INTERFERÊNCIA DA SEQÜÊNCIA DE COLETAS (COLPOCITOLÓGICA E MICROBIOLÓGICA) NA ADEQUABILIDADE DE AMOSTRAS DAS CÉLULAS EPITELIAIS VAGINAIS DE CADELAS HÍGIDAS

October 4, 2017 | Autor: Andrea Gonzaga | Categoria: Sterilization
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INTERFERÊNCIA DA SEQÜÊNCIA DE COLETAS (COLPOCITOLÓGICA E MICROBIOLÓGICA) NA ADEQUABILIDADE DE AMOSTRAS DAS CÉLULAS EPITELIAIS VAGINAIS DE CADELAS HÍGIDAS ANDREA GONZAGA DOS SANTOS1 JULIANA BRAGA DE ANDRADE1 ADRIANA DA ROZA CHAVES2 VERA LÚCIA TEIXEIRA DE JESUS3 1. Aluna de Pós-Graduação na Área de Microbiologia e Imunologia Veterinária da UFRuralRJ; 2.Professora Substituta do Instituto de Zootecnia da UFRuralRJ; 3. Professora Assistente do Instituto de Zootecnia da UFRuralRJ.

RESUMO: SANTOS, A. G. dos; ANDRADE, J. B. de; CHAVES, A. da R.; JESUS, V. L. T. de. Interferência da seqüência de coletas (colpocitológica e microbiológica) na adequabilidade de amostras das células epiteliais vaginais de cadelas hígidas. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 25, n.1, p. 60-63, jan.-jun., 2005. Neste experimento, materiais vaginais para análises microbiológica e citológica foram coletados em cadelas, sendo que na primeira fase da coleta houve a preferência para o material citológico através da escova ginecológica e na segunda fase para o isolamento microbiológico pelo swab estéril. O objetivo foi analisar possíveis diferenças entre a seqüência nas coletas, através da adequabilidade das amostras de células epiteliais vaginais obtidas no esfregaço confeccionado pela escova ginecológica em ambos os casos. Os resultados obtidos demonstraram que não há diferença significativa na seqüência de coleta(p=0,70), no que diz respeito ao critério de amostras satisfatórias, ao índice de maturação e à microbiologia. Palavras-chave: cadelas, colpocitologia, escova ginecológica, adequabilidade da amostra. ABSTRACT: SANTOS, A. G. dos; ANDRADE, J. B. de; CHAVES, A. da R.; JESUS, V. L. T. de. Interference of the sequence of collections (colpocytological and mycrobiological) in the adequability of samples in the vaginal epitelial cells of healthy bitches. Revista Universidade Rural: Série Ciências da Vida, Seropédica, RJ: EDUR, v. 25, n.1, p. 60-63, jan.-jun., 2005. In this experiment, vaginal material for cytological and microbiological analysis analysis were collected of female dogs. In the first phase of the collection preference was given to the cytological material obtained with the gynecological brush, and in the second phase to the microbiological isolation made with a sterile swab. The objective was to analyze the possible differences between the order of the collections, through the adequability of the samples of epithelial vaginal cells obtained in the smear made by the gynecological brush in both cases. The results obtained showed that there is no significant difference in the order of the collection (p=0,70) in relation to the criteria of satisfactory samples, to the rate of maturation and to the microbiological results. Key Words: female dogs, colpocytological, gynecological swab, adequability of sample.

INTRODUÇÃO A citologia vaginal é estudada através da colpocitologia ou também chamada citologia esfoliativa, que compreende o estudo das células naturalmente descamadas ou retiradas artificialmente da superfície dos tecidos (RAPOSO & SILVA, 1999). A colpocitologia é um método antigo para realizar o estudo da função endócrina do ovário (CASTRO et al., 1996), sendo

muito útil para determinar o estágio do ciclo estral canino e do melhor dia para o acasalamento, além do diagnóstico de várias desordens reprodutivas (OLSON et al., 1984) através da detecção de células as quais refletem processos patológicos, como leucócitos, hemácias e células tumorais (BOON et al, 1989). CHAVES (2004) relata que além das células epiteliais vaginais, também é possível através do esfregaço vaginal a observação de bactérias (Lactobacillus spp.) e leveduras, assim

