(Inter)subjetificação na linguagem e na mente

June 14, 2017 | Autor: A. Soares da Silva | Categoria: Grammaticalization, Subjectification and Intersubjectification, Congnitive Linguistic
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(Inter)subjetificação na linguagem e na mente Augusto Soares da Silva Universidade Católica Portuguesa – Braga [email protected]

Abstract Subjectification and intersubjectification play a central role in cognitive-functional approaches to semantic change and grammaticalization. They are highly regular processes of conceptual perspectivization and semasiological change that consist in a greater involvement of the conceptualizer/speaker through the introduction of its perspective or attitude or a greater prominence of the coordination between the subjects of conceptualization, that is to say, speaker and interlocutor. This study will discuss the two main approaches to (inter)subjectification, namely the Elizabeth Traugott’s functional-pragmatic approach and the Ronald Langacker’s cognitive approach. Then, we will analyze three cases of (inter)subjectification: the well-known case of the English construction be going to as a marker of the future tense, the emergence of the causative senses of the verb deixar ‘to leave, to let’ and the development of evaluative and interactional uses of diminutive and augmentative suffixes. It will be argued, based on the three case studies, that (inter)subjectification implies a process of conceptual perspectivization and semantic attenuation (and consequent pragmatic strengthening) and is a special effect of basic mechanisms of semantic change. Keywords:  grammaticalization, intersubjectification, perspectivization, pragmatic strengthening, semantic attenuation, semantic change, subjectification, subjectivity

1. Introdução Subjetificação e intersubjetificação ocupam um lugar central nas abordagens cognitivistas e funcionalistas da mudança semântica e da gramaticalização, nos últimos anos (para uma visão geral, ver Stein & Wright 1995, Athanasiadou, Canakis & Cornillie 2006 e Davidse, Vandelanotte & Cuyckens 2010). Constituem processos de perspetivação conceptual e mudança de significado no sentido de um maior envolvimento do conceptualizador/locutor, pela intromissão da sua perspetiva ou atitude (subjetificação), ou no sentido de maior saliência da relação entre locutor e interlocutor (intersubjetificação). Como processos de mudança semântica, revelam-se bastante regulares e produtivos: são incompaRevista Portuguesa de Humanidades  | Estudos Linguísticos, 15-1 (2011), 93-110

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ravelmente mais numerosos os casos de mudança semântica de um item lexical ou de uma construção gramatical de um significado relativamente mais objetivo para um significado mais subjetivo do que os casos no sentido inverso. Na teoria linguística atual, existem duas abordagens principais do fenómeno da (inter)subjetificação, nomeadamente a abordagem funcionalista de Traugott (1989, 1995, 1999, 2003, 2010), no quadro da Linguística Funcional, e a abordagem cognitivista de Langacker (1990, 1998, 1999, 2003, 2006), no enquadramento da Linguística Cognitiva. Traugott focaliza o processo diacrónico e a dimensão pragmática da subjetificação, entendendo este fenómeno como um processo de mudança pelo qual significados que descrevem uma situação externa passam a indicar perspetivas, atitudes e crenças do locutor em relação a essa situação. Langacker focaliza o próprio processo de conceptualização envolvido e entende a subjetificação em termos de perspetivação e como um processo de atenuação da conceção objetiva de uma entidade ou situação. Curiosamente, Traugott vê o fenómeno em termos de reforço pragmático, ao passo que Langacker prefere falar em atenuação semântica. Todavia, as diferenças entre as duas abordagens resultam sobretudo da perspetiva teórica sobre a linguagem assumida por cada autor, pelo que elas são, no essencial, compatíveis e até complementares. Neste estudo, apresentamos as linhas principais da abordagem pragmático-funcional de Traugott e da abordagem cognitiva de Langacker do fenómeno da (inter)subjetificação, precedendo essa apresentação a verificação da pouca importância que o fenómeno da subjetividade mereceu na teoria linguística anterior, não obstante as pertinentes observações de Benveniste (1966) e de Lyons (1982). A seguir, discutiremos a natureza da (inter)subjetificação com base em três estudos de caso: o desenvolvimento da construção do inglês be going to como marcador de tempo futuro – caso emblemático na literatura recente dos fenómenos de subjetificação e gramaticalização –, a emergência dos sentidos causativos do verbo deixar e o desenvolvimento dos usos avaliativos e interacionais dos sufixos diminutivo e aumentativo. Serão discutidas duas questões específicas: saber se a (inter)subjetificação é um processo de reforço pragmático ou um processo de atenuação semântica e saber se a (inter)subjetificação constitui um mecanismo autónomo de mudança semântica. 2. Subjetividade na linguagem e na Linguística As noções de subjetificação e intersubjetificação implicam obviamente a noção base de subjetividade. São diversos os sentidos de subjetividade e alguns têm até conotações negativas. Como termo não técnico usado na linguagem

