INOVAÇÃO ATRAVÉS DAS PATENTES: um olhar sobre a produção tecnológica da Universidade Federal de Pernambuco no período de 2002 a 2012

June 28, 2017 | Autor: N. Vitor Sobral | Categoria: Information Technology, Patents, Technological Innovation, Inovation, Patentometrics
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INOVAÇÃO ATRAVÉS DAS PATENTES: um olhar sobre a produção tecnológica da Universidade Federal de Pernambuco no período de 2002 a 2012 Marcio Henrique Wanderley Ferreira1 Fábio Mascarenhas e Silva2 Natanael Vitor Sobral3 Tatyane Lucia Cruz4

RESUMO A inovação gerada nos ambientes de pesquisa aplicada é revelada através da produção tecnológica. Estas pesquisas são de extrema importância para o desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil, pois demonstra o grau de maturidade, bem como o patamar de inovação no país. Desse modo, essa pesquisa buscou analisar a produção tecnológica no período de 2002 a 2012 da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Para tal, foram utilizadas análises cientométricas e bibliométricas nas cartas patentes, que são importantes instrumentos para medição do avanço tecnológico. Os dados e informações levantados referentes à produção tecnológica, foram tratados e transformados em indicadores que apontam o desenvolvimento tecnológico da UFPE. Dessa forma, foi possível visualizar as temáticas mais envolvidas com inovação, os inventores que vem fazendo essa produção acontecer, e quais as características regionais presentes neste contexto. A finalidade dessa pesquisa foi fornecer indicadores úteis à construção de políticas ligadas à tecnologia e inovação, auxiliando o processo de tomada de decisão de gestores vinculados a estes setores. Palavras-chave: indicadores tecnológicos; inovação tecnológica; patentes

ABSTRACT The innovation generated in applied research settings is revealed through the production technology. These studies are extremely important for the development of Science, Technology and Innovation in Brazil, as it demonstrates the maturity and the level of innovation in the country. Thinking about it, this research aimed to analyze the production technology of the years 2002 to 2012 the Federal University of Pernambuco, through bibliometric and scientometric analyzes made in the letters patent, one of the most widely used instruments for measuring technological advancement. The data and information collected regarding production technology, were treated and transformed into indicators that demonstrate technological development at the University. Thus, it was possible to visualize the issues involved with more innovation, inventors who has been making this production happen, and what regional characteristics present in this context. The purpose of all research is to provide useful indicators that can assist in the construction of policies related to technology and innovation, and to serve as aid in decision making. Keywords: technological indicators, technological innovation; patents

Grupo Temático 2: Produção, Comunicação e Uso da Informação

1

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Mestrando em Ciência da Informação pela UFPE

2

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Docente/Pesquisador da UFPE

3

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Mestrando em Ciência da Informação pela UFPE

4

Universidade Federal de Pernambuco – UFPE.

1 INTRODUÇÃO Os ambientes de produção tecnológica são configurados no Brasil, principalmente, pelas universidades, parques tecnológicos e institutos tecnológicos e de pesquisa, os quais possuem infraestrutura espacial suficiente para desenvolver pesquisa aplicada. Devido à forte intervenção governamental na produção e gestão do setor de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) existente no país, políticas de órgãos públicos como o CNPq5, CAPES6, FINEP7, ou o próprio Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) geralmente visam o desenvolvimento e apoio das instituições que atuam neste setor por meio de editais de fomento e investimentos diretos. As pesquisas aplicadas desenvolvidas nesses ambientes, normalmente, são fundamentadas pelo conhecimento científico, resultante de pesquisa básica, que tem origem nas Universidades e estas resultam em produtos e processos denominados produção tecnológica (DAGNINO, 2007). Sendo assim, a produção tecnológica, oriunda das pesquisas aplicadas, é caracterizada pela comunidade de pesquisa científica, geração de produtos e de processos tecnológicos, e por instituições com enfoque

na

geração

de

avanços

tecnológicos.

