentual de preços. O modelo estimado e a significação dos parâmetros estão representados na tabela 01 abaixo. Os resultados encontrados para a regressão são estatisticamente significativos e apresentam o sinal esperado pela teoria econômica. Tabela 01 – Resultados estatísticos para o coeficiente de elasticidade Coeficientes Interseção Variável X1

Valor-P 21,80 -1,32

0,00 0,01

F de significação 0,01

Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados pesquisados

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3.2 Métodos dos Índices de Concentração Para mensurar a concentração e analisar qual estrutura de mercado caracteriza a indústria brasileira de cimento, utilizou-se dos índices de concentração, Hirschman – Herfindahl, Índice de Lerner, Razão De Concentração, Índice de Entropia. 3.2.1 Índice de Hirschman – Herfindahl Uma medida de concentração comumente utilizada é o índice de HerfindahlHirschman, segundo Costa et.al (2012) este índice baseia-se na participação relativa de mercado, que consiste na soma dos quadrados das participações relativas de mercado de cada firma. Este índice pode ser representado da seguinte forma: n

HH   si2 i 1

Onde: n = Quantidade de empresas no mercado; Si = Participação da empresa i no mercado O resultado do índice varia em um intervalo 1/ n  HH  1. Para o caso de HH=1, temos um caso de monopólio, aonde uma única empresa opera no mercado. O limite superior do índice está associado ao caso externo de monopólio no qual uma única empresa opera no mercado. O limite inferior decorre de que HH é uma função convexa definida no simples. n   n Sn 1   S   0,1 :  Si  1 i 1  

i 1

Assim, o índice assume o valor mínimo HH  1/ n para s1  s2 ....  sn isto é, quando todas as empresas têm o mesmo tamanho. Quanto maior for HH, maior será a concentração, sendo assim, menor a concorrência entre os produtores (Kupfer & Hasenclever, p. 78, 2002). O HH por ser um índice resumo, leva em consideração os dados de todas as empresas que compõe o setor da indústria de cimento e suas devidas participações no mercado. 3.2.2Índice de Lerner O índice de Lerner pode ser definido como uma medida de poder de mercado que mede a capacidade que tem uma firma de praticar preços acima do custo marginal que segundo Costa et al (2012) trata-se de uma margem sobre o custo marginal.

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L

HH . 

Onde: HH= índice de Hirschman-Herfindahl E= elasticidade da demanda de mercado 3.2.3 Razão De Concentração A razão de concentração de ordem K é um índice positivo que fornece parcela de mercado das k maiores empresas da indústria. Pode-se afirmar que quanto maior o valor do índice, maior é o poder de mercado exercido pelas k maiores empresas (Kupfer & Hasenclever, 2002). k

CRk   yi i 1

Onde: k = quatro maiores empresas yi= participação da indústria i no produto total da indústria, Y   iyi, i  1,..., n 3.2.4Índice de Entropia Sabe-se que a entropia da distribuição da produção entre as empresas de uma indústria é definida por: n

ET   yi ln  yi  i 1

Onde: n é o número de empresas que constitui a indústria, Yi é participação da indústria i no produto total da indústria, Y   iyi, i  1,..., n . O índice está definido no intervalo: 0 ≤ E ≤ log n. Quando a indústria é constituída por uma única empresa, que é a situação de concentração máxima, temos E = 0. Quando a indústria é constituída por n empresas com a mesma produção, temos E = log n. O índice de entropia pode ser interpretado como medida inversa da concentração. Quanto maior for o índice de entropia menor será a concentração da indústria, e vice-versa (Kupfer & Hasenclever, 2002). 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1- Produção brasileira de cimento 8

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A análise dos dados da produção de cimento para os anos de 2003 a 2012 apresentados no gráfico 01, nos mostra em média uma expansão na produção do cimento, sendo que, com a crise financeira iniciada em 2008, a atividade econômica obteve uma queda no final do ultimo trimestre de 2008 e no primeiro semestre de 2009, mas no ano seguinte conseguiu a retomada do crescimento da produção. As novas unidades industriais instaladas e o aumento da capacidade produtiva existentes levaram, em 2012, a produção recorde, cerca em torno de 68 milhões de toneladas de cimento.