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corrente, subjetividade remete para o domínio da opinião pessoal ou da imaginação. Como termo científico, designa a propriedade do que não é fundamentado em factos empíricos ou do que não é verificável nem comprovável, não sendo pois merecedor de investigação científica. Na teoria linguística, tem o sentido geral de centralidade do falante na linguagem. Até há pouco tempo, a Linguística (bem como outras ciências humanas e sociais) esteve dominada por uma epistemologia objetivista (Lakoff & Johnson 1999), alimentada pela conceção da mente como espelho da realidade, do pensamento como abstrato e desvinculado da experiência e do contexto, e da linguagem como faculdade autónoma. Neste quadro, a subjetividade na linguagem não foi considerada como tema relevante de investigação. Só nas últimas duas décadas, com o desenvolvimento da Linguística Cognitiva e da Linguística Funcional, é que a subjetividade na linguagem passou a ser tema central de investigação linguística. Isso deve-se à epistemologia experiencialista (Lakoff & Johnson 1999) que sustenta as perspetivas cognitivista e funcionalista da linguagem, em particular à assunção dos princípios da cognição corporizada e socioculturalmente situada e da linguagem como parte integrante da cognição e como expressão da experiência individual, social e cultural. As expressões maiores e mais elaboradas do reconhecimento da centralidade da subjetividade na linguagem são a abordagem pragmáticofuncionalista de Traugott (1989, 1995, 1999, 2003, 2010) e a abordagem cognitiva de Langacker (1990, 1998, 1999, 2003, 2006) da subjetividade e da (inter)subjetificação. Outros estudos recentes que mostram a importância da subjetividade na linguagem são os de Nuyts (2001), Traugott & Dasher (2002), Verhagen (2005), Athanasiadou, Canakis & Cornillie (2006), De Smet & Verstraete (2006) e Davidse, Vandelanotte & Cuyckens (2010). Mas a importância da subjetividade na linguagem foi reconhecida por alguns linguistas anteriores. Para além das reflexões de Bréal, Bühler ou Jakobson, uma das reflexões mais notáveis foi a de Benveniste, com a introdução da noção de “sujeito da enunciação” e o reconhecimento de que a linguagem […] est marqué si profondément para l’expression de la subjectivité qu’on se demande si, autrement construit, il pourrait encore fonctionner et s’appeler langage. (Benveniste 1966: 261)

Outro contributo mais recente é o de Lyons, que define subjetividade como […] the way in which natural languages, in their structure and their normal manner of operation, provide for the locutionary agent’s expression of himself and of his own attitudes and beliefs. (Lyons 1982: 102)

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A ideia crucial é a de que a subjetividade impregna todas as expressões linguísticas e, consequentemente, toda a língua é subjetiva e intersubjetiva por natureza. Vamos então ver como esta ideia relativamente antiga na teoria linguística, mas poucas vezes reconhecida, é atualmente elaborada nos modelos de (inter)subjetificação desenvolvidos por Traugott e por Langacker. 3. Traugott e a subjetificação: reforço pragmático Traugott (1989, 1995, 1999, 2003, 2010) entende a subjetificação como um processo de mudança semântica pelo qual significados que descrevem uma situação externa passam a indicar perspetivas, atitudes e crenças do locutor em relação a essa situação. Por outras palavras, a subjetificação ou interiorização progressiva do significado conduz daquilo que se diz àquilo que se quer dizer e constitui o tipo principal de mudança semântica (Traugott & Dasher 2002: 97). Esta tendência para a subjetificação resulta da combinação de três tendências mais específicas de mudança semântica (Traugott 1989: 34-35): • tendência

I:  de significados que descrevem uma situação externa para significados que descrevem uma situação interna (avaliativa/percetiva/ cognitiva);

• tendência

II:  de significados baseados na situação externa ou interna para significados baseados na situação textual ou metalinguística;

• tendência

III:  maior propensão para significados baseados na atitude/ estado de crença do falante perante o descrito na proposição.

