Inovações tecnológicas no ensino: contribuições teóricas

June 7, 2017 | Autor: Luiz Mendes Filho | Categoria: Educação, Inovação, Gestão da TI
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INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS NO ENSINO: CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS

Luiz A. M. Mendes Filho1, Jomária M. de L. Alloufa2, Tatiana S. de Queiroz3, Idowu A. Adeshoye4 e Anatália S. M. Ramos5 Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Engenharia de Produção Campus Universitário – Natal – RN [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] e [email protected]

Resumo. A sociedade e a universidade têm crescentemente usufruído das inovações tecnológicas ocorridas no ensino. A adoção destas novas tecnologias tem se caracterizado por vários fatores sejam de ordem positiva tais como: facilidade de acesso às informações, flexibilidade de como apresentá-las, interação homem-máquina, bem como de ordem negativa: alto custo dos equipamentos, acesso limitado a uma fatia da sociedade, falta de contato pessoal com o professor, entre outros. O uso dessas novas tecnologias já está se tornando cada vez mais uma realidade em sala de aula e o ideal seria que essas tecnologias pudessem servir de apoio a realização de um trabalho educacional onde se possa alcançar os objetivos esperados. Este trabalho propõe uma reflexão sobre a introdução da tecnologia no ensino como fator decisivo na educação. Palavras-chaves: Tecnologia no ensino, Ensino à distância, Ambiente web de aprendizagem.

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1.

INTRODUÇÃO

Atualmente estamos vivendo uma realidade em que a variedade de opções em termos educacionais amplia-se rapidamente em função da presença de diferentes tecnologias, que são utilizadas não só como mídias auxiliares e facilitadoras, mas também como mediadoras e estruturadoras do processo de ensino-aprendizagem. Portanto, o fato de podermos combinar diferentes tecnologias educacionais tem modelado cada vez mais diferentes produtos e suprindo necessidades emergentes ou mesmo aquelas antes não identificadas. Porém, a educação com o uso da tecnologia não tem a característica de extinguir o método tradicional de ensinar, com o professor presente, o conteúdo expositivo e a orientação naquele momento. A intenção é proporcionar uma aprendizagem mais dinâmica, onde tanto o aluno quanto o professor tem a responsabilidade pelo nível de conhecimento disponível. O uso da tecnologia na educação é algo real, que não pode ser desprezado, e várias pesquisas confirmam este fato. Segundo Martins, Bringhenti e Lapolli [1], mais de 80 países usam a tecnologia em todos os níveis de ensino. A Nua Internet Surveys realizou uma pesquisa sobre o nível da utilização da Internet na educação e estimou que 147 milhões de pessoas no mundo utilizam a Internet para aprendizado, e na América Latina existe 4,5 milhões (Gariba Júnior, Bringhenti e Gauthier [2]). No Brasil calcula-se que 72% da população de internautas, esteja envolvida de alguma forma com a educação (Rebouças [3]). A partir desses dados, estima-se que de uma base nacional de 20.000 escolas particulares de primeiro e segundo graus, cerca de 17% vão utilizar a web como ferramenta na educação (Ref. [3]). A realidade no exterior também não é diferente. Nos Estados Unidos já existem cerca de 90.000 cursos em faculdades e universidades, ministrados por alguma forma de ensino à distância (Michaels e Smillie [4]). Segundo estudos realizados por Drucker [5], o governo dos Estados Unidos utiliza uma grande parcela do produto nacional bruto (em torno de 1 trilhão de dólares), em educação e treinamento. Desta maneira, constata-se que a utilização de tecnologia no ensino é receptivo e irreversível na constante mudança do processo de construção do conhecimento. Embora a Internet e as novas tecnologias tenham avançado muito nos últimos anos, ainda hoje a educação com o auxílio de ferramentas tecnológicas, ainda é uma barreira. Porém, com o acesso cada vez maior às tecnologias existentes, a previsão é que a educação no futuro estará ligada cada vez mais a tecnologia. Segundo Silva et al. [6], estima-se que no Brasil atualmente mais de 70% dos alunos de universidade tenham acesso a rede mundial de computadores, e que desse total, cerca 30% está tendo acesso a Internet em sua própria casa. Vencendo as barreiras de custo e de fobia - dos alunos e professores - perante as novas tecnologias, e utilizando essas ferramentas para apoiar, e não substituir o ensino presencial, o objetivo é que a educação entre em sintonia com o mundo tecnológico atual não só para satisfazer, mais para atender ao aprendiz e ao instrutor. 2.

