Intervenção Conservação e Restauro de Azulejo | Igreja Paroquial das Mercês

May 25, 2017 | Autor: M. Filipe da Silva | Categoria: Cultural Heritage Conservation, Conservação e restauro, Tiles
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Licenciatura em Conservação e Restauro

Intervenção de Conservação e Restauro Igreja Paroquial das Mercês Capela Funerária de António de Sousa Macedo

Margarida Filipe da Silva Julho 2016

Intervenção de Conservação e Restauro, Capela Funerária de António de Sousa Macedo

Licenciatura em Conservação e Restauro Ramo de Revestimentos Arquitectónicos

Prácticas da Conservação e Restauro II Professora Cidália Bento

Relatório de Intervenção por Margarida Filipe da Silva Nº 360425

Ano Lectivo 2015/2016

Intervenção de Conservação e Restauro, Capela Funerária de António de Sousa Macedo

Índice

Introdução …………………………………………………………………………………… 3 PARTE I 1 Contextualização ………………………………………………………………………… 4 2 Descrição Técnica e Formal …………………………………………………………… 5 3 Diagnostico ………………………………………………………………………………... 7 4 Estado de Conservação ………………………………………………………………... 9 5 Proposta …………………………………………………………………………………... 10 6 Objectivos e Metodologia de Intervenção ……………………………………….. 11 PARTE II 7 Procedimentos | Técnicas e Produtos Aplicados 7.1 Procedimentos 7.1.1. Levantamento de Alterações e Patologias ………………………………. 12 7.1.2. Referenciação Alfanumérica ……………………………………………….. 13 7.1.3. Recolha de Amostras ………………………………………………………..… 14 7.1.4. Primeira Fase de Limpeza …………………………………………………….. 15 7.1.5. Faceamentos ………………………………………………………………….... 17 7.1.6 Remoção de Materiais Aplicados em Intervenções Anteriores ………. 18 7.1.7. Abertura de Juntas …………………………………………………………..… 20 7.1.8. Remoção de Azulejos …………………………………………………………. 21 7.1.9. Segunda Fase de Limpeza …………………………………………………… 23 7.1.10. Testes de Argamassas de Assentamento ………………………………... 24 7.1.11. Assentamento de Azulejos Removidos e Réplicas … …………………..26 7.1.12. Testes de Pastas de Preenchimento …………………………………….... 29 7.1.13. Preenchimento de Fissuras e Lacunas Volumétricas ………………….. 30 7.1.14. Nivelamento de Zonas Preenchidas …………………………………….... 31 7.1.15. Testes de Argamassas de Preenchimento de Juntas …………………. 32 7.1.16. Fecho de Juntas …………………………………………………………….… 33 7.1.17. Testes de Materiais de Integração Pictórica e Cromática …………... 34 7.1.18. Integração Pictórica e Cromática ………………………………………... 36 7.1.19. Consolidação de Zonas de Integração Pictórica e Cromática …..... 38 8. Resultados | Observações Finais ………………………………………………….... 39 9. Recomendações …………………………………………………………………….… 41 PARTE III 10. Conclusão ……………………………………………………………………………... 42 11. Bibliografia …………………………………………………………………………...… 43 ANEXOS ……………………………………………………………………………………… 44

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Introdução Decorreu durante o ano lectivo 2015/2016, no âmbito curricular da disciplina de Prácticas da Conservação e Restauro II – Revestimentos Arquitectónicos (Azulejaria), o projecto de conservação e restauro do revestimento azulejar da Capela Funerária de António de Sousa Macedo, Igreja Paroquial das Mercês. No presente relatório, será contextualizado o projecto, descritas todas as fases de trabalho, metodologias e procedimentos utilizados, e justificação dos mesmos.

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Parte I 1. Contextualização

A Igreja Paroquial das Mercês, situada no Largo de Jesus em Lisboa, caracteriza-se pela sua arquitectura maneirista/barroca setecentista. Só depois do Terramoto de 1755, terá sido construído por cima das ruinas de uma antiga igreja, o edifício como é conhecido hoje. É notável a riqueza arquitectónica e decorativa desta igreja, não só dos conjuntos azulejares1, bem como de outros elementos tais como os altares em talha, pinturas de cavalete seiscentistas e setecentistas, mármores, estuques decorativos atribuídos a João Grossi, e pintura ornamental e ferroneries.

Figura 1 Fachada Igreja Paroquial das Mercês.