Daqui resulta um contínuo evolutivo que Traugott representa como proposicional > textual > expressivo (Traugott & Dasher 2002: 94). Traugott vê na tendência III a força dominante para a mudança semântica e a sua própria definição de subjetificação – tendência em o significado passar gradualmente a basear-se na atitude ou estado de crença do falante relativamente ao que comunica (Traugott 1989: 35, 1995: 47, 2003: 125). O denominador comum das três tendências de mudança semântica é, segundo Traugott, a tendência para uma maior pragmatização do significado. Consequentemente, Traugott argumenta que a subjetificação deve ser vista como envolvendo um processo de reforço pragmático (“‘pragmatic strengthening’ and enriching of the formmeaning pair in question with the speaker’s perspective”, Traugott 1999: 188). Traugott explica a subjetificação (bem como a mudança semântica em geral) como resultado da convencionalização de inferências desencadeadas

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(Traugott & Dasher 2002: 34-40) isto é, implicaturas conversacionais sugeridas pelo contexto. As inferências desencadeadas pelo contexto, quer as que resultam da tendência do interlocutor em inferir relações textuais (de causação, concessão, contraste, etc.), quer as que dependem da própria perspetiva do locutor em termos da sua localização no espaço e no tempo ou em termos da sua atitude relativamente ao que está a ser dito, generalizam-se e convencionalizamse, passando então a fazer parte do significado da própria construção. Entre os vários estudos de caso de Traugott sobre subjetificação e gramaticalização, sumariados em Traugott & Dasher (2002), contam-se o desenvolvimento de verbos modais de expressão de modalidade deôntica e/ou epistémica, o desenvolvimento de advérbios e conjunções com função discursiva, o desenvolvimento de verbos e construções performativos e o desenvolvimento de deíticos sociais. Enquanto as expressões de subjetividade codificam a atitude ou perspetiva do locutor, os marcadores de intersubjetividade codificam a atenção do locutor para com o seu interlocutor. Traugott (2003: 130) define a intersubjetificação como um processo de mudança semântica pelo qual um significado passa a codificar a relação entre locutor e interlocutor em sentido quer epistémico quer social. Por exemplo, as expressões eu penso, eu suponho/creio, eu acho podem ser usadas, não somente para exprimir a subjetividade do locutor, mas também para reconhecer necessidades intersubjetivas. Outro exemplo de intersubjectificação é a seleção de pronomes pessoais para propósitos deíticos atitudinais e sociais. Traugott considera que a intersubjetificação segue a (e é resultado da) subjetificação. Objetividade e intersubjetividade representam, segundo Traugott (2003, 2010), os pólos do continuum de subjetificação na mudança semântica implicada num processo de gramaticalização. Quanto mais objetiva uma expressão é, mais tende a ser não marcada em termos de modalidade (atitude do locutor) e menos tende a depender de inferências para a sua interpretação; predomina aí a máxima conversacional da quantidade (Grice 1975). Pelo contrário, quanto mais subjetiva é uma expressão, mais tende a ser marcada para a expressão da atitude do locutor, incluindo modalidade, dêixis espacial e temporal e dêixis discursiva, e mais tende a depender de inferências; predomina aí agora a máxima conversacional da relevância (Grice 1975). No ponto mais subjetivo do continuum, as expressões são tipicamente deíticos sociais e marcadores de delicadeza. (Inter)subjetificação envolve frequentemente processos de gramaticalização. Todavia, (inter)subjetificação e gramaticalização podem ocorrer independentemente. Por exemplo, termos de animais (ou de outros domínios) utilizados