HISTÓRICO DO USO DA TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO

De forma a compreender melhor o histórico do uso da tecnologia na educação, procuramos dividir esse assunto em três partes: a primeira parte se refere ao histórico da tecnologia no ensino que ocorreu no mundo, a segunda irá relatar a experiência da tecnologia no Brasil, e por fim, a última parte é realizada uma divisão das gerações de tecnologias que surgiram durante o seu desenvolvimento na educação. 2.1.

Histórico do uso da tecnologia da educação no Mundo

Os primórdios do uso da tecnologia no ensino se deu através a utilização de tambores, fogo e sinais de fumaça pelos povos primitivos onde se evidenciava sinais rudimentares (Barth e Bringhenti, [7]). No que se refere a linguagem escrita, a era dos hieróglifos foi considerada um marco de tecnologia no ensino (Machado e Bringhenti [8]). Como também às cartas de Platão e às epístolas de São Paulo (Ref. [1] e Ref. [2]). O desenvolvimento da instrução por correspondência, veio através da imprensa. E durante décadas, foi esta a única forma de estudo que permitia a superação de barreiras geográficas e temporais (Ref. [7]). Já em 1856, em Berlim-Alemanha, Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt criaram a primeira escola de línguas por correspondência (Kemczinski et al. [9]). A partir do século XX, o que se observou foi um contínuo movimento de consolidação e expansão do ensino por correspondência. Sob o aspecto quantitativo ampliou-se o número de países, de instituições, de cursos, de alunos e de estudos utilizando essa forma de ensino (Ref. [9]). Durante a 2ª Guerra Mundial, a utilização do código Morse representou uma nova forma de treinamento dos recrutas americanos (Ref. [2]). Na década de 50, o desenvolvimento do rádio da 1ª Guerra Mundial e o advento da televisão, tornaram-se cruciais para que se viabilizasse o ensino a distância (Ref. [7]). Porém, o grande salto se deu em meados dos anos 60, onde se integrou o material impresso aos meios de comunicação audivisuais, e em certa medida aos computadores, observando-se iniciativas na educação secundária e superior, onde se destacaram: Radio ECCA (Ilhas Canárias), Schools of the Air (Austrália), Telesecundária (México), National Extension College (Reino Unido), Hermods-NKI Skolen (Suécia), FernUniversitat (Alemanha), Universidade Nacional de Educação a Distância (Espanha), a Universidade de Athabasca (Canadá), a Universidade para Todos os Homens e 28 universidades locais por televisão na China Popular, entre muitas outras (Ref. [2]).

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Na década de 80, com a descoberta da utilidade de computadores em locais de trabalho e mesmo para assuntos pessoais, a Internet começou a ser usada com mais freqüência e para diversos interesses que vem desde o divertimento, a pesquisa, o ensino, entre outros, fazendo desta tecnologia um instrumento de transporte de informações diversas (Lima, Gomes e Borges [10]). 2.2.

