Infidelidade ou traição? Diferenças fundamentais

July 24, 2017 | Autor: S. Ferreira de Souza | Categoria: Dor, Traição, Infidelidade, Sentido De Perda
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TRAIÇÃO ou INFIDELIDADE?
Sávio Ferreira de Souza

O título nasceu de um fato curioso, pois como Orientador Familiar é comum perceber nos programas com filmes algumas cenas de infidelidade rapidamente denominadas como traição, mormente pelas esposas que assim denominam tanto a troca de carícias e as confidências, quanto à fornicação. No entanto, vistos mais amiúde, muitos desses fatos não passam de infidelidades erroneamente apelidadas. Nota-se que o uso do termo objetiva ressaltar ou agravar, verbalmente, o ato faltoso cometido pela pessoa com quem se mantém um relacionamento estável, tipificado pela fidelidade ao casamento. Depreende-se, assim, que o uso do vocábulo traição advém da percepção de ser, a força penal da infidelidade, menor do que a da traição. Mas isso ocorre muito mais pela falta de arrependimento do autor do que pela sua força destruidora, o que é equivalente. O fato é que, desde um simples olhar, um flerte, uma infidelidade até uma traição há uma enorme gradação que vai desde o simples desejo até a exploração total do ser humano, pela sedução.
É fato que no cotidiano as palavras infidelidade e traição se confundem, porém, muito mais pela pobreza na criação de expressões linguísticas a adequar palavras à indignação real, causada tanto pela infidelidade quanto pela traição. Assim, quando se entende que a infidelidade causa menor impacto nos terceiros, o ofendido opta por utilizar o significado sonoramente mais forte, que englobe o menor. Afinal, pensam, quem trai é infiel!
No entanto a simplificação embaça as diferenças abismais entre os vocábulos, principalmente em relação às consequências do ato, somente conhecidos quando as relações são analisadas pelo princípio de escolha existente ao causador do dano: amor ou egoísmo? E os atos seguintes: arrependimento ou não, perdão ou separação!
É a resposta à essas indagações durante a análise do fato e das decisões passadas e futuras havidas entre os atores envolvidos frente a essas duas relações, a única que poderá dizer, de fato, quando ocorre uma ou outra. Ora, entender qualquer atentado contra as expectativas de uma relação como o casamento, por exemplo, como traição, dá-se muito mais pelos sentimentos de indignação, que clama por vingança, do que pelo uso da racionalidade, único meio capaz de aplicar graduações à falta cometida. Infelizmente estas confusões e conceitos nascem da "cultura da separação" expressa na frase – "se não der certo, separa...", vivida atualmente, causando sofrimento, frustrações e arrependimentos futuros.
Assim se justifica a discussão aberta que se pretende dar início, por este artigo.
AS DIFERENTES PERCEPÇÕES
O sentido humano da traição assemelha-se muito mais à experiência do roubo provada pelo traído, do que de perda, que resume as tristezas da infidelidade. Isso porque a Traição, desde logo, difere da infidelidade pelo efeito de gerar, no outro, um sentimento equivalente ao de um prejuízo material a alguém, uma frustração que toma corpo e materializa uma dor tão forte que, embora de origem afetiva, equivale a amputação de um membro, fenômeno bem expresso por Chico Buarque na canção Pedaço de Mim:

Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar.
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais.
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu.
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi.
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor. Adeus


Por isso o sentimento gerado pela traição, além da acepção da dor materializada, revela muito mais a impressão de sentir-se vendido por alguém em quem se confiava. Esse efeito é tão forte que, dada sua repercussão em termos de Pátria, transforma-se na única exceção que autoriza a Pena de Morte para o traidor. Isto, aliás, em vários ordenamentos jurídicos, também no Brasileiro cujo Código Penal Militar pune a traição (art. 355) com a pena de morte quando em grau máximo ou com vinte anos de reclusão quando em grau mínimo.
Percebe-se que a repulsa pela perda sofrida causa um enojamento tal que se autoriza até o ponto da eliminação da pessoa, naquele caso extremo. Entretanto, ainda que não condene um cônjuge à morte, o enojamento é o mesmo. Esta característica deixa evidente que deslealdades ou infidelidades não se equiparam ou se confundem à traição.
A língua inglesa oferece melhores expressões idiomáticas que a portuguesa à graduação existente entre a infidelidade e a traição, acomodando-as a situação vivida. A expressão "enganar-cheat on", por exemplo, sintetiza uma infidelidade amorosa: Eu peguei meu namorado me enganando – I caught my boyfriend cheating on me. Porém, se o ato for mais grave, usa-se a expressão "apunhalar pelas costas: stab in the back" – Ele foi apunhalado pelas costas por seus amigos – he was stabbed in the back by his friends.