A

produção

tecnológica

essencialmente tem a finalidade de atender as necessidades da sociedade e contribuir para a solução de problemas práticos, através da criação de invenções e, por consequência, impacta o desenvolvimento tecnológico, econômico e social. (SERZEDELLO, TOMAÉL, 2011) Neste sentido, o desenvolvimento científico, tecnológico e social pode ser verificado por meio de indicadores estatísticos, que expõem o potencial qualiquantitativo do progresso das Universidades, institutos tecnológicos e de pesquisa, e especificamente do setor de CT&I (SERZEDELLO, TOMAÉL, 2011). A construção de indicadores mobiliza setores governamentais, acadêmicos e políticos, 5

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

6

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

7

Financiadora de Estudos e Projetos

2

e tem incentivo da comunidade acadêmica e dos gestores de CT&I que buscam compreender a dinâmica da Ciência no intuito de subsidiar e avaliar o planejamento e resultados das políticas públicas. Neste contexto, essa pesquisa buscou analisar a produção de patentes na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O intuito da análise é identificar as temáticas mais ligadas à produção de patentes, a evolução histórica do depósito de patentes e os autores que mais depositaram patentes na instituição. Para alcançar tal finalidade, foram utilizados os indicadores tecnológicos sobre a produção de patentes. Ainda que os indicadores não representem a verdade absoluta sobre um determinado assunto, porém, estes se mostram como importantes representações da realidade, no intuito de identificar, medir e analisar para que o processo de produção de patentes seja melhorado e gerido de forma estratégica. Os dados analisados são referentes aos pedidos de depósitos de patentes realizados no período de 2002 a 2012, na Diretoria de Inovação e Empreendedorismo (DINE) da UFPE. Dessa forma, o objetivo geral dessa pesquisa é verificar os elementos informacionais no processo de depósito de patentes da UFPE, como fonte de informações técnicas estruturais aptas à utilização de pesquisadores da matéria produzida na instituição. Por ser uma temática muito recente e ampla nos seus desdobramentos, o trabalho utilizará como base o seguinte recorte: serão observados os dados relativos aos inventores depositantes, às instituições as quais eles são oriundos, às temáticas relativas às invenções, aos centros acadêmicos, aos departamentos e às datas de depósitos.

2 REFERENCIAL TEÓRICO Tendo em vista o atual ambiente competitivo que se configurou na sociedade, a informação não exerce apenas um papel social, mas também, tornou-se elemento estratégico para a evolução científica e tecnológica. Neste cenário, é necessário um aprofundamento de estudos voltados para a informação tecnológica como recurso de tomada de decisão e criação de políticas. Segundo Rocha e Ferreira (2001), a aplicação do novo conhecimento a situações empiristas redundou no avanço

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tecnológico, no qual as mudanças tecnológicas decorrentes de inovações em produtos e processos engendram necessidades contínuas de aprimoramento. Eles ainda afirmam que: O processo de inovação tecnológica é, entretanto, apenas uma das faces de um fenômeno bem mais amplo e profundo vivido pelas sociedades contemporâneas: a mudança do próprio paradigma sociocultural associada a uma transformação do padrão de acumulação capitalista. Neste novo cenário da Sociedade do Conhecimento, informação e conhecimento ganham renovado destaque e passam a se constituir objeto de estudo privilegiado de áreas como das ciências econômicas e administrativas, ciências da computação e da comunicação, sociologia, pedagogia e antropologia, entre outras. (ROCHA; FERREIRA, 2007, p. 64).

Neste panorama, Garcia (2011) afirma que a tecnologia é desenvolvida em um ambiente que possui aspectos estruturais, conjunturais e contextuais, permitindo assim, que as instituições estimulem a concepção do conhecimento explicitado em uma inovação tecnológica na sociedade. Neste caso é pertinente destacar as informações tecnológicas como elementos fundamentais de estudo acerca das suas potencialidades, não só ao fornecer instrumentos basilares para o desenvolvimento de produtos tecnológicos, mas também a prover informações básicas para o aperfeiçoamento da pesquisa aplicada, a qual tem o objetivo de municiar a pesquisa básica em uma determinada tecnologia ou campo científico que necessite desse insumo. A partir de uma contextualização histórica, podemos destacar que após o século XVIII o mundo começou a adentrar em um novo processo evolutivo, no qual a industrialização e a produção de insumos obtiveram crescimento vertiginoso. Essa realidade trouxe a necessidade do desenvolvimento de pesquisas que priorizassem a criação de tecnologia propícia à indústria, atuante naquele momento. Oliveira et al. (2005) afirmam que:

a partir da Revolução Industrial, a aplicação bem-sucedida de conhecimentos científicos para a produção de tecnologias passou a ocorrer em larga escala. Desde então o conhecimento científico deixou de ser um