Histórico do uso da tecnologia da educação no Brasil

No Brasil, a primeira iniciativa de um processo novo de aprendizagem se deu com recursos governamentais, com o Rádio-escola Municipal do Rio de Janeiro em 1934 (Ref. [9]), e com a fundação do Instituto Rádio-Monitor, em 1939, do qual tiveram vários êxitos, mais como muitos projetos desta fonte de recurso, não foi levado adiante (Ref. [2]). Entretanto, com o fim da Segunda Guerra, o rádio teve seu uso também vinculado ao ensino do meio rural. A Tabela 1 mostra a cronologia do uso da tecnologia no ensino no Brasil. Tabela 1. Uso da tecnologia no ensino no Brasil (Ref. [9]) Data 1934 1939 1941 1941 1947 1957 1961 1964 1970 Anos 70 Anos 80

Fato Rádio-escola Municipal do Rio de Janeiro

Recursos Utilizados Folhetos, esquemas de aula, cartas e transmissão radiofônicas Fundado o Instituto Rádio Monitor, instituição privada que Folhetos oferece cursos profissionalizantes Fundado o Instituto Universal Brasileiro, instituição privada Folhetos que oferece cursos profissionalizantes Universidade do Ar voltado para o professor leigo Rádio Universidade do Ar criada para treinar comerciantes e Leitura de aulas feita por empregados em técnicas comerciais. professores Sistema Radioeducativo Nacional parra produzir programas Rádio transmitidos por diversas emissoras Movimento Nacional de Educação de Base concebido pela Principalmente rádio com Igreja e patrocinado pelo Governo. supervisão periódica Solicitação do Ministério da Educação de reservas de canais Televisão VHF e UHF para TV educativa Projeto Minerva, em cadeia Nacional Rádio Fundação Roberto Marinho (privado) educação supletivo à Rádio, TV e material impresso distância para primeiro e segundo grau. A Universidade de Brasília cria os primeiros cursos de Diversos extensão à distância

A partir dos anos 90, com início das tecnologias ligadas à Internet, tivemos universidades no Brasil que foram pioneiras no processo de utilização da tecnologia de informação na educação (Maia [11]): Anhembi Morumbi-SP, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Pontifícia Universidade Católica-SP, Pontifícia Universidade Católica-PR, Universidade Brás Cubas-SP e Universidade Virtual-RJ, e que hoje já estão obtendo bons resultados na área educacional e no gerenciamento de informações acadêmicas pela web. 2.3.

Gerações da tecnologia no ensino

A utilização da tecnologia no ensino pode ser dividida em três gerações, onde a primeira (geração textual) é compreendida pela fase da escrita, sendo depois aprimorada com textos impressos até os anos 60. A segunda geração foi a analógica, com o desenvolvimento de textos impressos complementados com vídeo e áudio, com predominância entre as décadas de 60 e 80. A terceira (geração digital), concentra seus esforços em recursos tecnológicos, como sistemas de telecomunicação digital e via satélite, computadores pessoais e redes de computadores. (Ref. [1] e Ref. [9]) Diante dessa perspectiva histórica, e com o domínio das tecnologias atuais, temos que a Internet teve seu início na década de 60 com um restrito projeto militar norte-americano. Na década de 80, com a evolução da tecnologia, se expandiu para o meio acadêmico, e no início da década de 90, teve-se um uso generalizado por diversas áreas da sociedade (Ref. [7] e Ref. [9]) com vários objetivos, dentre eles: pesquisa, diversão, trabalho, entre outros, de modo que se observou um avanço considerável, podendo até mesmo dividir em duas épocas, antes e depois da Internet, do qual " antes da Internet utilizava apenas tecnologias de comunicação de um-para-muitos (rádio, TV) ou um-para-um (ensino por correspondência). Via Internet temos as três possibilidades de comunicação reunidas numa só mídia: um-paramuitos, um-para-um e, sobretudo, muitos-para-muitos.” (Ref. [2], p.6). Com o surgimento de tecnologias mais avançadas, os educadores tiveram ao seu dispor a Internet, correio eletrônico, videoconferências, com um ou mais caminhos de áudio e vídeo, além de avançados recursos de multimídia, tornando o processo educativo mais rápido, como resultados em tempo real (Ref. [1]).

