Intencionalidades sobre as consultas de psicologia: elementos para uma potencial ampliação da adesão terapêutica, para a redução do dropout dos utentes e do burnout dos clínicos.

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Intencionalidades sobre as consultas de psicologia: elementos para uma potencial ampliação da adesão terapêutica, para a redução do dropout dos utentes e o burnout dos clínicos.

Notas do Autor Jorge A. Ramos (n.º 24121) é discente do 4.º ano do Mestrado Integrado em Psicologia Clínica (Turma 3) no ISPA – Instituto Universitário, em Lisboa, ano letivo de 2015-2016. Este trabalho faz parte da Unidade Curricular com o nome Psicologia Fenomenológica ministrada pelo Professor Doutor Daniel Cunha Monteiro de Sousa. A correspondência para o autor deste trabalho pode ser remetida para [email protected] ou para o ISPA – Instituto Universitário situado na Rua Jardim do Tabaco, n.º 34, 1149-041 Lisboa, Portugal.

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Resumo Este estudo exploratório faz uso do método fenomenológico de investigação em psicologia, para aferir vivências intencionais que possibilitem uma maior compreensão sobre as formas de aumentar a adesão terapêutica, reduzir o dropout dos utentes e o burnout dos clínicos. Para o efeito usou-se um questionário através do qual foram recolhidas informações de 30 indivíduos, que salientam a importância de os psicólogos darem mais atenção às dimensões técnica e pessoal da consulta de psicologia, bem como a uma abordagem clínica integrada, focada não só nos aspetos negativos da personalidade, como nos positivos. Palavras-chave: adesão terapêutica, dropout, burnout, psicologia positiva

Abstract This exploratory study makes use of the phenomenological method in psychology research to gauge intentional experiences that allow a greater understanding of the ways to increase therapeutic adherence, reduce the clients’ dropout and the clinicians’ burnout. For this purpose a questionnaire was used through which was collected information of 30 individuals, which emphasize the importance of psychologists to give more attention to the technique and personal dimensions of a psychological session, as well as to an integrated clinical approach, focused not only on the negative aspects of personality, as well as on the positive. Keywords: therapeutic adherence, dropout, burnout, positive psychology

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Introdução Em 2013 foi publicado um estudo epidemiológico sobre perturbações mentais, efetuado pela Universidade de Harvard (com o apoio do Organização Mundial de Saúde), onde foram estudados trinta países (dos cinco continentes) entre os quais Portugal. No que concerne à prevalência anual os países com os índices mais elevados foram os E.U.A. (26,4%) seguido da República da Irlanda (22,9%) e de Portugal (23,1%). Portanto estima-se (com base numa amostra de 8253 indivíduos, onde se pressupôs uma taxa de recusa não superior a 50%) que cerca de um em cada cinco portugueses sobre de perturbações mentais. E este dado poderia ser mais enfático se não tivessem sido excluídos do estudo os indivíduos residentes em lares, os hospitalizados em instituições psiquiátricas e militares, os prisioneiros e os sem capacidade de responder a uma entrevista. O estudo também salienta que Portugal é um dos países europeus onde o consumo de psicofármacos é mais elevado: cerca de um quarto das mulheres e de um décimo dos homens consumiram ansiolíticos no ano anterior ao estudo (Caldas de Almeida & Xavier, 2013). Algo paradoxalmente Portugal destaca-se como o país da Europa com o maior número de cursos de psicologia por milhão de habitantes (2,96; surgindo curiosamente em segundo lugar a República da Irlanda com 2,95 cursos), o que contribui para a existência de cerca de 22000 diplomados no final de 2014 em Portugal. Porém em Setembro de 2015 estavam inscritos nos Centros de Emprego 3480 psicólogos. Se forem também considerados aqueles com as cédulas suspensas, o número de psicólogos inativos ascende a 4395 (Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2015). Tem-se assim observado que o excesso de cursos de psicologia se expressa também de uma forma preocupante: “o mercado não absorve todos os licenciados e o desemprego é já uma realidade dramática para muitos deles” (Ordem dos Psicólogos Portugueses, 2012, p. 17). Estimando-se uma prevalência de perturbações mentais na ordem dos 23,1% e considerando-se que em 2011 a população residente era de cerca de 10,5 milhões de pessoas (Instituto Nacional de Estatística, 2012) o número de indivíduos com psicopatologias ronda os 2,5 milhões. Acresce que cerca de 65% destas pessoas não recebeu qualquer tratamento (no ano anterior à investigação de Wang, et al., 2011) o que se acentua nos casos de menor gravidade. Por outro lado, existem milhares de psicólogos desempregados e uma excessiva quantidade de cursos de psicologia, onde se vão formando cada vez mais psicólogos.

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Nesta sequência de factos sugiro a construção de uma imagem: a de duas ilhas afastadas. Numa está a população de psicólogos. Noutra está a população de indivíduos com psicopatologias. Existem (poucas) embarcações que permitem alguma mobilidade entre ambas as ilhas. Mas poder-se-á contruir uma ponte que possibilite uma maior acessibilidade e interação entre as populações destas duas ilhas? Que elementos poderão contribuir para a construção desta ponte? Não seria expectável, e saudável, uma convivência mais dinâmica entre estas duas populações? Conforme Caldas de Almeida e Xavier (2013) o estudo suprarreferido, efetuado pela Universidade de Harvard, teve como finalidade última “contribuir para o estabelecimento de novas estratégias de prevenção e tratamento das perturbações psiquiátricas em Portugal” (p. 4). Mas o que tem sido feito para aferir as perceções da população portuguesa sobre as consultas de psicologia? As pessoas são ouvidas? Quais as intencionalidades que os indivíduos possuem sobre esse momento de encontro entre uma pessoa que precisa de apoio psicológico e o especialista que presta esse apoio? Do ponto de vista dos pacientes, bem como da perspetiva de potenciais utentes (i.e., aquele que usa ou tem o direito de usar), que elementos poderão contribuir para uma maior adesão terapêutica? Este estudo exploratório visa dar algumas respostas a estas questões. Mas também se foca num tema secundário: se a consulta de psicologia incidisse também sobre a identificação das forças de caráter dos indivíduos (i.e., sobre os aspetos positivos das suas personalidades) essa abordagem (que complementaria um foco clássico, quase exclusivo, na identificação e no tratamento de aspetos negativos da personalidade) poderia contribuir para a construção de uma ponte mais sólida e larga, talvez até com mais do que uma plataforma, entre as duas ilhas? Como se pronunciarão os indivíduos portugueses a este respeito?

