Influência do Tempo de Secagem no Óleo Essencial de Manjericão

July 1, 2017 | Autor: Arie Blank | Categoria: Essential Oil
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Influência do Tempo de Secagem no Óleo Essencial de Manjericão. José L. S. de Carvalho Filho1; Arie F. Blank1; Alberto S. de Melo1; Péricles B. Alves2; Maria de F. Arrigoni-Blank1; Polyana A. D. Ehlert1; Renata Silva-Mann1. 1UFS - Depto. de Engenharia Agronômica, Av. Marechal Rondon s/n, 49100-000 São Cristóvão-SE. 2UFS - Depto. de Química. Email: [email protected] (Apoio: ETENE/FUNDECI/BN, CNPq).

RESUMO O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito do tempo de secagem no teor de óleo essencial de manjericão cultivar Fino Verde. Foram avaliados 11 tempos de secagem (0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9, 11, 13 e 16 dias) em estufa de circulação de ar forçada a 40ºC. As variáveis avaliadas foram umidade e teor de óleo essencial. Observou-se que a maior parte da água das folhas e inflorescências é retirada após o primeiro dia de secagem. Os valores do teor de óleo essencial foram superiores quando as folhas e as inflorescências ainda estavam frescas, havendo um declínio já nos dois primeiros dias de secagem. Assim, a secagem do manjericão proporciona perda de óleo essencial, sendo que ao quinto dia, para as folhas, e ao oitavo dia, para as inflorescências, ocorre uma estabilização do teor de óleo essencial. Palavras-chaves: Ocimum basilicum, pós-colheita, hidrodestilação ABSTRACT Influence of drying time on essential oil of basil The objective of this work was to evaluate the effect of drying time on the essential oil content of basil cultivar Fino Verde. Eleven drying times (0, 1, 2, 3, 4, 5, 7, 9, 11, 13 and 16 days) were evaluated. Leaves and efflorescences were dried at 40oC in a forced air oven. The variables humidity and essential oil content were evaluated. Major part of water of leaves and efflorescences was removed after the first day of drying. The essential oil content values were higher when the extraction was done with fresh leaves and efflorescences, and a decrease occurred just after the first days of drying. Thus, drying of basil proportioned loose of essential oil and establishment occurred at the fifth and eight day for leaves and efflorescences, respectively. Keywords: Ocimum basilicum, post harvest, hydro distillation

O manjericão (Ocimum basilicum L.- Lamiaceae) é uma planta anual ou perene originária do sudeste asiático e da África Central podendo ser utilizada como planta medicinal, aromática ou condimentar. Como condimento, as folhas secas acompanham temperos culinários ou vão diretamente em massas como pizzas e lasanhas, e o óleo essencial pode ser utilizado diretamente nos alimentos e na indústria de cosméticos para a produção de xampus, sabonetes e perfumes. Ainda é utilizado como medicinal agindo contra problemas nas vias respiratórias, contra infecções bacterianas e parasitas intestinais, além de melhorar a digestão dos alimentos (Matos e Lorenzo, 2003). Em trabalho de avaliação do efeito do temperatura de secagem em manjericão 'Fino Verde', Blank et al. (2003) observaram que o melhor temperatura de secagem é 40oC e os compostos químicos majoritários em folhas frescas são 49,7% de linalol e 29,4% de eugenol, e em folhas secas são 64,3% de linalol e 14,4% eugenol. O tempo de secagem tem demonstrado interferir no teor de óleo essencial de várias espécies. Estudos visando observar a influência de tempos de secagem têm sido realizados com o objetivo de identificar o tempo ideal e economicamente viável para obtenção de maiores teores de óleo essencial e de certos compostos químicos. Trabalhando com a ervacidreira-brasileira (L. alba quimiotipo II citral-limoneno), verificou-se que o componente citral apresenta porcentagem máxima no sexto dia de secagem, em secador natural tanto na estação seca como na estação chuvosa, com valores de 63,25 % e 53,75 %, respectivamente. Entretanto, na estação seca, o composto limoneno apresentou o maior percentual durante o oitavo dia de secagem (14,49 %) e na estação chuvosa, se deu no quarto dia de secagem (14,43 %) (Nagao, 2003). Na tentativa de suprir a demanda de informação e a exigência de mercado, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a influência do tempo de secagem no óleo essencial de manjericão (Ocimum basilicum L.) cultivar Fino Verde. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi instalado na Fazenda Experimental "Campus Rural da UFS", localizado no município de São Cristóvão-SE, Brasil. O experimento foi realizado no período de 06/03/2003 a 28/04/2003 com material vegetal proveniente da rebrota do manjericão. O cultivo do manjericão cultivar Fino Verde foi realizado em ambiente protegido (estufa agrícola), utilizando-se mulch preto para cobrir os canteiros de 1,20 m de largura, 9,6 m de comprimento e 0,20 m de altura. Cada canteiro foi adubado com 60 m3 ha-1 de esterco bovino uniformemente misturado ao solo. A colheita foi feita com o corte da planta a uma altura de 0,20 m do solo, às 8:00 h e quando a mesma estava em plena floração. Utilizou-se o delineamento experimental de