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Assim, com o desenvolvimento de tecnologias mais modernas, tais como: programas informatizados, redes telemáticas com toda a sua potência (bancos de dados, correio eletrônico, lista de discussão, fórum de debates, chats, sites, etc.), CD-ROM didático, de divulgação científica e cultura geral, teve inicio a corrida por uma metodologia de se ensinar a distância, sendo muito mais uma proposta a realizar do que propriamente uma realidade a analisar (Ref. [2]). 3.

ATUAIS TECNOLOGIAS NO ENSINO

Os computadores e a Internet são tecnologias de informação e comunicação que são empregadas no processo de ensino nas escolas dos dias atuais. Cada vez mais os computadores têm apresentado novas formas sofisticadas de manipulação do material de ensino, permitindo o acesso compartilhado e em tempo real a uma grande quantidade de informações (Cidral [12]). Através do uso de computadores e da Internet, temos uma variedade de arranjos tecnológicos educacionais que podem ser classificados como (Ref. [11): tutorias, exercício e prática, acesso/troca e organização de informação, simulação, aprendizagem através de projeto e construção, modelagem, e por fim, ferramentas inteligentes de aprendizagem. No ensino tecnológico existem também várias maneiras de se passar o conteúdo programado, onde podemos ter uma comunicação diferenciada de acordo com o objetivo. Segundo Veiga et al. [13], temos a comunicação assíncrona e a síncrona. No modo assíncrono a interação entre instrutores e alunos não acontece em tempo real. Enquanto que o modo síncrono é um sistema baseado na comunicação direta entre professor e aluno. A Tabela 2 exemplifica os tipos de comunicação síncrono e assíncrono. Tabela 2. Modo de comunicação síncrono e assíncrono (Ref. [13]) Tipo de Comunicação Um- para-Um Um- para-Um Um-para-Muitos Um-para-Muitos Muitos-para-Muitos Muitos-para-Muitos

Natureza da Comunicação Síncrono Assíncrono Síncrono Assíncrono Síncrono Assíncrono

Suporte Tecnológico Telefone, fax, videofone e-mail, transferência de arquivos, homepage Transmissão direta via satélite com interação Lista de discussão, transferência de arquivos Transmissão direta via satélite com interação Reuniões através do computador

Várias são as ferramentas utilizadas para melhorar e dinamizar o ensino na sala de aula ou no ensino a distância. Segundo Ref. [10], dentre os serviços oferecidos pela Internet, e que podem ser aproveitados pelo professor e o aluno no processo de ensino-aprendizagem, são os seguintes (Ref. [10] e Ramos [14]): • World Wide Web (WWW): é uma aplicação da Internet que resulta em um ambiente de hipertexto, onde se pode colocar som, imagem e texto, onde encontra-se as Web Pages (páginas da Internet), onde são exibidas as informações; • Transferência de arquivos (FTP): utilizado para a transferir arquivos de um computador para outro através da Internet. Esta ferramenta é muito útil para troca de informações, na forma de download, onde é possível deixar a disposição do aluno, livros, apostilas, programas, notas de aula, etc; • Correio Eletrônico (e-mail): possibilita a rápida troca de mensagens entre pessoas de qualquer parte do mundo e a qualquer hora. Portanto, a rapidez e a facilidade no intercâmbio de informações leva esta ferramenta a uma forte arma na comunicação entre o docente e o discente; • Listas de Discussão (mailing lists): semelhante ao e-mail, pois ocorre a difusão de um fórum de discussão sobre um determinado assunto, utilizando um endereço para inscrever-se na lista e outro para enviar mensagens para os participantes. Esta ferramenta tem como uso promover a discussão e a disseminação de informações entre um grupo de estudantes que tem, em comum, uma linha de pesquisa ou área de interesse; • Chats: conhecido também por bate-papos, pois permite que um grupo de usuários possa interagir entre si trocando informações on-line, no momento em que se processam, através de um ambiente virtual; • Buscadores: são serviços oferecidos por portais da Internet em que é possível pesquisar palavras chaves que descrevem o conteúdo de uma home-page qualquer cadastrado em tal portal, e é a principal fonte de pesquisa na Internet; • Internet Vídeo: é uma ferramenta que possibilita vídeo conferência via Internet; • Newsgroup (Grupo de Notícias): é um sistema de circulação de mensagens eletrônicas que constitui-se em uma outra rede própria denominada USENET e que abriga grupos de discussão sobre vários assuntos. 4.