Gráfico 01–Produção total da Indústria brasileira de cimento (2003/2012) 80.000.000 70.000.000 60.000.000 50.000.000 40.000.000 30.000.000 20.000.000 10.000.000 0 2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados pesquisados

4.2 Analise dos Índices de Concentração da Indústria Brasileira de Cimento 4.2.1Índice de Hirschman – Herfindahl O gráfico 02 apresenta os resultados do índice HH calculados para os anos de 2003 a 2012 e a parcela de mercado de cada empresa “Si” para seus respectivos anos. A análise dos dados mostra já no primeiro ano uma tendência na redução da concentração, observasse que, o índice variou negativamente, de (0,2230) em 2003 para (0,2097) em 2006. Nesse intervalo, o índice está mais próximo de zero, ou seja, as parcelas de mercado estão mais bem distribuídas entre os grupos. Em 2007, ano seguinte à queda, o índice HH voltou a crescer e atingiu o seu maior valor calculado entre os demais anos, com resultado de (0,2260), nesse ponto, o índice se distancia de zero e se aproxima mais de um, isto quer dizer que o mercado está mais concentrado e que a desigualdade na distribuição de parcelas de mercado aumentou se tornando a maior registrada na amostra. 9

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Nos anos seguintes, (2008, 2009, 2010, 2011 e 2012) o HH volta a cair ano após ano e registra em 2012 o seu menor valor calculado, o resultado de (0,1877), em função disso, concluísse que em 2012 o mercado de cimento está mais bem distribuído. Verificou-se que o grupo Votorantim detém maior poder de mercado em todos os anos estudados, a diferença para os demais grupos é expressiva e mostra quem lidera a indústria de cimento, o grupo detém algo em torno de 40% do mercado, restando apenas 60% para os outros oito grupos (João Santos, Cimpor, Ciplan, Holcim, Lafarge, Itambé, Intercement, Outros). Gráfico 02–Hirschman – Herfindahl e parcelas de mercado “Si” (2003/2012) 0,2500 0,2000 0,1500 0,1000 0,0500 0,0000 HH João Santos Votorantin Cimpor Ciplan Holcim Lafarge Itambé Intercement Outros

2003 0,2230 0,0154 0,1717 0,0098 0,0005 0,0077 0,0044 0,0006 0,0063 0,0065

2004 0,2166 0,0170 0,1641 0,0103 0,0011 0,0071 0,0042 0,0006 0,0061 0,0060

2005 0,2108 0,0184 0,1557 0,0101 0,0010 0,0065 0,0046 0,0005 0,0063 0,0077

2006 0,2097 0,0148 0,1509 0,0087 0,0009 0,0060 0,0034 0,0004 0,0052 0,0196

2007 0,2260 0,0143 0,1743 0,0089 0,0008 0,0060 0,0033 0,0004 0,0052 0,0128

2008 0,2204 0,0154 0,1689 0,0082 0,0007 0,0059 0,0044 0,0006 0,0080 0,0083

2009 0,2151 0,0130 0,1626 0,0077 0,0008 0,0051 0,0046 0,0006 0,0100 0,0107

2010 0,1997 0,0122 0,1433 0,0085 0,0009 0,0054 0,0060 0,0006 0,0101 0,0125

2011 0,1926 0,0116 0,1331 0,0077 0,0010 0,0048 0,0076 0,0006 0,0099 0,0163

2012 0,1877 0,0108 0,1253 0,0076 0,0012 0,0045 0,0078 0,0006 0,0093 0,0206

Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados pesquisados

4.2.2 Índice de Lerner Os resultados calculados para o índice de Lerner nos anos de 2003 a 2012 estão no gráfico 03, podemos dizer que a redução da margem que foi verificada até o ano de 2006 é resultado de uma desconcentração no setor e aumento no grau de concorrência entre os principais grupos, o índice variou de (0,1678) a (0,1594). Gráfico 03 – Índice de Lerner de Mercado