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bem permanente cultural e tornou-se um insumo para o sucesso econômico.

Mais recentemente, no decorrer do século XX, o advento das tecnologias da informação permitiu um novo interesse sobre o acesso à informação e ao conhecimento. Assim, vários estudos apontam a influência da tecnologia sobre a ciência, em um deles, o autor Rosenberg (1982 apud PÓVOA, 2008, p. 17) argumenta que a tecnologia influencia a atividade científica de várias formas, analisando ligações entre a ciência e a economia, discutindo a questão de “quão exógena é a ciência”. Ele ainda afirma que muitos aprimoramentos tecnológicos ainda ocorrem pelo método de tentativa e erro, especialmente para solucionar questões para as quais não há explicação científica, tendo a tecnologia servido tanto como uma fonte de questões e problemas a serem abordados e resolvidos pela pesquisa científica, como também acumulada de um conjunto de conhecimentos empíricos a serem organizados e avaliados pelos cientistas. Então, percebeu-se uma interação entre a ciência e a tecnologia de uma forma muito mais complexa, que exige análise e estudo constantes, sobre as possibilidades interacionais. Desta forma, se faz relevante compreender que: Esta existência de uma complexa relação interativa entre ciência e tecnologia faz com que o fluxo de conhecimento entre academia e a indústria não seja uma via de sentido único tornando o estudo do papel da universidade e dos Institutos de Pesquisa em um sistema nacional de inovação e a sua interação com o setor industrial extremamente fecundo. (PÓVOA; 2008, p. 19).

Dessa maneira, é necessário o desenvolvimento de procedimentos que propiciem a análise dessa informação tecnológica com o intuito de demonstrar um panorama existente; para isso, o uso de indicadores da atividade científica e tecnológica como forma de visualização e mapeamento da relação entre a ciência e o desenvolvimento tecnológico é de grande valia, podendo ser um fator indutor para

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a mobilização e amadurecimento de diversos segmentos da sociedade, tais como os setores governamentais e empresariais. De acordo com Santos (2003) e Santos e Kobashi (2009), esses indicadores são em uma primeira definição, dados estatísticos utilizados para: avaliar as potencialidades da base científica e tecnológica dos países, monitorar as oportunidades em diferentes áreas, e identificar atividades e projetos mais promissores para o futuro, de modo a auxiliar as decisões estratégicas dos gestores da política científica e tecnológica, contribuindo ainda para que a comunidade científica conheça o sistema no qual está inserida. Dentre os indicadores mais utilizados na mensuração do desenvolvimento e potencial tecnológico de uma nação, Bernardes (2003, p. 152) ressalta que “as patentes formam até hoje o principal indicador de produção tecnológica nos países centrais e o número delas é uma medida que auxilia a avaliação da capacidade de inovação”.

3 METODOLOGIA A partir das classificações de pesquisa propostas por Silva e Menezes (2005), a pesquisa será desenvolvida sob uma abordagem qualiquantitativa, onde serão utilizadas técnicas estatísticas associadas à interpretação de fenômenos e atribuição de significado aos dados. As ferramentas de análise utilizadas nesta pesquisa permitirão enxergar variáveis sociais embutidas nos indicadores não visíveis apenas na convivência com os atores, fazendo uso das representações numéricas obtidas a partir dos registros. Para alcançar os objetivos do referido trabalho, buscou-se a utilização das técnicas bibliométricas e cientométricas, que auxiliaram na criação, representação e análise dos indicadores tecnológicos, permitindo a realização de interpretações. Os estudos cientométricos englobam as ciências físicas, naturais, e sociais, preocupando-se assim com a “dinâmica da ciência, como atividade social, tendo como objetos de análise a produção, a circulação e o consumo da produção científica” (SANTOS, KOBASHI, 2009, p. 159). Desta forma, este estudo visa compreender a estrutura, conexões e evolução dessas ciências com o intuito de