PROFESSOR E ALUNO FACE ÀS TECNOLOGIAS NO ENSINO

Através das leituras realizadas sobre o tema, podemos verificar os desafios com relação à posição do professor e aluno na utilização de tecnologias no ensino. A seguir iremos destacar pontos importantes sobre a posição do professor e aluno em relação às tecnologias no ensino. NTM - 187

4.1.

A posição do professor em relação às tecnologias no ensino

É importante ressaltar algumas considerações relacionadas a posição do professor perante as novas tecnologias disponíveis para o ensino-aprendizagem: • o professor precisa aprender uma maneira totalmente nova de comunicar a mensagem e de garantir que a aprendizagem aconteça usando as novas tecnologias (Neto [15]); • o professor deve expor com mais recursos de tecnologias o conteúdo dado em sala de aula (Ref. [10]); • o professor necessita aprimorar-se e aperfeiçoar-se constantemente, pois compete a ele desempenhar múltiplas funções, para as quais, por vezes, não está adequadamente preparado (Ref. [8]); • o professor deve permitir conciliar a exposição de conteúdo, de forma que a aula na Internet possa ser a mesma da sala de aula (Ref. [10]); • através das tecnologias, o professor deve possibilitar maior interação com o aluno (Ref. [10]); • aproveitar os recursos computacionais e de Internet para incluir novos materiais de ensino, ao contrário dos livros didáticos, que estão sempre dependendo de novas edições atualizadas (Ref. [10]); • o papel do professor nas tarefas docentes e nas funções terá de ser necessariamente diferenciada daquelas do ensino convencional. Através das várias tecnologias que são utilizadas, o ensino torna-se mais complexo e exige que o ato de ensinar seja segmentado em várias tarefas (Belloni apud Ref. [8]); • segundo Lévy apud Ref. [8], “a principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios. Sua competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o pensamento”. Ou seja, a atividade do professor será acompanhar o processo de aprendizagem; • os professores desta nova educação necessitarão aceitar a evolução. Para isso, é preciso que a formação inicial destes docentes os prepare para a inovação tecnológica e suas conseqüências pedagógicas, como também para a formação continuada, numa perspectiva de formação para o longo da vida. É certo que este novo professor passará por transformações profundas, pois terá que desempenhar outras funções no sentido de estimular e orientar o aluno na busca de novos conhecimentos, superando as dificuldades devidas ao uso de tecnologias e ao excesso e dispersão das informações que se encontram disponíveis (Ref. [8]); • para Niskier apud Ref. [8], chama-se “tecnólogo da educação” aquele que necessita tornar o ensino não só mais eficiente, mas também melhor. O tecnólogo da educação deve dispor de uma formação em humanidades, preparado para integrar novas técnicas a seu trabalho, em termos de atitudes, conhecimentos dos meios de comunicação e suas possibilidades e, ainda, conhecimento dos objetivos didáticos; • o papel do professor é o de coordenador do processo, o responsável na “sala de aula virtual”. Sua tarefa inicial é a de sensibilizar os alunos, motivá-los para a importância da matéria, mostrando entusiasmo, ligação da matéria com os interesses dos alunos, com a totalidade da habilitação escolhida (Ref. [8]). 4.2.

