Influência da Maturidade da Planta de Milho para Produção de Silagem1

July 12, 2017 | Autor: Fabiana Caldara | Categoria: Experimental Design, Dry Matter
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Influência da Maturidade da Planta de Milho para Produção de Silagem1 Adauton Vilela de Rezende2, Hélio Henrique Vilela3, Fabiana Ribeiro Caldara2, Gustavo Augusto Andrade2, Geraldo Benedito de Souza Almeida4, Simone Silvia Senedese4 1

Parte da dissertação de mestrado do segundo autor, parcialmente financiada pela Capes. Prof. (a) DSc. da Faculdade de Agronomia e Zootecnia – UNIFENAS – e-mail: [email protected] 3 Zootecnista, Mestrando em Ciência Animal. e-mail: [email protected] 4 Aluno (a) de graduação em Zootecnia – UNIFENAS 2

Resumo: Esta pesquisa foi conduzida na safra agrícola 2005/2006, na fazenda da Universidade José do Rosário Vellano, em Alfenas/MG, com objetivo de avaliar o efeito da porcentagem de MS do milho para ensilagem, sobre a perda de efluentes, PB e pH das silagens. As cultivares avaliadas foram: GNZ 2004, AG1051, P30S40 e P30F90, ensiladas nos seguintes estádios de maturidade dos grãos: sem linha de leite (SLL), redução da linha de leite em 1/3 do grão (1/3 LL), 1/2 do grão (1/2 LL), 2/3 do grão (2/3 LL) e camada negra (CN) formada. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com quatro repetições em esquema de parcelas subdivididas no tempo. Para comparação das médias foi utilizado o teste de Scott-Knott a 5%. Os teores de MS elevaram-se a medida que se avançou o estádio de maturidade, variando de 24,20% para a cultivar P30S40 ensilada no estádio SLL a 46,44% para a cultivar GNZ 2004, no estádio CN. Os menores teores de MS das cultivares AG1051 (24,62%) e P30S40 (24,20%) no estádio de corte SLL contribuíram para as maiores perdas de efluentes destas cultivares, 17,84 kg/t MN e 18,14 kg/t MN respectivamente, ensiladas com estes teores de MS. Houve redução nos valores de PB, variando de 10,69% no estádio SLL a 8,06 no estádio CN. O pH das silagens variou de 3,38 a 3,68 e aumentou, acompanhando o aumento na porcentagem de MS. Concluiu-se que porcentagem de MS no momento da ensilagem afeta diretamente as características avaliadas, sendo mais indicado o estádio de maturidade ½ LL. Palavras–chave: efluentes, matéria seca, pH Influence of the Maturity of the Corn Plant for Silage Production Abstract: This research work was conducted in the agricultural crop of 2005/2006; on the José do Rosário Vellano University farm in Alfenas/MG, with the purpose of evaluating the effect of the percentage of the DM for ensiling corn upon the loss of effluents, CP and pH of silages. The cultivars evaluated were: GNZ 2004, AG1051, P30S40 and P30F90, ensiled in the following maturity stages of kernels: hard dough (SLL), reduction of the milk line by 1/3 of kernel (1/3 LL), 1/2 of kernel (1/2 LL), 2/3 of kernel (2/3 LL) and formed black layer (CN). The experimental design was in randomized blocks with four replicates in a split-plot scheme in time. For comparison of the means, Scott-Knott test at 5% was utilized. The DM contents rose as maturity stage advanced, ranging from 24.20% for cultivar P30S40 ensiled in the SLL stage at 44%, for cultivar GNZ 2004 at the CN stage. The lowest stages of DM of cultivars AG1051 (24.62%) and P30S40 (24.20%) at the SLL cutting stage contributed to the highest losses of effluents of these cultivars, 17.84 kg/t NM and 18.14 kg/t NM respectively, ensiled with these DM contents. There was a reduction in the values of CP, varying from 10.69% in the SLL stage to 8.06 in the CN stage. The pH of the silages ranged from 3.38 to 3.68 and increased accompanying the increase in the DM percentage. It follows that DM percentage at the moment of ensiling affected all the characteristics evaluated, the ½ LL maturity stage being the most indicated. Key words: effluents, dry matter, pH Introdução A qualidade e o valor nutritivo de uma silagem dependem, fundamentalmente, da cultivar utilizada, do estádio de maturação no momento do corte e da natureza do processo fermentativo, o que refletirá diretamente na composição química e, consequentemente, no desempenho animal (Rodrigues et al., 1996). O estádio de maturação em que são colhidas as forrageiras e submetidas ao processo de ensilagem, tem sido um dos fatores que mais alteram a qualidade e o valor nutritivo da silagem. Como regra geral, à medida que avança o estádio de maturação das plantas, principalmente nas gramíneas forrageiras, tem-se alterações na composição bromatológica das silagens, frequentemente com aumento 1

