Inexpressões: faces da fotografia

June 19, 2017 | Autor: Polly Guimarães | Categoria: Photography, Visual Arts, Faces
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SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA ESPECIALIZAÇÃO EM ARTES VISUAIS: CULTURA E CRIAÇÃO

POLLYANNA GUIMARÃES DA SILVA DE MORAIS

InExPressões: faces da fotografia

Natal 2014

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POLLYANNA GUIMARÃES DA SILVA DE MORAIS

InExPressões: faces da fotografia

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização Artes Visuais: Cultura e Criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Artes Visuais.

ORIENTADOR/A: Profª. Especialista Cibele Lima de Oliveira

Natal 2014

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POLLYANNA GUIMARÃES DA SILVA DE MORAIS

InExPressões: faces da fotografia

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização Artes Visuais: Cultura e Criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial – SENAC como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Artes Visuais.

Aprovado em ___ de ________ de 2014.

Banca Examinadora:

________________________ Profª. Esp. Cibele Lima de Oliveira, Orientadora

________________________ Prof. Ms. Henrique José Cocentino Fernandes, UERN

________________________ Prof. Esp. Marcos André Trigueiro de Lucena, Senac RN

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Dedico este trabalho aos quatro grandes homens da minha vida: meu pai, meu filho Yann, meu marido Agamenon e meu segundo filho ainda no ventre, Thales.

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AGRADECIMENTOS Ao meu pai Geraldo Pereira, pela centelha das artes na minha vida e por me direcionar no caminho do intelecto; Ao meu filho Yann pela motivação diária; Ao meu marido Agamenon de Morais, pela inspiração, incentivo, apoio e diálogos “criativoreflexivo-filosóficos”, além do humor ácido, piadas sem graça e a disposição sempre em ajudar; Ao Prof. Dr. Alexandre Reche pelas ideias, bom humor e bons conselhos (inclusive os que eu não sigo); Aos queridos voluntários e modelos Edmilson Cardoso, Thais Schmidt e Kalinka Cordeiro e; Aos professores, tutores e parceiro de curso Rodrigo Costa do Nascimento, Cibele Lima de Oliveira e Joventina Firmina Rodriques pela oportunidade, e aprendizado.

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“O simulacro não é aquele que oculta a verdade – é a verdade que oculta que não existe. O simulacro e verdadeiro”.

(Jean Baudrillard)

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RESUMO O presente trabalho pretende refletir sobre as diferentes leituras artísticas que a fotografia permite através da distorção da visão do rosto humano. Utiliza-se para isso de fotomontagem através de manipulação gráfica de um rosto fotografado em cinco diferentes expressões universais humanas, a saber, alegria, dor, tristeza, raiva e surpresa. A partir de uma revisão bibliográfica e estudo de obras referenciais, a autora se propôs a prática de athelier fotográfico na qual é aplicado o estudo realizado e desenvolvida uma reflexão sobre o processo de criação e aprendizagem envolvidos. Como resultado esperado, pretende-se a criação de uma série fotográfica, utilizando-se dos materiais e técnicas apresentados, seguida da memória (registro de dos passos seguidos da ideia à finalização da obra artística) dos procedimentos realizados. Reflete-se, considerando as limitações deste trabalho, sobre o que se entende por expressão de emoções e o desenvolvimento histórico da fotografia enquanto arte. Ressalte-se o significativo aperfeiçoamento teórico-prático por parte da autora, como resultado do trabalho realizado e do estudo dos blocos conceituais do curso, tanto do ponto de vista téorico (conceitual e técnico) quanto da aplicabilidade dos procedimentos estudados.

Palvras-chave: Especialização em Artes Visuais: Cultura e Criação, Fotografia, Hemifaces

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ABSTRACT

This work intends to reflect on the different artistic readings that photography allows through the distortion of vision of the human face . Use for this photomontage through graphic manipulation of a photographed on five different human universal face expressions , namely , joy , pain, sadness, anger and surprise. From a literature review and study of reference works , the author proposed the practice of photographic athelier in which the study and developed a reflection on the process of creating and learning involved is applied . As expected result , it is intended to create a photographic series , using materials and techniques presented , followed by the memory ( record of the steps followed from idea to completion of the artwork ) of the procedures performed . It is reflected , considering the limitations of this study , what is meant by the expression of emotions and the historical development of photography as art . Should highlight the significant theoretical and practical improvement by the author as a result of the work and the study of conceptual blocks of the course , both from the theoretical point of view ( conceptual and technical ) as the applicability of the studied procedures .

Keyword: Expertise on Visual Arts: Culture and Criation, Photograph, Hemiface

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LISTA DE FOTOGRAFIAS

Fotografia 1 – Desvanecimento ........................................................................................... 13 Fotografia 2 – A grande onda................................................................................................ 14 Fotografia 3 – Dois modos de vida.......................................................................................... 14 Fotografia 4 – Tableau synoptique des formes de nez ............................................................. 15 Fotografia 5 – Passagem da melancolia para a mania .............................................................. 16 Fotografia 6 – Le combat de Penthesilée ............................................................................ 17 Fotografia 7 – Distorção nº 40 ................................................................................................ 17 Fotografia 8 – ABCD Retrato do artista .................................................................................. 17 Fotografia 9 e 10 – Veronika Yin e Yang ................................................................................ 22 Fotografia 11, 12 e 13 – Symetrical portraits........................................................................ 23 Fotografia 14 – Celia´s children Albert + Georg Clarck .......................................................... 28 Fotografia 15, 16 e 17 – Angry boy......................................................................................... 30 Fotografia 18, 19 e 20 – Surpresa Agamenica ................................................................31 Fotografia 21, 22, 23 e 24 – Fear of the dark ........................................................................... 31 Fotografia 25 – Alegria ........................................................................................................... 32 Fotografia 26 e 27 – Alegria direita e esquerda ................................................................33 Fotografia 28 – Rosto sem nome............................................................................................. 33 Fotografia 29 – Franckney ................................................................................................ 34

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SUMÁRIO

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10 INTRODUÇÃO .....................................................................................................................

2

12 ASPECTOS TEÓRICOS................................................................................................

2.1

12 Contextualização histórica ................................................................................................

2.2

18 Elementos conceituais ................................................................................................

2.2.1

Fotografia expandida................................................................................................ 18

2.2.2

Apropriação de imagem ................................................................................................ 19

2.2.3

Joiners photographs ................................................................................................20

2.3

20 As expressões faciais humanas e as hemifaces ................................................................

2.4

Momentos fotográficos ................................................................................................ 24

3

26 UMA SÉRIE FOTOGRÁFICA .............................................................................................

3.1

26 Conceitos ................................................................................................................................

3.1.1

Distorção ................................................................................................................................ 27

3.1.2

Fragmentação, profusão e geometria ....................................................................................... 27

3.1.3

Repetição e montagem ................................................................................................ 28

3.2

29 Ideias ................................................................................................................................

3.2.1

30 Espontaneidade das expressões .............................................................................................

