INDIVIDUALISMO NA ERA DO COMPARTILHAMENTO: A REDE COMO TECITURA DE NÓS

July 22, 2017 | Autor: Breilla Zanon | Categoria: Redes Sociais, Individualismo, Sociabilidade
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INDIVIDUALISMO NA ERA DO COMPARTILHAMENTO: A REDE COMO TECITURA DE NÓS Breilla Zanon Mestranda em Ciências Sociais – UFU Drª Claudelir Corrêa Clemente Professora Antropóloga do PPGCS/INCIS/UFU Resumo: O presente artigo tem como intuito avaliar criticamente o individualismo como conceito ideológico presente nas novas formatações coletivas conhecidas como rede. As redes serão compreendidas aqui como conexões de indivíduos, geradoras de sociabilidades mais ou menos intensas, passíveis de serem encontradas em todas as dimensões da vida social moderna. A preocupação aqui será em relacionar o individualismo – bem como os conceitos de liberdade e igualdade a ele conectados – como ideologia imbricada nas novas tendências de construção coletiva, as quais visam a implementação e institucionalização de condições e contextos flexibilizados por novas tecnologias e rearranjos econômicos e socioestruturais presentes nas sociedades contemporâneas.

INTRODUÇÃO: A NECESSIDADE DE UMA NOVA LENTE SOBRE OS ESTUDOS DAS REDES DE SOCIABILIDADE

As categorias indivíduo e individualismo mereceriam atenção desde a fundação das Ciências Sociais no século XIX. Emile Durkheim, um dos fundadores da Sociologia, publicara um texto circunstancial de pouca ressonância na época, mas que pode ser hoje considerado um dos primeiros a nomear em seu pleno sentido sociológico uma categoria analítica importante para a compreensão das formas modernas da pessoa: o “individualismo”.1 Na visão de Durkheim a categoria caracteriza a modernidade e portava algo instaurador e fundamental que corroía a antiga solidariedade social denominada por Durkheim como solidariedade mecânica. Suas considerações foram pautadas na constatação da crescente divisão do trabalho social que se firmava na então recente sociedade moderna.

A solidariedade produzida pela divisão do trabalho é totalmente diferente. Enquanto a precedente (esclarece-se, a solidariedade mecânica) implica que os indivíduos se pareçam , esta supõe que eles diferem uns dos outros. A primeira só possível na medida em que a personalidade individual seja absorvida pela personalidade coletiva; a Segunda os é possível se cada um tiver uma esfera própria de atuação e, consequentemente uma personalidade. É preciso pois, que a consciência coletiva deixe descoberta uma parte da consciência individual (DURKHEIM,1999, p.83)

A humanidade, na concepção moderna, é constituída de homens e, cada um desses homens é concebido como apresentando em sua particularidade esta essência de humanidade. Segundo Louis Dumont:

1

Ver o artigo O individualismo e os intelectuais. In Durkheim, E. A ciência social e a ação.

“Este indivíduo é quase sagrado, absoluto; não possui nada acima de suas exigências legitimas; seus direitos, só são limitados pelos direitos idênticos dos outros indivíduos”. (DUMONT, 1999:57) Antes de tudo, o indivíduo é um valor na sociedade moderna. O ser humano é o homem elementar, indivisível, sob sua forma de ser biológico e ao mesmo tempo sujeito pensante. Cada homem particular encarna, num certo sentido, a humanidade inteira... O reino dos fins coincide com os fins legítimos de cada homem, e assim os valores se invertem... Ontologicamente a sociedade não existe mais, ela é apenas um dado irredutível ao qual se pede em nada contrariar as exigências de liberdade e igualdade ». (DUMONT, 1999 p.57)

A nova categoria “indivíduo” refletia um “egoísmo” coletivo moderno, ao mesmo tempo em que abarcava os melhores valores associados à cidadania republicana, como as preeminentes liberdade e igualdade. No entanto, o que pretendemos aqui não é uma tentativa inconsequente de pormenorizar a subjetividade humana, muito menos sua capacidade de interpretação racional a respeito do mundo que envolve sua matéria. Ao problematizarmos o individuo participante das organizações em rede e está ultima como objeto, o que buscaremos desenvolver a partir de agora é uma análise crítica a respeito dos conceitos de liberdade, igualdade e colaborativismo a ela articulados, usando como base algumas reflexões da teoria antropológica. Muitos autores, teóricos das organizações em rede, acreditam que os componentes acima relacionados são impulsionados pelas redes e pelas novas tecnologias da informação que em muito as servem como base. Paralelamente, levaremos em conta que esses conceitos também permeiam formulações a respeito do indivíduo moderno. Por isso, nosso intuito durante esse percurso é levantar outras perspectivas que aprofundam nas observações sobre as falhas presentes na construção dos valores acerca da liberdade, igualdade e colaborativismo do indivíduo contemporâneo mediante seu contexto e as sociabilidades que constrói. Em nosso caso, as sociabilidades das quais trataremos serão as que se dão em forma de rede. A categoria de indivíduo, bem como o conceito de individualidade, tomam força como conteúdo presente no pensamento burguês capitalista. Não nos interessa aqui analisar as origens da passagem de sociedades concebidas como holistas para outras que ascenderam um novo tipo que veio a contradizer a concepção daquilo que seria comum entre seus membros. O nosso objetivo é trazer tal conceito para o contexto atual das teorias das sociedades em rede, onde os indivíduos, pelas maiores oportunidades conectivas de seu tempo, relacionam-se entre si mediante suas capacidades e interesses individuais. A partir disso, faremos pontuações

