Influência da Expansão do Solo na Obtenção dos Parâmetros Geotécnicos Obtidos com Ensaios de Laboratório

August 13, 2017 | Autor: Ilço Ribeiro Junior | Categoria: Geotecnia, Solos Tropicais, solos expansivos
Share Embed


Descrição do Produto

Influência da Expansão do Solo na Obtenção dos Parâmetros Geotécnicos Obtidos com Ensaios de Laboratório Karyn Ferreira Antunes Ribeiro Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Cuiabá, Brasil, [email protected] Ilço Ribeiro Júnior Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso, Cuiabá, Brasil, [email protected] RESUMO: Este trabalho tem o objetivo apresentar o comportamento de um solo expansivo da Baixada Cuiabana quando compactados. Este estudo consiste em comparar os métodos de obtenção dos parâmetros nos ensaios de compactação, que será influenciado pela expansão do solo. As amostras foram analisadas com inserção da água de compactação no ato do ensaio com e sem reúso de amostra e inserção de água com 24 horas de antecedência à compactação do material também com e sem reúso de amostra. Outro método estudado foi o comportamento do material com e sem secagem prévia nos ensaios de Limites de Atterberg e Granulometria. De uma forma geral, o solo expansivo da Baixada Cuiabana se mostra sensível ao tempo que a água é inserida no processo de ensaio, na curva de compactação do solo. Conhecer as características peculiares do solo com que se trabalha, e aplicar simplesmente a metodologia dos ensaios propostos pelas Normas Brasileiras nos ensaios de caracterização e compactação podem levar a obtenção de dados que não refletem a realidade do material. Para uma boa obtenção de parâmetros, é sempre viável tentar reproduzir no laboratório as mesmas condicionantes encontradas no campo. PALAVRAS-CHAVE: Solo Saprolítico, Expansão e Compactação. 1

INTRODUÇÃO

Na Baixada Cuiabana os problemas mais comuns dos solos são de expansão. A expansão ocorre em todo os tipo de obra de pequeno porte. Os danos provocados por solos expansivos estão posicionados em terceiro lugar dentre as seis catástrofes naturais mais perigosas do mundo, sendo elas: terremotos, escorregamentos, solos expansivos, ciclones, furacões e enchentes. No Brasil solos expansivos podem ser encontrados em diversas regiões (VARGAS, 1989). Para Pinto (2006), quando pequenas construções são feitas em solos expansivos, o efeito da impermeabilização do terreno pela própria construção pode provocar uma elevação do teor de umidade, pois, antes da construção, ocorria evaporação da água que ascendia por capilaridade. E o aumento de umidade pode provocar expansões, que danificam as

construções, provocando trincas ou ruínas. A presença de solo expansivo tem causado constante preocupação entre pesquisadores e profissionais que trabalham com obras geotécnicas, pois o uso indiscriminado deste material pode gerar enormes prejuízos a tais obras. Deste fato, resulta o interesse e a importância dos constantes trabalhos relacionados a este assunto. Estes materiais podem gerar instabilidades em taludes, subleito de pavimentação, fundações de grandes estruturas, desabamento de túneis, devido, principalmente, a sua propriedade de expansibilidade, (FRAZÃO E GOULART, 1976; PEREIRA 2004). Existe também uma dificuldade na compactação dos solos residuais de filito. Nas obras de grande movimentação de terra como em construções de barragens e rodovias, a disponibilidade e a localização dos solos adequados aos padrões tecnológicos são fundamentais no custo do empreendimento.

Entretanto, esses materiais nem sempre se encontram à distância ou em quantidade economicamente viáveis. Para não onerar custos com o transporte, às vezes se resolve compactar solos residuais (GUIMARÃES et al., 2003 apud RIBEIRO JÚNIOR, 2006). Segundo Santos et al. (2003), os solos saprolíticos da Baixada Cuiabana apresentam uma instabilidade entre a massa específica aparente seca e o teor de umidade durante o processo de compactação. A curva de compactação destes solos apresenta não um pico, mas uma banda de pontos de máximos. Sendo assim é quase impossível determinar a umidade ótima para a compactação destes solos em campo. 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1

