Integração dos mecanismos para manutenção postural e a Terapia ocupacional

July 6, 2017 | Autor: Iran Pessoa | Categoria: VESTIBULAR, Controle Postural
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Integração dos mecanismos para manutenção postural e a Terapia ocupacional

Adoniran Freire Pessôa
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RESUMO
Sabendo que uns dos principais problemas de diversos grupos ocupacionais são posturais, este artigo pretende, primeiramente, abordar aspectos e entendimento dos autores referente à definição de postura corporal, os mecanismos responsáveis pela sua manutenção, além disso, citar alguns métodos corretivos para postura. Procura também conceituar a Terapia Ocupacional para a recuperação de membros inválidos. Concluímos que a postura é um sistema altamente complexo e varia de indivíduo para indivíduo. Diante dos diferentes estímulos, os indivíduos podem adotar uma postura adequada ou inadequada. A postura inadequada ocorre um desarranjo em vários elementos internos e externos ao corpo, causando em certos casos, dores e desconfortos. Quando ocorre algum desequilíbrio nos componentes da postura, surgem as alterações, doenças e desvios do eixo corporal.
A realização deste trabalho ocorreu através de analise e revisão e literatura de autores que já trataram do tema. Concluímos que O bom desempenho do controle postural depende de vários fatores, sendo o primeiro deles o funcionamento do sistema nervoso central em harmonia com os outros sistemas

Palavras-chaves: Postura Corporal, Mecanismos, Equilíbrio.