3.2.2

Luz................................................................................................................................ 30

3.3

Metas ................................................................................................................................ 32

3.4

Técnicas ................................................................................................................................ 32

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35 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 37 REFERÊNCIAS..................................................................................................................... APÊNDICES .......................................................................................................................... 39

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1 INTRODUÇÃO

Primeiramente pensada como extensão do olho humano, a fotografia seguiu seu desenvolvimento recebendo outros tratamentos, inclusive artístico, baseados em discussões estéticas e filosóficas da época. Tendo como referência os blocos estudados no curso de pós graduação em Artes Visuais: cultura e criação (Senac EAD), percebe-se que a fotografia acompanhou os avanços tecnológicos e hoje se presta a auxiliar a ressignificação das imagens. Estritamente do ponto de vista artístico, o objetivo deste trabalho consiste em refletir sobre as diferentes leituras que a fotografia permite através da distorção da visão do rosto humano. Com base nesse objetivo, decidiu-se pela composição da obra baseada em fotomontagem através da qual são manipuladas versões de expressões faciais fotografadas. No que diz respeito à metodologia, optou-se por uma pesquisa bibliográfica, caracterizada por uma revisão tanto de conceitos quanto de obras referenciais para o assunto em questão, e uma posterior aplicação do conhecimento obtido na composição da obra. Nesse sentido, os passos metodológicos consistiram em: delimitação do objeto artístico a ser trabalhado, revisão de literatura, consulta a obras artísticas referenciais, realização de seções fotográficas e a composição de uma série fotográfica composta pelas imagens das seções e de manipulação digital das mesmas. Os capítulos que se seguirão historiam a construção de conhecimento e sua aplicação na produção da série intitulada InExPressões. No capítulo 2, trata-se dos aspectos teóricos com os quais se pretende construir embasamento para as aplicações técnicas envolvidas. Em um breve apanhado histórico, expõem-se momentos da evolução da fotografia artística que foram cerne das questões das comparações analógicas presentes na série fotográfica. Também neste capítulo são apresentados a Fotografia Expandida, a Apropriação de Imagens e as Joiner Photographs como elementos teóricos balizadores deste trabalho, seguidos de uma breve introdução ao assunto das expressões faciais humanas, no que diz respeito à sua aplicação no estudo das hemifaces. Essa seção finaliza com alguns comentários que apresentam o foco da aplicação prática do que foi apresentado até então. No capítulo 3, apresentam-se os conceitos técnicos que fizeram parte do processo de composição e criação da série fotográfica e explica-se a subdivisão da mesma em partes. Em seguida, comenta-se a intenção artística do trabalho com hemifaces e um primeiro nível de divisão do trabalho prático, onde são descritos alguns problemas encontrados durante os primeiros estágios de elaboração da obra. O próximo passo consiste na delimitação do objeto

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artístico. Conclui-se com a descrição dos equipamentos utilizados, o processo de manipulação de imagens por computador e os passos técnicos para obtenção das imagens do terceiro grupo constituinte da obra. Por fim, o capítulo 4 (Considerações Finais) é constituído do resultado reflexivo decorrente da revisão sumária do trabalho, de um relato sobre o aprendizado decorrente da prática direcionada e a abertura para aplicações futuras, apontando para questões técnicas relacionadas a essas aplicações.

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2 ASPECTOS TEÓRICOS

2.1 Contextualização histórica

Desde seu surgimento até os dias atuais, a fotografia aliada às possibilidades tecnológicas foi evoluindo e permitindo ao homem o registro do tempo através da luz. Hoje em dia é possível a qualquer momento para qualquer pessoa, com ou sem muita técnica, fotografar um momento com a câmera de um celular. Como afirma Lissovsky (2011, p.15): Os recursos tecnológicos colocaram ao alcance de qualquer criança e da intuição do artista mais ingênuo a possibilidade de liberar sonhos que as imagens mantinham adormecidos em seu ventre com uma velocidade e numa escala jamais vistas.

Primeiramente a fotografia se limitou a ser apenas uma extensão do olho humano. Quando do início de sua popularização, segundo Hecking (2012), a fotografia era também conhecida como “espelho com memória”, sendo o nome daguerreótipo1, para a literatura, sinônimo de verdade. Sontag (2004, p.137) menciona: "Ao se apropriar da tarefa de retratar de maneira realista, outrora monopolizada pela pintura, a fotografia liberou a pintura para sua grande vocação moderna: a abstração". Porém a fotografia não tardou a abstrair, a buscar cenas montadas e idealizadas com o objetivo de se tornar tão arte quanto a pintura. Até este ponto a fotografia fazia alusão ao real enquanto a pintura podia circular livremente no universo do mundo imaginado. Essa pequena diferença do que é real e do que é idealizado é o ponto central da discussão iniciada e largamente debatido no final do século XIX pelos fotógrafos e cientistas Henry Peach Robinson e Peter Henry Emerson. Emerson defendia que a fotografia deveria ser pura, no sentido de se mostrar aos olhos de forma tão real quanto fosse possível de captar com o aparelho fotográfico, de forma natural; Robinson era adepto de intervenções, manipulações e cenas dirigidas, planejadas para soar da forma que ele a imaginava. Muitas vezes era preciso a montagem daquela imagem, com vários negativos. Método este que passou a ser chamado de fotografia composta. Como o exemplo, tem-se a famosa fotografia Desvanecimento (Fotografia 1), que foi composta a partir de cinco negativos diferentes em cenas montadas de forma teatral.

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Instrumento inventado por Luis-Jaques Mandé Daguerre, que produzia uma imagem positiva única numa chapa de cobre revestida de prata. (HACKING, 2012).

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Sobre tais aspectos, Hacking (2012, p. 113) afirma que: Para que a fotografia fosse reconhecida como arte, era importante demonstrar aos críticos como a imaginação e a idealização poderiam ser expressas fotograficamente. (...) A fotografia composta – como esse método passou a ser conhecido – era debatida a exaustão nas sociedades fotográficas e nas páginas de seus periódicos. (...) Robinson a utilizou durante a maior parte de sua carreira e se valeu dela para promover sua crença inabalável de que, nas mãos de artistas que compreendessem as regras de composição e iluminação, a fotografia poderia aspirar ao status de arte pictória – e alcançá-lo.

Fotografia 1 – Desvanecimento

Fonte: Fotografia de Henry Peach Robinson, 1858. / Hacking (2012) p.112

Ainda no século de sua invenção, a fotografia já era difundida como arte e se dividia entre o documental e o pictório. Tanto existiam fotógrafos que priorizavam a pureza da cena, quanto havia os que defendiam a montagem e manipulação como métodos aceitáveis e necessários para se chegar ao ideal, criado e artisticamente pensado. Antes mesmo de Robinson defender a fotografia composta, Gustave le Gray já havia se utilizado da técnica ao produzir A grande onda (Fotografia 2) , em 1856-1859 a partir de dois negativos.