sobre a qualidade da sociabilidade/rede que se forma, com o intuito de observar se essa construção promove um implemento dos conceitos de liberdade, igualdade e colaborativismo como prática. O trabalho que pretendemos desenvolver aqui considera o fato de que temos atualmente um indivíduo construído conceitualmente e reflexivamente a partir da própria dimensão da modernidade, e consecutivamente, da ideologia capitalista (DUMONT, 1999). Por isso, assim como a vulnerabilidade de conceitos ideais como os de liberdade e igualdade, queremos levantar questões consequentes sobre a natureza da sociabilidade aqui constituída. Não se trata apenas de avaliar criticamente a formação dos conceitos colaborativistas, em voga na época dos “compartilhamentos”, mas os analisar – como antes já fora feito com determinação em relação a conceitos e aplicações da liberdade e autonomia no ambiente de modernidade radical – através de um prisma que visa reavaliar a existência palpável dessas categorias nas relações entre os indivíduos situados em rede. Diferentes das análises políticas e sociais que exaltam a teoria das redes como uma nova organização capaz de desvincular o indivíduo de preceitos duais, uma análise teóricoantropológica nos ajudará a organizar e, eventualmente classificar, catalisadores e obstáculos que afirmam ou negam as potencialidades que dão corpo aos conceitos de liberdade, igualdade e colaborativismo dentro do plano macro da sociedade e micro da rede. Entendemos aqui que esses catalizadores e obstáculos se relacionam ao indivíduo no que diz respeito não só às oportunidades tecnológicas agora embutidas ao jogo, mas principalmente em relação ao contexto desse indivíduo, ou seja, sua integração ao ambiente em que vive em paralelo com uma maior ou menor acessibilidade desses novos atributos colocados como potencializadores de suas liberdades. Uma análise antropológica social com essa interface tem como intuito não somente avaliar a proeminência das relações em rede como um novo tipo de organização em nível social capaz de transcender a perspectiva individual metodológica ou holística, mas também deixar evidente o jogo, de certa forma dialético entre essas dimensões, micro/ macro, indivíduo/sociedade, no sentido das avaliações e práticas que se dão em meio a esse campo, visando deixar evidente em que medidas se estabelecem em decorrência da realidade concreta do indivíduo e a reflexividade acerca de si mesmo ao usufruir da acessibilidade e organizar os links, estratégias e estruturas diante do outro.

O INDIVÍDUO COMO IDEOLOGIA E COMO MORAL

O individualismo, tal como somos familiarizados nos dias de hoje, tem como principal substrato a sociedade capitalista. Nela está entranhada a ideologia do consumo, onde a

diferenciação, ou seja, identidade que confere individualidade, se garante através da aquisição material e simbólica que o sistema vigente propõe. Dessa forma, aquilo que consume que confere individualidade ao homem. Essa concepção de indivíduo na contemporaneidade desmantela as virtudes que antes eram atreladas a ideia moderna de indivíduo. Valores e ideais como liberdade, igualdade e colaborativismo/coletividade preconizados na formatação do indivíduo moderno se constrói a partir de perspectivas diferentes no momento atual. Podemos dizer, portanto, que a construção do indivíduo e da individualidade, apesar de ter em seu cerne a mesma essência da busca pela autonomia do homem no mundo, se polarizou mediante as transformações ocorridas por através da história das sociedades. Nesse panorama, encontramos contrapostos o então individualismo moderno, advindo das ideias iluministas, onde a liberdade do homem é buscada através do princípio da consciência de sua ação, da sua presença e realização dentro de um mundo até então guiado por leis que o deixava ausente. Um indivíduo cuja subjetividade, sua capacidade de agir no mundo e se fazer presente estava dada e não seriam mais dogmas instituídos que definiriam as oportunidades. A ciência lança a luz a todos os homens e estes, agora munidos da igualdade que ela propõe, tornam-se indivíduos passíveis de subjetividade e ação. Em contraposição, o individualismo contemporâneo, pós-moderno, proveniente de um contexto cada fez mais fragmentado e reconfigurado conforme as preponderâncias do sistema econômico. No individualismo contemporâneo, a liberdade e a igualdade se conquista pelo próprio sistema econômico. O consumo agora é quem traz as oportunidades de se tornar único em meio a sociedade, de se sentir liberto das estruturas massificadas e instituições rotinizadas e de, além disso, de garantir igualdade perante os antagonismos e diversidades da vida em sociedade. É nesse contexto de inúmeras diversidades e fragmentações que o debate sobre as redes de sociabilidades retorna. No retorno desses debates e construções teóricas autores passam a definir as redes como novas plataformas de ação do indivíduo na contemporaneidade, plataformas as quais esses indivíduos constroem maiores oportunidades de implementarem seus interesses, desejos e ações diante do contexto macro em que se vê inserido. As organizações em rede na atualidade são promovidas e também, em grande medida, ajudam a promover as novas tecnologias da informação, permitindo que um fluxo maior de capital informacional seja distribuído entre os membros dentro da rede e, consecutivamente, a partir dela. Nessa condição que as redes colocam em jogo, os indivíduos teriam maiores oportunidade de articular suas individualidades/subjetividades em torno de uma convergência coletiva sem que isso tirasse a possibilidade de garantir através das redes