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estabelecer relações entre elas. Nesta mesma instância há também a bibliometria, que pode ser interpretada como o conjunto de técnicas e métodos quantitativos para a gestão de instituições envolvidas com o tratamento de informação (PRITCHARD, 1969). Neste sentido, o objetivo foi propor um conjunto de procedimentos eficientes de geração de indicadores sobre a produção intelectual, com a finalidade de permitir a compreensão da produção de inovação tecnológica pelos pesquisadores participantes da produção de patentes na UFPE. Sendo assim, foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: a) definição do contexto do estudo: Necessita-se delimitar o ambiente para geração de indicadores de patentes. Neste estudo, objetivou-se analisar o depósito de patentes (na DINE, UFPE), restringindo a análise do corpo docente da instituição e delimitando o período de produção de documentos de patente de 2002 a 2012; b) consulta dos Dados na DINE: Após a escolha do ambiente de estudo, devese observar as

generalidades e particularidades que requerem ser

analisadas para serem adquiridos os dados necessários a construção trabalho.

Para

tanto,

foi

escolhida

a

Diretoria

de

Inovação

e

Empreendedorismo como fonte de informação, por ser o órgão na UFPE responsável pela intermediação de processos de patenteamento em diversas instâncias, a qual possui também como instrumento de trabalho, empresas incubadoras oriundas da UFPE e empresas parceiras que desejam o capital intelectual fornecido pela Instituição para produção de patentes. Ressalva-se que os registros dos depósitos identificados, foram fornecidos pela própria Diretoria e que alguns dos registros mais recentes não foram fornecidos, por alegação de estarem em período de segredo industrial; c) consulta na Base de Dados do INPI: Para uma posterior comparação da produção de patentes e a análise das áreas do conhecimento, identificadas pela classificação internacional de patentes (CIP), buscou-se o site do INPI (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual) para a identificação dos

7

registros

das

patentes

pela

universidade

(http://www.inpi.gov.br/index.php/patente/busca); d) utilização do Dataview: Para compilar os dados obtidos, adotou-se o Software Dataview por ser uma ferramenta de compilação estatística que permite a tabulação dos dados (necessária para a produção dos gráficos de visualização, facilitando a posterior tarefa de análise). O Dataview é um software bibliométrico desenvolvido pelo Centre de Recherche Rétrospective de Marseille – CRRM da Université Aix-Marseille III, da França, para análise de referências bibliográficas; e) utilização do Microsoft Excel e do UCINET: Para melhor visualização das informações, foi utilizado

o software Microsoft Excel, que permitiu a

visualização quantitativa dos dados, proporcionando a observação dos diversos elementos que foram analisados no estudo.

4 ANÁLISE DOS DADOS Nesta seção são apresentados os dados relativos à pesquisa com o intuito de abordar mais especificamente os dados relativos aos depósitos de patentes realizados na UFPE. Pretende-se, assim, demonstrar as principais informações relativas aos depositantes das inovações tecnológicas. Inicialmente, após a criação da Diretoria de Inovação e Empreendedorismo da Universidade Federal de Pernambuco, foi possível visualizar o reconhecimento de um setor responsável pela produção e difusão tecnológica na Instituição. Isso é possível, devido às atividades desenvolvidas por essa Diretoria, a qual é vinculada à Pró-Reitoria para Assuntos de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ). Portanto, os dados aqui observados foram obtidos através da Diretoria e sua disponibilização das informações. Por conseguinte, percebeu-se que ao longo de 11 anos houve 78 pedidos de depósitos de patentes na Diretoria com o intuito de registrar processo de pedido para o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), para a obtenção da Carta Patente da inovação tecnológica. Mesmo com essa quantidade de pedidos realizados verificou-se uma instabilidade na quantidade de depósitos ao longo do

