Inflacção & Deflacção

June 4, 2017 | Autor: Áureo Nhaca | Categoria: Inflation, Deflation, Inflacção, Deflacção
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UNIVERSIDADE TÉCNICA DE MOÇAMBIQUE FACULDADE DE CIÊNCIAS ECONÓMICAS E SOCIAIS

MACROECONOMIA TRABALHO INDIVIDUAL

INFLACÇÃO & DEFLACÇÃO

Discente:

Áureo Jaime Nhaca

Docente:

Dr. Gideão Alberto

Maputo, Março de 2016

ÍNDICE

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1 INFLACÇÃO ................................................................................................................................ 2 Definição ................................................................................................................................... 2 Tipos de Inflacção ..................................................................................................................... 3 Inflacção de Demanda ou Inflacção da Procura .................................................................... 3 Inflacção de Custos ............................................................................................................... 4 Inflacção Inercial ou Inflacção Psicológica........................................................................... 5 Causas da Inflacção ................................................................................................................... 6 • Excesso da moeda em circulação:....................................................................................... 6 • Aumento dos custos de produção: ...................................................................................... 6 • Expectativas dos agentes económicos: ............................................................................... 6 Taxas de Inflacção em Moçambique (2013 – 2015) ................................................................. 7 Relatório Anual (2013, pág. 92) – Conjuntura Interna.......................................................... 7 Relatório Anual (2014, pág. 86) – Conjuntura Interna.......................................................... 7 Relatório Anual do BPI (2015, pág. 17) – Política Monetária e Inflacção............................ 7 DEFLACÇÃO ............................................................................................................................... 8 CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 9 BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................... 10

INTRODUÇÃO

A inflação é um fenómeno económico importante, com efeitos negativos para a economia. Actualmente, deixou de ser apenas objecto de estudo, muitas vezes analisado em diversos livros de Teoria Económica, para passar a fazer parte da agenda diária do cidadão comum. Os meios de comunicação têm sido um importante divulgador das questões referentes à inflacção, elegendo-a como uma das questões económicas mais propaladas.

Nem sempre é feita alusão à palavra inflacção, mas o conceito está implícito, quando muitas vezes se ouve dizer “os preços estão a subir”, ou então quando as pessoas se queixam de estar a perder o seu poder de compra.

Esta é uma questão que não se circunscreve ao sector económico, mas tem implicações em todas as esferas, inclusive a social. Ninguém fica indiferente quando constata que diaa-dia consegue com o mesmo dinheiro comprar cada vez menos coisas, ou pagar um número cada vez menor de serviços. Seguramente, cada um de nós já deve ter ouvido um amigo, vizinho, familiar ou conhecido dizer “a vida está cada vez mais cara”.

No presente tabalho iremos nos debruçar dos demais conceitos e aprofundar a percepção em relação à inflacção, concretamente iremos definir, falar dos tipos, as causas e ilustrar as taxas no período compreendido de 2013 à 2015 de Moçambique. assim como iremos dar uma breve introdução do que é a deflacção. “A inflacção é sempre, em qualquer lugar, um fenómeno monetário” - Milton Friedman

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INFLACÇÃO

Definição

Fala-se muito de inflacção, no entanto, nem sempre se utiliza o conceito da forma mais correcta. Especialistas e leigos muitas vezes falam de inflacção quando o assunto em questão é a subida de preços. Mas a inflacção não é a simples subida de preços, não se pode falar de inflacção sempre que o padeiro decide aumentar o preço do pão ou quando se registam aumentos dos bilhetes do cinema. Isso porque, em economia, os preços são gerados pelos movimentos de oferta e procura e o facto do preço do pão aumentar não significa que se perca poder de compra, porque a par desse aumento podem verificar-se diminuições nos preços de outros produtos, como a bolacha, e, então, pode acontecer que o pão seja substituído pela bolacha. A inflacção não é, assim, a simples subida do preço de um bem ou de um serviço. Ela diz respeito ao processo persistente e relativamente generalizado de aumento dos preços em vigor numa dada economia, observado ao longo de um dado período de tempo. Importa reter nesta definição a expressão “aumento generalizado”, o que significa que a inflacção não recai apenas sobre os preços de alguns bens ou serviços, mas sim sobre os preços da maioria dos bens e serviços.