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como avaliações negativas ou positivas de pessoas constituem exemplos de subjetificação, mas não envolvem qualquer grau de gramaticalização. Inversamente, pode haver gramaticalização sem subjetificação: por exemplo, o desenvolvimento das preposições do inglês to e by como marcadores de construção não finita e de construção passiva, respetivamente (Traugott & Dasher 2002). 4. Langacker e a subjetificação: perspetiva conceptual e atenuação Langacker (1990, 1998, 1999, 2003, 2006) explora o processo de conceptualização envolvido e entende subjetividade e subjetificação em termos da importante dimensão conceptual da perspetiva ou arranjo de visão na relação assimétrica entre sujeito observador/conceptualizador e objeto observado/conceptualizado. Uma entidade ou situação é objetivamente construída na medida em que é colocada “dentro de cena” e vista do exterior, como foco específico de atenção, como objeto de per/conceção; é subjetivamente construída na medida em que permanece “fora de cena”, como sujeito não consciente de si mesmo e implícito de per/conceção (Langacker 2006: 18; 2008: 77). Subjetividade é pois uma propriedade de conceitos fora de cena ou ímplicitos, ao passo que objetividade é uma propriedade de conceitos dentro de cena ou explícitos. A subjetificação é, então, o processo pelo qual uma entidade passa de ‘objeto’ a ‘sujeito’ de per/conceção e, consequentemente, o conceptualizador/locutor (ou um outro elemento do ato de fala) deixa de ser um observador/elemento externo e passa a fazer parte do conteúdo de conceptualização. Inicialmente, Langacker (1990) entendia a subjetificação em termos de substituição: determinada relação dentro da situação objetiva é substituída por uma relação correspondente subjetivamente construída, inerente ao próprio processo de conceptualização. Mais recentemente, Langacker (1999, 2006) esclarece que a subjetificação não deve ser caraterizada em termos de substituição de uma situação objetiva por uma relação subjetivamente construída, mas como um processo de debilitação semântica (“semantic bleaching”) ou atenuação da conceção objetiva. A razão principal, argumenta Langacker (1999, 2006), reside no facto de que a componente subjetiva, isto é, a perspetiva do conceptualizador é imanente à conceção objetiva, faz parte do próprio processo de conceptualização. A subjetificação ou atenuação semântica é um fenómeno gradual e multifacetado que, segundo Langacker (1999: 155-56), se carateriza relativamente a, pelo menos, quatro parâmetros de mudança: • mudança

genérico;

de estatuto: de atual para potencial ou de específico para

(Inter)subjetificação na linguagem e na mente • mudança de foco de atenção: de perfilado para não perfilado; • mudança

de domínio: da interação física para a interação experiencial ou social; • mudança de fonte de atividade: de entidade “em cena” para entidade “fora de cena”. Langacker assinala que a subjetificação dá lugar a formas gramaticalizadas ao longo de um período de tempo e que no processo gradual de gramaticalização certos sentidos ou funções podem coexistir, dispostos em camadas, numa mesma forma. Descreve diversos casos de subjetificação e gramaticalização, como o desenvolvimento de verbos modais deônticos e/ou epistémicos, o sentido de futuro do verbo to go, a evolução de verbos de posse como marcadores de aspeto perfetivo, a evolução de verbos de movimento e de posicionamento como auxiliares copulativos, construções de elevação, entre outros. Embora não explicitada, a dimensão intersubjetiva está inerente no modelo de Langacker. A própria noção de perspetivação, como processo de atenção conjunta de locutor e interlocutor para o objeto de conceptualização, convoca as duas dimensões: não só a dimensão da estruturação do ‘objeto’ de conceptualização, mas também a dimensão da coordenação intersubjetiva entre os ‘sujeitos’ de conceptualização, isto é, locutor e interlocutor (ver Silva 2008a). Afinal, a conceptualização envolve aspetos que decorrem da estrutura do objeto de conceptualização, mas envolve também e sobretudo aspetos que têm a ver com a perspetiva (inter)subjetiva na estruturação desse objeto. A dimensão da coordenação intersubjetiva ou intersubjetividade tem sido explorada por Verhagen (2005) no mesmo enquadramento conceptualista de Langacker (ver também Zlatev et al. 2008). 5. Subjetificação: mecanismo de mudança semântica? Acabamos de ver a especificidade das abordagens de Traugott e de Langacker sobre o fenómeno da (inter)subjetificação: Traugott assume uma perspetiva pragmático-funcional e explica a (inter)subjetificação em termos de reforço pragmático e como resultado da convencionalização de inferências contextuais; Langacker assume uma perspetiva cognitiva e explica a (inter)subjetificação em termos de perspetivação conceptual e como resultado de um processo de atenuação semântica. Apesar destas diferenças, que têm mais a ver com a conceção geral de linguagem, as duas abordagens são compatíveis e até se complementam, na medida em que reforço paragmático e

