Interpretação de Indústrias líticas em contexto fluvial

July 12, 2017 | Autor: Sara Cura | Categoria: Geoarchaeology, Lithics, Geoarqueología, Recursos líticos, Industrias Liticas, Geoarchéologie
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Descrição do Produto

cURA, S., ROSINA, P. (2013) Interpretação de indústrias líticas em contexto
fluvial, Revista Almadan, nº 18, pp. 82-86

Interpretação de indústrias líticas em contextos fluviais
Sara Cura, [email protected], Museu de Arte Pré-Histórica de Mação,
Grupo "Quaternário e Pré-História" do Centro de Geociências (uID73 –
Fundação para a Ciência e Tecnologia).
Pierluigi Rosina, [email protected], Instituto Politécnico de Tomar, Grupo
"Quaternário e Pré-História" do Centro de Geociências (uID73 – Fundação
para a Ciência e Tecnologia).

Resumo
Os vestígios arqueológicos, sobretudo os artefactos líticos, encontram-
se nos depósitos fluviais quaternários em todo o mundo. Apesar de dominarem
o registo arqueológico no Pleistocénico Inferior e Médio, os vestígios
encontrados nestes contextos fluviais são entendidos como sendo de menor
valor informativo quando comparados com os vestígios recuperados em
contextos cársicos ou lacustres, embora estes sejam bastante mais raros.
Devido à natureza secundária destes depósitos a interpretação dos
artefactos líticos neles encontrados tem várias limitações, embora possam
ocorrer casos de contextos fluviais de alta integridade arqueológica.
Palavras-chave: Artefactos Líticos, Contextos Fluviais, Pleistocénico Médio


Os terraços fluviais tiveram um papel determinante na preservação da
cultura material do Pleistocénico Médio: «River terraces are well
established as an important source of Lower and Middle Palaeolithic
artefacts in Europe…» (Mishra et al., 2007, p. 2996). Na Europa o estudo
das sequências fluviais e artefactos arqueológicos associados é bastante
antigo remontando ao início do século passado, mas com uma intensificação
significativa na segunda metade do século (BRIDGLAND, 2000, p. 1293) em
colaboração com estudos arqueológicos. A Península Ibérica não é excepção e
grande parte dos vestígios do Pleistocénico Médio são encontrados em
contextos fluviais, particularmente nos rios que desaguam no Atlântico, é o
caso dos terraços do Douro, Tejo, Guadiana e Guadalquivir (BRIDGLAND et
al., 2006, p. 444).
Não é uma surpresa que muito do registo do Pleistocénico Médio esteja
em depósitos fluviais, visto que os rios recebem os detritos grosseiros das
paisagens e, consequentemente drenam muitos destes detritos para os seus
vales e para o interior de vários tipos de sedimentos. Assim, os artefactos
líticos são naturalmente incorporados nos depósitos fluviais, embora alguns
possam ter sido o resultado de acção humana, como por exemplo actividades
de subsistência nos leitos e praias de rio que ocasionalmente são
preservadas em paleo-superfícies (por exemplo os sítios franceses de
Pincevent ou Étioles) (LEROI-GOURHAN, 1972; Pigeot, 1987, entre outros).
Estes sítios podem ter remontagens e estruturas, fornecendo um nível de
informação superior àqueles em que os artefactos foram transportados
selectivamente e estão misturados com detritos e seixos do rio, como é o
caso de vestígios no interior de canais ou barras fluviais. Com efeito,
podemos ter várias situações em que os artefactos estão completamente
transportados, parcialmente transportados ou in situ, podemos ainda num
mesmo sítio identificar estas três situações dependendo da origem e
formação das unidade litológicas que incorporam os artefactos.