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Fotografia 2 – A grande onda

Fonte: Fotografia de Gustave LeGray. / Hacking (2012) p.98

Uma das mais colossais explorações da técnica da fotografia composta foi feita por O. G. Rejlander, intitulada Dois modos de vida (Fotografia 3), em 1857, elaborada a partir de 30 negativos e dezenas de personagens (modelos). Nesta obra percebe-se a busca pela similaridade da fotografia com a pintura. Fotografia 3 – Dois modos de vida

Fonte: Fotografia de O. G. Rejlander. / Hacking (2012) p.116

A fotografia defendida por Emerson, no entanto, estaria a serviço da ciência mais que do que se considerava e se discutia enquanto arte. De fato, a fotografia ocupou vários espaços científicos e se serviu também de estudos como foco e lentes, sem mencionar que sua evolução técnica só foi possível a partir daí (análises e experiências com compostos químicos, técnicas de revelação e impressão etc.), afinal é fato que a fotografia nasce da ciência, do domínio do homem sobre técnicas e possibilidades físico-químicas. Interessante observar que mesmo em debate, a fotografia conseguia ocupar ao mesmo tempo os dois espaços. Tanto a

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fotografia enquanto arte se servia da ciência em sua própria possibilidade, quanto a fotografia científica era praticada por artistas ou mesmo buscando um refinamento artístico. Em 1872 Charles Darwin publica A expressão das emoções no homem e nos animais, com algumas fotografias de O. G. Rejlander. Segundo Hacking (2012, p. 58):

O estudo da psique humana foi uma das primeiras disciplinas para as quais os cientistas buscaram a ajuda da câmera fotográfica. (...) A fisiognomia se dedicava aos traços do rosto, a frenologia estudava o formato e a estrutura do crânio, enquanto a patonomia examinava expressões e gestos emocionais.

A fotografia enquanto importante ferramenta documental, logo serviu aos propósitos da polícia através dos retratos falados. A este exemplo podemos citar a Tabela sinótica dos formatos de nariz (Fotografia 4), elaborada em 1893 por Alphonse Bertillon que, em uma verdadeira catalogação de criminosos, fotografou o perfil de vários deles com organização e padronização de luz e enquadramento (detalhe advindo do pensamento artístico). É inegável o valor artístico inerente também a registros como Passagem da melancolia para a mania (Fotografia 5), feita em 1851 pelo médico Hugh Welch Diamond que usava e defendia o uso da fotografia como ferramenta de diagnóstico e tratamento dos seus pacientes psiquiátricos. Fotografia 4 – Tableau synoptique des formes de nez

Fonte: Fotografia de Alphone Bertillon. / Hacking (2012) p.146

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Fotografia 5 – Passagem da melancolia para a mania

Fonte: Fotografia de Hugh Welch Diamond. / Hacking (2012) p.60

Nos diversos blocos estudados no curso de pós graduação em Artes Visuais: Cultura e Criação (Senac EAD), pode-se perceber o caminhar da fotografia em diversos movimentos, estilos e tendências das artes plásticas do século XXI. Percebem-se as interferências e ampliações das técnicas utilizadas para alterar as imagens, recursos que se estendem ao ato fotográfico propriamente dito. Os artistas buscam formas de manipulação das imagens tanto durante quanto após o clique. A este exemplo, destacam-se as obras Le combat de Penthésilée – 1937 de Raul Ubac (conteúdo do bloco temático Fragmentação) elaborada através da técnica da solarização, que consiste em expor rapidamente a fotografia em processo de revelação à luz (Fotografia 6); Distorção nº40– 1933 de André Kertész (no bloco Distorção) (Fotografia 7) que foi elaborada simplesmente fotografando a imagem da modelo refletida em espelhos de reflexão distorcida, semelhante aos espelhos encontrados nas “casas de espelho” de parques de diversões americanos e; na fotocolagem ABCD, Retrato do artista – 1923 de Raoul Hausmann (bloco Montagem) (Fotografia 8) que é em primazia uma montagem manual de pedaços de imagens (fotografias) com o intuito de compor uma só imagem coerente, agregando-a valores e ideias provocativas e reflexivas. De fato todos os processos de alteração e manipulação das imagens fotográficas estão imbuídos de tal necessidade artística.

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Fotografias 6, 7 e 8 – Le combat de Penthésilée, Distorção nº 40 e ABCD, retrato do artista

Fotografias de Raul Ubac, André Kertész e Raoul Haousmann. / Senac Nacional. Artes Visuais: Cultura e Criação – CD-ROM

Mesmo hoje vemos a fotografia transitar por estes dois ambientes: o científico e o artístico. O momento atual nos traz aparentemente um processo de hibridização dos dois primeiros momentos citados historicamente – a fotografia fiel à realidade captada pelos olhos humanos e a fotografia produzida a fim de alcançar imagens previamente idealizadas. Na era pulsante da informação a fotografia extrapolou vários limites antes intransponíveis por impossibilidades tecnológicas, ou mesmo irreais dado o mundo que ela retratava. Não se trata aqui, porém, da problemática das imagens técnicas2 levantada por Flusser (1985), ainda que vivamos a realidade cada vez mais assombrosa dos dias de hoje onde a imagem domina o mundo. O autor problematiza a banalização da fotografia e a tendência humana de se desconectar do real sentido da imagem passando a depender delas: A mania fotográfica resulta em torrente de fotografias. Uma torrente memória que a fixa. Eterniza a automaticidade inconsciente de quem fotografa. Quem contemplar o álbum de fotógrafo amador, estará vendo a memória de um aparelho, não a de um homem. Uma viagem para a Itália, documentada fotograficamente, não registra as vivências, os conhecimentos, os valores do viajante. Registra os lugares onde o aparelho o seduziu para apertar o gatilho. Álbuns são memórias “privadas” apenas no sentido de serem memórias do aparelho. Quanto mais eficientes se tornam os modelos dos aparelhos, tanto melhor atestarão os álbuns, a vitória do aparelho sobre o homem. “Privatividade” no sentido pós-industrial do termo. (FLUSSER, 1985. p.30)

Hoje o que vemos é um mundo simulado onde as imagens carregam valores e ostentam modos de vida. Percebe-se nas comunidades virtuais (Instagram, Orkut, Facebook entre outras) que as imagens registram e determinam o perfil simulado de quem as sustenta. É bastante comum a imagem de momentos íntimos divulgadas como troféus ou mesmo

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Imagem produzida por aparelhos. (FLUSSER, 1985, p.10)

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atividades banais como a comida que as pessoas ingerem em determinados momentos, sendo compartilhadas e “curtidas” por conhecidos que, muitas vezes só são reais no mundo virtual. Encontra-se também o termo fotografia desprendida como sinônimo do que Flusser (1983) chama de imagens técnicas. De acordo com Silva Júnior (2012, p.11) “A fotografia desprendida se caracteriza, sobretudo por ser uma atividade, um processo, de integração subjetivo e coletivo vinculado a sociedade em redes”. Faz-se necessário ater-se ao fato de que a alusão e foco desta pesquisa, bem como do produto dela – a série fotográfica, apesar de considerar tal realidade plural e simbólica da relação social com as imagens, estão centrados na fotografia enquanto processo de fazer artístico. Aponta-se, portanto, para a extrapolação das técnicas, das leituras e processos de construção de imagens que buscam um sentido e um valor nas artes visuais.

