INFLUÊNCIA DO GA3 NA ANATOMIA DOS BUTIÁS (Butia odorata)

July 3, 2017 | Autor: Jones Eloy | Categoria: Fisiología Vegetal, Fitotecnia, Fruticultura de Clima Temperado
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INFLUÊNCIA DO GA3 NA ANATOMIA DOS BUTIÁS (Butia odorata) JONES ELOY1; GENIANE LOPES CARVALHO OZELAME1; CARLOS SEBASTIÁN LAMELA1; ANDRIO COPATTI2; MARCELO BARBOSA MALGARIM3

INTRODUÇÃO De acordo com Lorenzi et al. (2010), no Brasil, relata-se a presença de várias espécies de palmeiras espalhadas pelos mais diversos pontos do território, destacando-se as espécies derivadas da família das Arecáceas, sendo Butia catarinensis, Butia odorata, Butia paraguayensis e Butia yatay alguns dos principais exemplares desta família. Para Schwartz et al. (2010), as espécies do gênero Butia podem ser utilizadas para fins como consumo in natura, fabricação de geleias, sorvetes, sucos, compotas, doces cristalizados e licores. Além disso, no mercado internacional, observa-se um incremento na demanda por frutas com novas substâncias aromáticas, novos sabores e texturas. E é nessa contextualização que o Brasil entra como potencial fornecedor desses recursos naturais vegetais. À exemplo de Butia odorata, apesar do rendimento de polpa variar entre de 70-90% (ELOY, 2013), a presença de caroço lignificado tem sido uma das principais dificuldades para o processamento desta fruta. As agroindústrias têm despolpado manualmente os butiás devido à falta de despolpadeira apropriada para esta fruta. Tendo como base o que foi exposto acima e que até o momento poucos trabalhos foram desenvolvidos sobre o comportamento do butiá sob a adição de fitormônios, em especial a espécie Butia odorata, esta pesquisa objetivou avaliar a influência do ácido giberélico (GA3) na qualidade anatômica do butiá.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi realizado no Pomar Didático Professor Antônio Rodrigues Duarte da Silva, do Centro Agropecuário da Palma (CAP), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), RS, Brasil. O banco ativo de germoplasma (BAG) utilizado apresenta 131 butiazeiros da espécie Butia odorata. O critério para escolha dos cinco genótipos baseou-se no sorteio das plantas que apresentaram idade mínima estimada de 15 anos (idade estimada pela contagem dos restos foliares presentes no caule) e produção mínima de quatro cachos.

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MSc., Doutorando(a) em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel – RS, e-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; 2 Eng. Agrônomo, Mestrando em Fruticultura de Clima Temperado, FAEM-UFPel – RS, e-mail: [email protected]; 3 Dr., Professor e Diretor do Depto. Fitotecnia, FAEM-UFPel – RS, e-mail: [email protected]

A partir de outubro de 2013 foi dado início à observação dos cinco genótipos destinados ao experimento. Para fins de averiguação da abertura das brácteas pedunculares e consequente exposição das inflorescências, foram feitas visitas a cada 48 horas, pois a abertura e rompimento das mesmas podem ser influenciados por diferentes condições climáticas. As diferentes concentrações de Ácido Giberélico (GA3) utilizadas foram: T1 ((Testemunha (0,0mg.L-1)); T2 (0,5mg.L-1); T3 (1,0mg.L-1) e T4 (1,0mg.L-1 + 0,5mg.L-1). Os tratamentos T2 e T3 receberam uma aplicação sete dias após plena floração masculina, bem como a primeira aplicação de T4 (1,0mg.L-1). A segunda aplicação (0,5mg.L-1) em T4 ocorreu 21 dias após a plena floração masculina. A testemunha recebeu apenas aplicação de água destilada. Após 30 dias das aplicações de cada tratamento, sacos vermelhos de polipropileno foram utilizados para o ensacamento dos cachos e proteção contra o ataque de animais silvestres. No período inicial de maturação dos cachos (início do desprendimento natural dos frutos das ráquilas), foram coletadas três amostras compostas de 30 frutos cada, sendo conduzidas, posteriormente ao laboratório de fruticultura (LabAgro) da Universidade Federal de Pelotas. Foram analisadas as seguintes variáveis físicas: diâmetro equatorial de frutos (DEF), diâmetro longitudinal de frutos (DLF), relação diâmetro longitudinal de frutos/diâmetro equatorial de frutos (DLF/DEF), diâmetro equatorial de pirênios (DEP), diâmetro longitudinal de pirênios (DLP) e relação diâmetro longitudinal de pirênios/diâmetro equatorial de pirênios (DLP/DEP). As variáveis foram mensuradas com o auxílio de paquímetro digital e expressas em milímetros (mm). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado e unifatorial (quatro tratamentos). As médias resultantes das análises foram submetidas à análise de variância e quando significativas, foram submetidas ao teste de Skott-Knott para a comparação entre as médias.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Para o caso da variável diâmetro equatorial de frutos (DEF em mm), esta apresentou diferenças estatísticas entre os tratamentos utilizados, onde os tratamentos T1 e T2 obtiveram as maiores médias (25,59mm e 25,72mm, respectivamente), enquanto que o tratamento T3 obteve o menor índice para esta variável (23,55mm). A variável diâmetro longitudinal de frutos apresentou diferenças significativas entre as médias dos tratamentos, onde T2 apresentou o maior índice para esta variável (22,84mm) e T3 apresentou a menor média para esta variável (21,47mm) (Tabela 1). Para a variável relação diâmetro longitudinal de frutos/diâmetro equatorial de frutos (DLF/DEF em mm), os tratamentos T3 e T4 apresentaram as maiores médias (0,92mm e 0,93mm, respectivamente), enquanto que T1 e T2 apresentaram as menores médias (0,89mm e 0,90mm, respectivamente).