INTRODUÇÃO

De acordo com KNOPLICH (1985), observa-se um aumento significativo de indivíduos portadores de doenças ligadas à coluna vertebral em relação à época mais remota quando não se registravam com tanta frequência. Os distúrbios de coluna vertebral é a principal causa do aumento na taxa de solicitações de aposentadorias. No Brasil, 80% das pessoas têm ou terão problemas posturais, representando a segunda grande causa de afastamento do trabalho (MERCÚRIO, 1978).
MAHAYRI (1996) mencionou que as enfermidades do sistema locomotor são as causas de incapacidade e invalidez na população em geral. Nessas enfermidades estão incluídas, algias da coluna vertebral, osteoartrose, cervicobraquialgias, síndrome do túnel do carpo, entre outras.
A manutenção da postura corporal está relacionada com os mecanismos sensório-motores situados em diversas partes do corpo humano. Estes regulam a disposição postural dos segmentos corporais e impede que se desarranjem.
Para BRIGHETTI (1993) postura corporal é um equilíbrio dinâmico somático, onde se estabelecem relações com o meio em que se vive. Ela envolve o conceito de equilíbrio, coordenação neuromuscular e adaptação de um determinado movimento corporal.
Aristóteles, filósofo grego que viveu de 385 até 322 a.C., referia-se aos humanos como "bípedes sem asas" e ao ato de andar ereto como "o mais básico de todos os hábitos".
A capacidade exclusiva dos seres humanos de andar sobre os pés, bipedalismo, é resultado de um longo processo evolutivo. Locomover-se de forma ereta desocupava as mãos, permitindo o uso dos membros superiores no manuseio de ferramentas. Mais tarde, Raymond Dart (1953) propôs que o bipedalismo teria sido adotado por ser mais vantajoso.
A teoria sobre adoção da postura vertical ocorreu devido às mudanças no ambiente, quando houve desertificação do continente africano. Diminuindo a vegetação, os hominídeos foram obrigados a descer das arvores para buscar alimento no solo. Até então, se locomoviam de forma quadrupede.
Para a consolidação da nova maneira de se locomover, foi necessário que toda a estrutura anatômica sofresse alteração: os músculos glúteos, médio e mínimo, localizados exclusivamente na região posterior dos quadris, com a função de impulsionar os antropoides passaram anatomicamente para a região lateral assegurando a estabilidade dos quadris na sustentação do corpo ereto. Além disso, o alinhamento entre o crânio e a coluna proporcionou boa adaptação ao bipedalismo.
Mecanismos de controle postural
O controle postural é definido como o processo pelo qual o sistema nervoso central (SNC), produz padrões de atividade muscular necessários para a relação entre o centro de massa e a base de sustentação. Essa atividade é um processo complexo, que envolve os esforços coordenados de sistema sensorial e sistema motor (aferentes e eferentes).
As respostas aferentes e eferentes são organizadas através de uma variedade de mecanismos centrais ou funções do sistema nervoso central, que recebem e organizam as informações sensoriais e programam respostas motoras apropriadas, ou seja, garante a posição corporal desejada sempre que o movimento é realizado por um individuo.
O controle da postura pode ser entendido como um comportamento que emerge de um contínuo e dinâmico relacionamento entre informação sensorial e atividade motora, incluindo os componentes sensórios-motores e músculos esqueléticos envolvidos na busca de uma determinada posição corporal.
Segundo Júnior (2003), o corpo humano em posição ereta é considerado um pêndulo invertido multisegmentar e permanentemente instável devido a ações de forças externas, que surgem da realização de movimentos corporais, e ainda devido ao tamanho da base de suporte do corpo.
O sistema de controle postural deve realizar três funções fundamentais: suporte, estabilização e equilíbrio. E para realizar estas funções, ocorre numa primeira fase, a informação da posição do corpo no espaço é processada através do sistema sensorial, havendo posteriormente, uma integração dessa informação no SNC. Este sistema processador determina uma resposta adequada, assegurando os aspectos antecipatórios e adaptativos do controle postural. Por fim, são geradas respostas adequadas ao sistema musculoesquelético, proporcionando o controle da posição do corpo (Pais 2005).
Assim, para que a integração da atividade sensorial aconteça é necessária à existência de um conjunto de diferentes sistemas sensoriais, em que cada um deles assume um papel importante na manutenção da postura corporal.
Sistemas sensoriais
Associado as estruturas da audição, todos os vertebrados contam também com o sistema vestibular, com qual podem perceber fenômenos de aceleração e postura corporal. Raramente mencionado, esse sistema deve ser considerado como um sexto sentido dos organismos vivos, tendo intima relação com o sistema motor, permitindo correções posturais reflexas à estimulação bruscas e estabilização do olho durante a locomoção.
Responsável pela percepção da posição da cabeça no espaço, movimentação, mudança da velocidade ou direção do movimento, o sistema vestibular assume um papel importantíssimo no controle postural, uma vez que fornece informações precisas sobre a orientação espacial da cabeça em relação à atuação da força gravitacional.
Para determinar essa orientação, baseiam-se na informação, segundo Silva (2006), obtida por dois sensores de movimento localizados no ouvido interno: os canais semicirculares e órgãos otolíticos, onde os primeiros detectam o movimento rotacional da cabeça e os segundos detectam a aceleração linear.
Este sistema contém receptores nervosos que são enervados por terminais periféricos de neurónios sensoriais bipolares, que quando excitados devido a movimentos da cabeça, enviam impulsos nervosos a partir do tronco cerebral para o cerebelo (Júnior 2003).
O sistema somatossensorial difere dos outros sistemas, por que seus receptores estão espalhados por todo o corpo humano: principalmente nas pernas e planta dos pés que fornecem informações sensoriais para o controle postural. Chamados de mecanorreceptores são capazes de localizar e detectar pequenas mudanças na pressão e firmeza da pisada.
Este conjunto de sistemas fornece ao corpo informações sobre o ambiente, permitindo a orientação necessária à medida que se movimenta ou fica estático em relação às próprias partes do corpo, seu apoio e superfície do solo. Quando as informações proprioceptivas sofrem uma diminuição ou abolição, os indivíduos passam a depender exclusivamente do sistema visual para manter o equilíbrio, o que ocorre no caso dos idosos.
O pé pode ser considerado como uma alavanca que produz um momento para anular o efeito da gravidade. Desta forma, os mecanorreceptores dos pés enviam as informações ao sistema nervoso central, na região do cerebelo que se comunica com a medula espinhal, permitindo a manutenção do tônus muscular necessário para manter a postura do corporal.
O caminhar o corpo humano desencadeia ações que envolvem os sistemas nervoso, musculoesquelético e articular (Favero, 2010). A comunicação dos proprioceptores dos músculos, tendões e articulações intrínsecos dos pés com os núcleos da base do cérebro e com o aparelho vestibular é responsável por orientar as diversas partes do corpo no momento da locomoção.