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período analisado, sendo registrado em 2007, por exemplo, um valor relativamente pequeno de depósitos (Gráfico 1). Um estudo semelhante foi realizado por Pereira (2008), onde ele identificava 477 registros de depósitos de patentes num total de vinte e dois anos de produção (1984-2006) na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

17 13 11 8

7

5

7 5

2

1

2

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Gráfico 1 – Evolução da quantidade dos depósitos de 2002 a 2012 Fonte: dados da pesquisa

Com o intuito de promover uma melhor compreensão da evolução dos depósitos de patentes ao longo dos anos, resolveu-se aplicar alguns conceitos da estatística capazes de gerar alguns indicadores que expõem de modo próximo da realidade o comportamento dessa realidade. Constatou-se que, a média dos depósitos é 7,09, entretanto, a média frequentemente não demonstra um estado mais próximo da realidade, uma constatação disso é o exemplo do ano de 2007, onde apenas 1 depósito foi realizado, enquanto que em 2003 houve 17 depósitos. Nesse sentido, resolveu-se adotar também os indicadores de Desvio Padrão (DesPAD) e Variância (VAR), que são medidas de dispersão. O DesPAD aponta a regularidade da produção ao longo dos anos, no caso dos depósitos de patentes, a maior parte da amostra caminha 4,96 maior ou menor que a média, quanto maior o DesPAD, menor é a regularidade, e quanto menor o DesPAD, maior é a homogeneidade da amostra. No caso do exemplo apresentado, conclui-se que os depósitos de patentes observados foram irregulares, pois o valor apontado (4,96) está afastado de zero.

9

Já o indicador de variância indica a variabilidade dos valores da amostra, sua função é apresentar através de um número positivo variações no padrão dos dados de uma amostra, a variância é calculada medindo o valor do desvio padrão ao quadrado, e o desvio padrão pode ser encontrado através da raiz quadrada da variância. Assim como no desvio padrão, quanto mais próximo de zero for a variância, menos variações podem ser encontradas na amostra, e quanto mais distante de zero mais oscilações ocorreram. A partir dos dados obtidos do gráfico 1, observa-se então uma variância de (24,69), indicando o quão longe estão os valores do esperado ao longo da amostragem. Posteriormente, observaram-se em quais áreas de aplicação os inventores identificaram seus pedidos de patentes, no momento do depósito, para posterior averiguação do INPI. Essa observação é importante, pois denota qual é a área do conhecimento, que mais trabalha com inovação tecnológica ou prioriza sua produção.

Inicialmente,

percebe-se

que

as

áreas

Industriais,

Medicina,

Farmacêutica e de Saúde, detêm grande parte dos arranjos produtivos para a produção de inovação na Universidade. Essa realidade carece de maior atenção dos setores institucionais responsáveis a fomentar a área, para servir de estímulo aos depósitos, já que revela ser uma área característica da região, e que se apresenta em contínuo desenvolvimento. Sendo assim, há aqui uma oportunidade de tornar-se ainda mais inovador dentro do contexto, uma vez que o cenário para um maior desenvolvimento já está criado (Gráfico 2).

10

22 7 3

2

INDUSTRIAL

29

MEDICINA FARMACEUTICA

13

SAUDE

14

14

AMBIENTAL ALIMENTOS TRANSPORTE DE FLUIDOS

Gráfico 2 – Áreas de aplicação identificadas no registro do depósito Fonte: dados da pesquisa

Logo em seguida, buscou-se contemplar a produção por inventor depositante que possuísse maior índice de depósito de patentes. Desta forma, percebeu-se que a maior amostrar da quantificação dos depósitos realizados, concentra-se em um conjunto de 15 inventores, onde dois se destacaram realizando 9 depósitos cada um, outros quatro realizaram 6 cada um, e ainda mais 4 conseguiram realizar 5 cada.

Portanto, compreende-se que estes dados são

importantes, pois demonstram quais inventores são mais produtivos na área de inovação, e que se preocupam e apresentam interesse ao produzir novos produtos ou processos tecnológicos. Vale ressaltar que foram omitidos os nomes dos inventores para preservar a identidade deles, e que só foram contemplados aqueles que produziram 4 ou mais depósitos ao longo do período.