2.2 Elementos conceituais

Trata-se de elementos levados em consideração para a elaboração prática da série fotográfica produzida. Tais termos foram encontrados em pesquisa bibliográfica e aplicados ou justificados no próprio fazer artístico.

2.2.1 Fotografia expandida

Em pesquisa bibliográfica sobre as práticas fotográficas contemporâneas, encontrou-se referência sobre o termo fotografia expandida, o que Fernandes Júnior (2006) defende como uma prática onde o artista não se prende a nenhuma amarra de tempo regra ou função do processo fotográfico. Segundo ele a ênfase da fotografia expandida está no fazer, no processo de produção e na essência, geralmente perturbadora do resultado procurado. A necessidade de expandir a visão e a técnica, de procurar associar vários outros métodos à produção de imagens na fotografia seria um resultado natural da época em que vivemos; do esgotamento das artes plásticas tradicionais, da evolução imagética, exagero e sobrecarga das informações visuais nos meios midiáticos. Ora, se o processo de produção da imagem se transmuta é porque exige do expectador, uma capacidade maior ou diferenciada de abstrair a informação do que é visto.

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A fotografia expandida é uma possibilidade de expressão que foge da homogeneidade visual repetida a exaustão. Uma espécie de resistência e libertação. De resistência, por utilizar os mais diferentes procedimentos que possam garantir um fazer e uma experiência artística diferente dos automatismos generalizados; de libertação, porque seus diferentes procedimentos, quando articulados criativamente, apontam para um inesgotável repertório de combinações que a torna ainda mais ameaçadora diante do vulnerável mundo das imagens técnicas. (JUNIOR, 2006, p. 19).

Entende-se a fotografia expandida como um passo além da captação da imagem técnica. A exploração de novas possibilidades materiais e/ou tecnológicas no uso das imagens e, de certa forma, a agregação de procedimentos não fotográficos, sejam essas interferências mecânicas, manuais ou digitais. Expandir no sentido de ir além é o que simboliza-se como referência ao terceiro momento da fotografia. Esta que antes era apenas uma extensão do olho, logo depois passou a ser idealização da mente artística, na contemporaneidade passa a esgotar todas as possibilidades de execução em termos técnicos, curioso observar que tal esgotamento permeia a história da fotografia desde o seu início quando da busca pela significação artística em contraposição com o uso estritamente científico e/ou documental. Do uso de diversos negativos para composição de uma só imagem ao uso de diversas imagens impressas ou mesmo da manipulação digital em montagens e distorções do material bruto simplesmente captado por uma máquina.

2.2.2 Apropriação de imagem

De acordo com Sontag (2004), fotografar é “apropriar-se do fotografado”. Para a autora a fotografia é essencialmente um ato de apropriação da realidade. Segundo ela, “Tal como descrevem os fotógrafos, a fotografia é tanto uma técnica ilimitada para apropriar-se do mundo objetivo, quanto uma expressão inevitavelmente solipsista da identidade única.” O termo aplicado às artes visuais de uma forma geral é visto também como o ato de tomar para si as imagens e trabalhos de outros artistas no sentido de reinventar, resignificar e mesmo de reciclar conceitos e técnicas. Autores como Gauna (2009) sugerem que a apropriação de imagens é recorrente nas artes visuais e toma corpo enquanto termo nas artes contemporâneas. A apropriação na linguagem das artes visuais ocorre tanto em partes de obra quanto de sua totalidade e pode ocorrer também com imagens de artistas públicos ou produtos comerciais, como é o caso dos trabalhos de Andy Warhol com as imagens de Marilyn Monroe e das latas de sopa Campbell.

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Outro exemplo de apropriação são os trabalhos de Banksy em stêncil com a Monalisa de DaVinci. Em estudos sobre a apropriação de imagens, Gauna (2009) agrupa alguns tipos específicos de apropriação, das quais destacamos como cerne do trabalho prático desenvolvido, o que ele denomina de Apropriação de linguagem fotográfica: (...) alguns artistas buscam no próprio material da fotografia, seu material de construção de imagens. Muitas delas utilizando fragmentos como que dizendo que a fotografia tem esse poder de conter a imagem, mesmo que em um fragmento. (GAUNA, 2009, p. 273).

Na produção da última peça da série fotográfica deste trabalho, utilizam-se fragmentos de fotografias da própria série, tanto quanto a apropriação de um resultado visual já existente na obra de David Hockney. Utiliza-se portanto da apropriação de imagem tanto no sentido amplo, utilizado nas artes visuais, quanto no sentido restrito apontado por Gauna (2009).

2.2.3 Joiner photographs

A exemplo dos termos fotografia expandida e apropriação de imagem, cita-se a técnica desenvolvida na obra fotográfica de David Hockney, denominada como “Joiner Photographs”, que é o ato de montar com imagens estáticas (fotografias) uma imagem maior, um cenário completo. Essa forma de montar uma imagem maior, simula um movimento, uma história, um cenário. Hockney propõe a comparação de sua produção com uma máquina fotográfica e uma filmadora, na experiência por ele mostrada em documentário. Ele primeiramente filma uma cena cotidiana com uma filmadora e, em seguida repete o registro da mesma cena utilizando sua máquina fotográfica sentado numa cadeira sob o mesmo ponto de vista. A série de imagens produzidas por ele resulta ao fim numa cena com mais riqueza de detalhes e se mostra, com efeito mais que um registro maquínico como é o caso da primeira tomada da cena, registrada com a filmadora. Tem-se na prática a comparação do que Flusser (1985) denomina de imagem técnica com o que Júnior (2006) chama de fotografia expandida.

2.3 As expressoes faciais humanas e as hemifaces

O presente trabalho tem por base estudos do rosto humano, mais especificamente das expressões faciais e da confecção (montagem) de imagens por reflexão de hemifaces.

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Tal composição é definida por Silva e Fukusima (2010): A técnica de confecção pela composição de hemifaces é realizada basicamente pelo rebatimento lateral, por reflexão, de uma das metades faciais no lado oposto da mesma. Desta forma há a composição de uma face com duas metades iguais, porém refletidas. Tal técnica também é chamada de composições bilaterais com a formação de faces compostas pela metade direita (composição face direita-direita) e faces compostas pela metade esquerda (composição face esquerda-esquerda).

