Indução da Produção de Ondas de Ritmo Sensório-Motor por Biofeedback: Nova Abordagem para Complementação de Treino Cognitivo Campos da Paz, A.; Kouzak, V.; Satler, C. Lab. de Neurociência e Comptº, Deptº de Ciências Fisiológicas, Universidade de Brasília, Brasil
Métodos
Introdução É possível ativar o cérebro por meio do controle cardio-respiratório? Em que medida esse controle otimiza o alcance dos estados de alerta e de prontidão? Segundo Reid et al. (2013) o Biofeedback é uma técnica eficiente para esse objetivo. A frequência ressonante ocorre quando a variabilidade da frequência cardíaca entra em fase com o ritmo respiratório, aumentando a amplitude das oscilações do batimento cardíaco. O seu treino está relacionado à melhora de condições clínicas de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático, insônia, alcoolismo e adicção, uma vez que promove a sensação de bem-estar físico e emocional do sujeito. Adicionalmente, a frequência das ondas entre 12 e 15 Hz, captadas no vértice craniano, conhecidas como RSM (Ritmo Sensório-Motor), promove diminuição das interferências de estímulos irrelevantes, favorecendo a integração cognitiva do estímulo-tarefa, levando a estados de maior atenção seletiva e sustentada, bem como a diminuição de tensão motora. Dessa forma, a integração do treino em frequência ressonante e aumento de RSM estaria associado a uma melhora nos aspectos emocional e cognitivos.
Estudo piloto Participantes 05 adultos hígidos, escolaridade superior, 4 ♀ (idade média: 32 ± 5,07 Dp) e 1 ♂. Delineamento Experimental Consiste em uma sessão de 13 minutos divididas em sete condições:
O sujeito foi instruído a acompanhar um marcador de ciclo respiratório durante o treino para facilitar o alcance da frequência ressonante. O Feedback era fornecido somente quando o sujeito superava o limiar de RSM.
Equipamentos
Objetivo Testar a hipótese de que o treino de biofeedback cardio-respiratório para produção da Frequência Ressonante aumenta a amplitude do RSM.
Encoder ProComp Infiniti (Thought Technology), sensor de EEG, Sensor Respiratório na forma de Cinta, Sensor de Pulso de Volume Sanguíneo, Software BioGraph Infiniti para edição de screens, treino de biofeedback e análise dos dados.
Resultados
Discussão
Figura 1. Comparação entre SMR inicial (C1 SMR) e final (C4 SMR).
Os resultados demonstraram mudanças no RSM em pelo menos 10% ao longo do treino para 80% (4 de 5) dos sujeitos (Figura 1).
Os resultados indicaram que o treino para o aumento da produção do RSM pode ser facilitado com o treino da frequência ressonante. Isso ocorre possivelmente como consequência da ação integrada do coração com os sistemas autônomo, atencional e límbico por meio das conexões aferentes do nervo vago. Tais resultados estão de acordo com os obtidos por Reid et al. (2013). Porém, faz-se necessário uma ampliação da amostra a fim de verificar essas possíveis correlações entre o RSM e a frequência ressonante.
Conclusões
Figura 2. Tendência do RSM a cada linha de base.
Observou-se que entre a primeira e a segunda condição há uma queda inicial na produção de RSM e, a partir da segunda condição, o RSM passa a se reestabelecer e chega à última condição com crescimento de pelo menos 10% em relação à linha de base (sujeito 03 e 05) chegando a dobrar de valor (sujeito 04) (Figura 2).
O treino da frequência ressonante favoreceu o aumento da produção do RSM nos indivíduos testados. Isso sugere que a combinação de mais de uma modalidade de biofeedback pode ser utilizada como ferramenta complementar ao tratamento de transtornos neuropsicológicos com interferência direta na fisiologia e no funcionamento cortical.
Referências Bibliográficas • Reid, A.; Nihon, S. ; Thompson L.; Thompson M. (2013) The effects of Heart Rate Variability Training on Sensorimotor Rhythm: A Pilot Study. Journal of Neurotherapy :
Investigation on Neuromodulation, Neurofeedback and Applied Neuroscience. Vol. 17, issue 1.
• Gomes, J., Coghi, P. e Coghi M. (2014) Biofeedback Cardiovascular e suas aplicações: revisão da literatura. Avances en Psicologia Latinoamerica, volume 32 • Schwartz, M e Andrasik, F.(2003) Biofeedback: A Parctioner’s guide, 3o. Edição, Guildford Press, Nova Iorque, EUA.
Agradecimentos À toda equipe do Laboratório de Neurociências e Comportamento, especialmente ao Professor Carlos Tomaz, à Professora Corina Satler e à Ana Garcia, pela oportunidade oferecida, pela paciência e pelo fornecimento do precioso tempo para orientação e supervisão. Agradecemos também aos participantes pela disposição e colaboração enriquecedora.
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