A posição do aluno em relação às tecnologias no ensino

Quanto à posição do aluno perante as novas tecnologias disponíveis para o ensino-aprendizagem, podemos destacar as seguintes considerações (Ref. [10]): • estimula o aluno a realizar mais pesquisas na própria Internet a respeito dos assuntos estudados; • o ensino on-line elimina a inibição de certos alunos, que sentem "vergonha", de expor suas perguntas em salas de aula, o que dificulta o aprendizado; • permite ao aluno ter acesso a informações a qualquer momento e de qualquer lugar; • torna o estudo mais prazeroso, pois permite que o mesmo possa ser encarado de uma forma menos formal; • estimula certos alunos que tem dificuldade de aprendizagem na velha maneira do quadro-negro; • exclui a possibilidade de aula perdida pois todas elas estão sempre disponíveis na Internet; • os alunos que se inscreverem em cursos via rede devem ter experiência prévia de navegação na Internet, ou o curso dever incluir uma unidade introdutória de modo a familiarizar o aluno com esta tecnologia. 5.

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DAS ATUAIS TECNOLOGIAS NO ENSINO

Ao se implantar algum tipo de tecnologia para o auxílio à educação, encontraremos vantagens associadas à utilização dessas ferramentas, como também desvantagens. A seguir veremos as vantagens e desvantagens de se utilizar as atuais tecnologias para o ensino. 5.1.

Vantagens

• o processamento de dados pelo computador facilita o armazenamento, indexação, pesquisa, conversão e distribuição de informações, contribuindo para o aumento das formas de auxílio à aprendizagem do aluno, eliminando a rigidez dos métodos tradicionais (McCormarck e Jones [16]);

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• o uso da tecnologia possibilita o professor planejar tarefas que ajudem o aluno a reter mais informação do que as tarefas baseadas apenas em papel (Cook [17]); • nova cultura digital onde os alunos podem explorar novos ambientes, gerar perguntas e questões, colaborar com os seus colegas e produzir conhecimentos em vez receber passivamente (Paladini [18], Heide e Stilborne [19]), através da Internet; • a independência temporal é mais um benefício adquirido com a Internet. O material de ensino está disponível os 7 dias da semana e 24 horas por dia. Portanto, o aluno pode escolher o horário e os dias mais convenientes para estudar (Ref. [16] e Silveira [20]; • a Internet servindo como instrumento de transmissão de conhecimento, as fronteiras físicas dos prédios e salas de aula tradicionais são expandidas, rompendo os limites de cidade, estado e país, acarretando na descentralização das informações. Ou seja, não importa o local e a hora, o estudante poderá obter resultados de suas notas, fazer a sua matrícula, consultar o material a ser estudado, participar de conversas on-line (chats) e resolver exercícios (Ref. [16] e Ref. [20]); • o relacionamento do professor com o aluno muda no ensino on-line. O professor deixa de ser aquela autoridade que sabe de tudo para assumir o papel de mediador, facilitador, conselheiro e guia dos alunos, dando-lhes estímulos e ajudando-os a aprender o que desejam (Ref. [19] e Ref. [20]); • a participação de alunos em cursos via web possibilita que determinados estudantes que se sentem tímidos durante a aula tradicional, possam participar mais através de chats, lista de discussões e e-mails (Ref. [17]); • a tecnologia de informação possibilita que os professores modifiquem seus materiais de ensino pela web (textos, gráficos, sons e vídeos) a todo instante, permitindo que os estudantes acessem esses materiais sempre atualizados (Ref. [17]). 5.2.