Como se vê, ambos os exemplos tratam de infidelidades, pois não denotam perdas materiais nem geram a sensação de roubo, mas de quebra de expectativas; decepções amorosas e sentimentais. Estas últimas são as que geram a sensação de perda, nunca de roubo. Não se pode, portanto, compará-las à uma traição onde alguém se aproxima sentimentalmente da outra para explorá-la sexualmente, por exemplo.
Para estes casos, em que há perda material (além da afetiva), o termo mais apropriado seria betray tal como quando o ato gere danos materiais à pátria, como na revelação de segredos de Estado. Se nas infidelidades, o sentido da perda, causa pena (coitado); lamentos (frouxo) ou até indignação (covarde), na traição o traidor merece adjetivos que denotam nojo, repulsa ou aversão: DESPREZÍVEL; VIL; RATO; VIRA-CASACA, DEDO-DURO.
Curiosamente, o fato, no Brasil, se repete quando um torcedor troca de time de futebol, muito embora não se tenha a mesma reação quando se troca de esposa ou de marido.
A infidelidade, além de não envolver a perda material ao ofendido, abre espaço para o arrependimento e, consequentemente ao perdão, que supera o evento com frutos superiores aos existentes na vida anterior ao ato infiel, dependendo de como a situação se resolva no futuro. Isso porque o sentimento gerado não é de roubo ou de venda, mas de perda: da confiança, da fé, dos planos futuros. A perda sempre se reconstrói com mais facilidade.
Em termos amorosos a traição, em grau máximo, seria o marido seduzir a esposa para explorá-la sexualmente com fins de lucro, por exemplo. É o tirar proveito material do outro, destruindo sua afetividade pela pérfida confiança. Por isso o enojamento, que mesmo com o arrependimento do causador e o pedido de perdão, raramente obtém aceitação do ofendido.
Já a infidelidade, sendo uma quebra da lealdade; da promessa ou do encanto, tecida por procedimentos mútuos, geram perdas afetivas mais "palatáveis" de serem desculpáveis, por terem causa na fraqueza de caráter, mesmo não sendo fáceis.
Em todos os casos, seja na traição, seja na infidelidade, sempre há perda espiritual de confiança e de justiça, sendo essa, provavelmente, a causa da confusão entre os vocábulos.
Quando se recebe um segredo em confiança e se repassa a outrem, comete-se infidelidade pela indiscrição, não uma traição. A pessoa que confiou na outra o segredo, salvo em caso de necessidade absoluta, não precisava fazê-lo e ao confiá-lo ao amigo assume o risco de que este cometa uma inconveniência, pelo que não se fala de roubo, mas de decepção. Não há perda material, mas espiritual. Há extremos em que o segredo é vital e, se revelado, pode causar perdas e até a morte dos envolvidos, o que configuraria uma traição, mas por ser exceção, foge do ponto central do artigo, não sendo aqui tratada.
Não é o ATO em si, portanto, que se define como infidelidade ou traição, mas um conjunto de causas e efeitos, ao fim (ou intenção) visado e as circunstâncias ligadas ao ato, e que cercam a ação. A combinação desses elementos é a que dará gradação, pela intenção e distinção, ao ato. Quando há uma fornicação, por exemplo, não há, ainda, leviandade ou infidelidade, mas um fato que irá depender de outros fatores ou atores para sua definição (ser casado ou solteiro, estar sob efeito de álcool ou psicotrópicos, ser obrigado a fazê-lo para evitar um mal maior...). Em todas essas situações, em termos religiosos, há o pecado nas relações entre o humano e a Divindade, que embora relacionado ao tema, não é aqui tratado.
O certo é que ambos, infidelidade ou traição, quando conhecidas, quebram expectativas e liames futuros que nascem da confiança, partida pela quebra dos pactos.
A UNIDADE CORPO & ESPÍRITO
Já se viu não ser, o ato em si, o que define sua propriedade, mas as disposições dos agentes e a materialidade ou espiritualidade das consequencias. Desde logo se explica que, embora este trabalho se refira à materialidade e a espiritualidade humana em separado, isso se dá fictamente. Não é possível abstrair os impulsos instintivos de origem biológica, nem da afetividade (psicológico) nem da vontade (noológico), pois o ser humano é uma unidade que não permite que o corpo diga ao espírito: ausente-se, pois vou cometer uma infidelidade. Não há, portanto, que se falar em deixar a vontade fora do quarto enquanto se segue os instintos primários, por absoluta impossibilidade. Assim que, todos os atos humanos são gerados na afetividade e na racionalidade em conjunto. Quando aqui se fala em separação é apenas para que, de forma didática, fazer notar a ênfase dada a cada uma dessas naturezas, quando da decisão de se cometer a falha, infidelidade ou traição.
Da mesma forma que não se confunde infidelidade com traição, tampouco se deve considerá-los consequentes um do outro, como se fossem uma só coisa, do contrário não haveria sentido para suas separações nem graduação para suas penas. Essa separação é clara no estudo da Doutrina Católica (base da sociedade ocidental, o que justifica a comparação).