O assunto explorado – rosto humano – se baseia em premissas dos estudos sobre a expressão facial humana, estética e simetria facial. Estudos sobre a lateralidade das expressões faciais de Mandal e Ambady (2004), sugerem que “O lado esquerdo da face é mais expressivo e mais desinibido e externa uma linguagem cultural específica. O lado direito, por sua vez, é menos suscetível aos moldes culturais específicos, externando mais sinais emocionais universais”. Para além das questões culturais levantadas acima, outros estudos que envolvem composições por hemifaces e testes de reação e reconhecimento de emoções com pessoas, comprovam que o lado esquerdo do rosto expressa mais emoções do que o lado direito, como conclui Sackeim (2012, p.435): “As composições feitas a partir do lado esquerdo do rosto foram julgadas por expressar emoções de forma mais intensa que as composições do lado direito”.3 Uma outra forma de analisar os resultados das hemifaces se baseia justamente nessa diferença de intensidade das feições/expressões faciais. BROWN (2000) em seu livro A arte prática da leitura facial, sugere que feições mais marcadas fazem referência ao masculino, que ele chama de Yang – fazendo referência à conceitos orientais. Para ele as hemifaces produzidas do lado direito são, predominantemente femininas. Em seu livro intitulado “A arte prática da leitura facial”, ele ensina o processo da composição da imagem por hemiface de forma artesanal e deixa clara a interpretação subjetiva de que de masculino e feminino: “Una os dois lados com uma fita adesiva no verso. Este é o lado direito do seu rosto e reflete as características de seus parentes do sexo feminino.” (BROWN, 2010, p.21). Abaixo, segue o exemplo de uma primeira experiência com reprodução de hemifaces, da série Yin|Yang que resultou na obra “Dual” (Foto 9 e 10), atividade prática 7, referente ao bloco conceitual Montagem do curso Artes visuais: cultura e criação – SENAC Ead.

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The left-side composites were judged to express emotions more intensely than the right-side composites.

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Fotografias 9 e 10 – Verônica Yin e Yang

Fonte: Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

Nota-se, com efeito, que o lado direito é mais claro, suave e com menos marcas de expressões, resultando um aspecto mais “feminino” da imagem, enquanto lado esquerdo é o extremo oposto. A partir daí quaisquer analogias são cabíveis, existe uma “tensão” invisível entre a reprodução da simetria do rosto humano através da justaposição de dois lados iguais. Desta tensão surge a percepção de novos significados. Feminino-Masculino, Escuro-Claro, Bonito-Feio, Estranho-Comum, Expressão-Placidez e toda a sorte de elementos duais do universo humano. Algumas pesquisas envolvem ainda a elaboração de hemifaces para o reconhecimento ou aceitação da beleza quanto à simetria dos lados do rosto, como mostra o estudo de Silva e Fukusima (2010, p.). Nesta pesquisa, várias pessoas apreciaram um determinado número de imagens de rostos criadas pelo método da hemiface, a fim de indicar quais rostos eram os mais atraentes; como conclusão aponta-se que “Faces simétricas manipuladas por computação gráfica perderam suas expressões e naturalidade e foram julgadas como menos atraentes que as naturais assimétricas”. Os estudos de David Perret (1999), feitos com o objetivo de analisar a aceitação e preferência da simetria como critério de beleza nos rostos humanos, utilizou tanto o método das hemifaces (duplicação de um dos lados do rosto) quanto um método mais sutil onde o entorno do rosto se manteve e apenas alguns elementos foram alinhados e feitos simétricos, o que o autor denomina como simmetrically remapped (simetricamente remapeado). Com este segundo método ele comprova que nas imagens onde a simetria foi trabalhada de forma mais sutil e não percebida pelas pessoas que julgaram as imagens, quanto maior o nível de simetria de alguns detalhes do rosto, maior a atratividade, já nos rostos onde a simetria foi produzida pelo método das hemifaces, o resultado foi oposto.

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De uma forma geral, o autor aponta que: Alternativamente, humanos, diferente de muitos outros animais, parecem preferir alguns graus de assimetria nos rostos porque isso faz com o que eles pareçam mais distintos ou expressivos. Em humanos há a tendência por assimetrias direcionadas (consistentes diferenças entre os lados esquerdo e direito do corpo) o que ocorre em toda a população. As assimetrias direcionais mais proeminentes são, porém, transitórios na natureza e ocorrem durante a fala e as expressões emocionais. (PERRET, 1999, p.296)

Em 2010 o artista Julian Wolkenstein inspirado em estudos sobre simetria e proporções do rosto, criou uma série fotográfica chamada Symmetrical portraits, (Fotografias 11, 12 e 13) a série mostra a composição de simetria de rostos por duplicação das hemifaces. Fotografias 11, 12 e 13 – Symetrical Portraits

Fonte: Fotografia de Julian Wokenstein, (2010) Disponível em: www.julianwolkenstein.com

Todos os modelos se mostram de frente para a câmera e com expressão neutra. No ano seguinte o artista desenvolveu o seu projeto para um aplicativo para Iphone onde as pessoas são convidadas a fazer sua foto diretamente com a câmera do celular e vêem em tempo real suas composições de hemifaces duplicadas. O projeto se chama Echoism, termo que, segundo o artista, possui tem significado relacionado à simetria facial no sentido fisionômico.

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O web site do aplicativo (echois.org) mostra pequenas fotos de várias pessoas pelo mundo e suas fotografias por reprodução de hemiface, feitas pelo programa, no apelo para o uso do aplicativo fica posto: Sinta-se livre para fazer o upload de sua imagem mais de uma vez, pois isso de webcam e iphone tem um senso de imediatismo, um momento capturado – por isso, talvez você se sinta de uma maneira diferente na frente de uma web cam na hora do trabalho, e de uma outra maneira ao estar num bar a noite com seu iphone. (WOKENSTEIN, 2010, www.julianwolkenstein.com)

Tal apelo aos usuários demonstra uma outra usabilidade para o processo. Aqui o uso da reprodução das hemifaces está voltada para a curiosidade e o autoconhecimento. O curioso é observar que os usuários vão além de fazer a foto com o próprio rosto, expandindo a experiência para reprodução de simetria de partes de corpo e até animais de estimação. De forma geral, pode-se observar que os estudos sobre expressão facial humana e atratividade, ou relacionados à simetria tomaram por base, ainda que de formas distintas, a manipulação de fotografias de rostos. Da forma mais artesanal como os exemplos de Brown a manipulações mais elaboradas como mostram os estudos de Perret ou mesmo à popularização e expansão das ideias relacionadas à esta técnica, pelo público, com acesso a um aplicativo que produz instantaneamente os retratos. Este trabalho pretende traçar um paralelo entre os estudos acima citados e as reflexões filosóficas e práticas da fotografia enquanto arte visual. Seu produto artístico é resultado direto desta pesquisa e dos estudos feitos durante os blocos temáticos do curso de Artes Visuais, Cultura e Criação do Senac EAD, bem como as ideias e práticas advindas das atividades elaboradas durante o curso.

2.4 Momentos fotográficos

A ideia que esteticamente norteou a parte prática da obra visual, está baseada no texto “Passagens da fotografia” de Antonio Fatorelli (2005), objeto de estudo do curso de pósgraduação em Artes Visuais, cultura e criação (SENAC – EAD). O amadurecimento da proposta final de obra visual também surgiu durante as atividades práticas (num total de doze), feitas no curso e a cada módulo temático estudado (Movimento, Leveza, Fragmentação, Profusão, Distorção, Sinuosidade, Montagem, Abstração, Geometria e Repetição).