dos teores de MS e reduções nos de PB (Rodrigues et al., 1996). A produção de efluentes é influenciada pelo teor de MS da cultura ensilada, tipo de silo, grau de compactação e processamento físico da forragem. Neste processo, perdem-se em solução, componentes nitrogenados, açúcar e minerais, ocasionando perdas no valor nutritivo do alimento (Haigh, 1999). O pH também é influenciado pelo teor de MS e segundo Woolford (1984), silagens com maior conteúdo de MS estabilizam em pH mais alto. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o efeito da porcentagem de MS do milho para ensilagem, sobre a perda de efluentes, PB e pH das silagens. Material e Métodos O experimento foi conduzido na fazenda da Universidade José do Rosário Vellano, em Alfenas/MG, na safra 2005/2006, em Latossolo vermelho escuro (LE), de acordo com Silva (1997). O local possui altitude média de 880 m, sendo que a precipitação média durante o período experimental (novembro de 2005 a março de 2006) foi de 181,56 mm, com temperaturas médias de máxima e mínima de 30,76oC e 18,36 oC. A correção da acidez do solo foi feita, 60 dias antes do plantio, visando elevar a saturação de bases a 70%. A semeadura foi realizada manualmente, em sulcos de 10 cm de profundidade, utilizando-se dez sementes por metro linear, para o espaçamento de 0,8 m entre linhas. A adubação de plantio foi realizada utilizando-se 400 kg/ha da fórmula 08-28-16 + 0,3% de Zn (CFSEMG, 1999). Quando as plantas atingiram 20 cm, foi realizado um desbaste, obtendo-se um estande médio de 62.500 plantas/ha. Os demais tratos culturais e fitossanitários seguiram as recomendações técnicas da cultura. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema de parcelas subdivididas no tempo. As parcelas foram compostas pelas cultivares e as subparcelas, pelos estádios de maturidade para ensilagem. As cultivares de milho avaliadas foram: Geneze 2004 (GNZ 2004), Agroceres 1051 (AG 1051), Pioneer 30S40 (P30S40) e Pioneer 30F90 (P30F90), ensiladas no seguintes estádios de maturidade dos grãos: sem linha de leite (SLL), redução da linha de leite em 1/3 do grão (1/3 LL), 1/2 do grão (1/2 LL), 2/3 do grão (2/3 LL) e camada negra (CN) formada. Para isto, foi retirada semanalmente, uma espiga para acompanhamento da redução da linha de leite do grão. Observado o ponto de colheita, todas as plantas da subparcela foram colhidas manualmente a 10 cm do solo e picadas em picadeira estacional, com tamanho médio de partícula de 2 a 3 cm. Após homogeneização da forragem, parte do material foi ensilado em silos confeccionados em tubos de “PVC”, fechados com tampa de “PVC” dotados de válvula tipo “Bünsen” e lacrados com fita adesiva. No fundo de cada silo, foi colocado 0,5 kg de areia que ficou separada da silagem por duas telas de sombrite, funcionando como dreno para efluentes. A porcentagem de MS foi determinada na forragem colhida, segundo normas da AACC (1976). Decorridos 30 dias de ensilado, os silos foram abertos e o conteúdo superior de cada silo descartado. No momento em que os silos foram abertos, foi realizada a avaliação do pH, utilizando-se um potenciômetro Beckman Expandomatic SS-2, pelo método descrito por Silva & Queiroz (2002). Foi determinado o teor de nitrogênio utilizando-se o aparelho de destilação a vapor micro-Kjedahl, conforme a AOAC (1970) e o teor de PB calculado utilizando o fator de conversão 6,25. A produção de efluentes foi quantificada pela seguinte equação: PE = (PSAF – PSAI)/MNI * 1000, sendo: PE = produção de efluente (kg/t de matéria natural), PSAF = peso do conjunto silo, areia e tela após a abertura (kg), PSAI = peso do conjunto silo, areia e tela antes da ensilagem (kg), MNI = quantidade de forragem ensilada (kg). Os dados obtidos foram submetidos a análises de variância utilizando o programa estatístico SISVAR (Ferreira, 2000). Para comparação das médias foi utilizado o teste de Scott-Knott a 5% de significância. Resultados e Discussão Os teores de MS elevaram-se na medida em que se avançou o estádio de maturidade, variando de 24,20% para a cultivar P30S40 ensilada no estádio SLL a 46,44% para a cultivar GNZ 2004, no estádio CN. Com exceção da cultivar GNZ 2004, todas as cultivares apresentaram redução na perda de efluentes na medida em que se avançou o estádio de maturidade, sendo que a partir do estádio 1/2 LL, não foi detectada perda de efluentes em nenhuma silagem. Isto é explicado pelas plantas apresentarem uma maior porcentagem de MS, quando ensiladas a partir deste estádio. A maior perda de efluentes para as cultivares AG1051 (17,84 kg/t MN) e P30S40 (18,14 kg/t MN), no estádio de corte SLL, é explicada por estas cultivares apresentarem menor porcentagem de MS (24,62% e 24,20%, respectivamente), ensiladas neste estádio, concordando com o que foi dito por Reis & Rosa (2001), no qual silagens com menos de 30% de MS, podem apresentar elevadas quantidades de efluentes. A cultivar GNZ 2004 não apresentou diferença significativa entre os estádios de corte, podendo ser explicado por esta cultivar apresentar-se dentro de uma faixa ideal de MS para ensilagem, desde o primeiro estádio de corte, em função de sua maior precocidade. A partir do estádio de corte 1/3 LL, não foram observadas diferenças entre as 2