O Catolicismo resolve esta questão separando-as em pecados: veniais; mortais e a blasfêmia ou ataques contra o Espirito Santo.
O PARALELO DAS NORMAS DE CONVIVÊNCIA E A RELIGIÃO
O que se busca com esta comparação é caracterizar o que se encontra na traição – capaz de condenar alguém à morte – distinguindo-a da infidelidade, que abre espaço ao arrependimento e ao perdão, comparando-as com os pecados, base do ensinamento cristão católico. É certo, como já visto, que em ambos há lugar para o arrependimento. Porém, quantos de fato morreram seguros dos atos que fizeram negando seus ideais e promessas? Inúmeros! Seja por descaso, como os casados ao negarem suas promessas nos divórcios ao mesmo tempo em que reclamam não poderem ser aceitos no seio da Igreja sem que a situação fática se resolva, seja por total egoísmo, que se fecha ao arrependimento.
Há, por certo, um paralelo entre os atos da sociedade e as definições de pecado da Doutrina Católica. Se uma fornicação entre solteiros tem um efeito comportamental na sociedade atual, que a aceita com desconfiança, ela, embora seja considerada grave na religião, que o qualifica como pecado mortal, também sofre influência do meio para ser qualificado. Vejamos: segundo os dizeres de Cristo, a raiz do pecado reside na livre vontade do ser humano, ou seja, em suas escolhas, atitudes e ações, senão vejamos: "é do coração que procedem as más inclinações, assassínios, adultérios, prostituições, roubos, falsos testemunhos e difamações. São estas as coisas que tornam o ser humano impuro" - Mateus 15, 19-20 (Catecismo 1853). Ora, quando há confusão de costumes, como os que se vivem atualmente, em que a educação caseira mundana vê como normal o prazer sexual, será que este costume nasce, de fato, do coração do jovem mal formado? Será que as famílias que absorveram este conceito a ponto de vendar os olhos do que acontece nos quartos dos filhos, como uma ação a lhe prover maior segurança, tem mesmo tamanha culpa a ponto de fazer perder a alma de um jovem mal formado? Não terão seus pais, educados na Doutrina Católica – que embora conheçam a doutrina, viram suas faces para não criarem mal estar com filhos – maior culpa? Será que estes filhos tem real conhecimento deste pecado, que tem sua base na autossuficiência, a ponto de haver motivado Santo Agostinho a dizer que "o pecado é amor de si mesmo até o desprezo de Deus". Não nos parece real que a juventude de hoje tenha este conhecimento, pelo que as consequências desses atos não serão julgadas da mesma forma.
Há de ressaltar, porém, que o vocábulo leve aos olhos humanos, não alcança a real dimensão do que ele representa realmente, pois o pecado é sempre um ato de agressão contra o amor a Deus, devido por todas as criaturas. Este detalhe lhe dá sua real dimensão: uma deslealdade por "abuso da liberdade que Deus dá ás pessoas criadas para que possam amá-lo e amar-se mutuamente" ( p.98). Portanto, para Deus não existe pecado grande ou pequeno. Todo pecado é ofensivo a Ele e tem como resultado o afastamento de Deus.
Da mesma forma, nos casos em que há arrependimento real, não há que se falar em penas leves ou graves, nem de morte ou castigo eterno, pois conta-se com a misericórdia divina, que é infinita. Há, sim, penalidades, mas, quando há a disposição sincera de se refazer o caminho rompido pela falha cometida, tudo se abranda. Infelizmente, no entanto, muitos morrem com suas falhas sem se declararem culpados ou se arrependerem do caminho percorrido até sua caída. Uma questão de ignorância ou de escolha.
Essa separação entre pecados veniais e mortais e sua comparação com a vida mundana é vital para que os casados tenham em mente que nem toda fornicação dentro da constância do casamento é uma TRAIÇÃO, pois o uso desse vocábulo normalmente enubla a possibilidade de reatamento. Na mesma medida, o pecado mortal, por mais grave que seja, pode ter seus vínculos rompidos com o Céu reatados após uma confissão sincera e a consequente absolvição recebida da parte de um sacerdote. Desse reatamento, quando compreendido em toda sua dimensão, faz nascer uma relação muito mais madura e vigorosa.
A fornicação é um bom exemplo. Seu significado mundano é "praticar relação sexual com; copular". Já em termos religiosos, fornicar significa "a relação com teor sexual sem estar casado, violando o pecado da carne". Vê-se que o ato só será definido como falta, infidelidade ou traição, no futuro, quando se souber as intenções do agente. O pecado da carne, nesta situação, dependendo da disposição do agente pode até ser venial, pois se tem em conta a fraqueza humana frente aos seus instintos: primários ( biológico) e secundários (psicológicos), deixando claro que fraqueza não se confunde com determinação em quebrar a regra.