Deste modo, os pés são estruturas responsáveis pelo envio de diferentes tipos de informações ao sistema nervoso central durante a locomoção e equilíbrio, tornando-os fundamentais para o sistema postural e determinando a estabilidade das demais áreas do corpo em relação ao solo.
Por exercer tal influência, qualquer tipo de deformidade acarreta prejuízos no ajuste do apoio correto dos pés ao terreno e má distribuição da carga corporal, refletindo-se na postura e no equilíbrio e ainda provocando necessidades de ajustes em todo o plano de postura corporal. Falhas deste mecanismo de ajuste podálico e sensório-motor ou nos reflexos de correção do corpo em resposta ao sistema vestibular podem acarretar quedas ou entorses nos tornozelos, que em alguns casos podem culminar até em fraturas ósseas.
Os olhos são "os dispositivos de entrada" que mais fornecem informações ao encéfalo do qualquer outro órgão. O ato de enxergar acontece quando os raios de luz entram no olho através da sua parte anterior, a córnea transparente em forma de domo, onde são parcialmente desviados (refratados). Os raios passam, então, através da lente transparente (cristalino) que muda de formato para fazer o foco da imagem. A luz prossegue através do humor vítreo, no interior do bulbo do olho, e forma uma imagem de cabeça para baixo na retina. Na retina contem diversas células receptoras (cones e bastonetes) que transforma energia luminosa em impulsos nervosos. Dai os impulsos nervosos "caminham" através de fibras ópticas em direção ao córtex visual do cérebro, onde é recolocada na posição normal.
O sistema visual fornece informações importantes sobre a localização e a distância de objetos no ambiente, o tipo de superfície onde se dará o movimento e a posição das partes corporais uma em relação à outra, e ao ambiente. É considerado o principal sistema para garantir o planeamento da locomoção de modo a evitar obstáculos, tendo ainda a função de compensar possíveis falhas dos outros sistemas sensoriais na manutenção do equilíbrio (Pais, 2005). Desta forma, a oscilação da postura ereta aumenta mais que o dobro quando a informação visual não estiver disponível (Kleiner, 2009). Portanto, os componentes deste sistema são considerados essenciais para o equilíbrio incluem a visão periférica, a sensibilidade ao contraste, a acuidade dinâmica e estática e a percepção de profundidade.
Terapia ocupacional
Segundo a teoria do Criacionismo, somos a mais perfeita criatura, mas mesmo assim somos sujeitos a qualquer momento caímos em decorrência de alguma enfermidade ou acidentes que nos pode ser fatal ou apenas causar danos leves ou graves.
Os mecanismos sensoriais de manutenção e controle postural, assim como qualquer outro órgão ou tecido do corpo humano, podem sofrer algum tipo de alteração que impeça a locomoção ou a execução de movimentos mais precisos.
As dificuldades ou impedimentos de se manter em estado ereto são decorrentes de neuropatias que prejudicam a integração dos mecanismos sensoriais situados em diversas partes do corpo ou a comunicação deste com o SNC, "a manutenção de uma determinada orientação postural é obtida a partir do complexo relacionamento entre informações sensoriais e ação motor-muscular" (Kleiner, 2009).
A Terapia Ocupacional trabalha com a recuperação da coordenação motora, fina e grossa a força, amplitude de movimentos, o tônus, a sensibilidade, as atividades de vida diária e o treinamento voltado para a recuperação dos padrões normais de movimento.
Para uma recuperação mais rápida do membro invalido, as sequências de exercícios são escolhidas durante a terapia devem ser similares aos movimentos utilizados nas atividades de vida diária, pois dessa maneira, pode ser construída uma ponte entre o tratamento e o uso funcional.
Existem dois métodos amplamente usados por fisioterapeutas para o tratamento de membros: compensação e facilitação. De maneira simples a compensação refere-se ao treinamento do membro não afetado, de modo a compensar as funções do membro comprometido.
Desenvolvido pelo médico Herbert Kabat e a terapeuta ocupacional Dorothy Rosemberg em 1950, o método Kabat ou Facilitação Proprioceptiva Neuromuscular, procura o uso repetitivo do membro afetado, com o objetivo de fornecer aprendizagem motora através de técnicas de reforço.
Outro método que mostrou resultados bastante satisfatórios foi o método de Estimulação sensorial, que por meio de ativação ou inibição dos mecanismos sensoriais incentiva o musculo paralisado a aprender os movimentos na sequencia correta.
Estudos recentes sugerem que a organização funcional dos córtices sensorial e motor não são estáticos, ou seja, pode mudar dinamicamente à medida que haja uma intervenção ou demandas de tarefa. Corrêa (2008) aproveita os avanços da Terapeuta ocupacional para dizer que "a rede de neurônios somatossensorial altamente interconectados permite o aprendizado de tarefas sensório-motoras e o reaprendizado da função após o dano", permitindo o membro afetado recuperar sua funcionalidade.
A Terapia Ocupacional tem como objetivos diferenciados dirigir a participação do ser humano, promovendo sua adaptação, restaurando, reforçando e facilitando a aprendizagem de habilidades essenciais para a vida diária.
Quando um terapeuta ocupacional sabe que um paciente quer reaprender a dirigir, vestir-se de maneira independente, comer em restaurante ou continuar a trabalhar como um mecânico de automóveis deve ser capaz de organizar as tarefas terapêuticas que auxiliam o paciente na realização destas atividades.
A motivação é ferramenta básica em qualquer processo terapêutico e, na integração sensorial é primordial para que ocorram processos e vivências relevantes.
Na intervenção da terapêutica ocupacional, o papel do profissional que se utiliza dos procedimentos de integração sensorial não é o daquele que vem com uma lista de atividades e que convida o paciente a executá-la. "As atividades são escolhidas de acordo com as necessidades específicas do paciente" (CARVALHO, 2001, p. 26).
Watanabe (2002) se vale das indicações de CARVALHO (2001) para indicar como o terapeuta deve prosseguir em tratamentos de reabilitação com crianças. Segundo o autor, terapia geralmente é muito divertida para a criança, pois o ambiente clínico inclui diversos brinquedos e equipamentos que atraem a atenção da criança. Nesse ambiente de brincadeira, o terapeuta ocupacional ajuda a criança a alcançar sucesso em atividades que provavelmente não ocorreriam no brincar não orientado. Segundo Ayres apud (MAGALHÃES, 2001, p. 84), o terapeuta assiste o comportamento da criança, interpreta a adaptabilidade de suas ações, e antecipa o evento seguinte, ajudando a criança sempre que necessário.
Em suma, a intervenção terapêutica favorece o processamento adequado das informações sensoriais, adotando a premissa de que estes são componentes essenciais para a formação de uma base sólida, sob a qual se estruturam habilidades como potência postural, integração bilateral, sequenciamento e práxis, ou seja, através da Terapia de Integração sensorial e dos estímulos proporcionados, visa-se que os déficits da integração sensorial já descritos e discutidos no decorrer do trabalho, sejam minimizados.