Inflacção é um processo pelo qual ocorre aumento generalizado nos preços dos bens e serviços, provocando perda do poder aquisitivo da moeda. Isso faz com que o dinheiro valha cada vez menos, sendo necessária uma quantidade cada vez maior dele para adquirir os mesmos produtos. – SANTOS, Emanuel (1998, pág. 18)

A inflacção é definida como um aumento generalizado e contínuo dos preços. Quando, ao contrário, ocorre uma baixa generalizada e contínua dos preços, tem-se o conceito inverso ao de inflacção: a deflacção. – GROENEVELD, Johannes (1998, pág. 46)

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Tipos de Inflacção

Se, se tomar as causas da inflacção, encontram-se dois tipos básicos: inflacção de demanda ou procura e inflacção de custos, mas debruçaremo-nos da inflacção inercial ou psicológica.

Inflacção de Demanda ou Inflacção da Procura

A inflacção de demanda deve-se à existência de excesso de demanda em relação à produção disponível. Nesse sentido, essa inflacção aparece quando ocorre aumento da demanda acompanhado pela oferta. Portanto, é mais provável que ela apareça quanto maior for o grau de utilização da capacidade productiva da economia, isto é, quanto mais próximo estiver-se do pleno emprego. Esse excesso de demanda pode ser ocasionado por expansão monetária decorrente de défice público não financiado por poupança privada (colocação de títulos do governo junto ao público). Nesse caso, os indivíduos vêem seus saldos monetários aumentar e, com isso, vão ampliar a demanda. Como a oferta é relativamente rígida a curto prazo, os preços tendem a subir. É importante destacar que o aumento do estoque de moeda gera aumento no nível geral de preços, que só se tornará um processo inflaccionário caso o processo de emissão monetária continue, isto é, persista o défice público. Sendo assim, o combate à inflacção de demanda implica eliminar o défice público, de modo a estancar a emissão monetária. Tanto a chamada corrente monetária, como a corrente fiscalista, partem de um diagnóstico de inflacção de demanda, diferindo na forma de combate-la: os monetaristas enfatizam a política monetária e os fiscalistas priorizam políticas fiscais e de rendas (exemplo: congelamento de preços e salários).

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Inflacção de Custos

A inflacção de custos pode ser considerada uma inflacção de oferta, que decorre do aumento de custos das empresas repassados para preços. Várias podem ser as pressões de custos:

I.

Aumento no preço das matérias-primas e de insumos básicos de correntes de quebra de safra agrícola, por exemplo, ou desvalorização cambial que aumenta o preço da matéria-prima importada;

II.

Aumentos salariais, via negociações ou política governamental, sem estarem ancorados em aumentos de produtividade do trabalhador;

III. Elevações nas taxas de juros, etc...

Toda elevação de custos implica numa redução do incentivo ao empresário em produzir determinada mercadoria, caso ele não possa repassar integralmente a elevação dos custos ao consumidor. Dessa forma, tende a ocorrer uma redução da oferta da mercadoria. Com a queda na produção, a mercadoria fica mais escassa e chegará ao consumidor final por um preço mais elevado. Constata-se que o combate a este tipo de inflacção é ainda mais difícil. Ele, em parte, pode ser conseguido com a redução das margens de lucro das empresas, mas nem todas estarão dispostas a fazê-lo. Uma alternativa seria a busca de fontes de energia ou insumos que também não estão sempre disponíveis.

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Inflacção Inercial ou Inflacção Psicológica

Consiste numa situação especial, na qual a inflacção não é necessariamente gerada por uma demanda muito elevada ou por uma oferta reduzida. Também é conhecida como inflacção psicológica. Ela ocorre quando a população de modo geral acredita que os preços irão continuar subindo. Essa crença se deve a um processo conhecido por indexação da economia. Indexar significa juntar preços, salários, contractos, aluguéis, dentre outros, a determinados índices de mensuração da inflacção.

Constata-se que indexação da economia é um recurso utilizado quando a inflacção se torna crônica em um determinado país. O seu objectivo então é louvável. Pela indexação de contractos, preços, aluguéis e salários, as perdas decorrentes da desvalorização da moeda são minimizadas. O grande inconveniente é que a inflacção passada serve de parâmetro para o aumento de preços futuros, mesmo que as causas originais de elevação de preços (elevação da demanda ou redução da oferta), já detenham desaparecido.

Com isso, a inflacção se retroalimenta, gerando muitas vezes uma tendência de crescimento exponencial, que pode culminar num processo hiperinflacionário, como ocorreu no Moçambique no ano de 2006, quando a inflacção chegou a 9.37% ao ano. Constata-se que a inflacção crônica moçambicana forçou o país a mudar várias vezes o seu padrão monetário.