Figura 2 Igreja Paroquial das Mercês (interior).

1 Saliente-se

a importância do tecto e painéis da Sala de Passagem, revestidos a azulejos em técnica de majólica, século XVIII, de atribuição feita a António de Oliveira Bernardos, alusivos a Nossa Sr.ª da Conceição, padroeira de Portugal.

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2. Descrição Técnica e Formal O conjunto azulejar reveste o tecto em abóbada de berço, tripartido. A separação entre partes (para melhor entendimento, considere-se a secção Norte ‘Secção 1’, secção central ‘Secção 2’, e secção Sul ‘Secção 3’),é feita por fileiras de azulejos de cercadura (figura x). Quanto à descrição técnica, é possível constatar que se trata de cerâmica de revestimento, aplicação de técnica de majólica manufacturada, lastra como técnica de conformação, e, quando à decoração, vidro cru sobre chacota e pintura sobre vidrado. A base cromática dos azulejos que revestem o tecto é de tom branco/ bege. Na secção 1, apresentam-se dois elementos figurativos de carácter vegetalista, como as seguintes inscrições: Lado Este ‘Qvasi Flos Egredi Tvr Conte Ritvr’, Lado Oeste ‘Folivm Qvod Vento Raptitvr’. Na secção 2, apresenta-se a imagem de um Sol, em tons Ocre, Amarelo, e contornos a Manganês, como 32 braços (16 rectos e 16 ondulados), inscrito num círculo com a inscrição ‘Lvcendo Tendit in Occasvm’- Tanto o Sol com a Inscrição estão compreendidos entre um quadrado de 1,50 m x 1,50 m. Este quadrado é composto por azulejos 14 cm x 7 cm, azuis. A terceira secção, apresenta também dois elementos figurativos, um a Oeste (paisagem formada por nuvens e terra, e a inscrição ‘Vapor ad Modicvm Parens’), e outro a Este, com a representação de uma harpa em tons amarelos quentes, com a inscrição ‘Qvid Erit in Patri’. As extremidades da abóbada são rematadas por dois painéis semicirculares, painel Norte e painel Sul, ambos delimitados por cercaduras de tapete. O painel Norte apresenta uma paisagem com uma árvore ao centro na cartela circular superior. Na cartela rectangular inferior, encontra-se a citação: ‘Trabalha o Homem e Anhelante Aspira, A Gloria Qve Odezelo Lhe Figura; Sendo ologo Pveril; Qve Emqvanto Gira Cavando Asimesmo Asepvltvra’. Ainda neste painel, apresentam-se mais duas iscrições – do lado esquerdo da cartela superior ‘Sousa Vlissip’ e do lado direito ‘Cant, I. – Est – XL’. O painel Sul apresenta uma vela acesa na cartela circular superior. Na cartela rectangular inferior, apresenta a citação ‘Qvanto Melhor Fisera Se Advertira, Que Avida Vai Morrendo no Qe Dvra; Ah Peito Hvmano de Cobiça Enfermo!; Aqvem Peqvena Cova He Largo Termo’.

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Figura 3 Painel Direito Secção 3.

Figura 5 Zona Figurativa central Secção 2.

Figura 7 Painel Esquerdo Secção 1.

Figura 9 Painel Norte.

Figura 4 Painel Esquerdo Secção 3.

Figura 6 Painel Direito Secção 1.

Figura 8 Painel Sul.

Figura 10 Cercadura de Tapete.

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3. Diagnóstico O revestimento apresentava um estado de conservação aparentemente razoável. A olho nu, é de destacar uma película integral muito alterada sobre a camada vítrea, resultado possível de uma aplicação de camada de consolidação numa intervenção anterior. Este elemento, apresentase claramente, como maior elemento de distorção da leitura do revestimento e suas características originais (cores, pigmentos, técnica de pintura, coloração de vidrado base). Ainda a olho nu, e a uma distância razoável, eram notórias outras patologias, tais como a interrupção de figuração, tanto de azulejo figurativo como de azulejo de padrão repetitivo, fissurações, falhas de vidrado, linhas de fractura, lacunas azulejares, desagregação de chacota, integrações pictóricas muito alteradas, azulejos não pertencentes ao conjunto e outros trocados. Numa análise mais minuciosa, e com recursos técnicos, foram identificadas mais alterações ao estado de conservação do revestimento. Muitos azulejos encontravam-se em destacamento, alguns com formação de barrigas, lacunas volumétricas, elementos metálicos e eléctricos sobre azulejos, escorrências com aparência de materiais cerosos. É de destacar a zona central da Secção 1, que se veio a perceber que, numa área considerável, não existia já material cerâmico, apenas preenchimento com uma argamassa muito alterada. Também especialmente nesta zona, mas também no resto do tecto, veio a notarse a presença de sais, devido à humidade relativa – sais estes que contribuíam para o enfraquecimento dos materiais de emboço, preenchimento e material cerâmico original.