Enquadramento Teórico Sendo este trabalho efetuado no âmbito da Psicologia Fenomenológica (PF), para obter respostas às questões suprarreferidas fez-se uso do método que lhe é inerente e que possui particularidades que me parece deverem ser salientadas. O objeto de estudo da PF é a vivência intencional do indivíduo (i.e., o sentido da experiência humana) que é constituída por intencionalidades (i.e., por projeções da consciência para com um objeto – o objeto intencional – que pode ser uma fantasia, um sentimento ou mesmo uma alucinação). Interessa portanto analisar as vivências intencionais – ou fenómenos – tal como são apreendidos pela consciência (e não o objeto de uma experiência), isto é, investigar como é que indivíduos

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experienciam os fenómenos (Giorgi & Sousa, 2010). Assim, o método de investigação da PF irá ser usado para aferir as intencionalidades sobre o que é uma consulta de psicologia e quais são os objetos intencionais que poderão contribuir para uma maior adesão terapêutica. Para esse efeito adotar-se-á um enfoque onde (de acordo com o que advoga Biswanger, 1956) o ser humano não é analisado com base numa teoria (seja ela mecanicista, biológica ou psicológica) mas tal como ele é, procurando-se o eidos, isto é, as essências dos fenómenos. Mas o interesse em saber porque os indivíduos não recorrem à psicoterapia tem suscitado muita investigação. Por exemplo, Vogel, Wester e Larson (2007) fizeram uma análise onde aferiram que existem diversos fatores que funcionam como barreiras à procura de ajuda (não só no âmbito da psicologia clínica e da saúde, como no da psiquiatria e no da assistência social) onde se incluem: o estigma social (decorrente do julgamento negativo de outros que venham a saber que a pessoa procurou ajuda), o medo da terapia (no que concerne à forma como os profissionais irão tratar a pessoa, que julgamentos irão fazer sobre ela e se irá ser submetida a constrangimentos), o medo das emoções (no que se refere às que são particularmente dolorosas), a antecipação da utilidade da terapia e dos seus riscos (que pode radicar em baixas expetativas sobre o sucesso da terapia e sobre o potencial perigo de o clínico não compreender a pessoa), bem como as autorrevelações (de sentimentos, atitudes e pensamentos que são íntimos) as normas sociais (que depende de como a rede social da pessoa vê a procura de ajuda profissional) e a autoestima (pois admitir que se necessita de ajuda, implica que não se consegue resolver o problema sozinho, o que pode baixar a perceção de uma autoimagem positiva). Por outro lado existem ainda os fatores de género biológico (os homens são mais relutantes na procura de ajuda), os raciais e étnicos (onde os valores culturais e os sistemas de crenças podem ser inconsistentes com a busca de ajuda, e.g., algumas culturas asiáticas valorizam muito o autocontrolo e o refreamento dos sentimentos), o contexto (sendo menos problemático procurar ajuda num médico do que num profissional de saúde mental) e a idade (aferindo-se que os adolescentes e os indivíduos com mais de 65 anos de idade são mais resistentes à procura de ajuda profissional). Por outro lado existe também interesse científico em saber quais as proporções de dropout e porque é que os indivíduos abandonam a terapia. Por exemplo, Wierzbicki e Pekarik (1993) efetuaram uma meta-análise (de 125 estudos) onde aferiram que cerca de 47% dos pacientes desistem da psicoterapia, tendo sido associado este abandono a três fatores: pertencer a uma minoria racial, possuir um baixo nível educacional e socioeconómico. Mantovani, Marturano e Silvares (2010) aferiram um dropout de 49% numa amostra de 258

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famílias, tendo a desistência da terapia ficado associada à escassez de recursos cognitivos, à menor idade das crianças e aos pais mais jovens, bem como a uma maior exposição da família ao stresse psicossocial. Mas existe um outro fator que é nuclear e que provavelmente se relaciona com todos os anteriores. É o investigado por Roos e Werbart (2013) através de uma revisão da literatura (que incluiu 44 estudos publicados entre o ano 2000 e o de 2011, onde aferiram uma média ponderada de 35% de dropout): o fator relação terapêutica. Estes investigadores concluíram que “a experiência, o treino e a competência do terapeuta, em conjunto com a sua capacidade de dar apoio concreto e de ser um suporte emocional, tiveram impacto nas taxas de desistência” (p. 394). Acrescentam que a qualidade da aliança terapêutica, a insatisfação do cliente e a preparação prévia para a terapia também foram preditores do abandono. Parece ser também importante referir que as experiências prévias insatisfatórias (no âmbito da saúde mental) levam à não-adesão terapêutica (Sales, 2003) ou seja, os indivíduos que tenham tido más experiências com psicólogos poderão ser mais resistentes à procura ativa de ajuda quando sentirem essa necessidade. Portanto a prestação de um mau serviço de psicologia poderá ter pelo menos três efeitos sistémicos: a pessoa poderá continuar psicologicamente afetada, o que poderá ser motivo de angústia para os seus familiares e amigos; por outro lado a pessoa poderá ficar com intencionalidades negativas para com os psicólogos em geral contribuindo para a construção de uma imagem inquietante sobre a classe; por fim o próprio psicólogo poderá baixar a sua perceção de autoeficácia, o que poderá ter impacto no seu desempenho profissional com outros pacientes e utentes. Este é um tema que tem suscitado várias reflexões e estudos. Bergin (1966) soou um alarme quando concluiu que a psicoterapia, para além de possibilitar melhorias, também pode ser prejudicial. Em sete estudos experimentais Bergin observou que os indivíduos que pertenciam ao grupo de controlo melhoravam ligeiramente mantendo os seus valores de mudança em torno da média, ao passo que os do grupo experimental dispersavam-se entre uma melhoria e uma deterioração acentuadas (Anexo A). Este resultado ficou conhecido por Efeito de Deterioração de Bergin, suscitando porém uma espécie de viés endogrupal: “a ênfase na conclusão de que algumas pessoas melhoraram ofuscou a igualmente interessante descoberta de que algumas pioraram (…) [e] há poucas razões para acreditar que este estado de coisas tenha mudado ao longo das décadas” (Barlow, 2010). Certamente atentos a estas e a outras dinâmicas vividas no âmbito da psicologia, Seligman e Csikszentmihalyi (2000) enfatizaram que esta ciência possui um foco demasiado alto sobre as psicopatologias, descurando as caraterísticas positivas das pessoas, por

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conseguinte salientaram a importância de se estudar (e de motivar) as vivências positivas subjetivas, os aspetos positivos da personalidade (e até as organizações positivas) para ampliar a qualidade de vida das pessoas bem como para prevenir as disfunções psicológicas que por vezes surgem quando as suas vivências intencionais são improdutivas e sem sentido. Nasceu então a Psicologia Positiva (PP) que tem exercido cada vez mais influências não só no âmbito da psicologia como no da gestão de empresas (e.g., na liderança organizacional), no educativo e no dos cuidados de saúde (Gantt & Thayne, 2014). Para este efeito foi marcante a publicação de um livro, que os autores (Peterson & Seligman, 2004) consideraram ser um manual de sanidades (cujo nome é Character Strengths and Virtues e pretende ser um contraponto ao DSM-5, i.e., à 5.ª versão do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), onde ficaram expressos os alicerces e os resultados da investigação sobre a PP. Esta publicação incide sobre uma teoria positiva da personalidade, que assenta em 24 forças de caráter (Anexo B) de seis virtudes (Anexo C) objetivando que a psicologia seja integrativa, incidindo não só sobre as patologias e as fraquezas como também sobre as virtudes e as forças de caráter mais típicas de cada indivíduo (Seligman, 2002). O interesse na contribuição dos psicólogos para estimular ou ampliar as caraterísticas positivas dos pacientes (a fim de equilibrar o trabalho que é efetuado com os temas mais ansiogénicos) tem vindo a subir desde o início da PP. Donaldson, Dollwet e Rao (2015) efetuaram um estudo que identificou 1336 publicações sobre PP, revistas por pares (Anexo D), onde mais de 50% incluem participantes externos às universidades (o que se deve salientar, pois muitos dos estudos em psicologia são feitos com estudantes universitários) bem como testes empíricos (78% deles com métodos quantitativos). Nesta sequência interessou-me também captar as intencionalidades dos inquiridos sobre a possibilidade de nas consultas de psicologia existir uma abordagem complementar, isto é, haver um foco nos problemas mas também nas virtudes humanas. E quanto a haver um foco exclusivo da PP? Poderá vir a ocorrer uma maior adesão terapêutica (bem como uma redução do dropout) se estas possibilidades forem cada vez mais consideradas? Quais as vivências intencionais das pessoas a este respeito?