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0,0000 -0,0200 -0,0400 -0,0600 -0,0800 -0,1000 -0,1200 -0,1400 -0,1600 -0,1800

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Lerner -0,1687 -0,1638 -0,1594 -0,1586 -0,1709 -0,1667 -0,1626 -0,1510 -0,1456 -0,1420

Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados pesquisados

No ano de 2007 o índice chega a (0,1709),o aumento reflete a ação por parte das empresas, aumentou-se à distância dos preços que vinham sendo praticada acima do custo marginal, a margem é maior do que aquela que vinha caindo nos anos anteriores. Em 2008, o índice mostra uma retomada na queda da margem que vinha acontecendo desde 2003, o índice caiu por anos consecutivos, obtendo em 2012 o seu menor resultado (0,1420), em função disso, as empresas reduziram suas margens e praticaram preços mais próximos do concorrencial. O gráfico 04 representa o movimento das duas curvas, HH e Lerner, cabe notar que, as empresas praticaram preços mais distantes do custo marginal quando se verificou uma maior desigualdade na distribuição das parcelas do mercado entre os grupos, e que, se praticou preços mais próximos ao concorrencial quando as parcelas de mercado estavam mais bem distribuídas entre os grupos.

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Gráfico 04 – Índice Hirschman – Herfindahl e Lerner de Mercado 0,2500 0,2000 0,1500 0,1000 0,0500

HH

0,0000

Lerner 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

-0,0500

-0,1000 -0,1500 -0,2000 Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados pesquisados

4.2.3Razão de Concentração A tabela2 mostra a participação de mercado dos quatro maiores grupos cimenteiros (CR4), que correspondem em média 69,51% da produção de cimento brasileiro para o período estudado. Fica evidente que a produção é bastante concentrada, sendo que, boa parte da concentração do setor pode ser atribuída ao grupo Votorantim, principal produtor entre os demais grupos, só ele é responsável por 39,32% em média da produção para esse período. Tabela 2 - Razão de Concentração (CR4) das quatro maiores empresas brasileiras de cimento, em (%). Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 CR4 72,55

72,14

71,10

68,01

70,86

71,50

70,48

68,16

65,98

64,26

(Empresas: Votorantim, João Santos, Cimpor e Holcim, Intercement, Holcim e Lafarge). Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados pesquisados

Cabe notar que a participação conjunta dos quatro maiores grupos cimenteiros vem diminuindo ao longo do período de 2003 a 2012. No ano de 2003 os quatro grupos, que eram (Votorantim, João Santos, Cimpor e Holcim) tinham aproximadamente 72,55% da participação de mercado, já no ano de 2012 os quatro maiores grupos tinham aproximadamente 64,26%, destacando que, em 2008, a Intercement que superou a Holcim na participação de mercado e passou a compor o índice junto aos demais, e em 2012 o grupo Cimpor reduziu sua participação, dando lugar ao grupo Lafarge. 12

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Apesar da concentração dos quatro maiores grupos ainda ser bastante significativa, é importante observar que a participação individual da Votorantim, que tem a maior participação para todo período estudado, vem diminuindo ao longo do tempo, em outras palavras, o mercado está mais bem distribuído e as empresas estão aumentando sua participação ao passo que o principal grupo reduz a sua grande participação no mercado. 4.2.4Índice de Entropia Os resultados representados no gráfico 5 mostram que, as disparidades entre as parcelas de mercado das empresas da indústria brasileira de cimento vinham diminuindo, o resultado de 0 ≤ E ≤ (1,8624) para o ano de 2005 mostra um aumento na incerteza sobre a venda de produtos para um dado consumidor, ou seja, as parcelas estão mais bem distribuídas e o mercado está menos concentrado. Em 2007 o índice mostrou um mercado mais concentrado, 0 ≤ E ≤ (1,8195), o valor mais próximo de zero reduz a incerteza da empresa de não vender o produto. Para os anos seguintes a 2007, o índice se mostrou em crescimento, atingindo em 2012 o valor de (1,9236), o maior da amostra, isso reflete em uma redução da concentração. Gráfico 05 – Entropia