implementar interesses e desejos singulares. Trata-se, portanto, de ações individuais que são articuladas de maneira coletiva e recíproca através da troca de informações materiais ou simbólicas. Essa troca de informações que configura a rede acontece mediante a convergência a um objetivo, um valor, um interesse material ou simbólico compartilhado e permite que os indivíduos conectados a essa convergências construam tenham ganhos no que diz respeito a esse objetivo, valor ou interesse coletivo ao mesmo tempo em que abre oportunidades de incrementar atributos individuais. Nesse sentido, a matéria que une os indivíduos, ou seja, configura os nós da rede é em grande medida construída em torno de um elemento compartilhado, coletivo, no entanto, isso não restringe a individualidade dos que fazem parte da rede, pois, essa individualidade, singularidade ainda é entendido como o componente principal que possibilita a formação da malha da rede em si, pois é ela que permite que as ligações, os nós da rede se estabeleçam (MARTELETO, 2001). Manuel Castells, um dos primeiros teóricos sociais que visualizam a era atual na qual vivemos como um período de transformações elencadas principalmente pelas inovações tecnológicas e informacionais, entendida como Revolução Informacional, compreende que nós encontramos em uma situação que nunca antes foi dimensionada no período da modernidade do homem em sociedade. Na sociedade em rede2, como classifica o autor, o que se torna mais surpreendente e relevante em relação a esse momento segundo Castells (1999), é fato de que as novas técnicas desenvolvidas a partir do uso da tecnologia da informação permite agora que o indivíduo potencialize sua conectividade com o outro e assim, aumente consequentemente sua capacidade de participação política em meio a sociedade em que vive. Juntamente com a revolução tecnológica, a transformação do capitalismo e a derrocada do estatismo, vivenciamos no último quarto do século o avanço de expressões poderosas de identidade coletiva que desafiam a globalização e o cosmopolitismo em função da singularidade cultural e do controle das pessoas sobre suas próprias vidas e ambientes. Essas expressões encerraram acepções múltiplas, são altamente diversificadas e seguem os contornos pertinentes a cada cultura, bem como as fontes históricas de formação de cada identidade. (CASTELLS, 1999) 2

Essa sociedade é caracterizada pela globalização das atividades econômicas decisivas do ponto de vista estratégico; por sua forma de organização em redes; pela flexibilidade e instabilidade do emprego e individualização da mão-de-obra. Por uma cultura de virtualidade real construída a partir de um sistema de mídia onipresente, interligado e altamente diversificado. E pela transformação das bases materiais da vida – o tempo e o espaço – mediante a criação de um espaço de fluxos e de um tempo intemporal como expressões das atividades e elites dominantes. Essa nova forma de organização social, dentro de sua globalidade que penetra em todos os níveis da sociedade, está sendo difundida em todo mundo, do mesmo modo que o capitalismo industrial e seu inimigo univetelino, o estatismo industrial, fora disseminados no século XX, abalando instituições, transformando culturas, criando riqueza e induzindo a pobreza, incitando a ganância, a inovação e a esperança, e ao mesmo tempo impondo o rigor e instilando o desespero. Admirável ou não, trata-se na verdade de um mundo novo. (CASTELLS, 1999)

