INTEGRAÇÃO, COMPETITIVIDADE E GERAÇÃO DE RENDA EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS: ESTUDO EXPLORATÓRIO NO SEGMENTO DE FRANGOS DE CORTE

June 15, 2017 | Autor: Elen Presotto | Categoria: Agribusiness, Agribusiness Supply chain, Chicken Meat Products
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INTEGRAÇÃO, COMPETITIVIDADE E GERAÇÃO DE RENDA EM PEQUENAS PROPRIEDADES RURAIS: ESTUDO EXPLORATÓRIO NO SEGMENTO DE FRANGOS DE CORTE

INTEGRATION, COMPETITIVENESS AND INCOME GENERATION IN SMALL RURAL PROPERTIES: EXPLORATORY STUDY ON SEGMENT OF BROILER Eixo Temático: Novas formas de aliança e parceria Elen Presotto 1 Lauana R. Lazaretti1 Patricia Batistella1 Nilson Luiz Costa2 Tanice Andreatta2 RESUMO O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e abastece aproximadamente 19,39% do mercado e está entre os três maiores produtores de frango. Neste sentido, o país possui grandes potencialidades em todas as atividades da cadeia produtiva de aves. O presente estudo usou-se de uma análise exploratória para diagnosticar aspectos da oferta e demanda interna e externa do mercado de frangos de corte e para visualizar o sistema de produção em regime integrado, uma entrevista foi realizada a um produtor, o mesmo estabelecido na zona rural do município de Liberato Salzano/RS/Brasil. Os resultados se mostraram satisfatórios, sendo detectado um sistema de produção integrado, tanto a montante quanto à jusante, com alto padrão de tecnologia de produção. Palavras-chave: agronegócio, cadeia de produção, exportações brasileiras de carne de frango, sistemas de produção de aves. Keywords: agribusiness, production chain, Brazilian exports of chicken, chicken production systems. 1. INTRODUÇÃO A cadeia produtiva de aves de corte é considerada uma das maiores cadeias produtivas brasileiras, com elevado nível de organização, fator que lhe proporciona competitividade no mercado mundial deste segmento (ABPA, 2014). Ao longo das últimas décadas, os sistemas e arranjos de produção evoluíram e os primeiros sinais da integração do setor foram constatados por volta dos anos 1960 (FREITAS, 2008). Esta estratégia de produção integrada traz às empresas vantagens, na medida em que aumentam o nível de controle sobre a qualidade da matéria prima, fornecimento de insumos

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Discente do Curso de Ciências Econômicas/UFSM, Campus Palmeira das Missões; integrante do Grupo de Pesquisas em Economia, Agricultura Familiar e Agronegócios (GPEA/UFSM). 2 Docente do Curso de Ciências Econômicas/UFSM, Campus Palmeira das Missões.

para a granja em quantidades adequadas e no tempo certo, planejamento de abate e consequente redução dos custos industriais nestas operações, padronização da carcaça, entre outras. Entre os fatores que podem explicar a expansão da atividade no Brasil está a concessão de crédito rural na modalidade investimento. Criado em 1965, o Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) teve como área estratégica o agronegócio. A disponibilidade de maiores recursos para o investimento possibilitou aos produtores ciclos de pagamentos longos, onde a amortização pode ser feita ao longo de vários ciclos produtivos. Neste contexto, o presente estudo tem o objetivo de analisar aspectos da oferta e demanda do interna e externa do mercado de frangos de corte e analisar o sistema de produção em regime integrado através da ótica de um produtor estabelecido na zona rural do município de Liberato Salzano/RS/Brasil. O trabalho esta dividido em cinco seções, incluindo esta, que é a introdutória. Na segunda, apresentam-se os aspectos metodológicos. A terceira é composta pelos resultados e discussões e por último são apresentadas as conclusões do estudo.

2. METODOLOGIA A análise qualitativa de dados quantitativos foi utilizada para identificar os principais ofertantes e demandantes dos produtos derivados da cadeia produtiva de frangos de corte. Neste contexto, as variáveis que representam a produção, exportação e importação de frangos foram extraídas da base de dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2014). As exportações brasileiras de frango foram encontradas no banco de dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (BRASIL, 2014). O produto analisado refere-se ao correspondente na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) 02071200. Com o objetivo de abordar as principais vantagens do sistema integrado, um estudo exploratório em propriedade que produz a partir deste sistema foi realizado. A visita ocorreu no dia 19 de junho de 2014. A propriedade é localizada na Linha Barra Azul, interior do município de Liberato Salzano, RS. A entrevista seguiu um roteiro de 17 perguntas, iniciando pelo mapeamento de culturas na propriedade, com ênfase no funcionamento e processos realizados no sistema de integração.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os resultados do presente trabalho estão expressos em duas seções uma correspondendo à análise da evolução da produção, importação e exportação no mercado mundial de carne de frango e a segunda que representa os resultados obtidos na entrevista a propriedade rural em Liberato Salzano.