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atenuação conceptual e semântica são duas dimensões de um mesmo fenómeno (sobre a compatibilidade das abordagens cognitiva e pragmático-funcional da mudança semântica em geral, ver Silva 2008b). Vamos agora tratar de questões mais específicas relacionadas com a natureza da (inter)subjetificação como processo de mudança semântica. A subjetificação é um mecanismo autónomo de mudança semântica, a par de mecanismos tradicionais de mudança semântica como a metáfora e a metonímia? Nem Traugott nem Langacker discutem diretamente esta questão. Traugott parece entender a subjetificação mais como uma motivação do que como um mecanismo de mudança semântica (Traugott & Dasher 2002: 30, 96). No entanto, Traugott & Dasher (2002: 31) consideram que a subjetificação e a intersubjetificação derivam do mecanismo da inferenciação metonímica. Langacker define a subjetificação como uma operação de perspetivação conceptual, mas também carateriza a sua dimensão diacrónica como resultado do processo de atenuação ou debilitação semântica (“semantic bleaching”). Importa estabelecer uma distinção entre motivações e mecanismos da mudança linguística em geral e da mudança semântica em particular. Uma coisa é saber por que surgem novos significados ou novas palavras, isto é, quais as motivações ou causas da mudança, e outra coisa é saber como surgem esses novos significados ou novas palavras, isto é, quais os mecanismos da mudança. Os mecanismos da mudança não podem pois ser confundidos, como por vezes acontece, com as causas da mudança: estas especificam as razões da realização efetiva dos desenvolvimentos potenciais possibilitados por aqueles. Com base em estudos de caso que apresentaremos a seguir, defendemos a hipótese de que a subjetificação, embora constitua uma tendência muito frequente e produtiva de mudança semântica, não é um mecanismo autónomo de mudança semântica, mas antes um efeito de mecanismos tradicionais de mudança semântica. Defenderemos também a hipótese de que, embora a subjetificação envolva tanto o processo de reforço pragmático no sentido de Traugott quanto o processo de atenuação semântica no sentido de Langacker, o reforço pragmático decorre somente depois da atenuação de determinados traços semânticos. Mais ainda, o reforço de certos traços subjetivos é determinado pelo tipo de traços semânticos que entram no processo de atenuação. As mesmas hipóteses também as defendemos em relação à convencionalização de inferências desencadeadas (ou, mais vulgarmente, convencionalização de implicaturas conversacionais), que Traugott & Dasher (2002) associam à subjetificação e que Traugott (1989) considera como um mecanismo autónomo de mudança semântica. Ora, o processo de convencionalização de inferências

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desencadeadas é um efeito de um mecanismo básico de mudança semântica, designadamente a metonimização, na medida em que a relação entre o uso inferencial e o significado existente é metonímica. Traugott & Dasher (2002: 78-81) acabam por reconhecer que a inferenciação desencadeada envolve o mecanismo metonímico. 6. Estudos de caso Vamos agora analisar os processos de (inter)subjetificação envolvidos em três diferentes categorias de mudança semântica e de polissemia: • a evolução da construção do inglês be

going to como marcador de tempo futuro; • o desenvolvimento semântico do verbo deixar, particularmente a emergência dos seus significados causativos; • a evolução dos sufixos diminutivo e aumentativo como marcadores de avaliação subjetiva e manipulação intersubjetiva. 6.1. Subjetificação da construção be going to Comecemos por um dos casos emblemáticos do fenómeno de subjetificação, bem como do fenómeno afim de gramaticalização: a evolução da construção do inglês be going to como marcador de tempo futuro. Atentemos no exemplo (1), tomado de Heine, Claudi & Hünnemeyer (1991: 70): (1) Are you going to the library? No, I’m going to eat.

A mudança dá-se do sentido de movimento I’m going [to eat ] [ ] para o sentido de tempo futuro, pelo qual a construção be going to se gramaticaliza: I’m going to [eat] No sentido básico de movimento, a noção de futuro está já presente na construção, como traço inferido. Em termos cognitivos, o movimento subjetivo

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do conceptualizador no tempo está imanente na conceção do movimento objetivo do sujeito no espaço. Pelo contrário, o traço semântico movimento presente em be going to é atenuado: a atividade do sujeito perde a sua componente física, restando apenas a sua componente mental. O traço semântico objetivo é também atenuado: a construção de movimento be going passa a poder usar-se com verbos que denotam ações involuntárias, como em (2). (2) I’m going to fall into a trap.