Método Roos e Werbart (2013) referem que “entre os potenciais preditores do dropout, as variáveis relacionadas com os clientes são as mais exaustivamente analisadas” (p. 394). Por outro lado (Sales, 2003) sublinha também a necessidade de se explorar empiricamente as variáveis potencialmente associadas à não-adesão terapêutica. Mas quais serão os conteúdos das consciências intencionais das pessoas? Ou seja, quais serão os significados dos

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indivíduos a respeito de deste objeto intencional (que envolve múltiplos fatores) – a consulta de psicologia? Daqui surgiram cinco questões de investigação: (1) Quais os noemas associados a uma consulta de psicologia? (2) Existem diferenças noemáticas relevantes entre as pessoas que já consultaram e as que nunca consultaram um psicólogo? (3) O que poderá levar os indivíduos a aderirem mais às consultas de psicologia? (4) Para além de um enfoque no problema da pessoa, se houvesse também um foco nas suas virtudes e forças de caráter, isso poderia contribuir para a adesão terapêutica (bem como para a redução do dropout)? (5) E se o foco fosse apenas nas virtudes e forças de caráter dos indivíduos? Participantes Foram inquiridos 30 indivíduos com idades entre os 20 e os 59 anos, situando-se 56,7% da amostra (n=17) no escalão etário dos 30-39 anos de idade. No que se refere às habilitações escolares (completas) a maioria (46,7%) dos respondentes (n=14) é licenciada e 40% completou o ensino secundário (3 dos inquiridos possuem um mestrado e 1 deles completou o 3.º ciclo do ensino básico). 90% Residem na zona de Lisboa (n=27) e os restantes 3 residem no Norte, no Centro e na Madeira. A maioria (70%; n=21) considera que se insere na classe média e 23,3% (n=7) na classe média baixa (Anexo E). Não foram recolhidos mais dados sociodemográficos para não tornar o questionário entediante e assim contribuir para vivências intencionais positivas sobre os estudos no âmbito da psicologia. Procedimentos Este estudo iniciou-se com a proposta do docente, o Professor Doutor Daniel Sousa, da disciplina Psicologia Fenomenológica (no dia 6 de Outubro de 2015), para se efetuar um trabalho sobre um dos vários temas inerentes àquela área da psicologia. O tema para o presente estudo foi apresentado ao docente no dia 2 de Novembro de 2015 e foi aprovado no dia seguinte. Entre os dias 3 e 5 de Novembro efetuou-se o desenho do estudo e a respetiva transposição para um questionário semiestruturado online (acessível através de uma hiperligação e de uma palavra-passe) no sistema Cualtrics (http://www.qualtrics.com), que incluiu doze partes (Anexo F) bem como um consentimento informado. Procedeu-se depois à recolha dos dados entre os dias 6 e 11 de Novembro de 2015. Após se obterem 30 registos completos encerrou-se o inquérito, porém o sistema Cualtrics gravou 32 registos (pois incluiu dois questionários que foram abertos mas não foram respondidos). Os 30 registos completos foram depois transferidos para o software IBM SPSS Statistics (versão 20) no mesmo dia (11 de Novembro) para serem efetuadas algumas análises quantitativas (onde todos os registos

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foram incluídos), tendo sido atribuído a cada participante um código (1 a 15 seguido de «S» para os inquiridos que já foram a pelo menos uma consulta de psicologia; e 1 a 15 seguido de «N» para os que nunca consultaram um psicólogo). No dia 13 de Novembro iniciou-se a análise qualitativa, que foi finalizada no dia 20 de Novembro de 2015. Este trabalho foi finalizado (e entregue) no dia 17 de Dezembro. Portanto este é um estudo qualitativo, com base no método da psicologia fenomenológica, mas inclui um suporte quantitativo. Cabe ainda referir que a amostra é não-probabilística e por conveniência dado que foi recolhida com recurso à rede social Facebook, através da qual foi solicitado (em mensagens privadas) aos inquiridos que preenchessem um questionário online. Para esse efeito fez-se uso de apenas dois critérios de inclusão: os indivíduos serem de nacionalidade portuguesa e serem maiores de idade. Instrumento Foi elaborado um questionário original e específico para este estudo. Houve o cuidado de usar uma linguagem clara e objetiva bem como o cuidado de criar uma estrutura de perguntas o mais curta possível (para minimizar o efeito de fadiga e o efeito de enfado que por vezes este tipo de abordagem proporciona). Talvez por isso todos os inquéritos que obtiveram uma primeira resposta foram concluídos (mesmo apesar de todas as questões terem sido programadas para a obrigatoriedade de serem respondidas). No seu total o inquérito foi constituído por 12 partes (Anexo F): (1) apresentação do investigador, do professor e esclarecimento sobre os objetivos do estudo; (2) informação sobre a privacidade e o anonimato dos inquiridos, bem como os contactos dos responsáveis pela investigação; (3) uma pergunta aberta para aferir os conteúdos da consciência intencional de cada inquirido sobre uma consulta de psicologia; (4) uma pergunta de filtro para distinguir dois grupos: as pessoas que já consultaram um psicólogo (pelo menos uma vez) e as que nunca o fizeram; ao primeiro grupo foram então colocadas seis questões: (4.1) para aferir o número de sessões a que cada inquirido recorreu; (4.2 a 4.5) para obter o grau de satisfação, numa escala do tipo Likert com 5 pontos (1=Muito Insatisfeito; 2=Insatisfeito; 3=Nem insatisfeito, nem satisfeito; 4= Satisfeito; 5=Muito satisfeito), relativamente aos resultados práticos obtidos, ao ambiente do consultório, à relação que estabeleceu com o psicólogo e à relação entre os resultados obtidos e o investimento monetário efetuado; (4.6) uma pergunta aberta para obter intencionalidades relativas ao como é que uma consulta de psicologia, poderia motivar cada inquirido a recorrer mais a este serviço; (5) um breve

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esclarecimento sobre a psicologia positiva seguido de uma questão fechada (novamente direcionada a ambos os grupos) sobre o conhecimento dos inquiridos relativamente à existência deste novo ramo da psicologia; (6) uma questão aberta sobre se a psicologia positiva fosse usada em conjunto com a psicologia focada nos problemas, poderia motivar um maior recurso às consultas de psicologia; (7) uma questão aberta sobre se uma abordagem exclusiva da psicologia positiva poderia motivar uma maior adesão terapêutica; e por fim as questões para obter dados sociodemográficos (8 a 12): género biológico, idade, habilitações escolares, zona de residência e perceção da classe social onde cada inquirido se insere.