Características dos Solos Expansivos

A expansão de um solo é a variação de volume resultante da mudança de umidade ou sucção. Ferreira (1994) apud Ribeiro Júnior (2006), alerta que é difícil identificar um solo expansivo, pois a expansão não depende unicamente das propriedades intrínsecas do solo, mas também das condições em que se encontram (teor de umidade e sucção) e das que são impostas (carregamento). O fenômeno de expansão dos solos é muito complexo, envolvendo um conjunto de fatores que influenciam e interagem entre si, tais como a composição das argilas (argilomineral) e fatores ambientais(clima da região, natureza do fluido, grau de saturação do solo). Segundo Pinto (2002) apud Ribeiro Júnior (2006), os limites de Atterberg indicam a influência dos finos argilosos no comportamento do solo, isto porque eles têm se mostrados muito úteis para identificação e classificação dos solos. O potencial de expansão geralmente aumenta com o limite de liquidez e o índice de plasticidade. Quando se quer ter uma idéia sobre a atividade da fração argila, os índices de Atterberg devem ser comparados com a fração argila presente. Segundo López et al. (1999) apud Ribeiro Júnior (2006), retrata que existem vários métodos para identificação de um

soloexpansivo, onde alguns métodos dúvidas por serem empíricos. Segundo eles, um método eficaz de identificação são as análises mineralógicas da matéria argilosa, onde permite um conhecimento profundo sobre o fenômeno da expansão e permite um raciocínio científico sobre o tratamento para a expansão com diversos materiais. Estes ensaios podem ser de difração de raios-X, análises calorimétricas, espectropia por raios infravermelhos ou microscopia eletrônica de varredura, como demonstrados nas Figuras 1 e 2.

Figura 1. Ensaio de microscopia eletrônica do solo saprolítico de filito seco: + 3000 X. (FUTAI, 1995).

Figura 2. Ensaio de microscopia eletrônica do solo saprolítico de filito inundado: + 3000 X. (FUTAI, 1995).

2.2 Característica Cuiabana

do

Solo

da

Baixada

O solo utilizado para o estudo é o saprolítico resultante do intemperismo das rochas de filito apresentando xistosidade e estratificação. As características dos solos saprolíticos estão diretamente relacionadas com a rocha matriz. Desta forma, as camadas podem variar de algumas a várias dezenas de metros e diferentes comportamentos e cores. Eles são identificados macroscopicamente por apresentarem manchas, xistosidades, vazios e outras características inerentes à rocha matriz. Sua composição

mineralógica é muito variada, sendo resultante do intemperismo da rocha, depende, portanto, do grau de alteração e do tipo de rocha, (FUTAI, 1999). Futai et al. (1998) e Ribeiro Junior (2006), estudando os solos residuais de filito da Baixada Cuiabana concluíram, que este solo têm minerais do tipo 2:1, sendo predominante a montmorilonita e a ilita, que são expansivos. Ribeiro Junior, (2005) estudou o solo saprolítico da Baixada Cuiabana e observou cerca de 25% de expansão volumétrica para a situação livre (sem carregamento). Futai et al. (1998) apud Ribeiro Júnior (2006), estudando os solos residuais de filito da Baixada Cuiabana concluíram, que este solo têm minerais do tipo 2:1, sendo predominante a montmorilonita e a ilita, que são expansivos. Quando o solo estiver próximo à rocha matriz, o índice de alteração diminui e a expansão acompanha esta tendência, pois ainda não se formou material expansivo. Ribeiro Júnior (2005) apresenta anomalias nas curvas de compactação dos solos da Baixada Cuiabana, obtidas sem reúso de amostras e utilizando energia normal. A Figura 3 mostra tal anomalia, onde não é possível determinar os valores de peso específico seco (γd) e a umidade ótima (ωot). Entre W2 e W3 ocorre uma região quase horizontal com dois picos mais acentuados e outros menores. Entre estes dois picos maiores ocorre uma variação de cerca de 5% na umidade ótima. Pode-se associar esta instabilidade da curva de compactação à presença de argilominerais expansivos, que ao adsorver a água de compactação em sua camada, entra em desequilíbrio elétrico-químico. Tais características também foram anteriormente encontradas por Santos (2003).

Figura 3. Curva de compactação do solo saprolítico de filito da Baixada Cuiabana. (Ribeiro Júnior, 2005).

3

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1

Material

3.1.1 Solo da Baixada Cuiabana O solo estudado é classificado como residual e saprolítico, pois é originado pela decomposição da rocha local de filito. O material coletado era de coloração amarelada e a profundidade de 0,5 m a 1,0 m.

Figura 5. Local da coleta de amostra de solo, AV. Miguel Sutil, próximo à entrada do Centro de Eventos do Pantanal - Obra Construtora GMS.