Desvantagens

• a dependência das tecnologias para a disseminação das informações acadêmicas, pode causar insegurança nos envolvidos no processo (estudantes, professores, administradores), visto que não há garantia de que a informação estará disponível no momento desejado pelo agente, devido a problemas técnicos que impossibilitem a utilização adequada dos equipamentos: linhas telefônicas ocupadas, falta de energia, computadores sem funcionar, páginas da web configuradas incorretamente ou em construção, e outros mais (Ref. [17]); • investir em novos equipamentos e novas tecnologias (Ref. [18]), contratar profissionais habilitados a trabalhar com tecnologia e investir em treinamento para professores (Ref. [20]), serão custos que a universidade terá que arcar para possuir a estrutura necessária para funcionar a sua rede de informações; • nem todos os alunos possuem recursos ou têm acesso ao computador em casa, disponível para realizar um curso à distância (Carvalho, Trindade e Castro [21]); • a adoção de um sistema de ensino e de informações via web, não fica restrito apenas a responsabilidade de alunos e professores. Deve existir uma infraestrutura de apoio administrativo consistente, que saiba se adequar com as novas formas de manipular as informações na web, diferentemente dos modelos do ensino tradicional (Ref. [16]); • o professor ao criar o seu ambiente de ensino à distância via web, deve desenvolver tarefas de aprendizagem que envolva o aluno com o restante do grupo, encorajando o trabalho cooperativo entre eles, de maneira que não se sintam isolados (Hill [22]); • segundo Cornell e Martin [23], há estimativas que comprovam que 30-50% dos estudantes que começaram o curso à distância, desistem até chegar o final. Portanto, o professor deve acompanhar o desenvolvimento do aluno durante o curso, ajudando-o quando for necessário; • determinadas formas de transmissão de informação do professor para os alunos na aula tradicional, como por exemplo a maneira com que o professor entoa a sua voz e movimenta os seus braços em uma explicação de sala de aula, não é possível no ambiente web (Ref. [17]); • a metodologia utilizada pelos professores no ensino tradicional/presencial não pode ser a mesma no ensino on-line. Deve-se utilizar as ferramentas da Internet para desenvolver uma metodologia de ensino na linha interacionista. E preparar materiais e atividades para estudo independente dos alunos (Ref. [21]); • a adaptação ao novo método de ensino (educação à distância), é uma barreira cultural a ser enfrentada, pois ainda existem muitos alunos e professores que não possuem o hábito de usar tecnologias como Internet e até mesmo computadores (Ref. [21]); • a implantação de um ambiente de ensino à distância, por se tratar de uma tecnologia ainda em desenvolvimento, exige um tempo considerável de estudo e pesquisa para adaptar os professores e alunos a essa nova metodologia de ensino, em termos pedagógicos e de técnicas utilizadas (Cruz, Abreu, Barcia e Lezana [24]); • para um bom funcionamento do ambiente de ensino à distância, faz-se necessário muito trabalho por parte dos administradores e desenvolvedores responsáveis pelo projeto em preparar as páginas da web para a aprendizagem dos alunos. E isso irá exigir os seguintes pré-requisitos: conversão de materiais utilizados no ensino tradicional para o atual, configurar listas de discussão, desenhar e digitalizar figuras, digitalizar vídeos, definir modelos de avaliação adequados para esse ambiente, e outros mais, consumindo tempo, dinheiro e conhecimento dos envolvidos nesse processo (Ref. [16], Ref. [17] e Ref. [20]).