Além disso, a partícula to é também atenuada: o seu sentido de finalidade dá lugar ao sentido de resultado. O enunciado (2) pode ser dito com o sentido de ‘I’m going and the result of my going is that I will fall into a trap’. Verifica-se então atenuação e debilitação das noções de movimento, agentividade e intencionalidade do sujeito de be going. O exemplo (3) é ilustrativo. (3) He’s going to be brought before justice.

Um tipo particular de atenuação consiste na difusão progressiva da fonte de atividade, como os exemplos de (4), tomados de Langacker (1999: 158), ilustram. (4) a. If Sam isn’t careful he’s going to fall off that ladder.

b. Something bad is going to happen – I just know it.



c. It’s going to be summer before we know it.



d. There is going to be another storm tonight.

A fonte de atividade deixa de se identificar com o sujeito e torna-se difusa. Em (4a), essa atividade está na combinação de fatores associados ao sujeito e a circunstâncias externas nas quais a atividade do sujeito tem lugar. Em (4b), o sujeito já não é a sede da responsabilidade. (4c) aproxima-se do caso limite de uma relação puramente temporal. Finalmente, (4d) configura o chamado sujeito expletivo. A atenuação da atividade do sujeito presente na construção be going to ocorre juntamente com outras mudanças semânticas. Uma dessas mudanças dáse por similaridade literal: a leitura de tempo futuro é processada por similaridade com a leitura de movimento de afastamento. Outra mudança consiste na generalização de sentido e processa-se através do esbatimento dos traços semânticos de ‘movimento’ e ‘objetivo’. Uma terceira mudança resulta de uma extensão metonímica: a transferência de estatuto do traço pragmaticamente inferível de ‘futuro’ para o traço convencionalmente semântico de ‘futuro’. Importa ainda acrescentar que na subjetificação de be going to não há lugar

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para a metáfora, contrariamente ao que defendem Sweetser (1988, 1990) e Heine, Claudi & Hünnemeyer (1991). Com efeito, não há mudança do domínio espacial para o domínio temporal, mas simplesmente retenção de uma relação temporal que esteve sempre presente. 6.2 Subjetificação do verbo deixar O verbo deixar desenvolveu-se a partir do étimo latino laxare ‘afrouxar, relaxar’ (laços, fechos, cordas, amarras; corpo, espírito). Foi provavelmente a partir de ‘largar-soltar’, uma aplicação metonímica de laxare que se tornou prototípica por volta do século II d.C., que se formaram, ainda no latim pósclássico e tardio, os dois grupos de sentidos atuais, reunidos à volta dos sentidos prototípicos ‘abandonar’, de um lado, e ‘permitir’, do outro lado. Os dois grupos de sentidos contrastam no facto de deixar ‘ir embora, abandonar’ licenciar uma leitura mais ativa, parafraseável esquematicamente por ‘suspender a interação com o que se carateriza como estático’, tomando assim a construção transitiva, e deixar ‘permitir, não intervir’ ou, mais esquematicamente, ‘não se opor ao que se carateriza como dinâmico’ exprimir uma leitura mais passiva, selecionando assim uma construção causativa com complemento frásico (sobre o desenvolvimento semântico do verbo deixar, ver Silva 1999, 2003, 2006: cap. 7). Consideremos apenas os significados causativos e permissivos do verbo deixar. Distinguem-se três sentidos causativos em sentido geral (exprimem uma causação negativa) ou, em sentido mais específico, dois significados causativos e um significado normativo, estritamente permissivo: ‘largar-soltar’ (ou ‘cessar de não impedir’), ‘não impedir’ e ‘permitir, autorizar’, exemplificados em (5)-(7). (5) O João deixou o pássaro voar (abrindo a gaiola). (6) O João pôs-se a fazer disparates, e eu deixei-o fazer. (7) A Maria pediu-me para ir ao cinema, e eu deixei-a ir.