Entropia 1,9400 1,9200 1,9000 1,8800 1,8600 1,8400 1,8200 1,8000 1,7800 1,7600 2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

Entropia Fonte: Elaborada pelos autores a partir dos dados pesquisados

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A produção de cimento obteve crescimento durante o período estudado, foi observado que no ano de 2012 a produção de cimento alcançou a sua maior marca, cerca de 68 milhões de toneladas, o que foi ocasionado pelas instalações de novas unidades e pelo aumento da capacidade produtiva já existente. 13

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O resultado obtido para índice de Herfindahl-Hirschman mostra uma redução do nível de concentração do grupo de empresas estudadas, e uma melhor distribuição das parcelas de mercado. Ao calcular o índice de Lerner, o resultado indicou que as empresas têm poder de praticar preços acima do custo marginal, porém, observou-se uma redução desta margem. Isso depende da elasticidade-preço da demanda porque quanto menos elástica for a curva da demanda com que a empresa se depara, maior é a diferença entre o preço e o custo marginal e, portanto, maior é o poder da empresa sobre o consumidor. Por sua vez, o grau de concentração dos quatro maiores grupos vem caindo ao longo do período estudado. Em meio à redução, foi possível verificar a entrada e saída de grupos do (CR4), mostrando que as parcelas de mercado se ajustaram no decorrer dos anos. Outro resultado mostra que ocorreu uma redução na disparidade entre as parcelas de mercado das empresas. Cabe dizer que a incerteza de venda do produto para um dado consumidor aumentou, o que, provavelmente, decorre de uma menor concentração de mercado. Portanto, os resultados apontam que a indústria brasileira de cimento passou por um processo de redução da concentração, de maneira que as parcelas de mercado estão bem distribuídas entre as empresas estudadas no trabalho. O que indica a existência de uma relação negativa e significante entre a concentração e competição, em outras palavras, a menor concentração implica em um mercado bem distribuído e mais competitivo. REFERÊNCIAS ALMEIDA, F.A; SILVA,A. S. B. Concentração Industrial: uma análise à luz do setor de transformação mineiro. Encontro Cientifico Sul Mineiro de Administração, Contábeis e Economia. Minas Gerais: Itajubá, 2013. BRAGA, Helson Cavalcante. Estrutura de mercado e desempenho da indústria brasileira: 1973-75. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, p. 1-169, 1980. BRAGA, Helson& MASCOLO, João. Mensuração da concentração industrial no Brasil. In: Pesquisa e planejamento econômico. Rio de Janeiro. N. 12 (2), P. 399- 454, ago.1982. COMUNELO, A. L.; GODARTH, K. A. L.Medidas de concentração, variações de preços e desempenho: um estudo da indústria calçadista brasileira. Rev. Ciênc. Empres. UNIPAR, Umuarama, v. 15, n. 1, p. 25-40, jan./jun. 2014. COSTA, R. F. R; LIMA, F. S; FARIAS, J. J. RELATÓRIO PARCIAL SOBRE O MERCADO BRASILEIRO DE SAL. 2012, Rio Grande do Norte: Mossoró. CUNHA, L, M, S; FERNANDEZ, C, Y, H. A indústria de cimento: perspectivas de retomada gradual. BNDES setorial, n. 18, p. 149-164, setembro de 2003. 14

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