Figura 1 – Exemplo do sítio arqueológico da Ribeira da Ponte da Pedra
situado no terraço fluvial Q3/T4 do Tejo


Mas a coincidência de vestígios arqueológicos e terraços fluviais
também resulta da atractividade dos vales para o povoamento humano
(BRIDGLAND et al., 2006, p 438). Para além da existência de outros
recursos, as margens dos rios teriam representado importantes fontes de
matéria-prima para a manufactura de artefactos. O variado registo
arqueológico nestes contextos mostra-nos que actividades de subsistência
tiveram lugar em barras, margens de canais e em planícies de inundação. Os
sítios mais relevantes são aqueles em que as indústrias têm alta
integridade, pouco desgaste e até remontagens, ao mesmo tempo que são
possíveis datações, preferencialmente com diversos métodos, permitindo
estabelecer uma sequência fluvial que possa ser usada como quadro
cronológico (MISHRA et al., 2007, p. 2297).
Tal como em qualquer sítio arqueológico e qualquer época, duas
questões principais se colocam quando tratamos de vestígios de ocupação
humana, embora a nossa referência seja a problemática dos terraços
fluviais: 1) cronologia e 2) interpretação do registo arqueológico. A
segunda questão está directamente ligada com a formação de depósitos de
terraço.
Começando pela primeira questão, na verdade, antes do aparecimento de
técnicas de datação absolutas a cronologia de sítios do Paleolítico,
sobretudo Inferior e Médio, era estabelecida a partir das sequências de
terraços. Com feito, muitos estudos incidiram e continuam a incidir na
formação dos terraços e nos processos fluviais, com o objectivo de
clarificar a estratigrafia e a estrutura dos seus depósitos (e.g., TEXIER e
MeIreles, 1987; CUNHA-RIBEIRO, 1999; Bridgland, 2000; Texier, 2000;
Hosfield e Chambers, 2004; BRIDGLAND et al., 2006, BUTZER, 2008). Estes
estudos são da maior importância para a arqueologia paleolítica pois, para
além do enquadramento cronológico, relativo ou absoluto, fornecem
informações sobre a proveniência, carácter residual, remeximento e padrões
de distribuição espacial das indústrias líticas (BROWN, 2008, p. 293).
De facto, o estudo morfológico das sequências dos terraços fluviais
tem demonstrado ser uma considerável fonte de atribuições cronológicas para
as indústrias paleolíticas. Recentemente, muitos trabalhos foram
desenvolvidos tendo como escopo a caracterização dos depósitos fluviais,
sua morfo-estratigrafia e a sua cronologia absoluta (Bridgland et al.,
2004, 2006; Hosfield e Chambers, 2005; Bahain et al., 2007; Santisteban e
Schulte, 2007; Bridgland e Westaway, 2008) e para Portugal (Cunha et al.,
2008; CUNHA, 2010; Martins et al., 2010ab). Muitas sequências de terraços
podem agora ser datadas e correlacionadas com os estádios de isotópos
marinhos (MIS) fornecendo um importante enquadramento para os vestígios e
para as alterações ambientais, permitindo o estabelecimento de potenciais
padrões de distribuição de artefactos e, consequentemente, estratégias de
ocupação do território. As escadarias de terraços são arquivos da flutuação
paleoclimática do Quaternário e os seus depósitos para além de artefactos,
podem conter fósseis, constituindo um importante registo para a compreensão
da evolução da fauna a par da evolução do povoamento humano (Bridgland et
al., 2004, p. 203).
Em todo o caso, as datações absolutas dos terraços fluviais apresentam
alguns limites para a interpretação das indústrias líticas a eles
associadas:
- Os artefactos não podem ser datados directamente e podem ser
consideravelmente mais antigos que o depósito;
- A integridade das indústrias não é sempre clara (e.g., os
artefactos podem ter sido redepositados ao mesmo tempo, mas isso não
garante que sejam provenientes do mesmo sítio);
- É dificl avaliar o tempo de deposição de depósito de terraço, já que
a mesma quantidade de sedimentos, dependo do fenómeno de transporte e
acumulação pode representar dezenas de milhares de anos ou centenas de
anos.