Diacronicamente, verifica-se uma diminuição gradual da atividade do sujeito causador. O significado ‘largar-soltar’ (exemplo 5) foi o primeiro sentido causativo de deixar, a partir do qual emergiram os outros significados causativos, primeiramente o significado mais ativo e estritamente permissivo ‘permitir’, consentir, autorizar’ (exemplo 7) e depois o significado mais passivo ‘não impedir, não intervir’ (exemplo 6). Do significado primitivo ‘largar-soltar’ ao significado permissivo ‘permitir, consentir, autorizar’ ocorre um processo de atenuação semântica: a extensão semântica vai de um domínio concreto e de uma remoção da barreira física (cessação de bloqueio físico) a um domínio

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normativo abstrato e a uma não-ocorrência de barreira abstrata. A debilitação da força efetiva bloqueadora do significado ‘largar-soltar’ dá lugar à não ocorrência de uma força potencial bloqueadora e também a uma força positiva de aprovação. Mais ainda, a força física bloqueadora (que cessa de bloquear a ação do pássaro, no exemplo 5) dá lugar a uma autoridade que não proíbe a ação pretendida por alguém (como no exemplo 7). Um passo seguinte neste processo de atenuação semântica está representado no significado de ‘não impedir’, como no exemplo (6). Não impedir constitui um evento em que o causador, mais do que seguir a ação do causado, simplesmente se abstém de exercer a sua força bloqueadora, adotando assim uma atitude passiva de não intervenção. Toda esta debilitação semântica diacrónica do verbo deixar envolve um processo de atenuação do grau de controlo exercido por um sujeito agentivo. Temos pois aqui um bom exemplo de subjetificação. Com a debilitação semântica, a noção de fonte de atividade é atenuada e passa do domínio do causador para um outro domínio. A extensão semântica de ‘largar-soltar’ para ‘permitir que alguém realize determinada ação’ configura uma primeira alteração na atenuação da fonte de atividade, que passa do domínio do causador para o domínio do causado. A atividade do causador sofre uma atenuação posterior, quando deixar passa a significar ‘não impedir que alguém realize determinada ação’. Há ainda um outro desenvolvimento no processo de atenuação da causação de deixar, que se verifica na construção causativa com indicativo, exemplificada em (8), com ou sem o complementador que, e que é típica do discurso oral e de interações diretas entre locutor e interlocutor. (8) a. Deixa, que eu faço isso. b. Deixa, eu faço isso.

O significado da nova construção, exemplificada em (8), desenvolvese a partir de deixar ‘não impedir’, exemplificado em (6). A extensão de ‘não impedir’ para ‘esperar’ é plausível e expectável, na medida em que ‘abster-se de agir durante algum tempo’ é uma inferência de ‘não impedir’: o causador pede ao causado para conter a sua capacidade de agir e o tempo de espera ganha tal saliência que a força causadora acaba por se esbater. A fonte de atividade passa agora para o domínio do ato de fala, isto é, o domínio da interação entre locutor e interlocutor. A construção causativa com indicativo ilustra, assim, um processo completo de intersubjetificação. A subjetificação da causação de deixar envolve um processo gradual de atenuação do controlo e agentividade do causador. Este processo resulta de

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mecanismos metonímicos e metafóricos de mudança semântica. Por um lado, deixar X livre implica ora permitir que X se vá embora ora não impedir X de se ir embora, isto é, os sentidos de ‘permitir’ e ‘não impedir’ correspondem a convencionalizações de inferências metonímicas de ‘largar-soltar’. Por outro lado, a dinâmica de forças físicas de remoção de barreira é metaforicamente projetada no domínio sócio-moral de conceder permissão. A permissão é assim conceptualizada metaforicamente como ausência ou eliminação de barreira no percurso do movimento de um agente em direção a uma meta. 6.3. Subjetificação dos sufixos diminutivo e aumentativo Os sufixos diminutivo e aumentativo exprimem diversos sentidos avaliativos e interacionais, construídos a partir dos significados básicos de ‘tamanho pequeno’ e ‘tamanho grande’ (sobre a polissemia dos sufixos diminutivo e aumentativo em português, ver Silva 2003-2006, 2006: cap. 8, 2008c). Os sentidos relativizador (como cortezito), aproximativo (como quilito) e intensificador (como pertinho) do diminutivo representam um primeiro nível de atenuação, que envolve tanto a relação de pequenez per/concebida objetivamente quanto o papel desempenhado pela entidade designada pelo respetivo nome (corte, quilo) ou advérbio (perto). Estes usos são já avaliativos e, por consequência, o escaneamento mental do conceptualizador é já subjetivo. Os sentidos apreciativos e depreciativos do diminutivo (como em mãezinha e gentinha) e do aumentativo (como em paisão e povão) representam uma subjetificação completa, visto que todos os parâmetros de atenuação concorrem em grau elevado. Primeiro, o traço semântico do tamanho é completamente esbatido. Segundo, a entidade designada pelo nome (mãe e gente, pai e povo) perde o seu estatuto de entidade comparável e mensurável. Terceiro, o conceptualizador torna-se mais ativamente envolvido e afetado na construção da relação, havendo assim uma alteração na fonte de atividade: de uma entidade focalizada dentro de cena, designada pelo nome, para uma entidade fora de cena, que é o con-ceptualizador. Finalmente, temos uma mudança radical de domínio: a escala da extensão de tamanho das entidades observadas pelo conceptualizador é substituída pela escala da extensão emocional do próprio conceptualizador. Os sentidos interacionais do diminutivo (delicadeza, simpatia, interação com crianças, eufemismo) e do aumentativo (simpatia, ironia, insulto) representam o grau mais elevado de atenuação e (inter)subjetificação. Os elementos do objeto conceptualizado passam a relacionar-se com o interlocutor ou simplesmente deixam de existir. E a fonte de atividade passa agora para o domínio