cultivares, o que é explicado pelos maiores teores de MS das plantas de milho ensiladas a partir deste estádio, concordando com Haigh (1999), no qual a produção de efluentes é influenciada pelo teor de MS da cultura ensilada, sendo que com teores de MS em torno de 30%, a produção de efluentes pode ser pouco significativa. A amplitude de variação para PB foi de 11,21% no estádio de corte SLL a 7,32% no estádio CN, para a cultivar GNZ 2004. Todas as silagens apresentaram redução na porcentagem de PB, na medida em que se avançou o estádio de maturidade, sendo a maior porcentagem de PB observada no estádio SLL (10,69%). Isto pode ser explicado por estas cultivares apresentarem neste estádio, menor porcentagem de MS, aliada a uma maior participação de folhas, proporcionando maior porcentagem de PB. A redução da PB, pode ser explicada pelo aumento na produção de MS na medida em que se avançou o estádio de maturidade das plantas, causando uma diluição da proteína na MS. As porcentagens de PB observadas foram superiores ao mínimo exigido na dieta de ruminantes, cujo valor é de sete por cento, conforme relatado por Church (1988), sendo este valor associado a uma melhor fermentação microbiana no rúmen. Os resultados observados para as cultivares GNZ 2004, AG 1051 e P30F90 ensiladas com os grãos na metade da linha de leite, foram superiores aos de Mendes (2006), encontrando média de PB para as mesmas cultivares ensiladas com os grãos na metade da linha de leite, de 6,9%, 7,2% e 6,9%, respectivamente. Possivelmente, a maior quantidade de nitrogênio aplicada em cobertura (175 kg/ha) em relação ao experimento de Mendes (2006) (148,50 kg/ha), tenha contribuído para que os valores observados fossem superiores. Os valores de pH apresentaram uma amplitude de variação de 3,38 para as silagens da cultivar P30S40 no estádio de corte 1/3 LL a 3,68 para as silagens da cultivar GNZ 2004 no estádio CN e aumentou na medida em que se avançou o estádio de maturidade, podendo ser explicado pela maior porcentagem de MS observada nas silagens, acompanhando o desenvolvimento fenológico da planta de milho. As cultivares GNZ 2004 e P30F90 apresentaram valores de pH superiores no estádio CN, enquanto que as cultivares AG1051 e P30S40 apresentaram pH superior a partir do estádio 2/3 LL. Isto possivelmente possa ser explicado pelo fato das cultivares apresentarem uma maior porcentagem de MS nestes estádios de corte, o que também foi observado por Woolford (1984), onde silagens com maior conteúdo de MS estabilizaram em pH mais alto. No estádio de corte 1/2 LL, não houve diferenças de pH entre as cultivares, podendo ser explicado pela proximidade das porcentagens de MS nas silagens deste estádio. Os maiores valores de pH para as cultivares GNZ 2004 e AG1051 no estádio 2/3 LL, é explicado por estas cultivares apresentarem neste estádio uma maior porcentagem de MS nas suas silagens. A maioria das cultivares ensiladas a partir do estádio 1/2 LL, apresentaram valores de pH dentro de uma faixa normal para silagens de milho, que segundo Borreani et al. (2002), é de 3,50 a 3,70. Rosa et al. (2004), encontraram valores de pH variando de 3,38 a 3,45, quando as plantas foram ensiladas no final do estádio pastoso e farináceo. Os resultados observados foram semelhantes aos encontrados por Lavezzo et al. (1997), ensilando o milho com os grãos no ponto leitoso, pamonha, farináceo e semi-duro, variando de 3,38 a 3,62. Conclusões Conclui-se que porcentagem de MS no momento da ensilagem afetou diretamente as características avaliadas, sendo mais indicado para ensilagem o estádio de maturidade 1/2 LL . Literatura citada AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS. A.A.C.C. Appoved methods of the American Association of Cereal Chemists. 7ed. St. Paul, 1976. 256p. BORREANI, G.; TABACCO, E.; COLOMBARI, G. Influenza del deterioração aeróbico degli insilati sulla qualità dei prodotti caseari. L’informatore Agrário. V.11, p.57-62, 2002. CHURCH, D.C. The ruminant animal digestive physiology an nutrition. New Jersey: Prentice Hall, 1988. 564p. FERREIRA, D.F. SISVAR: Sistema de Análise de Variância. Lavras – MG:UFLA, 2000. ROSA, J.R.P.; et al. Avaliação do Comportamento Agronômico da Planta e Valor Nutritivo da Silagem de Diferentes Híbridos de Milho (Zea mays, L.). Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.2, p.302-312, 2004.

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