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6.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É inegável que o mundo está se modernizando, em todos os segmentos, com uma rapidez assustadora e não poderia deixar de atingir a educação como um todo. Com isso trouxe a facilidade do conhecimento, dinamizou a forma de transmitir o saber, agilizou a informação, quebrou paradigmas e forneceu a liberdade para uma atualização contínua. Percebe-se que a introdução de novas tecnologias na educação, principalmente associadas ao uso do computador, está provocando uma mudança no paradigma educacional. O foco está deixando de ser o ensino e passa se centrar no aluno, na aprendizagem. Só não se deve esquecer que nada disso faz sentido se não houver uma interação entre as pessoas em sala de aula e também além das paredes das instituições de ensino. A troca de conhecimento e experiência entre professores e alunos nunca poderão ser substituídas. A tecnologia com seu vasto potencial, tem uma funcionalidade muito expressiva no processo educacional, visto que pode ser utilizada em programas que possibilita a “Democratização do Saber” decorrentes de suas vantagens anteriormente mencionadas contribuindo fortemente na universalização do ensino básico (Ref. [15]). Porém, para que este processo seja desenvolvido, faz-se necessário o acesso a informação, contribuindo ao fortalecimento, a mentalidade crítica e criativa e rompendo barreiras da passividade provocada por processos manipuladores de opinião pública. Segundo Ref. [15], o contato ao conhecimento, à pesquisa, à criação através dos meios tecnológicos será imprescindível, intransferível e relevante, fazendo com que o professor exerça seu papel de “coordenador das ações da equipe multidisciplinar”, que corresponde a compreender, planejar e produzir materiais educativos. Alguns dificuldades são identificados por Ref. [14], do qual poderiam ser avaliados, analisados e evitados em uma possível implantação de uma tecnologia no processo de aprendizagem. A subutilização das tecnologias, ou mesmo a não utilização, outro fator que deva ser considerado é referente a tecnologia existente ter um potencial maior do que se utiliza nos assuntos acadêmicos; e também se observa uma falta de interesse nos assuntos referentes ao uso de novas tecnologias de maneira que apoie e aprimore o conteúdo explorado. O aprimoramento contínuo se faz necessário em todos as atitudes que nós realizamos, assim a tecnologia na educação também precisa de melhorias para se ter uma melhor aproveitamento das tecnologias no processo. Formular uma estrutura para que se tenha um controle sobre a utilização das tecnologias; implantar novos recursos na melhoria de acesso e na qualidade do mesmo; promover o uso da tecnologia entre os professores e alunos; utilizar a popularidade do e-mail para fazer difusão de outras tecnologias e sua utilidade; conscientizar os professores sobre a importância do material para a compreensão do aluno e investir em infra-estrutura para a realização do acesso (Ref. [14]). Verificamos que a diversidade das novas tecnologias torna mais desafiador o processo e muitos ficam indecisos ante a riqueza de possibilidades tecnológicas, de um lado, e os limites impostos pela realidade das instituições e dos alunos, de outro. Por fim, o primeiro passo é conhecer o ambiente em que será disponibilizado a aprendizagem, saber as possibilidades de cada uma das ferramentas, e imaginar como esse conteúdo deverá estar disposto para ser atraente o suficiente e prender a atenção do aluno durante o ensino. 7.

REFERÊNCIAS

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[14] A. S. M. Ramos, “Análise fatorial da percepção do uso da internet em organizações acadêmicas”, Anais em CDROM do XXII Encontro da ANPAD, 1998. [15] P. S. Neto, “A educação a distância com seus desafios de novas tecnologias em nosso país e algumas considerações sobre a capacitação de docentes”, Anais em CD-ROM do XXVIII COBENGE, 2000. [16] C. McComarck and D. Jones, Building a web-based education system, New York: John Wiley & Sons, 1998. [17] J. S. Cook, “How technology enhances the quality of student-centered learning”, Quality Progress, vol. 31, n. 7, jul.1998, pp. 59-63. [18] E. P. Paladini, “Métodos interativos de ensino: suporte tecnológico adaptativo”, Anais do XXIV COBENGE, 1996. [19] A. Heide and L. Stilborne, Guia do professor para a internet: completo e fácil, 2.ed., Porto Alegre: Artmed, 2000. [20] B. I. da. Silveira, “O ensino online”, Anais em CD-ROM do XXVI COBENGE, 1998. [21] F. C. A. de Carvalho, B. Trindade e J. E. E. Castro, “Ensino à distância na graduação em engenharia de produção da UFSC utilizando a internet como ferramenta”, Anais em CD-ROM do XXVII COBENGE, 1999. [22] J. R. Hill, Distance learning environments via the world wide web. In: B. H. Khan, Web-based instruction, Englewood Cliffs-New Jersey: Educational Technology Publications, 1997, pp. 75-80. [23] R. Cornell and B. L. Martin, The role of motivation in web-based instruction. In: B. H. Khan Web-based instruction, Englewood Cliffs-New Jersey: Educational Technology Publications, 1997, pp. 93-100. [24] D. M. Cruz, A. F. Abreu, R. M. Barcia e A. G. R. Lezana, “ Planejamento estratégico e ensino à distância na engenharia”, Anais do XXIV COBENGE, 1996.

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