Em análise às médias resultantes dos tratamentos na variável DLF/DEF, percebe-se a significativa alteração na anatomia dos frutos nos tratamentos T3 e T4. Nos quais, pode ser observado a tendência ao alongamento da forma dos frutos (Tabela 1 e Figura 1). Tabela 1 – Diâmetro equatorial de frutos (DEF), diâmetro longitudinal de frutos (DLF), relação DLF/DEF, diâmetro equatorial de pirênios (DEP), diâmetro longitudinal de pirênios (DLP) e relação DLP/DEP de frutos de Butia odorata sob influência de ácido giberélico (GA3). FAEM/UFPel, Pelotas – RS, 2014. Trat. DEF DLF DLF/DEF DLP DLP/DEP 25,59 a** 22,25 c* 0,89 b* 15,63 a* 1,30 a* T1* 25,72 a 22,84 a 0,90 b 15,55 a 1,28 b T2 23,55 c 21,47 d 0,92 a 14,52 b 1,26 b T3 24,52 b 22,63 b 0,93 a 15,81 a 1,28 b T4 24,85 22,30 0,91 15,38 1,28 M.G. 1,33 1,15 1,94 6,38 1,83 C.V.(%) * T1 (testemunha); T2 (0,5mg.L-1); T3 (1,00mg.L-1) e T4 (1,00 + 0,5mg.L-1); * As médias seguidas pelas mesmas letras na coluna não diferem entre si pelo teste de Skott-Knott ao nível de 5% de significância.

Para o caso da variável diâmetro equatorial de pirênios (DEP em mm), esta não apresentou diferenciação significativa entre as médias dos tratamentos, onde T1 obteve 12,00mm; T2 com 12,29mm; T3 com 11,55mm e T4 com 12,50mm. A variável diâmetro longitudinal de pirênios (DLP em mm) apresentou diferenciação significativa entre as médias dos tratamentos, onde o T3 apresentou o menor diâmetro (14,52mm) (Tabela 1). Para o caso da variável relação diâmetro longitudinal de pirênios/diâmetro equatorial de pirênios (DLP/DEP em mm), esta apresentou diferenças significativas entre as médias dos tratamentos, onde o tratamento T1 apresentou a maior média (1,30mm), enquanto que os demais tratamentos apresentaram redução significativa desta variável (T2 com 1,28mm; T3 com 1,26mm e T4 com 1,28mm). Em análise às médias da variável relação DLP/DEP (Tabela 1), pode-se perceber a influência significativa dos níveis de GA3 utilizados, nos quais houve redução dos índices desta variável, indicando que o formato dos pirênios tende ao arredondamento de sua anatomia. Tal modificação na anatomia dos pirênios pode ser visualizada no diagrama de índices de Eloy (2013) (Figura 1), onde, quanto mais próximos do índice 1,00, a forma do pirênio tende ao arredondamento. Quanto mais acima de 1,00, tende ao alongamento de sua forma e, quanto mais abaixo de 1,00, os pirênios tendem a apresentarem formato mais largo.

Figura 1 – Diagrama de índices da relação diâmetro longitudinal/diâmetro equatorial (DL/DE) para classificação dos diferentes formatos de frutos e pirênios de butiazeiro (Butia odorata), desconsiderando-se as imperfeições da borda dos frutos. FAEM/UFPel, Pelotas – RS. 2013. Fonte: Adaptado de Moura et al. (2010). CONCLUSÕES A aplicação de ácido giberélico (GA3), de forma geral, provoca alteração anatômica dos pirênios, tendendo ao arredondamento de sua forma e, na dosagem de 1,00mg.L-1 provoca redução do diâmetro equatorial e longitudinal dos frutos e redução do diâmetro longitudinal dos pirênios.

AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão da bolsa de doutorado e à Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel – Universidade Federal de Pelotas (FAEM-UFPel) pelo ensino e pesquisa.

REFERÊNCIAS ELOY, Jones. Polinização, produção e qualidade de butiá (Butia odorata Barb. Rodr.) Noblick & Lorenzi. 2013. 62f. Dissertação (Mestrado em Ciências)-Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas. LORENZI, H.; NOBLICK, L.; FRANCIS, K.; FERREIRA, E. Flora brasileira Lorenzi: Arecaceae (palmeiras). Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2010. 1-165p. MOURA, R. C. de; LOPES, P. S. N.; JUNIOR, D. da S. B.; GOMES. J. G.; PEREIRA, M. B. Biometria de frutos e sementes de Butia capitata (Mart.) Beccari (Arecaceae), em vegetação natural no Norte de Minas Gerais, Brasil. Biota Neutropica, Campinas, v.10, n.2, p.415-419, 2010. Disponível em: . Acesso em: 04/fev. 2014. SCHWARTZ, E.; FACHINELLO, J. C.; BARBIERI, R. L.; SILVA, J. B. da. Avaliações de populações de Butia capitata de Santa Vitória do Palmar. Revista Brasileira de Fruticultura, Jaboticabal, v.32, n.3, p.736-745, 2010.

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