3.1 Análise da Evolução da Produção e Mercado Mundial da Carne de Frango O Brasil está entre os três maiores produtores mundiais de frangos, com 10,9% da produção de carne de frango, perdendo apenas para EUA (16,1%) e China (12,5%). O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango e abastece aproximadamente 19,39% do mercado internacional, seguido por EUA com 18,71% e China 5,41%. Somados, esses três países detêm 43,51% do Market share das exportações mundiais do segmento (FAO, 2014). Esta é uma das principais cadeias produtivas do agronegócio brasileiro. Os estados mais especializados nas exportações deste produto, em volume, são Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso, que respondem respectivamente por 32,84%, 25,18%, 11,04% e 10,88% das exportações brasileiras de carne de aves (BRASIL, 2014). Por outro lado, os principais mercados consumidores e importadores de carne de frango são China (14,25%), Vietnã (6,79%), Arábia Saudita (6,24%), México (4,78%), Japão (4%), Rússia (3,25%), Iraque (3,15%), Reino Unido (3,15%) e Holanda (3,01%), que juntos agregam 61,69% das importações mundiais do produto em análise, dados da FAO (2014). Com essa representatividade no mercado mundial, tanto como um dos maiores produtores e como o maior exportador, o Brasil tem grandes potencialidades de alargar sua participação no setor, desde que avance com estratégias para aumentar a competitividade. Neste sentido, a integração tem se mostrado como uma das iniciativas das principais agroindústrias processadoras de carne de frango.

3.2 Análise

de sistema de produção na propriedade Rural

O sistema de integração foi analisado, neste estudo exploratório, sob a ótica de um produtor rural, conforme destacado na seção metodológica. Informações preliminares mostram que a propriedade visitada possui 12,5 hectares, onde também são cultivados o fumo (2,5 hectares) e laranja (5 hectares). Nesta, existe um aviário nas dimensões 14m X 150m, o que totaliza 2.100m² e capacidade de criação de 30.000 aves/lote.

O aviário utiliza o sistema Dark House que, para Oliveira e Sacco (2014), prima pela utilização mínima da iluminação aconselhada em um aviário. As aves são submetidas à intensidade luminosa e fotoperíodo aconselhado. A ventilação, velocidade e umidade relativa do ar também são controladas. O controle da ventilação é chamado de pressão negativa, no qual o ar entra pela lateral do aviário através de tijolos franjados e é puxado para o fora novamente, pelo meio de exautores encontrados no fundo do aviário, ajustando uma temperatura adequada ao bem estar das aves. A combinação de luminosidade e ventilação controlada faz com que as aves fiquem mais tranquilas e assim gastem menos energia para o seu desenvolvimento. Os benefícios trazidos pelo sistema Dark House proporcionam melhor bem estar animal, fator atualmente determinante para a competitividade dos frigoríficos e a alta exigência no mercado internacional. Todos os processos são automatizados, desde a entrada e saída de veículos (desinfecção), temperatura interna (sistema de refrigeração), ração, água, etc. O sistema é acionado automaticamente quando necessário, diminuindo os custos e otimizando o tempo gasto com o manejo dos animais. A água é de poço artesiano e sua qualidade é aferida continuamente, pois esta também é uma exigência da integradora. A ração é fornecida conforme as etapas de produção e o produtor recebe os insumos da empresa, principalmente os pintos e a ração. Os custos referentes ao investimento, mão-deobra, medicamentos, luz e água são de responsabilidade do produtor. O produtor recebe da empresa a partir de um sistema de conversão integrado, ou seja, quanto maior for a quantidade devolvida em carne para a empresa maior será o percentual ganho por ave. Neste contexto, os cuidados com as aves também aumentam o índice de conversão, uma vez que aves sem calos nos pés, baixa mortalidade, controle sanitário e outras medidas tendem a elevar a renda do integrado. Até o presente momento, o integrado está satisfeito em sua relação com a integradora e afirma que o sistema é viável economicamente para a propriedade. Sendo assim, este sistema, além de garantir um produto de boa qualidade para os frigoríficos, garante a geração de renda para o produtor e contribui para a otimização e planejamento da produção, o que proporciona ganhos para o produtor e para a empresa.

4. CONCLUSÕES O sistema de integração mostrou-se viável para ambos os segmentos da cadeia produtiva. Neste contexto, a produção de aves pode ser uma alternativa para diversificação

nas propriedades rurais e pode contribuir para a viabilização econômica de pequenas propriedades, visto que não se precisam de grandes expansões de terras. Para que a cadeia produtiva seja competitiva o suficiente e o Brasil aumente sua participação neste mercado, todas as etapas devem ser bem desenvolvidas planejadas e todos os segmentos devem ser economicamente viáveis. Neste sentido, a governança exercida pela agroindústria processadora deve proporcionar condições adequadas ao produtor rural, em curto, médio e longo prazo. Na percepção do produtor entrevistado, o sistema de integração vem se mostrando como uma alternativa viável para todos os envolvidos na produção de frangos de corte. Porém, é importante destacar que as conclusões deste estudo não permitem generalizações, mas por refletir uma experiência, nos permite lançar a hipótese de que o sistema de integração pode ser adequado aos objetivos de renda de pequenos e médios produtores, para as agroindústrias e para as exportações do agronegócio brasileiro

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABPA, Associação Brasileira de Proteína Animal. A Avicultura Brasileira. História da Avicultura no Brasil. Disponível < http://www.ubabef.com.br/>. Acesso em 09 out. 2014. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior. Secretaria de Comércio Exterior. Aliceweb - Estatísticas de comércio exterior. Disponível em . Acesso em 10 mai. 2014. FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Portal FAODADOS. FAOSTAT Disponível em . Acesso em 10 mai. 2014. FREITAS, F. I. Organização da Cadeia Produtiva de Frango no Brasil. 2008. 21f. Monografia (Higiene e Inspeção de produtos de Origem Animal) Universidade Castelo

Branco, Rio de Janeiro, 2008. OLIVEIRA, P. C; SACCO, S. R. Dark House como Sistema de produção de Frango no Brasil. Revista Cientifica de Medicina Veterinária ISSN: 1679- 7353. Ano XII – Numero 23 – Julho de 2014. SAVOIA, J. R. F. Agronegócio no Brasil, uma perspectiva Financeira. 1ª ed. São Paulo, Ed. Saint Paul, 2009.

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