Porém, se a fornicação se der com uma pessoa casada ela configurará um adultério, situação grave prevista no sexto mandamento do Decálogo. Configura-se, portanto, em um pecado mortal – uma infidelidade grave. Dependendo da situação pode até se configurar como traição em grau mínimo, quando houver premeditação seguida de arrependimento, confissão e absolvição válida. As penas, nesse caso, a exemplo do Código Penal Militar, abandonam a morte para assumir a condição de uma infidelidade grave, que exige reparação, ou seja, a humilhação frente ao cônjuge, o pedido de perdão e a promessa sincera de não voltar a cometê-la. Embora a absolvição reabilite a pessoa às Graças de Deus, o reato da culpa será pago no purgatório. Isso, na mesma medida em que a uma sentença contra traição pode livrar da morte (Código Militar), depois de percebida a intenção do agente, mas não livrará o traidor de ser condenado a, no mínimo, 20 anos de prisão.
Se até agora foi falado sobre infidelidades e seus paralelos religiosos, falta ainda abordar a TRAIÇÃO para compará-la com seu equivalente religioso: a blasfêmia contra o Espirito Santo. Se a traição em seu grau máximo em termos de pátria pode levar à morte do traidor, também a Igreja declara que há um pecado que não pode ser perdoado, denominado de Blasfêmia contra o Espirito Santo, previsto no Catecismo da Igreja Católica Romana.
§1864 "Todo pecado, toda blasfêmia será perdoada aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada" (Mt. 12,31). Pelo contrário, quem a profere é culpado de um pecado eterno. A misericórdia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo. Semelhante endurecimento pode levar à impenitência final e à perdição eterna.

Vê-se que as gradações entre falta, infidelidade ou traição no mundo civil segue a mesma sequência no mundo religioso com seus pecados leves, graves e os indesculpáveis, que levam inexoravelmente à morte. Quanto a sua aplicabilidade desses termos, ver-se-á mais tarde, ainda neste documento, por comparação de casos reais.
EXEMPLOS COTIDIANOS DE TRAIÇÃO
A traição, por ser um ato da vontade, é premeditada e tem no egoísmo a causa que irá gerar prejuízo material ao outro. Uma empresa que contrata um funcionário, sob certas condições, conhecidas de ambos os contratantes – nem sempre apostas em contrato – , quando não cumpridas no futuro configuram uma traição à confiança depositada entre as partes quando são causa de uma perda material ao outro, tanto o funcionário quanto a empresa. Essa traição, no entanto, pode se reduzir a um ato infiel quando e se houver arrependimento da parte faltosa com a consequente reparação do dano causado.
Por outro lado, como exemplo, tem-se o funcionário que recebe uma bolsa de estudo visando melhorar sua expertise para vir a ocupar outro cargo na mesma empresa mediante acordo. Porém, após lograr êxito, acossa a empresa com ameaça de sair para a concorrência para conseguir mais do que o combinado. Se sair, trai a empresa, pois lhe causou prejuízo material sobre o investimento efetuado que visava a melhoria para ambos, mas como isso era um risco conhecido, a traição se dá em grau mínimo. Se, por outro lado, consegue extorquir seu intento, além de trair a confiança da empresa, causa-lhe, também, o prejuízo inesperado do aumento do salário além do combinado, para não perder o tempo até treinar outro. No entanto, de uma forma ou de outra, haverá perda material de uma das partes e o mal estar da convivência poderá gerar vinganças futuras pela falta de reparação material, quanto também pela quebra total da confiança.
Pelo lado espiritual (afetos), a traição, por ser premeditada, baseia-se na racionalidade que comanda a vontade que se fortalece com a falta de arrependimento. Isto impedirá a recepção do perdão de parte do ofendido. Já a infidelidade, por ter sua base nos impulsos da afetividade humana, facilita o arrependimento, abrindo as portas ao perdão, cuja força, quando sincero, vivifica qualquer relacionamento.
Com esses elementos é possível, trazendo à baila os eventos mais conhecidos da era Cristã: a traição de Judas e a infidelidade de Pedro para exemplificar suas diferenças.
É assim que, em última análise, aplicando-se o critério acima, se é capaz de afirmar que Judas foi traidor em grau máximo, mas não infiel, e que Pedro foi infiel em grau máximo, mas nunca traidor.
