INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NA WEB E PATRIMÔNIO CULTURAL: APRESENTAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, INTERFACES E INTERATIVIDADE

Share Embed


Descrição do Produto

INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NA WEB E PATRIMÔNIO CULTURAL: APRESENTAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, INTERFACES E INTERATIVIDADE Lorena Claudia de Souza Moreira Faculdade de Arquitetura, UFBA [email protected]

RESUMO Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) permitem produzir, analisar, e gerenciar informações georeferenciadas. O desenvolvimento e popularização das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) possibilitam a democratização dessa tecnologia. O presente artigo trata da Informação Geográfica veiculada na Web aplicada ao Patrimônio Cultural, traz exemplos e propostas de classificação quanto ao conteúdo e tecnologia, de projetos que tem por base a documentação do patrimônio. Palavras-chave: SIG Web. Patrimônio Cultural. Cartografia Interativa. Documentação Arquitetônica.

ABSTRACT The Geographic Information Systems (GIS) allow producing, analyzing, and managing geo-referenced data. The development and popularization of information technologies (ICT) make possible the democratization of technology. This article discusses Geographic Information disseminated on the Web applied to Cultural Heritage, with examples and suggestions for classification as to content and technology on projects that builds heritage’s documentation. Keywords: Web GIS. Cultural Heritage. Web Mapping. Architectural Documentation.

1 INTRODUÇÃO O crescente desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunicação nos últimos anos possibilitou o surgimento de novos recursos disponibilizados na Internet; como exemplo, os Sistemas de Informação Geográfica, que trazem novas possibilidades para gestão e planejamento espacial, inclusive de sítios e monumentos históricos. Este artigo trata dos Sistemas de Informação Geográfica com exemplos e aplicações desses sistemas veiculados na web, apresenta três pesquisas brasileiras cuja temática é o registro do patrimônio, propõe níveis de classificação desses sistemas, quanto ao conteúdo e tecnologia veiculados em websites da área patrimonial e, por fim, faz uma análise comparativa das pesquisas apresentadas destacando suas características comuns.

2

2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Os primeiros SIG surgiram na década de 60 no Canadá, através de um programa de governo cujo objetivo era a criação de um inventário para recursos naturais. Porém, a falta de mão de obra especializada e a tecnologia existente na época dificultaram sua utilização, demandando muito tempo e alto custo. Nos anos 70, surgiu o termo Geographic Information System (GIS) ou Sistemas de Informação Geográfica (SIG), no entanto, foi na década de 80 que o SIG começou a ser utilizado comercialmente, período de acelerado crescimento no uso dessa tecnologia (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2001). Os Sistemas de Informação Geográfica (SIG) podem ser entendidos como um sistema composto por hardware, software, dados, pessoas, organizações e instituições, para coleta, armazenamento, análise e divulgação de informações geográficas (DUEKER; KJERNE, 1989). A informação geográfica pode ser subdividida em três componentes: espaço, tempo e atributo. O espaço, apesar de ser um componente óbvio, requer atenção. Trata-se do espaço computacionalmente representado e não dos conceitos abstratos de espaço geográfico. O tempo segue um sentido linear, porém pode assumir períodos cíclicos e o atributo pode ser qualquer informação descritiva (nomes, números, tabelas e textos) relacionada a um objeto, elemento, entidade gráfica ou a um conjunto deles caracterizando um dado fenômeno geográfico. Apesar da ferramenta SIG permitir a convergência de várias áreas de estudo, utilizar um SIG requer a escolha das representações computacionais mais adequadas para capturar a semântica de seu domínio de aplicação. Do ponto de vista tecnológico, desenvolver um SIG significa oferecer o conjunto mais amplo de estruturas de dados e algoritmos capazes de representar a grande diversidade de concepções do espaço (CÂMARA; DAVIS; MONTEIRO, 2001). O Instituto de Pesquisa em Sistemas Ambientais (ESRI), fabricante do software ARCGIS, define SIG como um conjunto de hardware, software e dados geográficos para a captura, gerenciamento, análise e exposição de todas as formas de informações geográficas referenciadas. Shamsi (2010) relata que na década de 90, o predomínio da utilização desses sistemas passou a ser do usuário e que, a partir de 2000 até a atualidade, prevalecem os sistemas corporativos1. Os SIGs “abarcam grandes quantidades de usuários, distribuídos em várias localidades, e acessando grandes volumes de dados.” (HÜBNER; OLIVEIRA, 2008). Estes sistemas de informação geográfica são chamados de distribuídos - sistemas cliente/servidor. Uma