Por outro lado, os métodos de datação dos sedimentos fluviais – entre
outros a Luminiscência Opticamente Estimulada e Ressonância Electrónica do
Spin - podem apresentar erros de vários milénios e discrepâncias entre si
quando utilizados no mesmo depósito sedimentar. Assim, os quadros
geocronológicos apresentam limites também para a construção de um modelo
deposicional das sequências fluviais (HOSFIELD e CHAMBERS, 2004).
Apesar dos estudos crono-estratigráficos dos terraços estarem bem
desenvolvidos e estandardizados metodologicamente (Bridgland et al., 2004,
2006), a sua aplicação a sítios pré-históricos com sedimentos aluvionais
não está tão bem definida (ROSINA e CURA, 2010). A caracterização
geomorfológica é necessária para descrever a posição correcta do registo
arqueológico para delinear os padrões de povoamento e exploração da
ocupação das planícies do rio, especialmente durante o Paleolítico (Cunha-
Ribeiro 1999; Mozzi et al., 1999, 2000; ROSINA, 2004; Rosina et al., 2005;
Guccione, 2008). Esta caracterização pode estabelecer padrões
paleogeográficos que nos permitam reconstruir a paisagem com a qual
interagiram as comunidades humanas e que actualmente está modificada (o
padrão de distribuição dos sítios na paisagem actual não reflecte os
padrões pré-históricos).
Mas os vestígios em terraços fluviais apresentam outras dificuldades:
é difícil saber qual a origem dos artefactos e, ligada a esta questão, está
a determinação de se efectivamente estamos perante um conjunto lítico que
representa um único episódio comportamental com os artefactos redepositados
durante um único episódio fluvial ou se representa vários episódios
comportamentais. Por outro lado temos a questão de como os artefactos foram
incorporados nos depósitos, qual a duração da deposição e posterior
modificação (dificuldade em determinar o grau de integridade destes sítios)
por preservação selectiva e perturbações horizontais e verticais.
Estas observações e considerações levam-nos a colocar uma questão
crucial: podem os sítios de ar livre em posição secundária dar informação
sobre as actividades e comportamentos humanos (HOSFIELD e CHAMBERS, 2004;
BUTZER, 2008)?
Estas limitações reflectem-se nas possibilidades de interpretação das
tendências temporais e padrões comportamentais do registo arqueológico
possivelmente representados pela variabilidade das indústrias líticas, quer
a nível intra-terraço, quer inter-terraço de um mesmo sistema fluvial.
Todavia, estas situações são raras e na maior parte dos casos as indústrias
líticas em contextos fluviais podem corresponder a artefactos de diferentes
idades remexidos, misturados e redeposicionados no mesmo local,
representando palimpsestos na ordem dos milhares de anos. Estes artefactos
podem inclusivé ter sido erodidos de sedimentos mais antigos antes da sua
deposição final, podendo a idade da manufactura dos artefactos, utilização
e abandono ser consideravelmente mais antiga do que a idade dos depósitos
em que são identificados. Apesar destes limites os terraços permitem a
identificação de padrões arqueológicos e de elementos comportamentais. Na
maior parte dos casos numa escala grosseira, mas também numa escala de alta
resolução quando existem paleo-superfícies bem preservadas.
Desde os trabalhos de B. Gladfelter (1977) e K. Butzer (1982) que a
interpretação de micro-ambientes associados com depósitos aluvionais tem
sido crucial para identificar os diferentes significados dos vestígios
arqueológicos que estes depósitos contêm. De facto, compreender a posição e
distribuição dos artefactos em sedimentos fluviais é frequentemente um
desafio. Quando os artefactos integram os depósitos fluviais podem
comportar-se como os clastos neles existentes, rolando, deslizando e
saltando e colidindo entre si e com os clastos. Estes impactos danificam os
artefactos provocando o desgaste das arestas e micro fracturas nas margens
que aumentam de acordo com a distância do transporte e a natureza dos
depósitos. Os artefactos menos rolados e representados em todas as classes
dimensionais (desde as categorias tecnológicas de maior dimensão como os
núcleos, aos instrumentos e restos de talhe encontrados em associação) são
considerados como tendo sido transportados numa curta distância e estarem
em proximidade do seu local de utilização e abandono. Pelo contrário,
artefactos muito rolados, danificados e representados tecnologicamente e
dimensionalmente de forma desigual, podem ser considerados como tendo
sofrido um transporte de maior distância em relação ao seu local de
utilização e abandono. No entanto, estabelecer a relação entre o estado
físico dos artefactos e a distância do seu transporte é algo que não se
pode fazer de forma directa devido à complexidade de situações
deposicionais que podem ocorrer em contextos fluviais e consequente
afectação nos artefactos aí incorporados.