Figura 11 Lacunas Camada Vítrea Secção 1.

Figura 12 Preenchimentos e Integrações Pictórica degradado, de intervenções anteriores.

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Figura 13 Lacunas Volumétricas e Camada Vítrea.

Figura 15 Material Eléctrico Sobre Material Cerâmico.

Figura 17 Lacunas Volumétricas – Secção 2.

Figura 14 Azulejos não pertences ao conjunto – Painel Sul.

Figura 16 Escorrências e Sujidade.

Figura 18 Material Metálico sobre Material Cerâmico.

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4. Estado de Conservação

O estado de conservação de um revestimento azulejar, depende sempre de um variado número de factores, como a função utilitária do espaço (anterior e actual), o grau de exposição a condições de humidade relativa (formação de sais) e temperatura, contacto com materiais que alterem o comportamento químico da matéria original. O revestimento apresentava um estado de conservação aparentemente razoável. Esta capela, integrada numa utilização religiosa, terá sido utilizada como capela mortuária, pelo que podemos, a priori, supor a utilização de velas, e consequentemente fumos e escorrências de materiais cerosos pouco favoráveis à conservação dos materiais. Notese ainda que a capela não possui janelas exteriores, pelo que as condições de arejamento não terão sido as mais favoráveis.

Figura 19 Vista Parcial Secção 2 e 3.

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5. Proposta Foi apresentada a 29 de Julho de 2015 e aprovada uma primeira proposta de intervenção de conservação e restauro à DGCP – Direcção Geral do Património Cultural (em anexo), elaborada pela Professora Coordenadora Cidália Bento, responsável pela disciplina de Prácticas da Conservação e Restauro I e II, Escola Superior de Artes Decorativas – Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva. Essa proposta contemplava, em contexto formativo, a intervenção de conservação e restauro do tecto da Capela Mortuária de António de Sousa Macedo – abóbada de berço e painéis semicirculares dos arcos que a sustentam. No decorrer da obra, a proposta inicial e a ordem de trabalhos sofreu algumas alterações – Salienta-se a tomada de decisão de não intervencionar os painéis que sustentam a abóbada de berço, devido às medidas e tempo exigidos pelo seu estado de conservação, bastante mais débil que o inicialmente previsto. Foi então feita uma proposta de intervenção in loco, já em obra e discutida entre coordenação e equipa, professora e alunas. Propôs-se então fazer trabalhos como o levantamento exaustivo de alterações e patologias, recolha de amostras para análise, referenciação alfanumérica, testes de limpeza, primeira fase de limpeza, remoção de elementos azulejares em destacamento e com menos de 50% de camada vítrea, execução de réplicas (paralelamente na disciplina de Técnicas do Azulejo I e II), assentamento de azulejos removidos e réplicas, preenchimento e nivelamento de massas aplicadas nas zonas de fraturas e lacunas, fecho de juntas, integração pictórica e, finalmente, a protecção das áreas integradas.