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9

9

9

8

8

7

7

6

6

6

6

6

5

5

5

5

5 4

4

4

4 3 2 1 0 A1

A2

A3

A4

A5

A6

A7

A8

A9

A10 A11 A12 A13 A14 A15

Gráfico 3 – Amostra da quantificação dos depósitos por Inventores Depositantes das patentes Fonte: dados da pesquisa

Posteriormente, pôde-se observar de quais centros acadêmicos os inventores pesquisadores da UFPE fazem parte, onde foi possível visualizar o percentual de participação deles. Além disso, constatou-se a quantidade de pesquisadores por Centro acadêmico contribuinte, sendo destaque os centros que envolvem áreas de ciências exatas, tecnológicas e biológicas (Gráfico 4).

9,50% 1% 42%

19%

CCEN CTG CCB

27%

CCS CAC

Gráfico 4– Centros Acadêmicos dos quais os inventores pesquisadores da UFPE fazem parte Fonte: dados da pesquisa

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Vale ressaltar, que a UFPE vive um momento de construção de políticas políticas de incentivo à produção de inovação, e estes resultados, ajudam a identificar onde a inovação vem ocorrendo com maior frequência, quais atores estão envolvidos neste movimento, e quais centros são mais produtivos neste aspecto.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Procurou-se demonstrar por meio deste trabalho a importância que o conhecimento obtido através dos depósitos de patentes possui, ao fornecer subsídios para setores que induzem a pesquisa e ao desenvolvimento na sociedade. Os elementos aqui presentes objetivaram evidenciar uma realidade possivelmente desconhecida perante a sociedade, ao fornecer informações relativas sobre os depositantes e inventores das patentes, com o intuito de gerar uma discussão sobre as demandas produtivas regionais, a fim de possibilitar uma reflexão sobre o papel do estímulo à inovação como demanda primordial num país em desenvolvimento como o Brasil. Assim, a presente pesquisa, apresentou os atores responsáveis para a produção de patente na UFPE por meio de procedimentos metodológicos que permitissem

a

visualização

de

indicadores

bibliométricos

e

cientométricos

caracterizados por suas identificações nominais, departamentais e institucionais. Além de, retratar as temáticas envolvidas nas patentes para explanar quais são os principais setores fomentadores da área na instituição. A finalidade dessas atividades é oferecer indicadores úteis a gestores de CT&I, que possam colaborar com a elaboração de políticas de ciência e tecnologia, auxiliando no processo decisório e no diagnóstico do atual estado de inovação da UFPE.

Os

resultados

aqui

explicitados,

se

aperfeiçoados

e

utilizados

estrategicamente, poderão contribuir para o desenvolvimento da CT&I em Pernambuco, e em todo Brasil, tendo em vista que a metodologia apresentada no trabalho pode ser útil à geração de indicadores tecnológicos em outras instituições do país onde a inovação é materializada na forma de patentes. Ressalta-se por fim, que se faz necessário um avanço na produção tecnológica com o intuito consolidar o conhecimento já existente e registrado nas

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patentes. Para que isto aconteça, políticas voltadas para a inovação devem ser criadas, monitoradas e estimuladas, permitindo que a inovação se torne um hábito constante, e não apenas atitudes esporádicas de iniciativas isoladas.

REFERENCIAS BERNARDES, R. Produção de estatísticas e inovação tecnológica PAEP 1996-2001. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 17, p. 3-4, 2003. DAGNINO, R.. Ciência e Tecnologia no Brasil: o processo decisório e a comunidade de pesquisa. Campinas: Editora da Unicamp, 2007. 216 p. FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DO ESTADO DE SÃO PAULO (FAPESP). Indicadores de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo: 2001. Organização de Francisco Romeu Landi. São Paulo: FAPESP, 2002. 488p. PRITCHARD, A.. Statistical bibliography or Documentation, [S. l.], v. 25, n. 4, p.348-349, 1969.

bibliometrics.

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of

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