3

tendência atual é a utilização de servidores, Internet e tecnologia sem fio, além do Mobile GIS (utilização do SIG em aparelhos móveis). 2.1 Informação geográfica na web Os mapas apresentados na web podem ser classificados em estáticos ou dinâmicos, ambos podem ser divididos em mapas de visualização e mapas interativos. No mapa dinâmico, os dados espaciais mudam continuamente (como exemplo os dados climáticos), divergindo dos mapas estáticos em que não há mudanças, apenas atualização da base de dados. O tipo de mapa mais encontrado na Internet é o mapa estático com recursos de visualização como zoom, pan e funções de habilitar e desabilitar camadas. Os mapas estáticos também podem ser interativos quando direcionam a outras informações como: mapas, imagens ou websites, além das funções de visualização. Os mapas dinâmicos possuem diversas opções de visualização por meio de animações (GIF animado), um exemplo pode ser visto em (http://www.teleweer.nl/Radar.aspx), que apresenta um mapa dinâmico informando a previsão do tempo. Um exemplo conhecido de mapa estático é o disponibilizado no Google Earth e Googlemaps, ferramentas que popularizaram a informação geográfica na web2, apresentam um globo terrestre virtual, possibilitando a visualização tridimensional de objetos (edificações, topografia) ou de mapas, respectivamente. Outro recurso disponível na ferramenta é um banco de dados e um espaço colaborativo. Existem diferentes nomenclaturas referindo-se à associação de Sistemas de Informação Geográfica na web: “SIG Web”, “GeoWeb” ou ainda “Webmapping”, também sendo compreendida como sinônimo de cartografia interativa (HÜBNER; OLIVEIRA, 2008). Uma aplicação SIG Web tem como característica principal disponibilizar visualizações de informação geográfica, apresentando interação com o usuário através de mapas, podendo ter ferramentas de visualização como zoom, pan, e outras. Pode estar relacionada a um banco de dados geográfico ou utilizar imagens de mapas de um SIG associadas à linguagem HTML - HyperText Markup Language (SCHIMIGUEL; BARANAUSKAS; MEDEIROS, 2004). Essas afirmações são compartilhadas por Adnan, Singleton e Longley (2010) que relatam que aplicações SIG Web podem ser desde a veiculação de um simples mapa do mundo até análises espaciais complexas de distribuição e processos espaciais. Os aplicativos SIG Web podem utilizar uma série de tecnologias e plataformas de banco de dados e a escolha do banco de dados poderá impactar no desempenho da aplicação. Nesta direção, Kraak (2001)

4

destaca que a informação geográfica disponibilizada na web é influenciada por quatro grandes atores: os usuários; os provedores de dados, o ambiente de concepção dos produtos cartográficos, e o conteúdo dos produtos cartográficos. O acesso a informação geográfica na Internet é diferenciado pela interface e recursos de visualização disponibilizados por cada aplicação. O desafio desses sistemas é grande, dada a diversidade de usuários e de aplicações. Um exemplo de aplicativo é o Public Profiler Worldname (http://www.publicprofiler.org/worldnames) que possibilita a localização de pessoas de mesmo sobrenome por meio de um mapa. Os mapas, tabelas e informações sobre os nomes apresentados no website são derivados da análise da base de dados dos registros de aproximadamente 300 milhões de nomes em 26 países da Europa, América, Ásia e Oceania. Já o Maptube (http://www.maptube.org/home.aspx) é um aplicativo gratuito que compartilha mapas incluindo recursos de visualização, manipulação e associação (Figura 1).

Figura 1 - Imagem do Maptube - repositório de mapas na web. Fonte: .