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6. Objectivo e Metodologias de Intervenção A intervenção que se propôs realizar, teve como principal objectivo a valorização patrimonial do conjunto azulejar, minorando os danos visíveis e não visíveis que possam comprometer uma leitura correcta do mesmo, o tratamento de patologias estruturais que influenciam o estado de conservação do material cerâmico, tanto a médio como a longo prazo. Para a valorização a nível patrimonial, histórico e artístico, inclui-se também um estudo teórico e técnico do conjunto, trabalhando paralelamente com outros profissionais, de outras matérias, como a História da Azulejaria, Fotografia Documental, Técnicas do Azulejo, e Química Aplicada. Atendendo aos recursos disponíveis, foi traçado um esboço da ordem de trabalhos, que sofreu naturalmente alterações ao longo do processo, devido a imprevistos – comportamento dos materiais, patologias inesperadas, falta de recursos técnicos in loco. A obra contou com cinco alunas, e professora coordenadora, trabalhando 12 horas semanais, durante o ano lectivo 2015/2016. Contou-se com dois andaimes (da FRESS), atendendo à altura do tecto, e os respetivos equipamentos de segurança individual, como fato de macaco, luvas, óculos de protecção, viseira, touca, e máscara de poeiras e solventes. A gestão de materiais e ferramentas foi sempre feita, tendo em vista as necessidades de cada fase de intervenção. Considerando dois períodos de trabalho interrompidos por um período de férias, e para uma mais fácil percepção da ordem de trabalhos, passase a enumerar as fases de trabalho realizadas em ambos. No primeiro semestre (período entre Outubro e Fevereiro) foi feito o levantamento exaustivo de alterações e patologias, recolha de amostras para análise, referenciação alfanumérica, testes de limpeza, primeira fase de limpeza, estando a decorrer a remoção de elementos azulejares não pertencentes ao conjunto e/ou em destacamento. No segundo semestre (período entre Março e final de Junho), foi feito o assentamento de azulejos removidos e réplicas, preenchimento e nivelamento de massas aplicadas nas zonas de fraturas e lacunas, fecho de juntas, integração pictórica e, finalmente, a protecção das áreas integradas. É ainda de salientar que, os painéis Norte e Sul que rematam a abóbada, inicialmente previstos a intervencionar, foram excluídos (posteriormente à fase de mapeamento de patologias). Esta decisão foi tomada atendendo aos recursos de tempo, e complexidade requerida, uma vez que, especialmente o painel sul, apresentava patologias que não se previam (grande parte por azulejos em destacamento e barriga), e que esta obra se desenvolve em contexto formativo. 11

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Parte II 7. Procedimentos |Técnicas e Produtos Aplicados 7.1 Procedimentos 7.1.1. Levantamento de Alterações e Patologias A intervenção teve início com um levantamento e registo exaustivo – levantamento fotográfico, tanto vistas gerais, como de pormenor, e de patologias. Foram também feitos registos gráficos (em anexo). O conjunto foi dividido por secções, e cada secção foi respectivamente representada, em desenho em papel milimétrico. Por cima destes desenhos-base das partes, foras acrescentadas layers em papel vegetal, com marcações de alterações e patologias, em cada azulejo individualmente. Foi ainda acrescentada uma layer com a numeração alfanumérica de cada peça.

Figura 20 Levantamento gráfico de alterações e patologias.

Figura 21 Levantamento gráfico de alterações e patologias.

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7.1.2. Referenciação Alfanumérica Posteriormente, foi ainda acrescentada uma camada de papel vegetal ao desenho base, com a numeração alfanumérica – atribuição de um código a cada azulejo individual, para identificação. Esta fase de trabalho, incluiria também a etiquetagem de cada azulejo com o respectivo código de identificação, mas por questões de gestão de tempo e dificuldade nesta operação, o processo foi interrompido, ficando apenas alguns azulejos identificados.

Figura 22 Referenciação Alfanumérica Parcial.

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7.1.3. Recolha de Amostras Foram recolhidas amostras dos diferentes materiais encontrados, entre eles fragmentos de vidrado (pintado e colorido base), fragmentos de chacota, argamassas, argamassas de preenchimento de juntas, massas de preenchimento. Foi também feita amostragem das camadas de consolidação, sujidade, pigmentos de integrações cromáticas anteriores. Estas amostras foram retiradas com recurso a bisturi, e guardadas e identificadas em bolsas plásticas. Ainda nesta fase de trabalho, foram retirados alguns exemplares originais, para auxiliar a reprodução de réplicas nas aulas de Técnicas do Azulejo I e II, e mais tarde, serem estudadas nas disciplinas de Biologia, Física e Química Aplicadas II, e Métodos de Exame e Análise I.

Figura 23 Amostragem.

Figura 24 Registos de Amostragem.

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7.1.4. Primeira Fase de Limpeza Antes de avançar com a primeira fase de limpeza, foram feitos testes, com quatro soluções diferentes: TESTE 1 50 ml Água 50 ml Etanol

TESTE 2 50 ml Água 50 ml Acetona

5 ml Det. Neutro

5 ml Det. Neutro

TESTE 3 50 ml Etanol 50 ml Acetona

TESTE4 50 ml Etanol 30 ml Acetona 5 ml Det. Neutro 20 ml Água

Foram abertas janelas de limpeza, em locais escolhidos estrategicamente. Foram aplicados os quatro testes, e concluiu-se que o Teste 4 seria o que obtinha melhores resultados. Diga-se que numa escala decrescente de eficiência seria 4 – 2 – 1 – 3. A limpeza foi integral, realizada manualmente, utilizando maioritariamente esponja e esfregão para remoção de sujidades e especialmente a camada acastanhada de consolidação anteriormente aplicada. Recorreu-se ainda a escovas de diferentes formatos (de dentes, e de unhas), bisturi, e pano, consoante necessidade e grau de impregnação de sujidade.