Apesar dos pesares elencados pelo autor, o momento contemporâneo nos traria a receita fundamental para a potencialização da perspectiva e interação autônoma do indivíduo em sociedade. Seria este, portanto, o espaço e o tempo o qual encontramos os elementos necessários para o fortalecimento dos valores de liberdade, singularidade e igualdade tão reverenciados na construção das identidades modernas. Neste momento então, o homem estaria como nunca, mais próximo às possibilidades que dizem respeito ao ganho de sua autonomia. Como nossa análise se trata de uma análise antropológica que visa observar o tema em uma perspectiva mais microscópica do que telescópica – sem deixar de relacionar e compreender a influência da perspectiva macro sobre a micro –, e assim, inferir questionamentos não a uma teoria universalizante, mas à sua aplicação prática em relação a contextos particulares, recorremos à Louis Dumont e suas construções analíticas a respeito do indivíduo e do ideal individual posto pela modernidade em sua obra O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. As observações de Dumont são pertinentes para a análise do individualismo em uma sociedade cuja diversidade de interesses têm a oportunidade e o intuito de se conectarem a despeito da drástica complexificação e diferenciação dada pela desigualdade imanente da reestruturação capitalista no final do século XX. Como já levantamos anteriormente, levamos em consideração que o pensamento a respeito do indivíduo e da sociedade, em paralelo, tal qual compreendemos em nossas sociedades modernas se relacionam essencialmente na forma de uma dicotomia cujo o berço é o próprio pensamento ocidental3. Como salientou Dumont (1985) “algo do individualismo moderno está presente nos primeiros cristãos e no mundo que os cerca, mas não se trata exatamente do individualismo que nos é familiar”. Compreendemos aqui que empreender uma análise acerca do indivíduo, e consequentemente do individualismo, como categoria pela qual perpassam ideologias a respeito da organização social contemporânea, nos possibilita colocar em análise não só a diversidade de ideais e interesses que este toma para si de maneira diversamente particularizada, mas também nos dá possibilidade de analisarmos tais átomos como resultante 3 Visando estruturar as compreensões acerca desse tema, Dumont considera necessário o contraste da ideia que corresponde ao indivíduo em outras culturas. Nas sociedades orientais como a Índia, segundo Dumont, o indivíduo desconectado das interdependências impostas pela própria cultura é considerado aqui como renunciante, ou seja, aquele que renuncia o mundo e ao qual é permitido a plena independência para a escolha de seus caminhos. É importante salientar para termos de comparação que, o renunciante é considerado como fora do mundo, ou nas palavras do próprio autor, “o homem que busca a verdade última abandona a vida social e suas restrições para consagrar-se ao seu progresso e destino próprios.

necessária para a uma organização social que incremente em si não só uma dimensão particularizada, mas também passível de interconexão, uma vez que às considerações a respeito da diversidade é unidade suprema capaz de dar força a um sistema que necessita ao mesmo tempo de uma organização estrutural presente, no entanto flexível; e de uma pulverização de valores e interesses, os quais são componentes elementares do fortalecimento identitário e consequentemente do caráter individual em meio a sociedade contemporânea. Nessa orientação, Dumont nos aponta que: Assim, quando falamos de “indivíduo”, designamos duas coisas ao mesmo tempo: um objeto fora de nós e um valor. A comparação obriga-nos a distinguir analiticamente esses dois aspectos: de um lado o sujeito empírico que fala, pensa e quer, ou seja, a amostra individual da espécie humana, tal como a encontramos em todas as sociedades; do outro, o ser moral independente, autônomo e, por conseguinte, essencialmente não-social, portador dos nossos valores supremos, e que se encontra em primeiro lugar em nossa ideologia moderna do homem e da sociedade. Deste ponto de vista, existem duas espécies de sociedade. Quando o indivíduo constitui o valor supremo, falo de individualismo; no caso oposto, em que o valor se encontra na sociedade como um todo, falo de holismo. (DUMONT, 1985)

O que busco salientar nesse ponto é que em uma organização social que se dá em forma de rede de relações entre os indivíduos, perpassam em suas conexões não somente a dimensão individualista, mas também a holista, ambas, como projetos ideais e morais, ideologias necessárias para a organização e institucionalização do ambiente flexível não só em seu conteúdo, mas também em sua forma, e consequentemente, no que diz respeito a interação em nível político desses indivíduos, seus desenvolvimentos benéficos e falácias a respeito de uma verdadeira potencialização da liberdade. INDIVÍDUO – REDE – SOCIEDADE: UMA ESTRUTURAÇÃO SIMÉTRICA?

Após referenciarmos as considerações a respeito das relações sociais que se organizam em nossos dias e de pontuarmos as críticas acerca da principal ideologia que a sustenta, vamos lançar olhares sobre a rede. Para tal categorização, salientamos as análises de dois teóricos das sociedades em rede na antropologia. A partir dos estudos de Marteletto (2001): Nas redes sociais, há valorização dos elos informais e das relações, em detrimento das estruturas hierárquicas. Hoje, o trabalho informal em rede é uma forma de organização humana presente em nossa vida cotidiana e nos mais diferentes níveis de estrutura das instituições modernas. O estudo das redes coloca assim em evidência um dado da realidade social contemporânea que ainda está sendo pouco explorado, ou seja, de que os indivíduos, dotados de recursos e capacidades propositivas, organizam suas ações nos próprios espaços políticos em função de socializações e mobilizações suscitadas das redes. Mesmo nascendo em uma

esfera informal de relações sociais, os efeitos das redes podem ser percebidos fora de seu espaço, nas interações com o Estado, a sociedade ou outras instituições representativas. Decisões micro são influenciadas pelo macro, tendo a rede como intermediária. (MARTELETTO. 2001. p. 72).