A traição de Judas
Judas não foi infiel ao Senhor, pois não se tem conhecimento de nenhum voto, promessa ou compromisso efetuado por ele à Cristo. Se houve alguma expectativa de Jesus, e por certo houve, ela foi unilateral, como, aliás, ocorreu no chamamento de todos os Apóstolos. Cristo os escolheu e não eles à Cristo. Judas juntou-se ao grupo mais seleto dos apóstolos, sendo parte dos doze que mais perto permaneciam de Jesus. Porém, ele pouco falava e o que se sabe dele é por relatos de outros, que, aliás, o tinham como ladrão e possuidor de um espírito critico, que se lê de sua reclamação sobre o suposto desperdício do derramamento de perfume de Nardo puro de grande valor para lavar os pés do Senhor. Porém, como esses relatos foram escritos após a traição, é razoável que só suas intervenções negativas sejam lembradas pelos que se sentiram traídos, junto com Cristo. Foi escolhido entre muitos para ser um dos doze, uma grande honra, sem dúvidas, mas não se lê nada que possa desvendar as razões que contribuíram para isso. No entanto, apesar de receber tão grande apreço, ao contrário dos outros onze apóstolos, não se converteu ao Senhor. Teve tempo para isso: ouviu as pregações do Mestre e, pela proximidade, pode aclarar, face a face, suas dúvidas. Gozava de confiança, pois carregava a bolsa dos valores que serviam para as necessidades primárias do grupo, muito embora fosse taxado de ladrão por São João.
"Por que traiu a Jesus?", perguntou-se Bento XVI , que também respondeu: "alguns falam da cobiça, enquanto outros sustentam uma explicação de tipo messiânico: a desilusão de Judas porque Jesus não incluía em seu programa a libertação política e militar de seu país". Pelo visto, e esta é apenas a versão do autor deste artigo, Judas não conseguiu abrir mão dos seus planos de vida para viver o ideal proposto pelo Mestre. Portanto, não se pode dizer que lhe foi infiel, pois não se comprometeu a sê-lo, embora seja natural que o simples convívio íntimo gerasse esta expectativa.
É certo que algum fato especifico despertou o seu desejo de seguir Jesus um dia, afinal, não faria sentido que simplesmente ouvisse falar dele de outrem e começasse a segui-lo pelos caminhos da Palestina, sem sequer ouvi-lo, pessoalmente. O mais provável é que algumas palavras, ditas pelo Senhor, tenham despertado nele algum desejo. Algo que tenha se coadunado com algum de seus propósitos mais íntimos, pelo que tanto pode ter sido o anseio de melhora, quanto à cobiça, ou, os seus planos políticos. Seguindo essa linha de pensamento não é difícil fazer uma ligação entre esses objetivos e os embates de Jesus com os Fariseus, onde ficava claro que o primeiro levava incomensurável vantagem, coerente com a ideia comum de um Messias libertador. Esse pensamento, aliás, era comum entre os apóstolos:
"E achou no templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados. E tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas; E disse aos que vendiam pombos: Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu Pai casa de venda. E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorou". (Jo 2:14-17)
No início, assim como todos os chamados, Judas seguia Jesus com retidão. De nenhum dos apóstolos se pode dizer que não tinham suas ambições, mormente entre os doze que por certo almejavam grandes cargos quando o Reino fosse instalado, a ponto da mãe de dois deles (Thiago e João) intercedesse diretamente com Jesus para tê-los sentado, um á sua direita e outro à esquerda, quando e seu Reino. Ambição mais alta impossível! Nesse ambiente, é razoável que Judas, que operava as finanças do grupo, sonhasse com um alto cargo quando o Reino, na forma como idealizada por ele e por outros, fosse definitivamente instalado.
Durante os três anos de convivência, enquanto os onze iam se se convertendo e entendendo mais e mais a doutrina de Jesus, amando-o e seguindo Suas instruções, isso não aconteceu com Judas. Suas ambições pessoais foram se fortalecendo enquanto a admiração a Jesus ia esmorecendo até o ponto em que o Apóstolo perceberia que seus planos diferiam tão radicalmente de Jesus que preferiu colocá-los em primeiro lugar na sua vida. Por quê?
Bento XVI, na mesma ocasião já citada, observou que os evangelistas explicam esta traição "indo além dos motivos históricos" e atribuindo-a a "liberdade pessoal de Judas" como "um ceder a uma tentação do Maligno" (...). Jesus, convidando-o a seguir pelo caminho da bem-aventurança não forçava a sua vontade (...) e respeitava a liberdade humana. Efetivamente são muitas as possibilidades de perversão do coração humano. "O único modo de evitá-las consiste em entrar em plena comunhão com Jesus". Mas isso Judas rejeitou!
Uma vez instalado no organismo, o vírus do egoísmo se espalha rápido, endurecendo o coração de Judas que se afastava a passos largos de Jesus cujos planos não eram de poder, mas de conversão. Judas deixa, assim, que sua consciência se embote e, perdendo confiança no Mestre, sem entender seus planos, passou a mirá-lo mais criticamente, o que, como visto, era uma característica sua. Isso, no entanto, não significa que Jesus o tivesse abandonado, pois lhe proporcionou inúmeras oportunidades de se arrepender e voltar a escolher o amor para suplantar seu egoísmo. Até nos dois últimos momentos de relacionamento, antes de ser arrebatado por ordem dos Judeus, Jesus ainda lhe dá oportunidades de arrepender-se: durante a última Ceia e quando recebe o beijo, no Horto das Oliveiras.