CONSIDERÇÕES FINAIS
O homem percorreu um longo caminho evolutivo até atingir o estado atual de caminhar: a posição vertical em relação ao solo, em pé. Para que isso acontecesse, houve readequação na sua estrutura anatômica. Milhares de anos após atingir tal condição, agora o individuo tem dificuldades em manter essa condição em plena harmonia com restante de seu cérebro já evoluído.
O bom desempenho do controle postural depende de vários fatores, sendo o primeiro deles o funcionamento do sistema nervoso central em harmonia com os outros sistemas, pois é ele que processa as informações sensoriais captadas pelos pés e envia comandos para as respostas musculares (KLEINER et al., 2011) permitindo que o homem locomova e execute movimentos com alta precisão e sofisticação.
No meio do caminho, o homem sofreu com o mundo ainda em processo de mudanças extremas, ou até mesmo com acidentes e enfermidades que o impediram de se movimentar. Dai surgem terapias que prometem recuperar o membro danificado seja fisicamente ou nervos que por diversos motivos não respondem os comandos enviados pelo cérebro. Para prevenir problemas posturais é necessário que se pense nos seguintes fatores: ambiente, mobiliários, espaço e tipo de trabalho, pausas, equipamentos e ferramentas, devem ser respeitadas as características biomecânicas do indivíduo, contribuindo para a sua qualidade de vida.
Muitos desses programas terapêuticos não cumpre com os objetivos de recuperação total dos movimentos, por isso propusemos que programa terapêuticos adequados que levem em consideração os anseios dos pacientes proporcionando maior qualidade de vida.


REFERÊNCIA
CORRÊA, Clynton L. Mudanças reorganizacionais nos córtices somatossensorial e motor em amputados: revisão de literatura. Tese – Universidade Federal do Paraná. Caiobá-Matinhos, 2008.

GUZZO, Regina A. Rosetto. TERAPIA OCUPACIONAL ABRANGENTE PARA PACIENTES COM HEMIPLEGIA APÓS O ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL. Tese - Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. São Paulo, 2011.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. 2ª edição. São Paulo: Atlas, 1987.

MELO, Alessandro de; URBANETZ, Sandra Terezinha. Trabalho de conclusão de cursos em pedagogia. 1ª edição. Curitiba: Ibpex, 2009.

VARISE, Eliana M. Revisão dos conceitos sobre a evolução bípede e aplicação na fisioterapia. Tese – Universidade Federal de São Paulo. São Paulo, 2007.

WATANABE, Bruna Mara et al. Integração sensorial: déficits sugestivos de disfunções no processamento sensorial e a intervenção da terapia ocupacional. 2002. Tese – Centro Universitário Católico Salesiano Auxiliaum Unisalesiano. São Paulo, 2002.


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