Resultados O método fenomenológico de investigação em psicologia, que se foca na análise fenomenológica da consciência intencional, requer a consideração de cinco dimensões: (1) a epoché, que implica uma suspensão de uma atitude natural e dos conhecimentos prévios sobre os objetos intencionais; (2) a redução fenomenológica, que se foca no objeto intencional tal como surge à consciência; (3) a análise eidética, que preconiza alcançar as estruturas invariantes do objeto de estudo; (4) a descrição, onde se tenta analisar os fenómenos tal como são visados pela consciência intencional; e (5) a intersubjetiva, que preconiza chegar a informações generalizáveis (Giorgi & Sousa, 2010). Nesta sequência os resultados foram analisados em 4 passos (conforme os mesmos autores, ibidem): (1) foi efetuada uma primeira leitura dos resultados brutos para apreender o sentido geral de cada questão (Anexo G), depois os inquiridos foram divididos em dois grupos: os que já consultaram pelo menos uma vez um psicólogo (o Grupo 1; n=15) e os que nunca o fizeram (o Grupo 2; n=15) para de seguida se (2) dividirem as respostas das perguntas abertas em unidades de significado (Anexo H para o primeiro grupo e Anexo I para o segundo grupo de inquiridos); (3) depois as unidades de significado foram transformadas em expressões de caráter psicológico (ibidem); para por fim (4) se determinar uma estrutura geral de significados psicológicos. 1) Estabelecimento do Sentido Geral Esta fase da análise da consciência intencional dos inquiridos requer uma apreensão do sentido geral dos conteúdos expressos (ainda em bruto), sem colocar hipóteses interpretativas e considerando as duas primeiras dimensões do método fenomenológico de investigação em psicologia: a epoché e a redução fenomenológica (Giorgi & Sousa, 2010). Nas quatro questões abertas (1, 5, 7 e 8) observaram-se os seguintes sentidos gerais:

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Questão 1. Relativamente ao pedido: “Por favor descreva (de uma forma aberta e honesta) como são para si, os significados de ir a uma consulta de psicologia.” As respostas em geral apresentam sobretudo um enfoque na competência técnica do psicólogo, na sua capacidade de ajudar a resolver conflitos psicológicos e padrões comportamentais. Questão 5. No que concerne à pergunta (que foi colocada apenas aos inquiridos do Grupo 1): “Por favor descreva (de uma forma aberta e honesta) como é que uma consulta de psicologia poderia motivá-lo para recorrer mais a este serviço?” As respostas em geral remeteram novamente para a competência técnica do psicólogo, mas também para o investimento monetário, para a eficácia e para a flexibilidade das abordagens psicológicas. Questão 7. Relativamente à pergunta: “Se nas consultas de psicologia houvesse também um foco na aferição e na ampliação dos seus atributos positivos (isto é, nas caraterísticas positivas da sua personalidade), poderia recorrer mais a este serviço?” A grande maioria expressa intencionalidades afirmativas salientando a importância de o psicólogo contribuir para a fomentação da autoestima. Questão 8. Quanto à pergunta: “E se as consultas de psicologia se focassem apenas na aferição e na ampliação das caraterísticas positivas da sua personalidade, poderia recorrer mais a este serviço?” Em comparação com as respostas à Questão 7 existe maior dispersão no sentido das intencionalidades. Porém a discordância com uma abordagem exclusiva da PP é a vivência intencional mais saliente, destacando-se a preferência pela complementaridade. 2) Divisão das Unidades de Significado Nesta fase da análise a intenção é segmentar os conteúdos expressos pelos inquiridos em unidades se significado, mantendo a linguagem do senso comum (tal como é apresentada por cada inquirido) e considerando a epoché e a redução fenomenológica. Usa-se como critério de segmentação a transição de sentido segundo a sua importância psicológica (de acordo com o âmbito deste estudo), o que facilita a revisão por pares (idem, ibidem). A divisão dos conteúdos expressos pelos inquiridos em unidades de significado encontra-se no Anexo H (para o Grupo 1) e no Anexo I (para o Grupo II), mais precisamente na segunda coluna das tabelas com o título «Unidades de significado». 3) Transformações em Expressões de Caráter Psicológico Nesta etapa da análise transformam-se as unidades de significado em expressões de caráter psicológico, isto é, aprofundam-se os conteúdos expressos, passando da linguagem do

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senso comum para significados psicológicos (por vezes implícitos) que traduzam as vivências intencionais idiossincráticas (sobre os objetos intencionais em estudo) retirando os aspetos contingentes (bem como os particulares) não-eidéticos e fazendo uso de uma terminologia desvinculada de escolas teóricas (idem, ibidem). Esta transformação encontra-se no Anexo H (para o Grupo 1) e no Anexo I (para o Grupo 2), mais especificamente na terceira coluna das tabelas com o título «Unidades descritivas de caráter psicológico». 4) Determinação de uma Estrutura Geral de Significados Psicológicos Conforme Giorgi e Sousa (2010) nesta última fase da análise da consciência intencional dos inquiridos transformam-se “as unidades de significado numa estrutura descritiva geral (…) [que] engloba os sentidos mais invariantes que pertencem às unidades de significado transformadas em linguagem psicológica” (pp. 89-90) considerando que poderá ser necessário recorrer a termos ausentes das unidades de significado, a fim de sintetizar e de articular (a interdependência dos significados) com maior acuidade numa estrutura final (ou mesmo mais do que uma estrutura, embora seja desejável a parcimónia). Após a construção da estrutura final é necessário explicar como ela se relaciona com as diversas manifestações das vivências intencionais dos inquiridos. Os sentidos de ir a uma consulta de psicologia. Foi diversificada a variedade de sentidos que os inquiridos atribuíram a uma consulta de psicologia. Não obstante sobressaiu das várias vivências intencionais uma estrutura simples de significados psicológicos com apenas quatro dimensões: três dizem respeito às competências do psicólogo: a dimensão técnica, a pessoal e a instrumental; e uma relaciona-se com o consultante: a evolutiva. Na dimensão técnica incluem-se as competências para ajudar a resolver conflitos psicológicos internos e relacionais, facilitando o processamento de conteúdos emocionais, verbais, psicológicos e comportamentais (1S, 2S, 3S, 4S, 11S, 15S, 2N, 5N, 6N, 8N, 9N e 15N), a capacidade interpretativa, mostrando novos ângulos que contribuam para a reestruturação cognitiva e para a organização psicológica (1S, 6S, 10S, 13S, 14S, 15S, 3N, 14N e 15N), o adotar de uma atitude de não-julgamento (1S, 6S, 8S, 9S, 3N, 12N e 13N), o empoderamento com estratégias de coping (14S, 15S e 9N), o ser competente na escuta ativa (1S, 13S, 14N e 15N), o fazer avaliação psicológica (1N), a não-envolvência na história do consultante (15S), a não-diretividade (15S) e ser um bom gestor do tempo (1S), em suma, uma competência técnica que contribua para o restabelecimento do bem-estar e para a