Na primeira, quando Jesus lhe fala – o que tens a fazer, faze-o depressa – não se vê Jesus ordenando a Judas Sua própria entrega, e sim que seguisse sua consciência, com total liberdade, desde que rápido. Não poderia Judas, naquele momento, arrepender-se, pedir perdão e mudar a história? Sim! Como também no horto, quando Jesus lhe pergunta: Judas, com um beijo entregas o filho do homem? Não poderia ele cair em si e, ao menos, derramar uma lágrima de arrependimento? Sim! Mas Judas não fez isso, talvez pensando que durante o encontro Jesus iria compor algum acordo de poder com as autoridades e que tudo voltaria a ser como Judas desejara desde o inicio. E Judas deixou a história correr seu curso, sem uma palavra, lagrima ou qualquer sinal de arrependimento...
São Thomas More em suas meditações, quando encarcerado na Torre de Londres à espera de seu martírio, lembra que o Senhor "não o arrojou da sua companhia. Não lhe tirou a dignidade que tinha como Apóstolo. Nem lhe tirou a bolsa, e isso apesar de ser ladrão. Admitiu-o na última Ceia com os demais Apóstolos. Não hesitou em ajoelhar-se e lavar com as suas inocentes e sacrossantas Mãos os pés sujos do traidor, símbolo da sujidade de sua mente [... Finalmente, no instante supremo da traição, recebeu e retribuiu o beijo de Judas com serenidade e com mansidão."
Porém, com o resultado do julgamento e a sentença de morte decretada, o traidor percebe-se traído e se desespera. Não procurou ajuda entre os outros discípulos ou junto a mãe de Jesus, como fez Pedro. Não! Judas, ao contrário, procurou os homens a quem se tinha vendido, buscando devolver o dinheiro, para ao menos aliviar o sentimento de culpa. Mas Judas recebeu de volta o que se pode esperar de homens como ele mesmo e, após confessar seu arrependimento aos algozes de Cristo, "Pequei entregando sangue inocente! " recebeu deles a lacônica frase: isto é lá contigo! Em seguida, totalmente desesperado, após jogar fora o dinheiro, saiu e foi enforcar-se.
Não lhe passou pela cabeça arrepender-se verdadeiramente do fato e confessar-se aos apóstolos e à Maria, assumindo sua iniquidade, isso porque entendia a si próprio como vítima de uma chantagem daqueles homens que, ao final, o haviam traído também. Judas sente-se como vítima de seu próprio plano e amargura-se ao ponto de tirar sua vida. Sobre isso, termina Bento XVI sua interlocução: "degenerou no desespero e autodestruição", sendo para nós "um convite a não desesperar jamais da misericórdia divina".
Ouvir o Mestre falar de sofrimento, escárnio e morte endureceram o coração de Judas. Porém, ouvi-Lo falar sobre a ressureição não foi capaz de despertar, nele, a virtude cardeal da Esperança e, desesperançado com o fato de ter sido a ferramenta que culminou com a morte d´Aquele à quem um dia admirara, tomou uma decisão: suicidar-se. A configuração clássica da vil traição que gerou a perda material da vida de Jesus em troca de uma vantagem pessoal, independentemente de quanto sofrimento o Amigo pudesse sofrer, reforçado pela falta de arrependimento que impediu seu perdão. Desde então se espalhou o costume de "malhar o Judas" no sábado Santo, reação nascida do enojamento natural de seu ato que clamaria por sua morte, como também nas legislações militares mundiais.
A negação de São Pedro
E o que aconteceu com São Pedro? Traiu Jesus ou lhe foi infiel? São Pedro já conhecia Jesus quando recebeu seu chamado, na ocorrência da pesca milagrosa, que o afetou de tal forma que sua reação o liga à Jesus por um abnegado arranque de sua generosidade. "Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador" (Lc 5:8) e ouviu em resposta um convite: "Não tenhas medo; de agora em diante você será pescador de homens" (Lc 5:10). O convite foi tão forte que, não só Pedro, mas também Tiago e João "arrastaram seus barcos para a praia, deixaram tudo e o seguiram (Lc 5:11).
Com a aceitação do convite, Pedro criou um laço de afinidade com Jesus que exigia, claramente, um comportamento fiel, confirmado ao longo dos três anos de convivência com o Senhor, onde sempre ocupou um protagonismo evidente. Foi elogiado por sua Fé, mas ao mesmo tempo recebe uma reprimenda por pretender demover Jesus de Sua missão na terra. Isso demonstra a fragilidade de sua natureza generosa, autossuficiente, ardente e explosiva, que apesar de claras advertências de Cristo, preferiu ignorá-las, sugerindo certa presunção que acabou originando as infidelidades na tríplice negação.