Outro exemplo de informação geográfica veiculada na Internet é o Google Maps. Seu aplicativo Street View foi criado em 2007 e recentemente foi lançado no Brasil (setembro de 2010). Disponibiliza imagens dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, bem como cidades históricas de Minas Gerais como: Congonhas, Mariana, Tiradentes, Diamantina e Ouro Preto, totalizando 51 municípios mapeados no Brasil (Figuras 2a e 2b). Apresenta imagens fotográficas com informações geográficas, possibilitando ao usuário localizar-se no espaço, através de visualizações panorâmicas de 360° na horizontal e 290° na vertical, no nível da rua, dentro do Google Maps. A tecnologia utilizada para permitir a disponibilização dessas imagens inclui câmeras direcionais para as visualizações de 360°, uma unidade GPS para posicionamento, e

5

scanners de varredura a laser. O aplicativo também é disponibilizado em aparelhos móveis e tem como principal função auxiliar o usuário a se localizar no espaço e encontrar lugares de sua preferência.

(a)

(b)

Figura 2 – Imagens no Street View (a) Cidade de Ouro Preto, (b) Cidade de São Paulo. Fonte: .

3 INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NA WEB E PATRIMÔNIO CULTURAL De acordo com o Manual de Gestão dos Recursos Culturais, da UNESCO, torna-se necessário uma abordagem sistemática para haver um efetivo gerenciamento de recursos patrimoniais, que podem ser estruturados em: •

Levantamento e criação de um inventário para documentar os recursos culturais, seu contexto histórico e meio físico;



Avaliação dos recursos do patrimônio cultural, suas definições e valores culturais;



Análise e investigação do material de construção, sistema estrutural e contexto histórico para um planejamento adequado e políticas de conservação;



Desenvolvimento de estratégias de curto e longo prazo de programas de conservação, gestão e antecipação de mudanças futuras;



Implementação, monitoramento, e onde necessário, a revisão dos programas em desenvolvimento.

O manual se refere ao SIG como uma eficiente ferramenta para a realização desses procedimentos. Ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento de uma ampla variedade de técnicas envolvendo tecnologias digitais adquiriu eficiência e custo benefício na tarefa de documentar e analisar com precisão o acompanhamento da situação física dos sítios e

6

monumentos históricos. A gestão e o planejamento espacial dos recursos do patrimônio por governos e órgãos administradores do patrimônio têm sido mais eficazes com o uso de Sistemas de Informação Geográfica, banco de dados e novas tecnologias web (SILBERMAN, 2010). Para Sarris (2007), a construção de um SIG aplicado ao patrimônio cultural requer uma abordagem diferente das habituais aplicações de um SIG, do ponto de vista da qualidade dos dados fornecidos, o tipo de informação que é disponibilizada ao público e a síntese das camadas temáticas que são necessárias para o mapeamento dos monumentos e sítios culturais. Neste contexto, serão apresentadas a seguir três pesquisas brasileiras na área de documentação do patrimônio que disponibilizam informações geográficas na web juntamente com outras tecnologias. O “Inventário do Patrimônio Cultural de Pelotas, Prédios e Paisagens Urbanas” compõe a pesquisa intitulada “Geoprocessamento e Preservação Patrimonial” e está disponível no endereço http://faurb.ufpel.edu.br/siphpel/principal.html (Figura 3).

Figura 3 – Imagem do SIG do Inventário do Patrimônio Cultural de Pelotas Fonte: .

O trabalho foi desenvolvido em parceria com a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pelotas e a Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Pelotas. Tem como objetivo disponibilizar recursos de SIG para a preservação do patrimônio, com ênfase em imóveis e paisagens urbanas, podendo ser usado pela administração pública, universidades e agentes de educação patrimonial. Na implementação do website foi utilizada a tecnologia Flash juntamente com a linguagem HTML, para a visualização e interação com os mapas foi utilizado o plugin SVG Viewer, e a criação do banco de dados foi realizada no Microsoft Access (POLIDORI et al, 2003).

7

Outro exemplo de aplicativo é o website do Projeto Lençóis (Figura 4), que está disponível em http://www.projetolencois.org e retrata o patrimônio arquitetônico da cidade de Lençóis, tombada em 1973 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Figura 4 – Imagem do website do Projeto Lençóis. Fonte: .