Figura 25 Abertura de Janelas de Limpeza.

Figura 26 Janelas de Limpeza.

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Figura 27 Primeira fase de Limpeza.

Figura 28 Vista parcial da Secção 1 durante a primeira limpeza.

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7.1.5 Faceamentos Por questões de precaução, foi tomada a decisão de aplicação de facing em azulejos em estado frágil, com vidrado em destacamento ou desagregação de chacota, azulejos que estavam perto de locais onde se iriam sentir vibrações nas fases de trabalho seguintes. O facing foi aplicado recorrendo a papel absorvente e uma solução Paraloid B-72 + Acetona (1:1) como consolidante. Depois de seco, o papel absorvente agregado ao azulejo pela solução, confere já segurança ao material, possibilitando intervenção nas zonas que o rodeiam. Salienta-se que os faceamentos foram retirados maioritariamente antes da segunda limpeza e depois do assentamento de azulejos, já não estando portanto sujeitos a vibrações – São retirados a seco com bisturi, e se necessário, humedecidos com acetona.

Figura 29 Faceamentos Secção 1.

Figura 30 Faceamentos Secção 1.

Figura 31 Faceamentos Secção 1.

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7.1.6. Remoção de Materiais Aplicados em Intervenções Anteriores Posteriormente à primeira fase de limpeza, começaram a ser removidos materiais aplicados em intervenções anteriores, muitos deles já em mau estado e a degradar a leitura do conjunto. Maioritariamente, foram retiradas camadas de massa de preenchimento, argamassas de emboço e assentamento, e elementos metálicos.

Figura 32 Sujidade e Argamassas Alteradas.

Figura 33 Remoção de Material Metálico.

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Figura 34 Remoção de Sujidade e Argamassas Alteradas com Metylan + Solução 6.

Figura 35 Remoção de Argamassas Não Pertencentes.

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7.1.7. Abertura de Juntas A abertura de juntas foi feita antes da remoção de azulejos, de forma a facilitar o processo. Com recurso a espátula, escopro e maceta, bate-se de forma a abrir o espaço entre azulejos, com a espátula virada para dentro, de modo a não comprometer o azulejo do lado. Quando a largura assim o permite, pode utilizar-se um escopro de espessura fina, no lugar da espátula. A junta deve ser aberta a uma profundidade considerável.

Figura 36 Abertura de Juntas.

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7.1.8. Remoção de Azulejos A remoção de azulejos deve ser feita apenas como último recurso, pois deve ter-se em conta a preservação de peças originais. No entanto, quando o estado de conservação das peças afectam o conjunto, deve ser tomada a decisão. Assim, procedeu-se à remoção de azulejos com mais de 50% de área de vidrado em falta. Com as juntas já abertas, continua-se a pressionar as laterais do azulejo, com recurso ao escopro e maceta. Por vezes, parte-se um pedaço, normalmente um canto do azulejo a retirar, para facilitar. Atente-se, que isto deve ser feito apenas quando já não existe área de vidrado e quando o azulejo não vai voltar a ser aplicado – Mesmo removido, deve-se tentar preservar ao máximo material cerâmico original. De seguida, os azulejos removidos, chegam à mesa de trabalho in loco, onde foram limpos (solução 2), e removidas as argamassas. São também preenchidas as áreas em lacuna de vidrado e de chacota – a pasta de preenchimento utilizada foi uma pasta comercial - Hantek CIN, aplicada a espátula e, depois de seca, nivelada a bisturi e lixa de papel de baixa textura.

Figura 37 Remoção de Azulejos.

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Figura 38 Remoção de Azulejos .

Figura 39 Suporte depois da remoção de material cerâmico alteriado .