Nessa conceituação Marteleto, assim como propôs Castells em sua análise, argumentase sobre a nova estrutura que se organiza a partir das transformações principalmente tecnológicas provenientes da restruturação econômica. No entanto, ainda são opacas suas considerações a respeito dos nós dessas redes, ou seja, dos próprios indivíduos e a formulação de seus interesses para a participação de uma organização de sociabilidade que se dê em forma de rede mediante suas capacidades e aptidões, relacionando-os aos contextos e valores imbricados em suas trajetórias de vida. O que podemos observar é que muitos teóricos dessa nova transformação e organização social não observam o indivíduo inserido no contexto social e cultural, e consequentemente dotado de mais ou menos capacidades para efetivar sua participação em rede, ou como se prefere dizer, portadores de atributos necessários para o desenvolvimento de sua autonomia. Mas, assim como a própria autora relata nesse trecho, ainda são poucos os estudos e pesquisas acerca do tema e talvez o indivíduo como objeto da pesquisa ainda seja algo a ser explorado pela abordagem antropológica a essa temática. Como observou o economista Amartya Sen (2008), a capacidade de participar de um ambiente público, e consecutivamente, de garantir sociabilidades, vai além dos interesses e pré-disposições, mas condizem diretamente com as liberdades substantivas e políticas oferecidas e passíveis de serem adquiridas concretamente por cada indivíduo de acordo com seu contexto social, cultural e econômico4. Dessa maneira, podemos dizer que tais liberdades, entendidas como relativas, só podem se realizar em rede quando em jogo com as dimensões sociais, culturais, políticas e econômicas e não correspondem apenas à vontade individualista de seus nós. Podemos dizer que essas liberdades substantivas e políticas corresponde às variabilidades relacionais, as quais o que pesquisador de redes de sociabilidade Eduardo Marques chama de economia dos vínculos, em sua obra Redes Sociais, segregação e pobreza: As redes sociais são padrões complexos de relações de diferentes tipos acumuladas ao longo de trajetórias de vida e em constante transformação. Elas são heterogêneas – variam de indivíduo para indivíduo –, são intrinsecamente dinâmicas e podem ser mobilizadas por eles de diversas maneiras dependendo da mesma situação. Mesmo o sentido e o uso dessas redes podem variar para indivíduos de grupos sociais distintos. (…) Consequentemente, as redes devem ser consideradas simultaneamente relacionais (no sentido de serem constituídas de relações) e relativas (no sentido de que a sua mobilização pode variar dependendo da situação). Para conseguir essas dimensões plenamente, os estudos devem capturar ao mesmo tempo a sua estrutura (as próprias redes e suas características) e a sua mobilização na sociabilidade cotidiana. (MARQUES, 2010, p. 16) 4 SEN, A. Desigualdade reexaminada. Rio de Janeiro: Record, 2008.

O ponto fundamental que Eduardo Marques salienta e avança em relação a estudos que levam em consideração apenas a estrutura como mecanismo de mudança, é a existência de inúmeras variáveis em jogo quando se trata da possibilidade ou não de inserção em uma rede, bem como a posição de cada indivíduo na rede. Essas variáveis, muitas das vezes podem funcionar de maneira restritiva, incluindo indivíduos que compartilham de atributos desejados e excluindo outros que não se garantem através desses atributos. O acesso às três esferas do bem-estar (mercado, Estado e solidariedade), portanto, depende de contatos sociais e pode ser influenciado pela conformação dos padrões relacionais dos indivíduos. Esses padrões foram construídos ao longo da trajetória de vida dos indivíduos, embora sejam reconstruídos cotidianamente, e são mobilizados de maneira corriqueira pelos indivíduos, tanto consciente quanto inconscientemente. (MARQUES, 2010, p. 155)

O que podemos compreender a partir das contraposições de Castells, Marteleto e Marques é a composição dialética e em grande medida, recíproca, que se faz presente em meio as três dimensões as quais estamos abordando: indivíduo, rede, sociedade. Dumont nos ajuda a compreender mais sobre a formação de vínculos e suas coerências entre o plano micro e macro, mas quando nos propomos a reavaliar estruturalmente a organização em rede nos é fundamental recorrermos à Marcel Mauss e suas considerações a respeito dos laços recíprocos. Sobre as considerações de Mauss (2003) sobre liberdade e igualdade que a rede como tipo de organização e sociabilidade pode originar e levando em conta que a dinâmica do indivíduo vinculado à rede se dá mediante as capacidades e atributos que a ela dispõe, podemos tomar conceituações a respeito de sua teoria da reciprocidade para nos ajudar na análise. Em seus Ensaios de Sociologia, ao colocar sob análise sociedades que tomavam a troca como substrato regulador da totalidade de suas instituições sociais e morais5, Mauss nos traz caracterizações sobre a reciprocidade entre as sociedades cujo os indivíduos trocam não só bens materiais, mas também valores imateriais entre si e salienta que “a reciprocidade não quer dizer sempre igualdade. Da geração 1 à geração 2, como da geração 2 à 3, há reciprocidade, mas não igualdade; da mesma maneira entre homem e mulher” (Mauss, 19681969 [1931a], p. 301, tradução do autor). É preciso ressaltar que Mauss, em artigo sobre “a noção de pessoa” publicado em 1938 assume radicalmente o papel formador que as categorias coletivas de uma sociedade exercem sobre a organização e pratica concretas desta sociedade. Assume, ainda, a impossibilidade de se tomarem noções particulares, como a de Individuo, na compreensão de outros universos