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De uma forma geral, o foco e interesse desenvolvido durante o curso foi a transformação das artes visuais ao longo do tempo culminando na evolução e extensão de suas técnicas e vertentes, sobretudo no campo da fotografia e manipulação de imagens advindas das técnicas do design gráfico. Não obstante, do fato dessa transformação e ampliação de capacidades, sentidos e possibilidades tecnológicas ser produto direto da relação do homem com o meio, com a máquina e de sua reflexão sobre o mundo ao seu redor. Os estudos das imagens compostas por reflexão de hemifaces é produto da curiosidade humana sobre si, e, ainda que científico, o estudo é possível e suas pesquisas são viabilizadas através dos recursos visuais. Poderíamos dizer (e por que não?) das artes visuais (fotografia e montagem fotográfica). Estabeleceu-se então um paralelo entre esta reflexão humana sobre seu próprio rosto (estudos das hemifaces) com os momentos da história da fotografia em relação a sua definição enquanto arte. De acordo com Fatorelli (2005, p.1) a história da fotografia tem três momentos marcantes no desenvolvimento de sua subjetividade e fazer artístico: Estes três momentos são marcados pela presença de três tipos de sujeitos, ou três processos de subjetivação que, pelas distâncias que apresentam entre si, merecem ser singularizados: um sujeito psicofisiológico, um sujeito da consciência e do inconsciente, e um sujeito maquínico ou simulado – predominância sucessiva do olho, do aparelho psíquico e das redes neurais.

Dissecando esta sugestão de Fatorelli, entendemos da subjetivação uma linha história evolutiva da relação do homem com a fotografia. O sujeito psicofisiológico é aquele que considera a fotografia no início de sua criação como uma mera extensão do olho humano, com vistas ao registro da realidade; o sujeito da consciência e do inconsciente é o passo evolutivo seguinte, ao considerar a possibilidade de manipular, ainda que minimamente, o instante fotográfico, afim de reproduzir idealizações de imagens ligadas diretamente ao seu modo de ver (imaginar) o mundo, daí a predominância do aparelho psíquico; o terceiro sujeito, maquínico e/ou simulado é a reflexão contemporânea da fotografia, das manipulações, montagens e simulações do real, da tecnologia a serviço da arte e da ousadia dos artistas, daí a relação com redes neurais sugerida por Fatorelli em seu texto. O texto de Fatorelli expõe ainda uma relação entre tais sugestões de relação homemmáquina com as passagens da fotografia, com as discussões e debates propostos por dois fotógrafos de renome no final do século XIX – Emerson e Robinson já citados nas referências teóricas.

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3 UMA SÉRIE FOTOGRÁFICA

O tema proposto para o presente trabalho é uma série fotográfica. A série intitulada InExPressões retrata cinco rostos humanos, cada um demonstrando uma expressão facial universal, a saber, raiva, surpresa, felicidade, dor e tristeza. A série se subdivide em três fases. Na primeira apresentam-se as fotografias puras (sem alterações) das cinco expressões faciais; a segunda mostra para cada expressão, duas imagens, sendo uma a reprodução espelhada do lado direito e, a outra, do lado esquerdo do rosto (hemifaces) e; na terceira fase apresentam-se duas faces, uma delas intitulada Rosto sem face que retrata o rosto sem suas partes características (olhos nariz e boca), e a outra, denominada Franckney, é a montagem profusa de pedaços das expressões do rosto em um só. A ideia, tanto na segunda quanto na terceira fase da obra, é explorar o lado grotesco e não humano das expressões. Dessa forma tanto nos retratos individuais das hemifaces quanto nas duas últimas, efetiva-se a busca pelo estranhamento, a desvirtuação e a composição de algo que está além do que reconhecemos como natural ou humano.

3.1 Conceitos

Durante o curso Artes Visuais: Cultura e Criação foram vistos conceitos que permearam a aprendizagem e, consequentemente todo o processo de composição e criação deste trabalho. A fim de fazer referência detalhada a estas influências e processos, fez-se prudente relacionar tanto definições como os principais conteúdos utilizados nesta produção, advindos dos blocos conceituais estudados que mantiveram preponderância sob a elaboração do produto final da série fotográfica que trata este trabalho. A série é composta por três partes, a saber, fotografia de cinco expressões universais humanas (alegria, raiva, tristeza, dor e surpresa), a montagem de rostos simétricos por reflexão de hemifaces de cada uma das expressões e a manipulação de duas peças conclusivas: Rosto sem face e Franckney. A primeira trata-se do rosto sem suas partes características e a segunda de um rosto composto por todas as expressões registradas.

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3.1.1 Distorção Distorcer é dar um caráter diferenciado a algo conhecido, logo é marcar uma diferença com relação a determinadas idéias ou formas. Na história das artes visuais, essa diferença é freqüentemente entendida como expressão, ou seja, como a visão e a produção de um indivíduo sobre um mundo de formas e conhecimentos compartilhados. (SENAC NACIONAL/CD-ROM, 2005)

A distorção é o princípio que define o objetivo geral da série. Através da manipulação e elaboração das hemifaces, tema central do trabalho e embasamento teórico-científico das características das expressões faciais humanas, busca-se partir de estudos mostrados sobre as diferentes leituras acerca das expressões e suas razões fisiológicas tomando por base a distorção das imagens de rostos humanos. A busca pela aceitação/rejeição da simetria dos rostos ou mesmo a curiosidade sobre as reações e estranhamentos tiveram pontapé inicial na distorção das imagens naturais captadas. Da mesma forma a segunda parte que compõe a série mostra cinco expressões faciais de forma simétrica, ou seja, rebatidas com rostos compostos por dois lados direitos e dois lados esquerdos do mesmo rosto. Tal princípio também está presente na peça Rosto sem face também parte da série. Nela a distorção está presente na ausência das partes que constituem o rosto humano (nariz, olhos e boca). Como distorcer significa também desvirtuar, considera-se esta a premissa que norteia a intenção do trabalho enquanto peça artística e provocativa.

3.1.2 Fragmentação, Profusão e Geometria

Os conceitos de fragmentação, profusão e geometria estão presentes de forma marcante na última peça da série. O processo de desmembramento das partes da série de imagens com a finalidade de produzir uma nova peça é uma referência visual às composições com Polaroid de David Hockney (Fotografia 14). Nelas o artista utiliza diversas imagens de um mesmo assunto, explorando diferentes perspectivas para ao fim montá-las numa só imagem. Se percebe pela união das partes (fragmentos de um todo), aparentemente discordantes e caóticas, uma imagem completa e coerente.