O website integra uma pesquisa de mestrado do Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo (Pós-Arq) da Universidade Federal de Santa Catarina e atua como protótipo do Projeto Lençóis da Universidade Federal da Bahia. Tem como objetivo sistematizar e universalizar o acesso às informações, através de um instrumento (ambiente web) para o fortalecimento de ações de valorização, preservação e divulgação do patrimônio cultural. Disponibiliza textos, vídeos e diversas imagens sobre as edificações históricas da cidade e entrevistas com pesquisadores da área patrimonial. Na implementação do ambiente foi utilizada a linguagem de programação ASP (Active Server Pages) com o sistema gerenciador de banco de dados Microsoft Access (MOREIRA, 2008). Da preocupação com o estudo e preservação das fortificações militares surgiu o projeto Fortalezas Multimídia (http://fortalezasmultimidia.com.br), criado em 1995, pela Universidade Federal de Santa Catarina, sob a coordenação do arquiteto Roberto Tonera. O projeto tem os seguintes objetivos: • Promover a criação de um núcleo internacional de estudos sobre estas fortificações; • Desenvolver um banco de dados relacional sobre estas construções;

8

• Recuperar, tratar, sistematizar, arquivar e preservar acervos documentais - textos,

desenhos, fotos e vídeos; • Elaborar, assessorar e coordenar projetos de restauração de estruturas arquitetônicas e

arqueológicas; • Desenvolver pesquisas documentais e de campo sobre os aspectos históricos,

arqueológicos e arquitetônicos das fortificações; • Desenvolver a aplicação de recursos multimídia com função educacional, cultural e

turística, entre outros. Fortificações no Mundo (http://www.fortalezas.org) é uma realização do Projeto Fortalezas Multimídia e disponibiliza na Internet um banco de dados sobre fortificações históricas, com possibilidade de consulta, pesquisa e alimentação de conteúdos (Figura 5). Essa alimentação da base de dados, em forma de textos e mídias (fotografias, iconografias antigas, mapas, vídeos, projetos em CAD, entre outros), pode ser realizada em forma de contribuição livre, colaborativa, por qualquer instituição ou pessoa interessada no tema.

Figura 5 – Imagem do website Fortificações no Mundo Fonte: .

Podem-se extrair características comuns a essas pesquisas como: •

Utilização de mapas com a localização da edificação no contexto urbano;



Vinculação de imagens das edificações apresentadas no mapa com imagens mais detalhadas das edificações;

9



Gerenciamento através de um banco de dados;



Presença de variadas mídias como textos, vídeos e imagens.

Arleth e Campagna desenvolveram uma tabela comparativa de conteúdo e tecnologia utilizados em websites europeus que tratam da administração pública e gerenciamento da informação geográfica (METTE; ALENKA; CAMPAGNA, 2006). Utilizando como parâmetro o Manual de Gestão dos Recursos Culturais, da UNESCO, e a metodologia utilizada por Arleth e Campagna, propôs-se uma tabela comparativa do conteúdo apresentado em websites aplicados ao patrimônio, que tratam da informação geográfica, e uma tabela comparativa do tipo de tecnologia utilizada. Quanto ao conteúdo apresentado, a proposta de classificação está distribuída em cinco níveis, C1, C2, C3, C4 e C5 relatados a seguir: • C1 - Inventário para documentar os recursos culturais, seu contexto histórico e meio

físico; • C2 - Avaliação dos recursos do patrimônio cultural, suas definições e valores culturais; • C3 - Análise e investigação do material de construção, sistema estrutural e contexto

histórico; • C4 - Desenvolvimento de estratégias de curto e longo prazo de programas de

conservação, gestão e antecipação de mudanças futuras; • C5 - Implementação e monitoramento.