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do ato de fala, mais especificamente para a atividade discursiva do falante de aproximação e manipulação do interlocutor em ordem a obter a adesão deste. Temos pois agora o processo de intersubjetificação. A atenuação da relação de tamanho e o consequente reforço da perspetiva (inter)subjetiva do locutor/interlocutor interagem com mudanças metonímicas e metafóricas. Ocorrem projeções metafóricas e metonímicas baseadas na experiência da nossa interação com objetos pequenos e grandes, nomeadamente a capacidade que temos de os controlar e a importância que lhes atribuímos. Para uma análise destas metáforas e metonímias do tamanho pequeno/grande dos objetos, ver Ruiz de Mendoza (2000) e Silva (2003-2006, 2006: cap. 8, 2008c), 7. Conclusões A (inter)subjetificação é um fenómeno recorrente e produtivo de conceptualização e de mudança semântica; é uma tendência geral do desenvolvimento do significado de itens lexicais e construções gramaticais. Enquanto a subjetificação envolve a perspetiva do locutor/conceptualizador, a intersubjetificação envolve a coordenação entre os sujeitos de conceptualização, isto é, locutor e interlocutor. A abordagem funcionalista de Traugott e a abordagem cognitivista de Langacker complementam-se, apesar das suas diferenças de enquadramento teórico. Na verdade, inferenciação contextual e reforço pragmático, no sentido de Traugott, e perspetivação conceptual e atenuação semântica, em termos de Langacker, são dimensões do mesmo processo. No entanto, o reforço de certos traços (inter)subjetivos é determinado pelo tipo de traços semânticos que entram no processo de atenuação, como pudemos verificar na subjetificação da construção be going to, dos sentidos causativos do verbo deixar e dos sufixos diminutivo e aumentativo. Isto significa que a (inter)subjetificação implica um processo gradual de atenuação semasiológica, pelo que a explicação da (inter)subjetificação em termos de reforço pragmático é incompleta. Atenuação semântica e reforço pragmático são processos de enfraquecimento e fortalecimento de determinada dimensão graduável, como a diminuição do grau de atividade, agentividade, causatividade, intencionalidade e controlo do sujeito e o aumento do escaneamento mental do conceptualizador. Por outras palavras, trata-se do enfraquecimento da objetividade e do fortalecimento da subjetividade, ambas dimensões conceptuais naturalmente graduáveis. Os três estudos de caso mostram que os processos de atenuação semântica e de reforço pragmático envolvidos no fenómeno de subjetificação são acompanhados de mecanismos básicos de mudança semântica, como a generalização,

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a similaridade literal, a metonímia e a metáfora. Como fenómeno associado ao processo de debilitação semântica, a subjetificação relaciona-se mais frequentemente com a generalização e a similaridade literal. Como fenómeno associado à expressão da perspetiva ou atitude do falante e como fenómeno de mudança semântica por convencionalização de inferências desencadeadas, a subjetificação relaciona-se mais frequentemente com a metonímia. Não parecendo ser um mecanismo autónomo de mudança semântica, mas um efeito especial e muito comum de mecanismos básicos de mudança semântica, a (inter)subjetificação não deixa de ser uma tendência natural de conceptualização, por mudança de perspetiva na relação entre sujeito e objeto de per/ conceção, e de mudança semântica, na medida em que toda a linguagem, como já dizia Benveniste (1966), está inexoravelmente marcada pela subjetividade. Referências Athanasiadou, Angeliki; Canakis, Costas & Cornillie, Bert (Eds.)

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