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como DA MOTTA et al (2001), que concluíram que além da possibilidade de avaliação de alterações inflamatórias, a colpocitologia permite observar a presença de agentes microbiológicos específicos, como fungos e outros microrganismos. A coleta de muco vaginal pode ser realizada através de um swab de algodão estéril, espátula ou escov a ginecológica (OSBALDISTON, 1978).O esfregaço citológico vaginal em cadelas é mais normalmente conf eccionado com a utilização da escov a ginecológica (CHAVES, 2003), sendo introduzida através da comissura dorsal da vagina, em ângulo de 45º em relação ao solo, até a região dorso-cranial da vagina, fazendo então movimentos rotatórios, conforme OLSON et al. (1984). CHAVES (2003) avaliou as coletas colpocitológicas de 162 cadelas em relação à adequabilidade da amostra atrav és da Requisição de Exame Citopatológico – Colo de útero do Ministério da Saúde, e obteve como resultado 81,5% de amostra satisfatória, 16,7% de amostra satisfatória limitada e 1,9% de amostra insatisfatória. A técnica de coleta pode interferir na qualidade e conseqüentemente nos resultados do exame citológico (FREEMAN, 1988). Segundo DA MOTTA et al. (2001), um aspecto que merece destaque na colpocitologia é a necessidade do controle de qualidade material, descartando-se o material inadequado e insuficiente. A análise microbiológica vaginal tem sido amplamente estudada, e é feita para a identificação de possíveis agentes etiológicos associados à infertilidade, v aginites ou abortamentos (BJURSTÖM,1993). A coleta do material para o isolamento microbiológico é feita com um swab estéril, que é introduzido também na porção cranial vaginal, onde é feita uma rotação de 360º. O swab é então remetido ao laboratório em meio de transporte apropriado para a análise microbiológica (TORRES et al., 1998). BJURSTÖM (1992), OLIVEIRA et al. (1998) e TORRES et al (1998) realizaram trabalhos

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de isolamento e identificação da microbiota vaginal de cadelas hígidas. Na ginecologia humana, o procedimento habitual é a realização da colpocitologia, e se necessário, a posterior coleta para a identificação microbiológica, procedimento também preconizado na Medicina Veterinária. Visando uma maior rapidez no procedimento e diagnóstico, estudou-se a possibilidade de se realizar as duas coletas simultâneas, apesar de em nenhum dos estudos citados, isso ter sido feito. O objetivo deste estudo foi de identificar a seqüência das coletas que melhor preserva a integridade celular, que obtém a maior quantidade de células e que oferece a melhor adequabilidade da amostra, para a análise colpocitológica de alterações reprodutivas.

MATERIAL E MÉTODOS Este experimento trata-se de parte inicial do projeto de dissertação sobre a colpocitologia visando a análise fúngica e bacteriana da microbiota. Para tal foram utilizadas 10 cadelas clinicamente saudáveis, que não estavam fazendo uso de qualquer tipo de medicamento, com idade entre 1 a 13 anos, de raças e porte variados, no período de 12/09/2004 a 19/ 09/2004. Estes animais são provenientes de criações particulares do município do Rio de Janeiro, sendo devidamente vacinados e vermifugados e alimentados com ração comercial. As cadelas foram mantidas em estação e após higienização da vulva com uma gaze seca foram efetuadas as coletas em duas fases, mantendo entre elas um intervalo de 7 dias. Na primeira, foi realizada a coleta com a escova ginecológica para a colpocitologia, e posteriormente com o swab estéril para isolamento microbiológico. Na segunda fase, foi feito primeiro a coleta com o swab estéril, e em seguida com a escova ginecológica. Para a conf ecção do esfregaço vaginal, foi feito o rolamento da