3.2

Métodos

3.2.1 Ensaio de Atterberg O limite de liquidez é a quantidade de umidade do solo no qual o solo muda do estado líquido para o estado plástico, ou seja, perde a sua capacidade de fluir. O ensaio foi realizado segundo a NBR 6459 (1984), Solos Determinação do limite de liquidez. Realizando

de duas formas: com e sem secagem prévia. O limite de plasticidade é o teor de umidade em que o solo passa do estado plástico para o semi-sólido, onde perde a capacidade de ser moldado. O ensaio foi realizado segundo a NBR 7180 (1984), Solos - Determinação do limite de Plasticidade. Também foi realizado de duas formas: com e sem secagem prévia. 3.2.2 Ensaio de Compactação Santos (2003), afirma que a compactação consiste no processo mecânico que, através de uma aplicação repetida e rápida de cargas ao solo, conduz a uma diminuição do seu volume, e, portanto, a uma diminuição do índice de vazios e a um aumento do peso específico seco. Esta redução de volume é resultado, sobretudo, da expulsão de ar dos vazios do solo, não ocorrendo significativa alteração do teor em água nem alteração do volume das partículas sólidas durante a compactação. O ensaio de compactação foi realizado de acordo com a ABNT/NBR 7182/86, seguindo algumas modificações estabelecidas para tal procedimento. O ensaio de compactação foi realizado com e sem reúso de amostra. E também com e sem secagem prévia. Nas energias normal, intermediária e modificada. 3.2.2.1 Ensaio sem reúso do material Os ensaios de compactação sem reúso de amostras apontam pela experiência observada na bibliografia, que para solos saprolíticos, os resultados obtidos são mais próximos da realidade, sendo assim mais confiáveis. Quando o material é formado de partículas muito quebradiças, este procedimento é necessário para não descaracterizar o resultado, (PINTO, 2000). A desvantagem é sem dúvida a maior quantidade de material utilizado. Souza (1980) recomenda que quando uma amostra sofre degradação ou há dificuldade em adsorver água, deve-se usar sempre uma amostra sem reúso para cada ponto da curva de compactação. A norma Brasileira de ensaio de compactação prevê alternativas de ensaio sem reúso do material quando as partículas são facilmente quebradiças.

3.2.2.2 Ensaio com inserção de água com 24 horas de antecedência Este método foi utilizado para verificar a diferença entre os resultados obtidos pelo método recomendado pela ABNT NBR- 7182 Ensaio de Compactação e método que foi desenvolvido para solos expansivos, onde a amostra ficou armazenada em sacos plásticos lacrados por 24h, já com a umidade de compactação de cada ponto da curva, como mostra a Figura 6. Este procedimento foi adotado para o solo poder se expandir antes de se compactado. Pelo método referendado pela NBR 7182 (Figura 7), o solo expande durante o processo de compactação, levando a curva a obter anomalias devido à expansão.

Figura 6. Solos armazenados em sacos plásticos.

Figura 7. Ensaio de compactação em andamento.

3.2.2.3 Ensaio sem secagem prévia do solo De acordo com Pìnto (2006), a experiência

mostra que a pré-secagem da amostra influi nas propriedades do solo, além de dificultar a posterior homogeneização da umidade incorporada. A influência da pré-secagem, para alguns solos, é considerável. A pré-secagem provoca, por exemplo: em solos argilosos de composição de gnaisse, umidades ótimas menores e densidade secas máxima maiores. Os ensaios realizados sem a secagem prévia, portanto, são mais representativos principalmente aos solos tropicais, mas a prática corrente é fazer a pré-secagem, provavelmente pela facilidade de padronizar os procedimentos nos laboratórios, diminuindo o grau de supervisão. 3.2.3 Ensaio de Análise Granulométrica O ensaio de análise granulométrica do solo foi executado segundo ABNT/NBR 7181/82. O comportamento granulométrico do solo foi observado de quatro maneiras: I. Sem secagem prévia e sem o uso de defloculante, II. Sem secagem prévia e com o uso de defloculante, III. Com secagem prévia e sem uso de defloculante, IV. Com secagem prévia e com uso de defloculante. Esta medida foi adotada para quantificar o poder desagregador do defloculante e observar o seu comportamento perante as amostras com e sem secagem prévia. Molinero et al. (2003), estudaram a influência do defloculante químico na análise granulométrica dos solos do Distrito Federal e concluíram que o defloculante é um agente significativo na classificação dos solos. Além destes ensaios mencionados acima, foram realizados mais cinco ensaios de granulometria com uso de defloculante com materiais das amostras advindas dos 5 pontos do ensaio de compactação com reúso de amostras e deixadas expandir por 24h em sacos plásticos fechados com a umidade de compactação de cada ponto, com objetivo de verificar a modificação granulométrica significativa de cada ponto da curva de compactação, obtida pela quebra de grãos oriunda das repetidas energias aplicadas.