5 Análises sobre as sociedades de Fiji e da Austrália. Mauss, M. (1968-1969 [1931a]), Essais de sociologie. paris, Éditions de Minuit (tomos 1 e 2 de Oeuvres).

socioculturais, sua perspectiva analítica considerava as categorias nativas como definidoras de pessoa ou individuo. Radcliffe-Brown, um dos expoentes desta antropologia social britânica, expôs com muita nitidez a forma mais simples da oposição entre as categorias “pessoa” e “indivíduo” em 1940, em um artigo sobre “a estrutura social”: Todo ser humano vivendo em sociedade tem dois aspectos: ele é indivíduo, mas também pessoa. Como indivíduo, ele é um organismo biológico, um conjunto muito vasto de moléculas organizadas em uma estrutura complexa em que se manifestam, enquanto ele persiste, ações e reações fisiológicas e psicológicas, processos e mudanças. (...) O ser humano como pessoa é um complexo de relações sociais. (RADCLIFFE-BROWN, 1973).

Nessa fórmula, o indivíduo se apresenta em sua condição de instância infra social, como mero substrato concreto para a imposição do estatuto social. A antropologia clássica não tinha referências sobre as organizações e sociabilidades que estariam por vir, mas já argumentava que “pessoa” e individuo” são categorias erigidas em diferentes tempos e espaços, o mesmo cabe aos preceitos recíprocos que fundam as sociedades. Na atualidade, as formas sociais de tipo, organização e sociabilidade, no entanto, a reciprocidade entre os indivíduos que se conectam em meio a essa troca, radicaliza a não garantia de igualdade. Mauss, em uma de suas argumentações a respeito da consciência do indivíduo ao tratar de suas ações recíprocas em relação ao meio em que vive, salienta que: Convém que o cidadão não seja nem demasiado bom e subjetivo demais, nem demasiado insensível e realista demais. É preciso que ele tenha um senso agudo de si mesmo, dos outros e da realidade social (e haverá, nesses fatos de moral uma outra realidade?). Ele deve agir levando em conta a si, os subgrupos e a sociedade. Essa moral é eterna; é comum às sociedades mais evoluídas, às do futuro próximo, e às sociedades menos educadas que possamos imaginar! Tocamos a pedra fundamental. Nem mesmo falamos mais em termos de direito, falamos de homens e de grupos de homens, porque são eles, é a sociedade, são os sentimentos de homens de carne, osso e espírito que agem o tempo todo e agiram em toda parte (MAUSS, 2003, p. 299).

Em congruência as observações de Mauss (2003), devemos salientar que a formação de organizações sociais em rede têm como substrato a informalidade e isso não no sentido da não adequação às regras e condutas que estabelecem para a sua formatação, mas como consequência da flexibilização posta pelos ambientes políticos em vista das transformações econômicas e tecnológicas. As redes não são instituições pois admitem e preconizam sua flexibilidade, supondo a cada indivíduo uma mobilidade maior ou menor mediante as capacidades e interesses que imprime na sua construção. Dessa forma, quanto mais o indivíduo disponibiliza dentro da rede, maior sua participação em relação aos vínculos e conexões, e portanto, maior sua sensação de liberdade e autonomia. Mas a individualidade moderna, como salientou Dumont, tem como seus principais

componentes a busca pela liberdade, e em caráter atualizado e neoliberal, a igualdade. Não se trata de um indivíduo-fora-do-mundo como havia classificado o renunciante de outrora. Por isso, ao revelar a importância desses componentes na construção de uma ideologia moderna, não é de se surpreender que o indivíduo-no-mundo progride com o Iluminismo. O indivíduo está agora no mundo, e o valor individualista reina sem restrições nem limitações. Temos diante de nós o indivíduo-no-mundo. (…) É possuído pela vontade de agir no mundo e rechaça por raciocínios coerentes as ideias recebidas que o impediram disso” (DUMONT, 1985, p. 63-64)