blocos casualizados com três repetições. Os tratamentos foram 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 9, 11, 13 e 16 dias de secagem de folhas e de inflorescências em estufa com circulação de ar forçada a uma temperatura de 40 C. Para realização da amostragem, cada bloco foi colhido separadamente e as amostras dos tratamentos foram retiradas aleatoriamente. Cada parcela constou de 100 g de folha fresca e 50 g de inflorescência fresca. Realizou-se a análise de variância e a comparação das médias (Tukey p < 0,05). As varáveis avaliadas foram umidade e teor de óleo essencial. Os teores de umidade foram determinados com três repetições de 100 g de folha fresca e com três repetições 50 g de inflorescência fresca para cada dia de secagem. Para extração do óleo essencial utilizou-se o método da hidrodestilação com aparelho tipo Clevenger. Após destilação as folhas foram secas em estufa de secagem a 105oC por 48 horas. O teor (mL.100 g-1) de óleo essencial foi estimado com base no peso da matéria seca. RESULTADOS E DISCUSSÃO Houve diferença significativa entre os diferentes tempos de secagem para a variável umidade de folhas e inflorescência. O coeficiente de determinação tanto para folhas quanto para inflorescência foi superior a 85% com significância de 1%. A curva de regressão teve comportamento exponencial (Figuras 1 e 2) e observa-se que após o primeiro dia de secagem maior parte da água das folhas e inflorescências já havia sido retirada. Houve diferença significativa entre os tempos de secagem para o teor de óleo essencial nas folhas e inflorescências. Para ambas variáveis a curva de regressão mostrou comportamento exponencial, com R2 acima de 80% e significativo a 1% para as folhas, e com R2 acima de 45 %, significativo a 10 % para inflorescências (Figuras 3 e 4). Os valores do teor de óleo essencial foram superiores quando as folhas e as inflorescências ainda estavam frescas, havendo um declínio já nos dois primeiros dias de secagem. Essa perda pode ser explicada pela volatilização do óleo essencial durante o processo de secagem. A partir do quarto dia de secagem, para folhas, e do oitavo dia, para inflorescências, há uma tendência a estabilização do teor do óleo essencial (Figuras 3 e 4).

y=-1,541 + 78,774e-x R2= 0,8846** 90

Umidade das folhas (%)

80.5 71 61.5 52 42.5 33 23.5 14 4.5 -5

0

4

8 Tempo de secagem (dias)

12

16

Figura 1. Umidade das folhas de manjericão (%), cultivar Fino Verde, em função do tempo de secagem, São Cristóvão-SE, UFS, 2003. ** F significativo em nível de significância de 1 %. y=-1,371 + 76,454e-x R2=0,8884**

Umidade das inflorescências (%)

90 80.5 71 61.5 52 42.5 33 23.5 14 4.5 -5

0

4

8 Tempo de secagem (dias)

12

16

Figura 2. Umidade das inflorescências de manjericão (%), cultivar Fino Verde, em função do tempo de secagem, São Cristóvão-SE, UFS, 2003. ** F significativo em nível de significância de 1 %.

y=2,208 + 1,107e-x

Teor de óleo essencial nas folhas (mL.100g-1)

R2= 0,8905** 4

3.6

3.2

2.8

2.4

2

0

4

8 Tempo de secagem (dias)

12

16

Figura 3. Teores médios de óleo essencial das folhas do manjericão (mL.100g-1), cultivar Fino Verde, em função do tempo de secagem, São Cristóvão-SE, UFS, 2003. ** F significativo em nível de significância de 1 %.

Teor de óleo essencial na inflorescência (mL.100g-1)

y=3,049 + 0,683exp(-x/2,085) R2=0,4528 4

3.6

3.2

2.8

2.4

2

0

4

8 Tempo de secagem (dias)

12

16

Figura 4. Teores médios de óleo essencial da inflorescência do manjericão (mL.100g-1), cultivar Fino Verde, em função do tempo de secagem, São Cristóvão-SE, UFS, 2003. F significativo ao nível de significância de 10 %.

a

O óleo essencial perdido já nos primeiros dias de secagem poderia estar em locais de fácil extração e após a retirada dessa fração ocorre uma estabilização no valor dos teores de óleo essencial. Essa estabilização leva a supor a alocação de parte do óleo essencial em locais que dificultam a sua retirada, mantendo assim uma outra porção de óleo essencial que pode ser extraída com a hidrodestilação. Estudos realizados com menta (Mentha piperita L.) e alfavaca (Ocimum gratissimum L.) evidenciaram a fragilidade e a suscetibilidade dos constituintes do óleo essencial à volatilização durante o processo de secagem do material vegetal (Blanco et al., 2000; Conte et al., 2001). LITERATURA CITADA BLANK, A.F.; CARVALHO FILHO, J.L.S. de; ALVES, P.B.; RODRIGUES, M.O.; ARRIGONI-BLANK, M. de F.; SILVA-MANN, R.; MENDONÇA, M. da C. Efeito do horário de colheita e secagem de folhas de manjericão (Ocimum basilicum L.) cultivar Fino Verde no óleo essencial e seus constituintes químicos. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ÓLEOS ESSENCIAIS, 2. Documentos IAC, n.74, 2003. p.144. (Resumo, 134). BLANCO, M.C.S.G.; MING, L.C.; MARQUES, M.O.M.; BOVI, O.A. Influência da temperatura de secagem no teor e na composição química do óleo essencial de alecrim. Horticultura Brasileira, v.18, suplemento, 2000a, p.903-905 CONTE, C.O.; LAURA, V.A.; BATTISTELLI, J.Z.; CECONETTO, A.O.; SOLON, S.; FAVERO, S. Rendimento de óleo essencial de alfavaca por arraste à vapor em Clevenger, em diferentes formas de processamento das folhas. Horticultura Brasileira, v. 19, Suplemento-CD ROM, 2001. MATOS, F.J. de A.; LORENZO, H. Plantas medicinais do Brasil: nativas e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2003. 544p. NAGAO, O. E. Práticas de manejo de produção e pós-colheita de erva-cidreira (Lippia alba Mall N.E.Br.) quimiotipo II (citral-limoneno). Fortaleza: UFCE, 2003. 82p. (Tese- Doutorado em Fitotecnia).

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