Na realidade, os artefactos recolhidos nos depósitos fluviais têm
diferentes significados. Se vemos os vestígios encontrados nos canais como
sendo transportados, os vestígios recuperados em sedimentos de planície
aluvional e topo de barras podem ser considerados en place (Gladfelter,
1977).
Com frequência vestígios líticos ou faunísticos são recolhidos em
diferentes contextos deposicionais num único afloramento geológico. A
formação de depósitos de terraço, com ciclos de erosão e deposição, podem
originar depósitos remexidos e possivelmente material remexido (por exemplo
a formação de palimpsestos espaciais constituídos por artefactos que foram
removidos de diversos sítios na planície de inundação). Isto significa que
nos terraços fluviais podemos encontrar misturas de vestígios arqueológicos
pertencendo tanto a «sítios de facto», como a «não sítios». A questão que
sempre colocamos perante estes contextos é se a acumulação de artefactos
escavados num sítio destes pode ou não fornecer uma imagem razoável das
actividades humanas. A resposta só pode ser dada com uma pesquisa dupla:
entendimento geo-arqueológico das unidades sedimentares e estudo
morfotécnico das indústrias líticas.
Assim, uma melhor compreensão dos depósitos fluviais é necessária para
a interpretação geo-arqueológica dos vestígios arqueológicos encontrados
nestes tipos de sedimentos. De acordo com K. Butzer "Open-air
archaeological sites are the main objects of study for the Early to Mid-
Pleistocene, even though they represent open systems that raise fundamental
questions about archaeo-taphonomic integrity" (Butzer, 2008, p. 402). Mais,
existem questões relacionadas com a acumulação e concentração de artefactos
líticos em sedimentos fluviais que frequentemente formam «não sítios de ar
livre» (Butzer, 2008, p. 406). Há por isso uma necessidade em compreender
os processos pelos quais os artefactos foram erosionados do seu sítio de
abandono, transportados e redepositados no interior de unidades
sedimentares fluviais. Tanto as abordagens arqueológicas, como as
geológicas são necessárias para caracterizar os artefactos encontrados nos
sedimentos fluviais e para possivelmente distinguir entre sítios e «não
sítios» (Gladfelter, 1977; Texier, 2000; Butzer, 2008).
Uma das questões que colocamos perante este tipo de contextos está
relacionada com o conceito de sítio arqueológico. Tal conceito pode ser
claro para uma ocupação em gruta, mas não é para um grupo de artefactos
incorporados num registo sedimentar fluvial (BUTZER, 2008, p. 403). Esta
questão prende-se directamente com outra que diz respeito à homogeneidade
ou heterogeneidade das indústrias líticas, isto é, os conjuntos
identificados nas unidades sedimentares fluviais estavam ou não
relacionados antes da sua incorporação? Os artefactos podem ter sido
removidos desde um único local, mas corresponderem a sucessivas ocupações
desse mesmo local durante um determinado período de tempo. Neste caso a
indústria relaciona-se com um intervalo de tempo de ocupação de um local
específico. Por outro lado, um conjunto de artefactos num determinado
depósito fluvial pode corresponder à erosão da ocupação de uma área de
vários quilómetros num vale, mas serem resultantes de breves ocupações
sazonais. Neste caso a indústria corresponde a um intervalo espacial
ocupado numa fase específica do ano. Estas questões levam-nos a uma outra
que se prende com os padrões de comportamento no tempo e no espaço
representados pelos vestígios em terraços fluviais.