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promoção da qualidade de vida (8N). A dimensão instrumental engloba a especificidade do contexto clínico (2S, 1N e 9N) onde se expressam, analisam e processam temas pessoais, emoções, cognições e sentimentos, sobre as relações interpessoais e o mundo, a fim de viver de uma forma mais ajustada (8S, 9S, 10S, 2N, 3N, 4N, 7N, 12N, 13N, 14N e 15N), o que representa um custo elevado (13S) e alguma eficácia (5S) mas que poderia melhorar neste aspeto (6S e 13S). Quanto à dimensão pessoal ela remete para a confiabilidade do psicólogo (1S, 10S), para a sua simpatia (1S) e para não ter comportamentos paradoxais, como por exemplo, fumar durante a consulta (2S). Por fim, a dimensão evolutiva abrange a autoescuta que leva à reestruturação (14S), o autoconhecimento (7S) e o levar, no final da consulta, algo para refletir, para evoluir (1S e 13S). Em síntese temos então os seguintes constituintes para cada uma destas quatro dimensões: Dimensão

Constituintes

Técnica

         

Competência para ajudar a resolver conflitos psicológicos. Capacidade interpretativa. Atitude de não-julgamento. Capacidade de empoderar com estratégias de coping. Competência na escuta ativa. Fazer avaliação psicológica. Não-envolvência na história do consultante. Não-diretividade. Ser um bom gestor do tempo. Competência para ajudar a promover a qualidade de vida.

Instrumental

   

Ser um contexto clínico. Contexto onde se processam conteúdos que visam uma vivência mais ajustada. Custo elevado. Eficácia.

Pessoal

  

Confiabilidade. Simpatia. Não ter comportamentos paradoxais.

Evolutiva

  

Autoescuta. Autoconhecimento. Levar, no final da consulta, algo para refletir e evoluir.

Sintetizando os sentidos que os inquiridos atribuem a uma consulta de psicologia, sobressaem as competências técnicas e pessoais do psicólogo, bem como a forma como faz a gestão de alguns aspetos instrumentais, a fim de que essas três dimensões contribuam para o processo evolutivo dos consultantes. Esta síntese pode ser representada numa estrutura muito simples com a seguinte configuração:

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Técnica Instrumental

Evolutiva

Pessoal

Para uma consulta de psicologia mais apelativa. Neste âmbito, os contributos das intencionalidades dos inquiridos sobre o que poderia melhorar nas consultas de psicologia, foram sintetizados numa estrutura ainda mais simples de significados psicológicos com três grandes fatores que remetem para as competências do psicólogo: a dimensão técnica, a pessoal e a instrumental. Os 15 inquiridos (que já foram pelo menos a uma consulta de psicologia) salientam que poderiam sentir uma maior motivação para recorrer mais às consultas de psicologia se: na dimensão técnica, os psicólogos fizessem menos julgamentos (1S, 2S, 13S e 15S), fossem mais capazes de criar uma relação de confiança (2S, 4S e 15S), apelassem mais à sinceridade dos consultantes (13S), fossem mais competentes na escuta ativa (1S e 3S), fossem menos curiosos e mais focados nos objetivos dos consultantes (1S), gerissem melhor o tempo da consulta (1S e 2S) e fizessem interpretações mais pertinentes, com mais sentido (1S e 14S); na dimensão pessoal, fossem mais recetivos para com abordagens holísticas (3S, 11S e 15S), comunicassem com mais qualidade (1S), fossem mais empáticos (15S), simpáticos (1S) e otimistas (2S), em suma serem mais capazes de criar uma relação de qualidade (8S); na dimensão instrumental, o custo das consultas fosse mais reduzido (10S, 11S e 12S), fossem dadas maiores garantias de confidencialidade (13S), o ambiente fosse mais acolhedor (2S e 15S), houvesse mais informações sobre o psicólogo (12S), fossem dadas mais informações sobre o contrato terapêutico, como por exemplo que tipo de intervenções irão ser efetuadas (12S) e houvesse uma maior eficácia do trabalho que é efetuado (2S, 4S, 6S e 8S). Em síntese temos então os seguintes constituintes para cada uma destas três dimensões: Dimensão Técnica

Constituintes        

Menos julgamentos. Maior capacidade de criar uma relação de confiança. Maior apelo à sinceridade. Maior competência na escuta ativa. Menos curiosidade. Maior foco nos objetivos dos consultantes. Melhor gestão do tempo. Interpretações mais pertinentes, com mais sentido.

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Pessoal

     

Maior recetividade para com abordagens holísticas. Maior qualidade comunicativa. Mais empatia. Mais simpatia. Mais otimismo. Maior capacidade para criar uma relação de qualidade.

Instrumental

     

O custo ser mais reduzido. Obter maiores garantias de confidencialidade. O ambiente ser mais acolhedor. Haver mais informações sobre o psicólogo. Obter mais informações sobre o contrato terapêutico. Haver mais eficácia no trabalho que é efetuado.

Assim sendo as vivências intencionais dos inquiridos, salientam que uma maior atenção para com alguns detalhes inerentes à competência técnica, às competências pessoais e a alguns aspetos instrumentais, poderá contribuir para uma maior adesão terapêutica. Esta síntese pode ser representada numa estrutura elementar com a seguinte configuração: Técnica Instrumental

Adesão terapêutica

Pessoal

A análise quantitativa permitiu aferir que, dos inquiridos que já recorreram a consultas de psicologia, 47% fê-lo por 10 ou menos vezes e 53% consultou um psicólogo em 15 ou mais ocasiões (𝑋̅=32; ∆: 1-150). Por outro lado, 60% dos inquiridos ficou satisfeito ou muito satisfeito com os resultados práticos obtidos (27,3% oscilou entre o muito insatisfeito e o insatisfeito e 13,3% mostrou-se indeciso na sua avaliação). Quanto ao ambiente do consultório apenas 13,3% se mostrou muito satisfeito, mas houve 46,7% de satisfeitos o que resultou numa maioria de satisfação na ordem dos 60% (26,7% expressaram a sua insatisfação ou muita insatisfação). No que diz respeito à qualidade da relação estabelecida com o psicólogo 33,3% manifestou-se como insatisfeito ou muito insatisfeito (n=4) e os restantes 66,7% mostraram-se satisfeitos ou muito satisfeitos (n=11). Por fim também se aferiram os níveis de satisfação sobre a relação entre os resultados obtidos e o investimento monetário efetuado pelos inquiridos, de onde se salientou uma proporção de satisfação de 53,3%, uma insatisfação de 20% e um parecer indeciso de 26,7%. Quando são comparadas as médias não se observam diferenças estatisticamente significativas entre elas embora a mais elevada seja a da satisfação com os resultados práticos obtidos (3,47) e a mais baixa a da