Tomando por base os cinco níveis de classificação de conteúdo e analisando as pesquisas aqui apresentadas verificou-se que as três pesquisas contemplam os níveis C1 e C2, conforme resultado explicitado na Tabela 1. Tabela 1 – Análise comparativa quanto ao conteúdo disponibilizado C1

C2

C3

C4

C5

Inventário de Pelotas

X

X

-

-

-

Website Projeto Lençóis

X

X

-

-

-

Fortificações no Mundo

X

X

-

-

-

10

Quanto à tecnologia utilizada, a proposta de classificação apresenta os níveis T1, T2, T3, T4 e T5 listados a seguir: • T1 – Ferramentas simples de GI, texto, mapas estáticos e elementos multimídia em

HTML ou PDF, documentos, interação através de links (hipertexto); • T2 - Hypermapas, mapas interativos com zoom e pan, acesso a informações adicionais

através de links no mapa; • T3 - Interação, aplicações dinâmicas, mapas dinâmicos, animações interativas,

multimídia, cenas em 3D, VRML; • T4 - SIG Web básico, consultas temáticas e geográficas, browsing, download e análise

de dados; • T5 - Sofisticadas funcionalidades SIG, ferramentas geográficas avançadas.

Tomando por base a classificação da tecnologia utilizada verificou-se que os websites Projeto Lençóis e Fortificações no Mundo contemplam os níveis T1 e T2, já ao Inventário de Pelotas atribuem-se os níveis T1, T2 e T4, conforme explicitado na Tabela 2. Tabela 2 – Análise comparativa quanto à tecnologia utilizada T1

T2

T3

T4

T5

Inventário de Pelotas

X

X

-

X

-

Website Projeto Lençóis

X

X

-

-

-

Fortificações no Mundo

X

X

-

-

-

De acordo com Moreira (2008) a veiculação de imagens do sítio patrimonial é um recurso adotado pela maioria dos websites de cunho patrimonial, divergindo apenas pela tecnologia empregada. A fotografia ainda é o recurso visual mais utilizado, seguido de mapas e animações. Nesta direção, a web permite a reunião e integração das diversas formas de representação das edificações em apenas um ambiente, como: desenhos técnicos, modelos geométricos, imagens dinâmicas ou estáticas, etc. Possibilita também inter-relacionar essas informações e associá-las aos aspectos sócio-históricos que compõem o cenário de origem. Por seu caráter interativo e não linear, as obras podem ser vistas, pelo usuário, de acordo com o interesse que demonstrar no tema (MOREIRA, 2008).

11

4 CONCLUSÃO A Internet e as tecnologias SIG fornecem um conjunto de vantagens para facilitar o gerenciamento e acesso à informação. A utilização dessas tecnologias para fornecer acesso à informação espacial na Internet favorece a documentação e a gestão do patrimônio cultural. Após a análise comparativa das três pesquisas apresentadas, conclui-se que há uma homogeneidade no conteúdo veiculado nos sistemas como: inventário de edificações e avaliação de recursos do patrimônio. O website do Projeto Lençóis e Fortificações no Mundo apresentam características comuns quanto à tecnologia utilizada, englobando ferramentas simples de geoprocessamento, elementos multimídia e mapas interativos. Com relação ao Inventário de Pelotas, acrescentam-se recursos de SIG Web básico e consultas temáticas sobre o estado de conservação do patrimônio edificado. As pesquisas, apesar de atingirem os níveis iniciais de classificação de conteúdo e tecnologia, possuem potencialidades de crescimento. A atribuição de níveis de classificação e comparação de sistemas web voltados ao registro do patrimônio cultural contribuem para uma análise mais detalhada, auxiliando na identificação das características comuns, dos tipos de dados disponibilizados e do grau de desenvolvimento desses sistemas. Diante do exposto, os Sistemas de Informação Geográfica na web revelam-se importantes ferramentas para finalidades diversas, incluindo as de interesse patrimonial. Esses sistemas aliados a outras mídias e tecnologias digitais atuam em várias áreas do patrimônio, como gestão, monitoramento e divulgação, contribuindo para ações de preservação de sítios históricos e da memória patrimonial.