4

RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1

Limites de Atterberg

É apresentado na Figura 8, o gráfico do limite de liquidez (WL) do solo com e sem secagem prévia. Para a amostra com secagem prévia, como recomenda a ABNT, o Limite de Liquidez (WL) é de 31,2%. Já o limite de liquidez obtido com a amostra na umidade de campo, ou seja, sem secagem prévia, é de 30,1%. Observa-se também que o coeficiente angular das duas linhas de tendência (com e sem secagem prévia) têm praticamente o mesmo valor. Este desempenho da curva aponta para a idéia que este solo com característica expansiva solo não modifica sua estrutura intermolecular de capacidade de adsorver água, mantendo-se na mesma proporção. O deslocamento da curva sem secagem prévia para baixo indica apenas uma mudança no potencial inicial de adsorver água, totalmente entendível, pois quanto menor o teor de umidade inicial, maior é o potencial inicial de adsorção de água pelos argilo-minerais.

Figura 8. Limite de liquidez com e sem secagem prévia.

Segundo a Carta de Plasticidade de Casagrande apresentado na Figura 9, este solo é classificado como CL - Argila de baixa compressibilidade.

Figura 9. Carta de Plasticidade do solo saprolítico de filito com e sem secagem prévia.

4.2

Análise Granulométrica

Os comportamento granulométrico do solo foi observado de quatro maneiras: I. Com Defloculante Sem Secagem Prévia (CDSS) II. Com Defloculante Com Secagem Prévia – (CDCS) III. Sem Defloculante Sem Secagem Prévia – (SDSS) IV. Sem Defloculante Com Secagem Prévia – (SDCS) Na Figura 10 são apresentadas as curvas granulométricas do solo saprolítico de filito com e sem secagem prévia e com e sem o uso do defloculante. O tamanho das partículas do solo foi classificado de acordo segundo a ABNT NBR 6502 (1985).

Figura 10. Curva Granulométrica dos solos com e sem secagem prévia e com e sem o uso de defloculante.

Pode-se verificar na Figura 10, que as

amostras CDSS, CDCS, SDSS e SDCS não tiveram diferença granulométrica até atingirem o diâmetro de areia fina, ou seja, durante a etapa experimental do peneiramento grosso e fino. As discrepâncias granulométricas entre os estados da amostra começam na fase da sedimentação. Como já era de se esperar, ensaios sem uso do defloculante (SDSS e SDCS) assumem o mesmo tipo de comportamento, sendo que esta ausência do defloculante faz com que o solo não consiga quebrar os aglomerados de origem reliquiar, formados por partículas finas, assumindo, portanto, características de solo granular. O Fato de termos nesta situação amostras com e sem secagem prévia não alterou em muito seu comportamento, mostrando que, quando se tratam de amostras sem uso do defloculante, este é o que influencia com generosidade no comportamento do solo. As amostras com defloculante (CDSS e CDCS) obtiveram resultados na fase de sedimentação mais condizentes com sua verdadeira característica. Isso é devido à capacidade de desagregação do hexametafosfato (defloculante), como mencionado anteriormente. Porém, Pinto (2006), diz que a diferença de resultados mostra a importância do defloculante para a dispersão das partículas. No ensaio feito de acordo com a norma NBR-7181, as partículas sedimentam-se isoladamente, e podem-se detectar seus diâmetros equivalentes. No ensaio sem defloculante, as partículas agrupadas, como se encontram na natureza, sedimentaram-se mais rapidamente, indicando diâmetros maiores, que não são das partículas, mas das agregações. Para as amostras com uso do defloculante, é importante ainda analisar seu comportamento com e sem a secagem prévia. Ainda na Figura 10, pode-se verificar que a amostra sem secagem prévia (CDSS) obteve valores de finos (siltes e argilas) superiores a amostra com secagem prévia (CDCS). Este fato pode se dar pela amostra CDSS ter sucção inicial e coesão menor que a amostra CDCS por conta da diferença entre os teores de umidade no momento da preparação de amostras para a fase da sedimentação. 4.3