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satisfação com a relação com o psicólogo (3,33) onde se observou também a maior variância (2,67) (Anexo G). Integração da psicologia positiva nas consultas. Quanto às vivências intencionais dos 30 inquiridos sobre se poderiam recorrer mais às consultas de psicologia se nelas houvesse também um foco na aferição e na ampliação das caraterísticas positivas das suas personalidades, as respostas salientaram em geral uma elevada concordância com esta possibilidade (70%; 93,3% quando são consideradas as respostas “Sim” e “Talvez”), tendo sido justificadas com os seguintes argumentos: é importante reconhecer e potenciar os aspetos positivos das pessoas (6S, 8S, 9S, 11S, 12S, 14S, 15S, 3N, 7N e 14N), contribuindo assim para um aumento da autoestima e da autoconfiança (pois na sociedade em geral não se salientam os aspetos positivos do outro), para empoderar a pessoa (em vez de a ver e tratar como uma vítima), para mitigar os problemas psicológicos e para reduzir o estigma social associado ao ato de ir ao psicólogo (1S, 2S, 4S, 11S, 3N e 9N); por outro lado o fortalecimento da autoestima poderá proporcionar uma maior abertura e motivação para o processamento, transformação e integração dos aspetos negativos (15S, 6N e 8N) a fim de os consultantes evoluírem como um todo e viverem uma vida mais plena e positiva (2S, 1N, 2N e 4N). Deste agregado resultaram as seguintes quatro dimensões sequenciais: Reconhecimento

Empoderamento

Motivação

Evolução

Sintetizando as vivências intencionais dos inquiridos, o reconhecimento das caraterísticas positivas das pessoas leva-as a sentirem-se mais empoderadas, o que as motiva a trabalharem os seus aspetos negativos, proporcionando-lhes uma evolução mais plena. Consultas de psicologia exclusivamente positiva. Quanto a um foco exclusivo nos aspetos positivas do ser humano numa consulta de psicologia, os inquiridos mostraram-se bastante cientes da importância de uma abordagem integrativa: 50% discorda de uma abordagem exclusiva da PP, 30% concorda e 20% mostrou indecisão. Ou seja, os inquiridos concordam que poderia contribuir para a reconstrução da autoimagem (6S) e aumentar a autoestima dos consultantes (2N e 5N), pois o reforço psicológico é importante (7N), contribui para a felicidade (8N) e poderia motivar uma maior adesão terapêutica (6N). Porém também consideram ser importante reconhecer a etiologia dos comportamentos desajustados (7S), por conseguinte julgam ser essencial não descurar nenhuma das duas grandes dimensões qualitativas da personalidade – a positiva e a negativa – a fim de efetuarem mudanças que produzam resultados mais consistentes (2S, 4S, 8S, 9S, 10S, 11S, 13S, 14S,

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15S, 1N, 3N, 4N, 8N, 9N, 12N, 14N e 15N). Destas vivências intencionais destacam-se as seguintes dimensões: Empoderamento

Adesão terapêutica

Integração (+ e –)

Resultados

Sumariando as intencionalidades dos 30 inquiridos, o empoderamento das pessoas, recorrendo exclusivamente à psicologia positiva, poderia motivar uma maior adesão terapêutica. Porém é importante considerar os aspetos positivos e negativos para se obterem resultados mais eficazes.

Discussão Segue-se a discussão dos resultados com base nas cinco questões que foram as orientadoras deste trabalho. 1 – Quais os noemas associados a uma consulta de psicologia? As duas dezenas de noemas que foram agrupados em quatro dimensões remetem sobretudo para a natureza técnica da consulta, portanto em geral o psicólogo é percecionado como um técnico com múltiplas competências (e.g., de avaliação psicológica e a capacidade de não se envolver nas histórias dos consultantes), mas as suas caraterísticas pessoais também são mencionadas (e.g., a confiabilidade e a simpatia). São também mencionados alguns aspetos instrumentais da consulta, que ficaram maioritariamente associados a um contexto clínico, portanto ao não serem foram feitas quaisquer referências a outras áreas da psicologia (e.g., a forense, a educacional, a organizacional ou a social) observa-se que em geral os inquiridos associam a consulta de psicologia apenas à área clínica. Surgiu porém um quarto fator, que remete para o caráter evolutivo dos utentes, que é inerente a uma consulta de psicologia e que me parece ser um dado interessante, já que contraria a representação social de que as consultas de psicologia são só para pessoas com problemas mentais. 2 – Existem diferenças noemáticas relevantes entre as pessoas que já consultaram e as que nunca consultaram um psicólogo? Os dados quantitativos mostraram que 50% dos inquiridos nunca foram a uma consulta de psicologia (o Grupo 2), mas ainda assim não deixaram de expressar as suas intencionalidades. Por outro lado observa-se que as intencionalidades em geral de ambos os grupos mostram convergência, embora alguns respondentes expressem particularidades, como por exemplo: a gestão do tempo, os comportamentos paradoxais, a não-diretividade e a

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autoescuta no Grupo 1 (1S, 2S, 14S e 15S); a avaliação psicológica e a promoção da qualidade de vida no Grupo 2 (1N e 8N). 3 – O que poderá levar os indivíduos a aderirem mais às consultas de psicologia? As intencionalidades aferidas nos resultados, sobre o que poderia melhorar nas consultas de psicologia, remetem essencialmente para a relação terapêutica, a qual tem sido sujeita a uma vasta investigação, que salienta a sua importância para o sucesso terapêutico quando é positiva e com qualidade (Luborsky, 1994; Martin, Garske & Davis, 2000; Horvath, 2006; Kazdin, 2007), o que está alinhado com o presente estudo, onde, segundo as intencionalidades dos inquiridos, há pequenos detalhes técnicos (e.g., menos julgamentos e curiosidade, bem como uma maior competência na escuta ativa e na gestão do tempo) e pessoais (e.g., mais simpatia, empatia e otimismo) por parte do psicólogo, que podem contribuir para uma maior adesão terapêutica (bem como para a redução do dropout), a qual pode ser reforçada conferindo mais atenção à dimensão instrumental (e.g., às garantias de confidencialidade e às condições do contrato terapêutico) o que vai de encontro ao que refere Bordin (1979): uma relação terapêutica deve radicar na colaboração mútua, onde se inclui a negociação de objetivos e de tarefas entre o terapeuta e o cliente. Em suma, os vinte constituintes das três dimensões aferidas para motivar uma maior adesão terapêutica incluem competências que podem ser treinadas e que (conforme salientam Roos & Werbart, 2013, na sequência de uma revisão de literatura que incluiu 44 estudos) podem prevenir o dropout, reparar ruturas na relação terapêutica e facilitar a negociação do tratamento. Por outro lado através da análise quantitativa aferiu-se uma boa distribuição das respostas e níveis de satisfação acima da média, portanto assume-se que a expressão das intencionalidades dos inquiridos, sobre o que poderá melhorar nas consultas de psicologia para motivar uma maior adesão terapêutica, não terá sofrido a influência e o viés de experiências negativas prévias dos inquiridos em geral. 4 – Para além de um enfoque no problema da pessoa, se houvesse também um foco nas suas virtudes e forças de caráter, isso poderia contribuir para a adesão terapêutica (bem como para a redução do dropout)? Os resultados enfatizam que um foco complementar na aferição e na ampliação das caraterísticas positivas da personalidade também poderia contribuir para ampliar a adesão terapêutica. Porém levanta-se uma questão: e a adesão a consultas de psicologia com esse