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Fotografia 14 - Celias Children Abert + George Clark

Fonte: Composição em Polaroid por David Hockney, (1982). Disponível em: www.hockneypictures.com

O que se experimenta na série fotográfica tema deste trabalho é a montagem de um rosto com informações visuais contidas em todas as fotografias originais (as expressões e suas respectivas hemifaces simétricas). Temos portanto uma fragmentação de todas as cinco expressões na composição de uma só imagem final, que conclui o trabalho. A profusão geométrica de pequenos traços do rosto que revelam nuances de expressões faciais tem o objetivo de causar um estranhamento do natural esperado, tais princípios foram primordiais na condução e finalização do trabalho. De um lado a imagem de um rosto sem traços, de outro a de um rosto (todo) caótico composto por todas as expressões exploradas nas fotografias da série em pequenos quadrados de imagem (15x15). Ao fim ainda identifica-se o rosto humano mas torna-se impossível distinguir que emoções o rosto passa e mesmo quais fragmentos correspondem às sensações exploradas com clareza no início da série.

3.1.3 Repetição e Montagem

Esses dois conceitos estão presentes de forma definitiva nas duas ultimas etapas do trabalho prático. A produção das hemifaces na segunda etapa só é possível partindo do princípio da repetição de um dos lados do rosto e a união dessas partes também só é possível dado o princípio da montagem. Os dois conceitos também se fazem presentes na última peça

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da série, intitulada Franckney que nada mais é que a montagem de pedaços das expressões fotografadas na primeira parte da série.

3.2 Ideias

Partindo dos estudos sobre expressões faciais humanas, surgiu a ideia de trabalhar artisticamente com a produção das imagens por reprodução de hemifaces. O que seria necessário para transformar os estudos pesquisados retirados de fontes científicas, em peças artísticas foi a pergunta inicial. Ao longo do estudo e da pesquisa bibliográfica sobre a evolução da fotografia e dos textos considerados na fundamentação teórica, a ideia foi tomando corpo para uma produção artística análoga a estes estudos, sobretudo às discussões sobre fotografia enquanto arte ou ciência e os processos fotográficos contemporâneos. Dessa forma têm-se três partes do trabalho prático que fazem uma analogia simbólica às três fases da fotografia. Primeiro a fotografia enquanto “espelho da verdade”, defendida por Emerson como “pura” devendo-se tão somente retratar o que o olho humano pode captar, a fotografia documental, científica – correspondente à primeira sequência da série fotográfica Hemifaces, ou seja, as fotografias das cinco expressões puras e simples; num segundo momento a fotografia passa a ser considerada como arte e, como defendeu Robinson, passível de manipulação e montagens a fim de servir ao propósito da imagem idealizada – neste momento faz-se uma comparação com a segunda fase da série aqui apresentada, as imagens compostas por reflexão de hemifaces. Ao manipular graficamente as fotografias, criamos um ser humano idealizado, simétrico; e, num terceiro e último momento faz-se referência às práticas fotográficas contemporâneas, que extrapolam os limites tanto ideológicos quanto práticos na elaboração de um produto final – nesta fase tem-se tanto a imagem do rosto sem face (manipulado com ferramentas de edição gráfica de imagem) quanto a composição feita pela união de todas as expressões captadas. Ao escolher a figura humana como tema central, encontrou-se problemáticas que foram estudadas e resolvidas ao longo do processo de composição da série. A primeira ideia foi fotografar um rosto diferente para cada expressão. Passo não executado pela dificuldade de se obter voluntários que realmente pudessem fornecer expressões nítidas realísticas. Passou-se então a pensar a ideia de variar as expressões utilizando apenas um rosto.

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3.2.1 Espontaneidade das expressões

A busca pelo modelo partiu principalmente da facilidade com o que o mesmo poderia expressar genuinamente as expressões solicitadas (raiva, dor, alegria, tristeza e surpresa). Pensando em espontaneidade, pensou-se na possibilidade de usar um rosto infantil (Fotografias 15, 16, e 17), porém a experiência revelou que, apesar de expressivo e espontâneo, havia a dificuldade em reproduzir a expressão de dor, além da dificuldade em manter o rosto sempre de frente para a câmera. Outro detalhe observado é que o rosto infantil ainda não possui muitos traços (marcas de tempo), o que suaviza as expressões deixando de causar estranhamento na reflexão das hemifaces. O rosto infantil além de menos marcado é naturalmente mais simétrico, o que causa menos diferença quando se reproduziu os lados, ainda que com expressão. Fotografias 15, 16 e 17 – Angry boy

Fonte: Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

3.2.2 Luz

Definido que o rosto seria adulto, passou-se a buscar então o tipo de iluminação mais indicado para que a fotografia fosse a mais limpa possível, sem sombras e com a luz distribuída de forma homogênea, de forma a não induzir nenhuma qualidade (peso) a um dos lados do rosto. Após eliminar qualquer tipo de sombra com o uso de um flash juntamente com uma lanterna de alta potência, buscou-se aplicar uma técnica chamada de flahs contra o sol (Kelby, 2011) que trata de expor o flash como complemento da luz solar a fim de dar mais homogeneidade ao assunto iluminado. A dificuldade encontrada por falta dos equipamentos indicados (beauty dish e soft box) para o resultado desejado, fez concluir que a melhor forma de realizar a série fotográfica seria aproveitar um local externo e bem iluminado pela luz natural do sol. A imagem abaixo retrata o melhor resultado em ambiente fechado e controlado

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pelas luzes auxiliares. Apesar do sucesso na eliminação das sombras, nota-se que um dos lados do rosto (a hemiface dos lados direitos, primeiro rosto da imagem), fica ligeiramente brilhante em detrimento do outro (Fotografias 18, 19 e 20). Fotografias 18, 19 e 20 – Surpresa Agamênica

Fonte: Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

A busca pela luz ideal também fez emergir ideias alternativas na exploração das expressões. A imagem abaixo (Fotografias 21, 22, 23 e 24) retrata a experiência feita com o uso de lanterna de alta potência em um ambiente totalmente escuro. Apesar de se conseguir uma qualidade interessante na imagem, o resultado não se mostrou interessante para o escopo do trabalho por mascarar as expressões já que grande parte dos músculos que se contraem no rosto ficaram subexpostas. Fotografias 21, 22, 23 e 24 – Fear of the dark

Fonte: Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

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Concluiu-se, portanto que, para fins deste trabalho a série fotográfica seria feita com um adulto, sob luz homogênea natural em ambiente aberto.

3.3 Metas

O objeto artístico em questão ficou definido em uma série fotográfica composta por cinco fotografias de expressões faciais naturais (universais) do rosto humano, dez imagens manipuladas por reflexão de hemifaces, sendo duas a partir de cada foto original (uma face com dois lados direitos e outra com dois lados esquerdos do rosto), bem como duas peças complementares feitas a partir da manipulação das imagens originais e das hemifaces. Ao todo a série possui dezessete imagens fotográficas.