A incorporação de artefactos líticos em depósitos fluviais pode ter as
seguintes implicações: os artefactos são anteriores à formação do depósito
sedimentar (neste caso os sedimentos só fornecem uma idade terminus ante
quem); os locais onde encontramos os artefactos não podem ser chamados
sítios como são os contextos in situ.
A acumulação dos artefactos pode ocorrer num único terraço,
potencialmente fornecendo informações sobre a mudança ou continuidade das
indústrias líticas; pode também ocorrer entre terraços num mesmo sistema
fluvial fornecendo informação sobre a mudança ou estabilidade das
indústrias líticas. Em qualquer um dos casos a reconstrução do
comportamento humano nestes contextos necessita sempre do entendimento do
contexto geo-arqueológico (HOSFIELD e CHAMBERS, 2004).
Na verdade, os sistemas fluviais e seus depósitos são dinâmicos e
diversificados, e por isso afectam diferenciadamente os artefactos que
contêm. Depósitos fluviais sincrónicos estão associados com diferentes
litologias, desde o grosseiro enchimento de canais (seixos, gravilhas e
areias) aos finos sedimentos das planícies de inundação (siltitos). Durante
um ciclo sedimentar a energia da água varia com repercussões na formação
dos depósitos, na posição dos artefactos (secundária na maior parte dos
casos) e na sua alteração física. No entanto, a determinação da energia da
corrente de água não é suficiente para explicar a grande quantidade de
indústrias líticas encontradas nos depósitos de rio, tal como não é
suficiente para definir a integridade de um sítio arqueológico, como tem
sido demonstrado por remontagens líticas em depósitos desta natureza
(HOFMAN, 1981; Peretto, 1992; Grimaldi et al., 1999; GRIMALDI e ROSINA,
2001; LUSSU et al., 2001).
Uma parte destas questões estão ao alcance dos arqueólogos, mas há
necessariamente uma parte complexa que tem de ser analisada por geo-
arqueólogos que avaliam o papel dos processos que intervieram no conjunto
dos resíduos de materiais e na sua transformação em registo arqueológico
(Santonja e Pérez-González, 2002; ROSINA, 2004). Por exemplo se os
vestígios indicam um solo de ocupação, o próximo passo é averiguar a sua
integridade, ou seja, se foi perturbado e reorganizado por meio de
processos ambientais antes, durante ou após o seu enterramento nos
sedimentos. Se se provar não perturbado o sítio pode ser qualificado de
contexto primário, mas se for selectivamente reorganizado ainda pode
fornecer informação útil sobre as ocupações humanas e ser inclusivé
qualificado de sítio «semi-primário» (BUTZER, 2008, p. 404).
A compreensão geo-arqueológica destes vestígios tem de ser baseada
numa rigorosa caracterização dos depósitos, ao mesmo tempo que se regista a
orientação e inclinação dos artefactos (HOSFIELD e CHAMBERS, 2004;
McPherron, 2005), bem como a observação da sua alteração física – abrasão
das arestas e nervuras e micro lascamentos (HOSFIELD et al., 2000; Torre
Saínz, 2001; HOSFIELD e CHAMBERS, 2002; Chambers, 2003; GROSMAN et al.,
2011). Neste contexto, as paleo-superfícies, não necessariamente
paleosolos, podem ser identificadas de acordo com as características
geológicas e a posição dos artefactos arqueológicos (Shea, 1999; SANTONJA
et al., 2001; Villa et al., 2005). Os contextos primários são raros, mas
quando a quantidade de artefactos recolhidos é considerável, podem
representar uma excelente demonstração da presença humana e das suas
actividades a partir das quais se podem, eventualmente, definir padrões de
ocupação (BRIDGLAND et al., 2006, p 449).

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