Compactação

4.3.1 Influencia da energia Para o estudo da influência da energia na obtenção dos parâmetros oriundos do ensaio de compactação, optou-se por compactar as amostras nas energias normal, intermediária e modificada. Por conta da quebra da estrutura reliquiar vinda da matriz rochosa, optou-se por compactar sem a reutilização de amostras, necessitando assim, de uma quantidade maior de solo para tal experimento. Para estes ensaios, foram adicionadas as devidas quantidades de água para compactação de cada ponto da curva de próctor 24 horas antes do ensaio. Este procedimento foi necessário para que os resultados obtidos não fossem distorcidos pelo processo de expansão durante o ensaio de compactação. De modo usual, e normatizado pela ABNT NBR 7182/86, esta água seria acrescida a amostra minutos antes do processo de aplicação da energia sobre o solo. Pode-se observar na Figura 11 que o comportamento do solo saprolítico de filito foi como o esperado e descrito por Pinto (2006). O teor de umidade foi decrescente com a energia de compactação e o peso específico seco, crescente. As anomalias da curva de compactação para este solo, descritas por Santos (2003) e Ribeiro Junior (2005) não foram observadas, pelo fato destas anomalias serem oriundas do processo expansivo durante o ato da compactação, uma vez que a água fora acrescida instante antes a este processo. Para este trabalho, acresceu-se a água de compactação com antecedência de 24 horas, processo o qual eliminou em grande parte as anomalias na curva de compactação.

Figura 11 - Curva de Compactação sem reúso com diferentes energias.

Para Santos (2003), a influência da energia no processo de compactação passa então a ser fundamental. Ao se aumentar a energia de compactação a curva se aproxima do formato tradicional, isso provavelmente se deve a redução do consumo de água no ensaio. 4.3.2 Influencia do reúso do material Para o estudo da influência do reúso do material, foram realizados quatro ensaios com e sem reúso, e com inserção de água no momento da compactação e com antecedência de 24 horas. Os ensaios foram assim denominados: com reúso/ com 24h; com reúso/ sem 24h; sem reúso/ com 24h e sem reúso/ sem 24h. O objetivo deste procedimento foi verificar qualitativamente se o manuseio do material pode ocasionar quebra de partículas. O fato de estudar as amostras com inserção de água no momento da compactação e com antecedência de 24 horas, se dá na verificação da formação das anomalias já anteriormente descritas em relação ao reúso ou não das amostras. Ao analisar a Figura 12 é possível confirmar o que Santos (2003), diz sobre a compactação com reúso de amostras, que geram curvas mais achatadas, isto é, o manuseio das amostras muda o comportamento do solo. Entretanto, estas alterações indicam que o solo continua a sofrer influências da possível adsorção inicial de água e pela mineralogia. Segundo Lee & Suedkamp (1972) apud Araújo

(1996), conhecendo-se os minerais e os argilominerais que compõem o solo, pode-se melhor entender a forma das curvas quanto à compactação, pois se esse fenômeno não está totalmente entendido e há várias teorias para explicá-lo. A mistura de água com o solo, o tempo entre o preparo da amostra e o ensaio e o operador podem ser condicionantes na dispersão dos pontos. As amostras com e sem reúso que receberam água no momento da compactação obtiveram um coeficiente angular no ramo seco e no ramo úmido, muito alto, fato que pode ser explicado pela grande energia liberada no momento inicial da adsorção de água. As amostras com e sem reúso que tiveram a oportunidade de receber a água de compactação com antecedência de 24 horas, tiveram seu ramo seco bem mais suave, sendo que as umidades ótimas obtidas muito próximas, tanto para a amostra com reúso, quanto para a sem reúso.

Figura 12. Curva de Compactação com e sem reúso, acrescentando água no momento e com antecedência de 24 horas.

5

CONCLUSÃO

O limite de plasticidade (WP) do solo com e sem secagem prévia diferiram também cerca de 1%, obtendo assim, iguais IP’s, ou seja, mesmo tamanho de região plástica. As amostras CDSS, CDCS, SDSS e SDCS não tiveram diferença granulométrica até atingirem o diâmetro de areia fina, mas houve na fase de sedimentação. Ensaios sem uso do defloculante (SDSS e SDCS) assumem o mesmo tipo de