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enquadramento metodológico levaria a melhores resultados? De facto foram já efetuados diversos estudos experimentais onde a inclusão de elementos da PP evidencia resultados que respondem afirmativamente. Por exemplo Flückiger e Holtforth (2008) estudaram se uma primação de cerca de 10 minutos, nas forças de caráter específicas de cada paciente (N = 20), antes de cada sessão (nas primeiras cinco consultas) de psicoterapia (e.g., para depressão major, fobia social e perturbação de pânico) poderia levar a melhores efeitos (face ao grupo de controlo, N = 20, onde não se efetuou uma primação positiva). Os resultados mostraram que o grupo experimental (após as 20 sessões) conseguiu concretizar mais objetivos, reduziu mais os sintomas depressivos e aumentou os seus níveis de bem-estar. Por outro lado (segundo Rashid, 2015) para tentar inverter a redução do acesso à psicoterapia (de 15,9% em 1998 para 10,5% em 2008), foi criada uma nova terapia designada Psicoterapia Positiva (PTP), com base nos pressupostos teóricos da PP e cujo objetivo é integrar as forças de caráter com os sintomas, os recursos dos pacientes com os seus riscos, os seus valores com as suas fraquezas e as suas esperanças com os seus remorsos. A estrutura da PTP engloba 14 sessões que incluem vários exercícios (e.g., na 12.ª sessão o clínico apoia o paciente na execução de um genograma familiar, onde inclui as forças de caráter de cada membro da família) e os excessos são também considerados (dado que, e.g., o excesso de bondade pode levar à intrusividade, ao passo que o excesso de espiritualidade pode conduzir ao fanatismo). Mas outro aspeto que Rashid (2015) sublinha no seu estudo é o de que o uso da PTP tem contribuído para a redução dos sintomas de burnout dos psicoterapeutas (dado que estes não ficam centrados apenas nos problemas dos pacientes), aumentando-lhes a sua autoestima e a sua perceção de autoeficácia (o que lhes amortiza o burnout). 5 – E se o foco fosse apenas nas virtudes e forças de caráter dos indivíduos? O presente estudo também aponta para a hipótese de que uma abordagem psicológica exclusivamente positiva sugere uma menor adesão terapêutica do que uma abordagem com foco nos aspetos positivos e nos negativos. Este resultado está de certa forma em linha com o estudo de Rust, Diessner e Reade (2009) onde aferiram que o foco terapêutico simultâneo em forças e em fraquezas (n = 41) quando comparado com um grupo de controlo que não recebeu terapia (n = 32) proporcionou um aumento significativo na perceção sobre a qualidade de vida (no grupo experimental) e uma diferença estatisticamente significativa quando as médias dos dois grupos foram comparadas. Neste estudo foi usado um segundo grupo experimental (n = 35) onde o foco terapêutico foi sobre duas forças de caráter (portanto um foco exclusivo nos aspetos positivos da personalidade). Quando foram

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comparados os dois grupos experimentais, embora as diferenças entre as médias não tivessem sido estatisticamente significativas, foram observados melhores resultados no grupo que se focou em forças e em fraquezas do que no grupo que se focou apenas em forças. No entanto Sims, Barker, Price e Fornells-Ambrojo (2015) estudaram os efeitos da avaliação da VIA-IS (Values In Action – Inventory of Strengths) sobre o desempenho cognitivo, o afeto positivo, a autoestima e a perceção de autoeficácia em indivíduos com psicoses precoces (N = 29). Os resultados salientaram melhorias no desempenho cognitivo e no afeto positivo, apenas com o preenchimento de uma escala, em dois momentos, que se foca na aferição de caraterísticas positivas da personalidade humana (forças de caráter). Por outro lado Cheavens, Strunk, Lazarus e Goldstein (2012) efetuaram um estudo experimental com pacientes diagnosticados com perturbação depressiva major (N = 34) que receberam terapia cognitiva-comportamental e que foram aleatorizados em dois grupos: um cujo tratamento foi orientado para trabalhar as caraterísticas positivas da personalidade e outro cuja terapia foi orientada para as caraterísticas negativas de cada paciente. Após 16 semanas de terapia o primeiro grupo apresentou diferenças estatisticamente significativas (d = 0,69; p = 0.03) quando as médias dos sintomas depressivos foram comparadas com as do segundo grupo. Limitações e Forças Conforme Giorgi e Sousa (2010) “todos os investigadores sabem que não há métodos perfeitos. Cada método tem pontos fortes e limitações. O processo de investigação beneficia quando as limitações do método são tornadas explícitas, a fim de serem estabelecidos os limites dos resultados” (p. 96). Então cabe para já esclarecer que o autor deste trabalho não é investigador, mas apenas um aluno de mestrado que fez este trabalho numa unidade curricular semestral em conjunto com mais sete disciplinas e por conseguinte existem aqui diversas lacunas metodológicas. Por exemplo, por manifesta limitação temporal, não foram efetuadas as tabelas com variações empíricas dos constituintes de cada dimensão dos significados aferidos nas várias questões (quer para os dados brutos quer para as unidades de significado transformadas em significados psicológicos), nem foram efetuadas as análises estatísticas idealizadas (e.g., t-student, anovas e correlações de Pearson) a fim de enriquecer a análise qualitativa, pois embora o método fenomenológico seja essencialmente qualitativo, tive presente a intenção de tentar dar sequência ao que refere Polkinghorne (1983, p. 5): “as ciências sociais e humanas podem e devem considerar um pluralismo epistemológico e metodológico, para investigar o seu objeto de estudo, em particular, o sentido da ação humana” (citado em Giorgi & Sousa, 2010, p. 105). Por outro lado o facto de ter recorrido a

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um questionário semiestruturado online (a fim de facilitar a gestão do tempo e o acesso às três dezenas de inquiridos) limitou um maior aprofundamento das descrições obtidas; ainda assim este recurso parece-me que contribuiu para evitar a desejabilidade social, dado que não havia uma presença do outro e por consequência uma predisposição natural para lhe agradar. Por outro lado cada inquirido estava livre para preencher o questionário quando quisesse e ao seu próprio ritmo, sem constrangimentos contextuais e sem pressões temporais; e por conseguinte é possível que as vivências intencionais (expressas nas respostas dos inquiridos) não estejam longe do eidos, que é o grande objetivo da investigação fenomenológica. Saliento também que sendo eu um aluno interessado pela PP, no sentido de ser apologista de uma abordagem clínica integrada (i.e., com foco nos aspetos positivos e negativos da personalidade humana) é possível que (inconscientemente) estes meus pré-conceitos tenham condicionado de alguma forma o desenho do estudo e a discussão dos resultados. Conclusões Através deste trabalho fiquei um pouco mais ciente da complexidade implicada na elaboração de um artigo científico, mas ao mesmo tempo penso que foi positivamente desafiante. Do meu ponto de vista os resultados são interessantes pois são reveladores do impacto positivo que a PP pode ter relativamente ao aumento da adesão terapêutica, da redução do dropout dos utentes e do burnout dos clínicos. Por outro lado, a inclusão de uma abordagem positiva complementar talvez possa contribuir para reduzir também alguns estigmas associados às psicopatologias no sentido de estas serem também vistas como meios para processos de potencial desenvolvimento pessoal.