Interessante notar como as negações de Pedro são mais evidenciadas que a traição de Judas. Não seria porque em Judas se nota o processo de deterioração que preparou sua queda, o que vai tirando o fator surpresa que se vê em Pedro, para quem o tropeço chegou de repente e de forma inesperada? Pedro, inclusive, havia sido alertado pelo Senhor do que iria acontecer, mas fez pouco caso do aviso, um detalhe que denota o processo de amadurecimento da queda que, por não ter sido pequeno, comprova não haver ocorrido desavisadamente. Pedro teve elementos suficientes para notar a aproximação do perigo que lhe exigiria uma atitude decidida para dele se afastar, mas a presunção de seu eterno amor, enublou sua visão. Se tivesse prestado mais atenção ao Senhor ....
Talvez não tenha acreditado que o alerta era real, quando visto do alto de uma soberba de quem já havia provado todo seu amor ao Mestre, inclusive declarando querer morrer com ele. Como poderia negá-lo? Nem mesmo o medo, demonstrado quando se viu seguindo o Senhor, agora prisioneiro, de longe, conseguiu fazê-lo ver que a hora do perigo aproximava-se e correlaciona-la com sua fraqueza. O fato é que, chegado o momento da prova, encontrou-se sozinho e desamparado. Pego de surpresa frente a afirmação de ser um seguidor do Galileu e sem a ajuda de Cristo ou da sua Mãe Santíssima, sentiu, de novo, medo, e negou conhecer o Amigo. Não por uma vez, mas por três vezes, ficando claro que não foi uma resposta dita por reflexo de defesa. Três vezes! Porém, não foi algo premeditado, nem foi uma resposta racional, mas totalmente reflexa e de defesa. Aliás, todos sabem que sentir medo é natural no homem, até o ponto de que a melhor definição de um corajoso é "o medroso que se supera". Pois é, Pedro não superou seu medo e caiu.
Porém, em seguida, tomando consciência de seus atos, volta a procurar Jesus e seus olhares se cruzam, por segundos. Pedro desaba, com um simples olhar! O que tinha feito? Como teria chegado àquele ponto de negar Àquele que mais amava? O desabamento moral é tão grande que ele saiu e chorou amargamente. Quanta dor de arrependimento, sem ver a possibilidade de pedir perdão.
Pedro cai em si e percebe que havia sido traído por seus instintos de defesa, levado que foi pelo medo de ter a mesma sorte do Mestre e se protege com as mentiras de não havê-lo conhecido. Traição? Não! Jesus não perdeu a vida por essa falha de caráter de Pedro. Mas, o que era razoável que Jesus esperasse de seu seguidor mais forte? A coerência da resposta, independentemente das consequencias: sim, sou Galileu e sou Seu amigo.
Pedro, ao contrário de Judas, sucumbiu a um reflexo de sua afetividade, em ato que não causou outro prejuízo a Jesus, além de uma quebra daquilo que um amigo está autorizado a esperar de outro amigo: a fidelidade. Porém, Pedro, arrependido, não procurou a Criada para mostrar-se arrependido frente a ela, buscando reparar um ato irreparável, como fizera Judas. Não lhe serviria de nada como, aliás, também não serviu a Judas. Por isso procurou a mãe de Jesus para chorar sobre seu colo e ali buscar alívio para sua culpa, pela confissão. E ali, junto ao conforto do regaço materno da Igreja nascente, sentiu-se aliviado e confortado, ainda que inquieto com a assombração de seu ato, o que é comum e muito útil à formação do conhecimento. Depois da ressureição, no entanto,Pedro participará de outra pesca milagrosa e receberá seu perdão diretamente de Jesus que o faz repetir, também por três vezes, à pergunta: tu me amas? Sem nenhuma acusação ou menção ao fato, Jesus fez ver ao príncipe dos apóstolos que estava perdoado e qual seria sua missão: apascentar Suas ovelhas.
Traição ou infidelidade?
Como visto, a análise dos fatos dos dois episódios separam radicalmente o entendimento dos vocábulos: traição e infidelidade. A infidelidade de Pedro não deu causa à perda material da vida de Jesus, mas apenas ao abalo da confiança do Mestre em seu discípulo a quem mais confiou e a quem mais o teve perto de si. O ato de Pedro é causa de pena, o de Judas, nojo. Porém, também se vê que um ato de infidelidade leva ao arrependimento e à esperança do pedido de perdão. Por isso, o perdão concedido, contém algo de Divino que obriga moralmente à pessoa perdoada, o que acaba por fortalecê-la para ficar alerta e evitar situações de queda. Por isso, uma infidelidade perdoada tem o condão de elevar um relacionamento à um degrau superior, que talvez não se tivesse consciência antes de se participar de uma queda, manifestada pelo ato infiel. Por outro lado, a grandeza em se conceder o perdão, eleva à pessoa à condição Divina, o que, convenhamos, é algo para se agradecer de joelhos!
O pecado contra o Espirito Santo
SÃO LUCAS é o evangelista que traz ao lume uma dura sentença do Senhor: "Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado" (Lc 12:10), ao que São Marcos acrescenta: esta blasfêmia jamais terá perdão: "quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: é culpado de pecado eterno" (Mc 3:29). O teor de tal sentença é brutal, mormente advindo de Jesus, o amor em pessoa feito carne.