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escova ginecológica sobre a lâmina de microscopia. O esfregaço foi fixado em álcool absoluto, e corado com Diff Quick®, e observado posteriormente à microscopia direta nas objetivas de 40 e 100X. Foram então comparadas as amostras da mesma cadela em relação à sua adequabilidade nas duas fases da coleta, para verificar possív eis alterações entre elas. A adequabilidade da amostra foi analisada segundo recomendação do Ministério da Saúde (Requisição de Exame Citopatológico – Colo de útero), modificado para o estudo, que avalia a amostra em satisfatória; satisfatória limitada por: ausência de dados clínicos, presença de sangue, exudato purulento, muco, áreas espessas, dessecamento, ausência de células endocerv icais, e outros; e insatisfatória devido a: sem identificação da lâmina ou identif icação errada, identificação da lâmina não coincide com a do formulário, material escasso ou hemorrágico, dessecamento, áreas espessas, esfregaço purulento, lâmina danificada ou ausente. O exame também avalia o índice de maturação ou período estral, a citologia descritiva (dentro dos limites de normalidade ou com alterações inflamatórias ou reparativas: inflamação, metaplasia escamosa, reparação, radiação, citólise e outros), a presença ou não de anormalidades de células epitelias escamosas: atipias de signif icado indeterminado e a microbiologia (presença de bacilos, lactobacilos, cocos, fungos, Trichomonas sp e outros). O swab foi remetido ao Laboratório de Bacteriologia da UFRRJ para análise microbiológica. Os dados obtidos foram submetidos análise do Qui-quadrado e Fisher exato quando recomendado (SAMPAIO, 2002).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

e duas amostras em cada coleta foram consideradas satisfatórias, mas limitadas pela presença de muco, não sendo demonstrada alteração de resultado citológico aparente entre as coletas (p=0,70). Em relação ao índice de maturação ou período estral, em cada coleta, 50,0% (cinco) apresentavam padrão atrófico (anestro), 10,0% (uma) amostra representava padrão normocítico estrogênico (pró-estro) e 40,0% (quatro) o padrão normocítico progesterônico (diestro), também não apresentando diferença na seqüência de coletas. Já em relação à microbiologia, constatou-se uma maior ocorrência de cocos e bastonetes quando utilizou-se escova X swab. Ainda em relação à microbiologia, f oram encontradas em três amostras de ambas coletas a presença de leveduras. Estes resultados demonstram que não há alterações significativas, no que diz respeito à seqüência da coleta das amostras, nos itens estudados de adequabilidade. Deve-se atentar para o fato de que, para que não haja esta diferença significativa, as amostras devem ser coletadas com o máximo de cuidado, preservando assim a integridade do material avaliado, concordando com as recomendações feitas por DA MOTTA et al (2001). A colpocitologia é bom indicador de população microbiana inespecífica, e de alterações inflamatórias, tendo tido resultados semelhantes com os dos estudos de CHAVES (2004) e DA MOTTA et al (2001).

CONCLUSÃO Pode-se concluir que não há alterações significativas, no que diz respeito à seqüência da coleta das amostras, nos itens estudados de adequabilidade e que a colpocitologia é bom indicador de

Das 20 amostras obtidas, oito foram consideradas satisfatórias na primeira fase da coleta e oito na segunda fase da coleta

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população microbiana inespecífica, e de alterações inflamatórias. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BJURSTÖM, L. Long term study of aerobic bacteria of genital tract in breeding bitches. Am. J. Vet. Res. V. 53, n. 5, p. 665-669, 1992. BJURSTÖM, L. Aerobic Bacteria Occurring in the vagina of bitches with reproductive disorders. Acta Vet. Scand n. 34, p. 29-34, 1993. BOON, M.E.; GRRAF, G.F. & REITVELD, W.J. Analyses of five sampling methods for preparation of cervical smears. Acta Cytol., v.33, p.843-8, 1989. CASTRO, f. C.; CAN, F. G.; MEDINA, M.G.; PÉREZ, R. C. M. Eficiencia de la citologia vaginal para el diagnóstico de gestación en cerdas a los 20 y 25 días post-servicio. Vet. Mex. n. 1, p. 95-97, 1996. CHAVES, A. R. Colpocitologia em ginecologia preventiva de cadelas, Niterói, RJ, 2003. 100p. Tese (Mestrado em Medicina Veterinária – (Universidade Federal Fluminense). CHAVES, A. R.; JESUS, V.L. T.; DIAS, U. R.; SANTOS, M. A. J. Colpocytology in Pregnant f emale dogs In: 15 th INTERNATIONAL CONGRESS ON ANIMAL REPRODUCTION, Porto Seguro, Anais… Porto Seguro: Brazilian College of Animal Reproduction, 2004, p. 80. DA MOTTA, E. V.; FONSECA, A. M. ; BAGNOLI, V. R.; RAMOS, L. DE O.; PINOTTI, J. A. Colpocitologia em ambulatório de ginecologia preventiva. Rev.

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Rev. Univ. Rural, Sér. Ci. Vida. Seropédica, RJ, EDUR, v. 25, n. 1, Jan.-Jun., p.60-63, 2005.

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