REFERÊNCIAS ADNAN, M.; SINGLETON, A. D.; LONGLEY, P. A. Developing Efficient Web-based GIS Applications. University College London, London: Casa, UCL. 2010. Disponível em: . Acesso em: 2 out. 2010. CÂMARA, Gilberto; DAVIS, Clodoveu; MONTEIRO, Antônio M. V. Introdução à Ciência da Geoinformação. São José dos Campos: INPE, 2001. DUEKER, K.; KJERNE, D. Multipurpose Cadastre: Terms and Definitions. In: AMERICAN SOCIETY FOR PHOTOGRAMMETRY AND REMOTE SENSING AND AMERICAN CONGRESS ON SURVEYING AND MAPPING – ASPRS/ACSM. Proceedings…Falls Church: VA, 1989.

12

Environmental Systems Research Institute (ESRI). Disponível em: . Acesso em: out. 2010. Fortificações no Mundo. Disponível em: . Acesso em: 3 out. 2010. Google Earth. Disponível em: . Acesso em: out. 2010 HÜBNER, C.E; OLIVEIRA, F. H. Gestão da Geoinformação em Implementações Multiusuários. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CADASTRO TÉCNICO MULTIFINALITÁRIO, 2008. Anais... Florianópolis: UFSC, 2008. Disponível em: . Acesso em: 3 out. 2010. KRAAK, Menno-Jan; BROWN, Allan. Web Cartography: developments and prospects. New York: Taylor & Francis, 2001. METTE A., ALENKA, K., CAMPAGNA, M. Distribution of Public Administration GI-Based websites – Towards Across European Comparison Study. In: URBAN DATA MANAGEMENT SYMPOSIUM (UDMS), 6., 2006. Proceedings… Aalborg: Denmark, 2006. MOREIRA, L. C. S. Patrimônio Cultural e Tecnologias de Informação e Comunicação: estudo de caso em Lençóis, na Bahia. 2008. 172 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo), Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008. MOREIRA, L. C. S; SANTIAGO, A.; ULBRITCH, V. Divulgação da Documentação Arquitetônica através da Web: Estudo de caso de um website sobre o patrimônio arquitetônico de Lençóis – BA. In: SEMINÁRIO LATINO-AMERICANO ARQUITETURA E DOCUMENTAÇÃO, 2008. Anais eletrônicos... Belo Horizonte: UFMG, 2008. POLIDORI, M. C. et al. Geoprocessamento e Preservação Patrimonial. Relatório de Pesquisa - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal de Pelotas: FAPERGS, 2003. SARRIS et al. A Web-GIS Approach to Cultural Resources Management in Crete: the Digital Archaeological Atlas of Crete. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON COMPUTER APPLICATIONS AND QUANTITATIVE METHODS IN ARCHAELOGY (CAA), 35, 2007, Berlin. Proceedings… 2007. Disponível em: . Acesso em: out. 2010. SCHIMIGUEL, J.; BARANAUSKAS, M. C.; MEDEIROS, C. B. Investigando Aspectos de Interação em Aplicações SIG na Web voltadas ao Domínio Agrícola. In: SIMPÓSIO SOBRE FATORES HUMANOS EM SISTEMAS COMPUTACIONAIS — MEDIANDO E TRANSFORMANDO O COTIDIANO, 6., 2004, Curitiba. Anais... Curitiba: UFPR. Disponível em: . Acesso em: 3 out. 2010. SHAMSI, U. S. Geographic Information Systems and Hydrologic & Hydraulic Modeling. Youngstown State University. Disponível em: . Acesso em: 10 out. 2010.

13

SILBERMAN, N. Cultural Heritage and the Information Technologies. In: NICCOLUCCI, F. (Org.). Digital Applications for Tangible Cultural Heritage. 2 v. Budapest: Archaeolingua, 2007. p. 95-104. UNESCO. Geographic Information Systems and Cultural Resource Management Applications: a manual for heritage sites managers. Bankok: UNESCO, 1998.

Notas 1

“Um ambiente informacional corporativo pode ser de uma empresa, associação, sociedade, organização ou instituição governamental, e em geral, as finalidades de uso da geoinformação são restritos aos negócios ou ações da corporação”. Fonte: HÜBNER; OLIVEIRA, 2008. 2 Em 2007 em torno de 50.000 websites utilizaram os recursos do Googlemaps. Fonte: ADNAN, SINGLETON, LONGLEY, 2010.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.