Mas qual seria essa ofensa tão grave? Carvajal relata que: "a blasfêmia imperdoável contra o Espírito Santo consiste precisamente nesse fechar-se à graça, em tergiversar os fatos sobrenaturais: isso é excluir a própria fonte do perdão. Todo o pecado, por maior que seja, pode ser perdoado porque a misericórdia de Deus é infinita; mas, para que se possa receber esse perdão divino, é necessário reconhecer as culpas próprias e acreditar na misericórdia do Senhor".
Esta deplorável atitude, quando ocorre por motivos humanos, ainda que com perda material do ofendido, sempre poderá ser passível de perdão, como também ocorreria com Judas, se ele assim quisesse o que transformaria o caso de traição para infidelidade. Porém, quando a disposição da vontade anula toda a possibilidade de arrependimento, isola-se a pessoa e, ao cair em si, se desespera pelo peso da visão do próprio ato, pelo que não se sente capaz sequer de perdoar-se a si mesmo, quanto mais pedir perdão ao outro.
Quem assim peca – continua Carvajal – contra o Espirito Santo, situa-se voluntariamente fora do alcance do perdão divino. O Papa João Paulo II chama-nos a atenção para a extrema gravidade dessa atitude perante a graça, pois "a blasfêmia contra o Espírito Santo é o pecado cometido pelo homem que reivindica um pretenso direito de perseverar no mal – em qualquer pecado – e por isso mesmo rejeita a Redenção. O homem fica fechado no pecado, impossibilitando ele mesmo a sua conversão e também, consequentemente, a remissão dos pecados, que considera não essencial ou sem importância para a sua vida".
A misericórdia divina, que se exerce por esta ação misteriosa e salvífica do Espírito Santo, "encontra no homem que esteja em tal situação (de falta de abertura à ação da graça) uma resistência interior, uma espécie de impermeabilidade da consciência, um estado de alma que se diria consolidado em virtude de uma livre escolha: é aquilo que a Sagrada Escritura repetidamente designa como dureza de coração (cfr. Sl 81, 13; Jer 7, 24; Mc 3, 5). Na nossa época, a esta atitude da mente e do coração corresponde talvez a perda do sentido do pecado"9.
Opõe-se a essa dureza, a delicadeza de consciência, presente na alma que detesta todo o pecado, mesmo o venial, procurando ser dócil às incontáveis inspirações e graças do Espírito Santo, ao longo do dia. "Quando se tem em bom estado o olfato da alma – dizia Santo Agostinho –, percebe-se imediatamente o mau cheiro dos pecados" 10.
São Pedro descobriu na pesca milagrosa a divindade de Cristo e a sua pequenez. Por isso lançou-se aos pés de Jesus, dizendo-lhe: Retira-te de mim, Senhor, pois sou um homem pecador. Pedia ao Senhor que se afastasse porque lhe parecia que, com as trevas da sua fraqueza, não podia suportar a luz radiante do Mestre. E enquanto as suas palavras declaravam a sua indignidade, os seus olhos e toda a sua atitude suplicavam ardentemente a Jesus que lhe permitisse ficar para sempre com Ele.






Advogado formado pela UCP/RJ, especialista em Marketing pela PUCPR, pós-graduado em Orientação familiar pela Universidade de Navarra - Espanha, Master in Family Education – Young children – pelo European Institute of Educational Sciences – Bruxelas e Mestrando em Educação pela Universidade Tuiuti do Paraná.
Ato ou efeito de seduzir, de induzir ao mal ou a erro por meio de artifícios, de desencaminhar ou desonrar valendo-se de encantos e promessas. - http://www.dicio.com.br/seducao/
Espiritual por não ser material, como os afetos, por exemplo.
II, João Paulo (1993) Catecismo da Igreja, 2ª. Ed.
http://www.dicio.com.br/fornicar/
em 19 de outubro de 2006 - Vatican Information Service.
São Tomás Morus, A agonia de Cristo, comentário a Lc 22, 47-48
CARVAJAL, F. Falar com Deus. Meditações diárias – Tempo Comum, sábado da XXVIII semana. Disponível em: http://www.hablarcondios.org/pt/meditacaodiaria.asp ou por livro na Editora Quadrante, SP. Volume V.
(9) João Paulo II, Carta Encíclica Dominum et vivificantem, 47;
(10) Santo Agostinho, Comentários aos Salmos, 37, 9;
(11) cfr. Santo Agostinho, Sermão 278, 7; (12) São João de Ávila, Sermão 25, para o Domingo XXI depois de Pentecostes, em Obras completas, vol. II, pág. 354; (13) ibid., pág. 355; (14) cfr. Lc 5, 8-9; (15) Jo 21, 17.



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