comportamento granular, independente da amostra ser seca ou não previamente. As amostras com defloculante (CDSS e CDCS) obtiveram resultados na fase de sedimentação mais condizentes com sua verdadeira característica. A amostra sem secagem prévia (CDSS) obteve valores de finos superiores a amostra com secagem prévia. O estudo da influência da energia na compactação obteve teor de umidade decrescente com a mesma e o peso específico seco, crescente. As anomalias da curva de compactação não foram observadas, pois acrescentou-se a água de compactação com antecedência de 24 horas, processo o qual eliminou em grande parte as anomalias na curva de compactação. Para o estudo da influência do reúso do material, pode-se confirmar que a compactação com reúso de amostras geram curvas mais achatadas, isto é, o manuseio das amostras muda o comportamento do solo. As amostras com e sem reúso que receberam água no momento da compactação obtiveram um coeficiente angular no ramo seco e no ramo úmido, relativamente alto, fato que pode ser explicado pela grande energia liberada no momento inicial da adsorção de água. As amostras com e sem reúso que tiveram a oportunidade de receber a água de compactação com antecedência de 24 horas, tiveram seu ramo seco bem mais suave, sendo que as umidades ótimas obtidas muito próximas, tanto para a amostra com reúso, quanto para a sem reúso. Recomenda-se o mínimo de esforço mecânico nos ensaios, pois alguns solos saprolíticos podem ter sua granulometria alterada devido à quebra de grãos durante as etapas de destorroamento e lavagem das amostras. Conhecer as características peculiares do solo com que se trabalha, e aplicar simplesmente a metodologia dos ensaios propostos pelas Normas Brasileiras nos ensaios de caracterização e compactação podem levar a obtenção de dados que não refletem a realidade do material. Para uma boa obtenção de parâmetros, é sempre viável tentar reproduzir no laboratório as mesmas condicionantes

encontradas no campo. REFERÊNCIAS ARAÚJO A. Algumas Considerações Sobre o Ensaio de Compactação com Energia 585 KJ/m³. São Carlos: EESC-USP, 1996. Dissertação (Mestrado em Engenhariade Transporte). Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1996. CAVALCANTE, E. H. ; Cavalcanti jr. ; Santos ; Cardoso Jr. . Caracterização de um solo expansivo, não saturado, de Sergipe. In: VI Simpósio Brasileiro de Solos Não Saturados, 2007, Salvador. NSAT2007, 2007. v. 1. p. 133-139. CONCIANI, W. . Solos Tropicais na prática da engenharia geotécnica. In: Simposio de Prática de engenharia Geotécnica do Centro Oeste, I, 2009, Goiania. GECENTRO, I. Brasilia : ABMS-NRCO, 2009. v. unico. COZZOLINO, V. M. N. e NOGAMI, J. S. (1993) Classificação Geotécnica MCT para Solos Tropicais. Revista Solos e Rochas. ABMS/ ABGE. Vol 16, n. 2, p. 77-91. FRAZÃO, E. B.; GOULART, E. P. (1976). Aspecto da expansibilidade de argilo-minerais: Algumas Implicações em Obras Civis. In: 1º Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia, ABGE, São Paulo, Tema 11, 2: 351-365. FUTAI, M.M. Comportamento de fundações em solos tropicais de Cuiabá. Cuiabá, 1995.TCC (Engenharia Civil) – Departamento de Engenharia Civil, UFMT, 1995. FUTAI, M.M.; SOARES, M.M.; CONCIANI, W. Propriedades geotécnicas do solo saprolítico da Baixada Cuiabana. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA GEOTÉCNICA, 11, 1998, Brasília. Anais... Brasília: COBRANSEG, 1998. P. 221-228. PINTO, C.S. Curso básico de mecânica dos solos em 16 aulas. 3.ª Edição. São Paulo: Oficina de texto, 2006. 367p. PRESA, E.P. (1980). Parâmetros Convenientes para projetos de rodovias em Solo Expansivo. II Seminário Regional de Mecânica dos Solos e Engenharia de Fundações – NRBA/ABMS-Salvador-Ba. 83-106. RIBEIRO JUNIOR, I. ; CONCIANI, W. Controle da do solo saprolítico de filito com cal hidratada cálcica para construções populares. In: SEMINÁRIO MATO-GROSSENSE DE HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL, I. 2005, Cuiabá, Anais eletrônicos CD-ROM, Cuiabá: CEFET-MT/UFMT, 2005. 10p. RIBEIRO JUNIOR, I. . Estabilização da Expansão do Solo Saprolítico de Filito com Cal Hidratada Cálcica, 2006 (Trabalho de Conclusão de Curso). SANTOS, A.C.C. Estudo da influência da energia e do reúso de amostras na compactação em solo saprolítico. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Centro de Ciência e Tecnologia, UFCG,

Campinas Grande, 2003.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.