Por isso, invocamos para pensarmos a rede como um mecanismo potencializador de atributos autônomos, a mesma pergunta de Dumont sobre o indivíduo-no-mundo: “Poderemos verdadeiramente afirmar que o valor individualista reina agora sem contradição nem limitação?” (DUMONT, 1985, p. 68). Em conexão a essa mesma pergunta, poderíamos dizer que a rede – e todas as tecnologias virtuais e sociais que aborda – seria um novo mecanismo ou plataforma capaz de colocar o indivíduo para agir no mundo? Pelo que vemos através das observações de Sen (2008) e Marques (2010), que de certa forma se completam, não é o simples fato de estar conectado a uma rede que os indivíduos aumentariam o seu grau de liberdade, potencializariam sua individualidade e a coletividade em jogo. Como já observamos, o ideal de indivíduo buscado na contemporaneidade é um produto que pode ser comprado mediante a reprodução do sistema econômico que este se insere. Dessa forma, podemos dizer que o próprio indivíduo, sua subjetividade e interesses quanto ser único se pauta em um modelo proposto, o qual tem como objetivo a constante manutenção do consumo, e consequentemente, de um sistema de produção e reprodução econômica e social. Sua subjetividade perpassa constantemente pelo apelo de uma ordem objetiva, que no caso da sociedade contemporânea, é impresso em ideais capitalistas. Dessa maneira, ao tratarmos sobre questões do individualismo e do indivíduo em meio a construção de coletividades como o caso das redes, devemos ter em mente que em grande medida estamos tratando de uma individualidade que mais do que nunca está contrária à subjetividade real, singularidade e liberdade do homem em relação ao contexto em que está inserido. O indivíduo se organiza em rede pelas condições flexíveis que agora lhe são colocadas como realidade, mas os objetivos que permeia seus interesses na vinculação ainda sim remontam à sua individualidade, ou por melhor dizer, esculpem seus projetos individuais, que por sua vez sofrem constantes influências das modelizações capitalísticas. Este é o motivo pelo qual podemos dizer que a rede é uma plataforma de sociabilidade que pode ser exaltada como benefício não só para o progresso do indivíduo, mas também para o próprio desenvolvimento comportamental de uma sociedade cuja economia se pauta em uma

restruturação e acumulação flexibilizada (HARVEY, 2012, p. 117). Em suma, esses sentimentos provenientes de homens de carne, osso e espírito nos permitem entender tanto a perspectiva individual quanto holística dada na estruturação das redes como forma de organização, interação e sociabilidade. São, paralelamente os atributos do espírito – vontade, valores, interpretações e interesses – e da carne e do osso – capacidade, necessidades, atributos materiais – que devem ser cogitados quando estabelecemos uma análise a respeito de uma dimensão social onde os laços se dão pelas concatenações e relação recíproca de artifícios individuais na formatação de uma plataforma de uso comum como a rede. O que vale estarmos cientes aqui é que as liberdades e igualdades nessa dimensão não devem ser evocadas apenas a partir das vantagens que a estrutura possibilita compartilhar, mas relacionam-se direta e primariamente com as trajetórias de vida dada a cada contexto individual de maneira dialética ao ambiente macro.

CONCLUSÃO

Antropólogos como Mauss, Dumont e mais recentemente, Marques, nos ajudam a elucidar as falácias que podemos encontrar em um sistema de sociabilidade pautado na flexibilidade e exaltadores de ideologias que remontam aos mais fundamentais ideais humanos. Não quisemos exaltar o individualismo como uma ideologia ou objetivo individual a fim de garantir a realização dessas vontades, mas como uma ideologia onde a liberdade e a igualdade só podem ser alcançadas para além do comum, por meio do consumo e aquisição/vinculação material e simbólico. Sendo assim, a diferenciação exaltada como fundamento primordial para as sociabilidades desse novo mundo, e portanto, sendo igualmente proporcionado a esse ao homem moderno inúmeros artifícios e estratégias de colocá-las em prática, como por exemplo, por através das redes. Como pudemos ver, a noção de liberdade se desenvolve em paralelo e concordância com a noção de indivíduo no mundo moderno. Em concordância a isso, como primordialmente salientou Mauss em seu texto Categorias coletivas de pensamento e liberdade, datado de 1921, podemos usar sua citação a respeito da relação entre liberdade e indivíduo: A noção de liberdade – possibilidade de escolha – não aparece desde o início na História. Ela só se purifica na ocasião do desenvolvimento do direito e da noção de responsabilidade civil e criminal; é estranha até mesmo às primeiras fases do direito romano. (…) É ao desenvolvimento da noção do indivíduo, como sujeito do direito, da moral e da religião, que se vincula a noção de liberdade propriamente dita. Ora, uma das razões pelas quais as noções de individualidade e de liberdade levaram tanto tempo para aparecerem é que era preciso o desenvolvimento das sociedades e talvez até das nações modernas para que a

noção de liberdade cívica, política, religiosa e econômica impusesse à consciência individual a noção de liberdade pura. Umas e outras destas formas da noção de liberdade exprimem apenas a crença considerável do número das ações possíveis oferecidas à escolha do indivíduo, do cidadão em nossas nações. Foi a realidade e o número das contingências que deu o sentido de contingência. (MAUSS, 1921, p. 156)

No entanto, tal como é pretendida hoje – por meio do consumo e integração ao sistema econômico – essa busca leva a um maior aprisionamento do indivíduo a modelos tolhidos de subjetividade e singularidades reais. É considerável que, com o desenvolvimento das sociedades contemporâneas, o individualismo aqui perdeu seu caráter obtuso em relação às sociabilidades, ultrapassou sua categorização como resultado das artimanhas, feitos e desenvolvimento dos conhecimentos tecnológicos e psicossociais e passa cada vez mais a ser evocado como um ideal passível de ser conquistado mais através do plano econômico. Aqui, o individualismo, transvestido de diversidade, passa a se relacionar diretamente com o conceito de identidade e, consequentemente, liberdade e igualdade. A sociedade liberal (…) é igualitária e recorre às leis de troca mercantil e à “identidade natural dos interesses”, a fim de assegurar a ordem e a satisfação geral. Quanto à sociedade socialista, ela mantém a negação da hierarquia – pelo menos em princípio e inicialmente – mas reintroduz uma preocupação certa do todo social. Combina assim um elemento do individualismo e do holismo; é uma nova forma, híbrida. No conjunto de doutrinas e movimentos socialistas e comunistas, a igualdade tem em suma, um lugar secundário, deixando de ser um atributo do indivíduo para passar a ser da justiça social. (DUMONT, 1985, p. 92)