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Anexo A – Esquema do Efeito de Deterioração de Bergin Neste esquema, do Efeito de Deterioração de Bergin, os sinais mais (+) indicam melhorias elevadas e os sinais menos (–) representativos de altas deteriorações. M1 representa as pontuações médias nos pré-testes e M2 representa as pontuações médias dos pós-testes (Bergin, 1966, p. 238). Copyright 1966 da American Psychological Association.

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Anexo B - Descrição das 24 Forças de Caráter Esta descrição está efetuada segundo o trabalho de Rodrigues (2010), mas apresentando-a por ordem alfabética e com a indicação da primeira letra da virtude a que cada força de caráter corresponde: C (Coragem), H (Humanidade), J (Justiça), M (Moderação), S (Sabedoria) e T (Transcendência). Amor pela aprendizagem (S): Dominar novas habilidades, os tópicos e corpos de conhecimento, quer sobre si próprio ou sobre outras áreas, obviamente, relacionada com a força da curiosidade. Amor (H): Valorizar as relações estreitas com os outros, nomeadamente aqueles em que a partilha e carinho são retribuídos; estar perto de pessoas. Apreciação da beleza e reverência (T): Reparar e apreciar a beleza, a excelência, e / ou desempenho hábil em todos os domínios da vida, desde a natureza à arte, à matemática, à ciência e à experiência quotidiana. Autorregulação (M): Regulação do que se sente e faz, ser disciplinado, ter controlo dos seus impulsos e emoções. Bondade (H) (generosidade, cuidado, compaixão, amor altruísta, gentileza): Fazer favores e boas ações para os outros, ajudando-os, cuidando deles. Bravura (C) (valor): Não fugir à ameaça, desafio, dificuldade ou dor, defender o que está certo, mesmo que exista oposição, agir com convicções mesmo que não sejam populares, inclui coragem física mas não se limita a ela. Cidadania (J) (responsabilidade social, lealdade, trabalho de equipa): Desempenhar um bom trabalho como um membro de um grupo ou equipa, sendo leal ao grupo; fazendo a sua porção de responsabilidade. Criatividade (S) (originalidade, ingenuidade): Pensar em formas novas e produtivas de realizar atividades. Inclui conquista artística, mas não se limita a ela. Curiosidade (S) (interesse, busca por novidades, abertura à experiência): interesse em toda a experiência em curso; considerar todas as disciplinas e temas fascinantes, capacidade de explorar e descobrir.

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Entusiasmo (C) (vitalidade, vigor, energia): Encarar a vida com entusiasmo e energia, não realizando atividades ou participando no meio sem entusiasmo; viver a vida como uma aventura, sentindo-se vivo e ativo. Equidade (J): tratar todas as pessoas da mesma forma, de acordo com as noções de equidade e de justiça, não deixando sentimentos pessoais enviesar as decisões que fazemos sobre os outros, dando a todos uma oportunidade justa. Esperança (T) (otimismo, mentalidade e orientação para o futuro): Esperando o melhor para o futuro e trabalhar para alcançá-lo, acreditando que um bom futuro é algo que pode ser provocado. Espiritualidade (T) (religiosidade, fé, propósito): Ter crenças coerentes sobre o propósito mais elevado e sentido do universo, sabendo onde se integra dentro do esquema mais amplo, ter crenças sobre o sentido da vida. Gratidão (T): Estar consciente e grato pelas coisas boas que nos acontecem, dando tempo para expressar esse agradecimento. Humor (T) (brincadeira): gostar de rir e brincar, trazer sorrisos às outras pessoas, ver o lado bom; fazer (e não necessariamente dizer) piadas. Integridade (C) (autenticidade, honestidade): Dizer a verdade, mas de forma mais ampla apresentar-se de uma forma verdadeira, sem pretensão, assumindo a responsabilidade pelos seus sentimentos e ações. Inteligência Social (H) (inteligência emocional, inteligência pessoal): Estar ciente dos motivos e sentimentos de outras pessoas e de si mesmo, sabendo o que fazer para se integrar em diferentes situações sociais. Julgamento (S) (mente aberta, pensamento crítico): Pensar em coisas e examiná-las de todos os lados, não tirar conclusões precipitadas, sendo capaz de mudar a mente, à luz das provas; pesar todas as evidências de forma justa. Liderança (J): Incentivar o grupo do qual um é um membro para levar a cabo tarefas, ao mesmo tempo em que mantem boas relações dentro do grupo, organizando atividades de grupo. Modéstia e humildade (M): Deixar as suas realizações falarem por si, não procurar ser o centro das atenções; não considerar-se ser mais especial do que é.

Intencionalidades sobre as consultas de psicologia

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Perdão e misericórdia (M): Perdoar aqueles que nos fizeram mal, dando às pessoas uma segunda oportunidade, não ser vingativo. Persistência (C) (perseverança, industrialidade): Terminar o que inicia, persistindo no curso de ação apesar dos obstáculos, prazer em completar tarefas. Perspetiva (S) (sabedoria): Ser capaz de fornecer conselhos sábios para os outros; formas de olhar para o mundo que façam sentido para si e para outras pessoas. Prudência (M): ser cuidadoso com as suas escolhas, não correr riscos indevidos; não fazer ou dizer coisas que podem mais tarde ser lamentadas.

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Anexo C – As Forças de Caráter de Cada Virtude As seis dimensões virtuosas da personalidade humana (assinaladas a negrito) e as respetivas 24 subdimensões, as forças de caráter (Peterson & Seligman, 2004). Coragem – Bravura, Persistência, Integridade e Vitalidade. Humanidade – Amor, Bondade e Inteligência Social. Justiça – Cidadania (ou Trabalho em Equipa), Equidade e Liderança. Sabedoria – Criatividade, Curiosidade, Mente-aberta, Amor pela Aprendizagem e Perspetiva. Temperança – Perdão, Humildade, Prudência e Autocontrolo. Transcendência – Apreciação da Beleza e da Excelência, Gratidão, Confiança, Humor e Espiritualidade.

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Anexo D – Psicologia Positiva: Tipo e Quantidade de Publicações Imagem onde se constata o crescente interesse da academia (internacional) na psicologia positiva, com a quantidade e o tipo de publicações (empírica, não-empírica e total) publicadas entre 1999 e 2013 (Donaldson, Dollwet & Rao, 2015, p. 188).

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