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Causas da Inflacção

Uma das causas da inflacção é o aumento da emissão de papel-moeda pelo Governo para cobrir os gastos do Estado. Quando isso acontece, há um maior volume de dinheiro em circulação no mercado mas não há criação de riqueza ou aumento de produção. Nestes casos, é exigida maior quantidade de dinheiro para adquirir a mesma quantidade de producto, resultando em inflacção. Também são causas da inflacção a demanda por produtos (aumento no consumo) maior do que a capacidade de produção do país e o aumento nos custos de produção (máquinas, matéria-prima, mão de obra) dos produtos. Normalmente, são apontadas como principais causas da inflacção o excesso de moeda em circulação, o aumento dos custos de produção e as expectativas dos agentes económicos. • Excesso da moeda em circulação: Quando a quantidade da moeda em circulação aumenta sem o correspondente aumento da produção de bens e serviços, os preços têm tendência a subir em virtude do aumento da procura. • Aumento dos custos de produção: Este aumento surge quer pelo aumento dos salários sem o correspondente aumento da productividade dos mesmos, quer pelo aumento dos preços das matérias-primas. Quando esse aumento se verifica nas matérias-primas essenciais ao processo productivo, acaba por se estender à generalidade dos bens e serviços. • Expectativas dos agentes económicos: As previsões relactivas ao aumento dos preços provocam nos agentes económicos um conjunto de comportamentos que contribuem para o agravamento do próprio processo inflaccionário: - Os consumidores antecipam o seu consumo; - Os trabalhadores reivindicam aumentos salariais; - Os bancos aumentam as taxas de juro; etc.

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Taxas de Inflacção em Moçambique (2013 – 2015)

Segundo o relatório anual do Banco de Moçambique (http://bit.ly/InflaMoz) temos o seguinte: Relatório Anual (2013, pág. 92) – Conjuntura Interna Em 2013, a Política Monetária foi implementada na perspectiva de favorecer a prossecução dos principais objectivos macroeconómicos do Governo. Dados disponíveis analisados neste relatório indicam que os indicadores evoluiram em linha com o programa estabelecido, tendo sido alcançados os seguintes resultados: • A inflacção média anual foi de 2.96%; Relatório Anual (2014, pág. 86) – Conjuntura Interna Em 2014, a Política Monetária foi implementada de forma prudente de modo a assegurar a prossecução dos principais objectivos macroeconómicos do Governo. Exceptuando as RIL, os principais indicadores macroeconómicos evoluíram em linha com o programa, conforme se pode ver: • A inflacção média anual foi de 2.29%; Relatório Anual do BPI (2015, pág. 17) – Política Monetária e Inflacção O índice de preços de Maputo, que serve de referência para as decisões de política monetária, chegou

a

registar

taxas

de

variação homólogas negativas nos meses de Abril e Maio, mas a partir daí voltou a aumentar progressivamente, tendo chegado aos 5.7% y/y em Novembro. Para além do efeito da desvalorização

Gráfico 1 – Inflacção em Moçambique de 2009 à 2015

do Metical, esta subida resultou também do aumento do preço de alguns bens alimentares subsidiados (em particular o pão) e do aumento das tarifas de electricidade e água nos últimos meses. Fonte http://bit.ly/InflaBPI2015 7

DEFLACÇÃO

Toma-se deflacção como o processo inverso da inflacção, ou seja, uma diminuição do índice de preços no consumidor, uma queda de preços. Quando a inflacção diminui de 3% ao mês para -1%, por exemplo, pode-se dizer que houve deflacção. Ou seja, a inflacção assumiu um valor negativo • Deflacção – baixa generalizada e contínua do nível geral de preços. • Deflacção – tendência natural de toda a moeda (quando não há emissão de dinheiro novo). Como o ritmo de redução dos preços costuma ser bastante lento e previsível, o mercado não sofre da perturbação constante que costuma ocorrer nos períodos de inflacção. A contrapartida da deflacção é o aumento do poder aquisitivo da moeda.

Gráfico 2 – Ilustração de Deflacção

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CONCLUSÃO

Desta forma podemos concluir que este estudo contribuiu para uma melhor compreensão sobre a gama da inflacção, o quão ela é prejudicial a economia, mas sim importante estudo para que possamos melhor analisar e prespectivar o futuro monetário, económico e social de um determinado país.

Dá-nos uma visão mais ampla no como interpretar a inflacção e os seus tipos, assim como a deflacção, e como a sua medição é feita, sendo esta através de uma cesta de consumo médio da população.

Muito obrigado!

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BIBLIOGRAFIA - GROENEVELD, Johannes M.: Inflation Patterns and Monetary Policy – lessons for the European Central Bank, ed. Edward Elgar, 1998. - SANTOS, Emanuel Augusto dos: “O Índice de Preços no Consumidor e o Verdadeiro Índice de Custo de Vida”, in Revista de Estatística, nº 4, 1º quadrimestre de 1997, INE Instituto Nacional de Estatística.

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