O interessante a ser visível é o quanto a rede pela forma como se estabelece vem ao encontro das novas tendências do pensamento neoliberal, as quais eliminam direcionamentos e evocam preceitos relacionados às individualidades e identidades construídas pelo consumo e não à consciência singular, sociopolítica em comum. Tal formatação não poderia abrir precedentes para o esfacelamento de uma análise crítica voltada para a observação dos obstáculos encontrados por toda uma gama de indivíduos no que diz respeito a sua capacidade de formulação de demandas verdadeiramente singulares e objetivas? Devido a densidade de uma pergunta como essa, nossas conclusões devem ser feitas em outro momento. O que nos interessa salientar é que uma maior ou menor habilidade para tal formulação pode aqui ser relacionada às identidades e vontades, consequentemente relacionadas à deficiências, assimetrias e consequências no que diz respeito ao poder e às liberdades políticas e substantivas entre em jogo nessas considerações. Assim como já constatou Dumont, A partir do momento em que não mais o grupo mas o indivíduo é concebido como o ser real, a hierarquia desaparece e, com ela, a atribuição imediata da autoridade a um agente de governo. Nada mais nos resta senão uma coleção de indivíduos, e a construção de um poder acima deles só pode ser justificada supondo-se o consentimento comum dos membros da associação. Há um ganho

em consciência, em interioridade, mas há uma perda em realidade, pois grupos humanos têm chefes independentemente de um consenso formal, sendo a sua estruturação uma condição de existência desses grupos como todos. (DUMONT, 1985, p. 93)

Não nos interessa aqui criticar ou até mesmo eliminar a existência e importância da subjetividade humana. Muito menos estabelecer parâmetros para ela. O que se torna importante nesse ponto, quando tratamos de uma nova organização política e social, é pontuar com clareza e sem juízo de valores questões a respeito dos caminhos de avaliação possíveis acerca das condições em que são formados as respectivas consciências individuais e como estas se relacionam diretamente com as capacidades e acessibilidades, e consequentemente geram um melhor ou pior posicionamento em um sistema formatado em rede. Dado que a criação e manutenção de vínculos envolvem diversos processos que importam em custos, espera-se uma relação entre as redes e o rendimento dos indivíduos. Segundo essa hipótese, as redes de grupos sociais distintos estariam submetidas ao que poderíamos denominar 'economia dos vínculos' diferentes. De acordo com esse mecanismo, pessoas com menores recursos econômicos teriam maior dificuldade não apenas de construir, mas também de manter vínculos em esferas distintas, gerando uma tendência ao abandono de parcelas inteiras da rede ao longo do tempo. Como consequência, indivíduos mais pobres teriam redes menores e menos variadas em termos de sociabilidade. (MARQUES, 2010, p. 107)

O que se pretendeu até aqui portanto, não corresponde a uma tentativa de eliminar essa nova condição como meio de novas possibilidades e desenvolvimentos em torno das sociabilidades e potencialidades autônomas do homem em sociedade, mas avaliá-la de maneira breve, porém crítica, os caminhos que percorre e os resultados que imprime.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003. _____________. A revolução da tecnologia da informação: que revolução? In: A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. Vol. 1. _____________. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra, 1999. Vol. 2 DUMONT, L , Homo Hierarchichus: A Sociedade de Casta da Índia. S. Paulo, Edusp, 1999. ___________. O individualismo: uma perspectiva antropológica da ideologia moderna. Cap.I, Rio de Janeiro, Rocco, 1985

DURKHEIM, E. Da Divisão do trabalho social. São Paulo, Martins Fontes, 1999. HARVEY, D. Condição pós-moderna. Tradução Adail Ubirajara Sobral e Maria Estela Gonçalves, São Paulo: Edições Loyola, 2009. MAUSS, M. (1968-1969 [1931a]), Essais de sociologie. paris, Éditions de Minuit (tomos 1 e 2 de Oeuvres). ________. (1979b), "Categorias Coletivas de Pensamento e Liberdade". In: R. Cardoso de Oliveira (org.). Mauss. São Paulo: Ática. MARQUES, E. Redes sociais, segregação e pobreza. São Paulo: Editora Unesp, 2010. MARTELETO, R. M. Análise das redes sociais: aplicação nos estudos de transferência da informação. Ciência da Informação. Brasília, v. 30, n. 1, p.71-81, jan./abr. 2001 RADCLIFFE-BROWN, A. Estrutura e função na sociedade primitiva Ed Vozes 1973 SEN, A. Desigualdade reexaminada. Rio de Janeiro: Record, 2008.

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