3.4 Técnicas

Para a primeira parte da série, a captação das imagens, foi utilizada uma máquina fotográfica profissional Canon 60D, com lente fixa de 50mm. A configuração definida para as fotografias foi: ISO 100, abertura f5.6 e velocidade do obturador em 1/100. As imagens foram captadas sob luz indireta natural. Como exemplo, a primeira imagem da série, Alegria (Fotografia 25): Fotografia 25 – Alegria

Fonte: Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

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Na segunda parte da composição das fotografias, foi usado um programa de edição de imagens (Photoshop). Para criar as faces simétricas por reflexão de hemifaces, todas as imagens foram centralizadas e margeadas de forma que todas possuíssem dois lados iguais em medidas. Foi traçada uma linha guia no centro do rosto, ao meio do nariz, e a partir do recorte, colagem e inversão (flip horizontal) do lado da imagem, foram criadas as faces iguais. Dessa forma, como nas imagens abaixo, temos um rosto feito de lados direitos, Alegria Direita e um rosto com lados esquerdos, Alegria Esquerda (Fotografias 26 e 27). Fotografias 26 e 27 – Alegria Direita e Alegria Esquerda

Fonte: Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

Na terceira parte, composta por duas imagens, também foi utilizado um programa de edição de imagens (Photoshop) onde aplicou-se na primeira imagem (Fotografia 28) apenas a ferramenta clone (que retira amostras de uma área e copia em outra).

Fotografia 28 – Rosto sem face

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A segunda imagem (Fotografia 29), foi elaborada com base nos conceitos estudados sobre Fotografia expandida, Apropriação de imagem e inspiração na técnica composicional de David Hockney, tendo-se na montagem final o recorte e combinação de imagens. Sua produção envolveu a disposição de todas as imagens originais e hemifaces em programa de edição de imagens (Photoshop), e, orientando-se pela visualização de grade (grid), selecionou-se cada um dos 143 quadros que compunham a área total da imagem. Os quadrados foram identificados por sua localização em eixos cartesianos, em um total de 11 colunas por 13 linhas. Cada pedaço de imagem foi selecionado para que a coerência visual fosse mantida e ainda assim permanecesse a ideia de caos visual e estranhamento das expressões. Dessa forma, tal qual as imagens de Hockney, se obteve um todo feito de partes de detalhes e recortes com a diferença que não há perspectivas ou exploração de espaço ampliado mas a exploração de traços e características faciais das expressões humanas. Fotografias 29 – Frankney

Fonte: Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

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3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O título do trabalho é um desmembramento da palavra expressão com intensão de ressignificá-la. A ideia foi fazer referência ao princípio que motivou a criação da obra – os estudos e peculiaridades das expressões humanas. In-Ex-Pressões passa então a referir-se ao processo criativo e significador, ou ainda ao motivo artístico norteador do trabalho – a brincadeira com as expressões, suas distorções e fusões na busca de novas formas e significados, ou mesmo na busca pelo não significado e da desconstrução do que é reconhecível. De acordo com as definições de FERREIRA (1999) a preposição In “[Do lat., ‘em’.] Prep. Us., em bibliografia antes de título de obra que serve de fonte a uma citação (...) [Tb. Se pode substituir essa indicação por em sua ou em seu]”. Já o prefixo Ex “[do latim ‘e’ e ‘ex’] Pref. = ‘movimento para fora’, ‘separação’, ‘transformação’, ‘intensidade’, ‘ausência’; ‘negação’.” E a palavra Pressão, também derivada do latim, significando “[Do lat. Pressione.] S.f. 1. Ato de comprimir ou apertar.” Em outras palavras, teríamos In-ExPressões como “Em-Não-Pressão” apontando para as marcas do tempo pressionadas no rosto, de formas diferentes nos lados direito e esquerdo, na negação do tempo, da idade, das fases. Num sentido mais profundo e reflexivo, esta comparação se estende à fixação da luz no papel, na criação e evolução da arte fotográfica, na não pressão de todos os fragmentos do tempo que se perdem entre o clique e seu registro. Neste trabalho foram abordadas primordialmente as expressões faciais humanas. Sob o ponto de vista científico observou-se as implicações e razões peculiares do que se entende por expressão de emoções e, sob o ponto de vista artístico, foram explorados dois aspectos: um filosófico que se propunha envolver abordagens históricas e técnicas da fotografia enquanto arte e outro prático, onde foi proposta a elaboração de uma obra de arte visual em formato de série fotográfica. De uma forma geral, a obra visual tinha o objetivo de explorar a figura humana distorcida, ou até mesmo grotesca, partindo das ideias de composições de faces por reflexão de hemifaces (metades do rosto). Em um aspecto mais técnico, a proposta envolvia fazer uma analogia de partes do trabalho prático com fases da história da fotografia. Tais objetivos foram cumpridos com sucesso e, ainda que subjetivos e passíveis da capacidade de abstração do ponto de vista do observador desavisado, como a ideia não incluiu que ficassem óbvias tais nuances considera-se, portanto, cumprida a analogia proposta. Do ponto de vista da aprendizagem e aproveitamento dos estudos, tanto práticos quanto teóricos feitos durante o curso de Especialização em Artes Visuais: Cultura e Criação,

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a experiência foi satisfatória. Houve um notório e importante fortalecimento e enriquecimento das bases teóricas acerca do universo das artes visuais, bem como um maior domínio técnico que foi desenvolvido e aprimorado durante os blocos conceituais do curso. Para além do conteúdo consolidado, obteve-se o saldo positivo de doze trabalhos práticos plenamente satisfatórios quanto à realização e produção artística. Como apontamento para futuros desdobramentos, da obra apresentada aqui como produto final deste trabalho, é importante documentar que, durante o andamento do mesmo, diferentes ideias surgiram como complemento e forma de apresentação da obra visual. A proposta inicial da série artística foi, durante o seguimento do trabalho, se mostrando mais como um estudo que a peça artística em si. Esta para efeito mostrou-se mais significativa e completa com a montagem que foi denominada de Frankney. Considerou-se por tanto imperativo que a obra artística válida para representar o trabalho fosse esta que resume e simboliza todas os sujeitos e tempos da fotografia em uma só obra. Considera-se então para fins deste trabalho, toda a série fotográfica, bem como o Rosto sem face (montagem do rosto sem expressão) – (apêndices A, B, C e D) como estudo prático, sendo a peça final anteriormente denominada Frankney, a obra de maior significado, passando então a ser intitulada InExPressões (apêndice E). Conclui-se ao fim que a obra artística InExPressões se mostra como uma experiência positiva e culminante do processo de aprendizagem construído durante todo o curso.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES APÊNDICE A – Cinco expressões humanas (alegria, dor, tristeza, raiva e surpresa)

Fonte: autora Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

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APÊNDICE B – Hemifaces direitas (alegria, dor, tristeza, raiva e surpresa)

Fonte: autora Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

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APÊNDICE C – Hemifaces esquerdas (alegria, dor, raiva, surpresa e tristeza)

Fonte: autora Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

42

APÊNDICE D – Rosto sem face

Fonte: Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

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APÊNDICE E – InExPressões

Fonte: Pollyanna Guimarães da Silva de Morais (2013)

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