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7.1.9. Segunda Fase de Limpeza Depois da remoção de azulejos, procedeu-se à segunda fase de limpeza – consiste numa limpeza quimicamente bastante mais evasiva que a primeira, pois desta vez inclui-se amoníaco na solução. Foram testados dois testes, Teste 5 e Teste 6: TESTE 5 40 ml Água 50 ml Acetona 10 ml Amoníaco 5 ml Detergente Neutro Teepol

TESTE 6 10 ml Água 30 ml Acetona 10 ml Amoníaco 5 ml Detergente Neutro Teepol 40 ml Etanol

O teste de limpeza selecionado foi o Teste 5, mas posteriormente reparou-se que o Teste 6 era mais eficaz em algumas zonas, com diferentes tipos de sujidade. Esta segunda limpeza foi direcionada para o branqueamento de juntas, remoção de alguma sujidade que tivesse restado da primeira limpeza, e branqueamento de zonas de falhas de vidrado, para poderem depois receber massa de preenchimento. A metodologia deste processo foi bastante similar ao da primeira limpeza, salienta-se apenas a necessidade de neutralização (passagem de um pano molhado, depois da passagem com solução de limpeza), devido à presença de um agente quimicamente agressivo, o amoníaco.

Figura 40 Segunda fase de limpeza.

Figura 41 Segunda fase de limpeza (limpeza de juntas). 23

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7.1.10. Testes de Argamassas de Assentamento Os testes de Argamassas de Assentamento, como todos os outros testes, são de extrema importância, conferindo garantias de de boa aderência e compatibilidade entre o suporte e o azulejo a receber. Assim, no pátio da Igreja (por o suporte ser idêntico ao do tecto), foram testadas 4 argamassas de assentamento, em que se aplicou argamassa, e se assentou um azulejo de réplica monocromática em cada Teste de Argamassa. Na semana seguinte, já atendendo ao tempo de secagem adequado, concluiu-se que a argamassa de assentamento ‘TESTE 4’2 seria a selecionada – apesar do Teste 1 também apresentar bons resultados, o Teste 4 apresenta uma coloração mais aproximada à da argamassa original.

Abaixo apresenta-se a formulação dos 4 Testes, e resultados dos mesmos, justificando assim a escolha do TESTE 4: Teste 1 1 Medida Areia Amarela

Teste 2

Teste 3

2 medidas Areia 2 Medidas Areia Amarela de Rio

Teste 4 1 Medida Areia Amarela

1 Medida Areia de Rio

1 Medida Areia de Rio

1 Medida Cal

2 Medidas Areia de Rio

2 Medidas Cal Hidratada em Pasta

1 medida Cal

-

1 Medida Cal

Boa Aderência Sem Fissuração

Com Fissuração

Boa Aderência Pouca Goma

Boa Aderência Sem fissuração

2Teste

4 – Já durante o assentamento de azulejos, ao sentir que a argamassa se encontrava demasiado húmida, decidiu-se adicionar mais uma medida de cal.

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Figura 42 Testes de Argamassas de Assentamento.

Figura 43 Testes de Argamassas de Assentamento.

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7.1.11. Assentamento de Azulejos Removidos e Réplicas Argamassa de Assentamento Utilizada: Teste 4 (+ 1 medida de cal): 1 medida de areia amarela, 2 medidas de areia de rio, 2 medida de cal.

Antes do assentamento, os azulejos são numerados, tal como as lacunas a preencher, de modo a facilitar o processo de assentamento. Não obstante, por vezes ocorrem situações em que os azulejos já atribuídos a uma determinada lacuna, têm de ser cortados in loco, para melhor encaixe. Depois de selecionada a argamassa de assentamento, procedeu-se ao assentamento de azulejos removidos (previamente limpos e consolidados). O processo tem início com a pulverização do suporte, com água. Depois, o azulejo a assentar é imerso em água, durante cerca de 2 minutos. Esta hidratação da peça e do suporte, proporcionam uma melhor aderência e efeito ‘ventosa’ – estes factores são essenciais ao assentamento de azulejos, principalmente neste caso, atendendo à acção da força gravítica. Com uma espátula de pedreiro, é aplicada argamassa de assentamento sobre o tardoz do azulejo a assentar, numa quantidade considerável (também consoante a profundidade do suporte), em forma de pirâmide, limpando as laterais do azulejo. O azulejo é assente manualmente, e pressionado. Pressiona-se manualmente, e com recurso a um maço de borracha – justifica-se a utilização de um maço de borracha, de modo a não danificar a face nobre do azulejo quando pressionado. Depois do azulejo assente, limpam-se os excessos de argamassa das laterais, e passa-se uma esponja húmida pela face nobre. Se necessário, deve reforça-se o azulejo com fita-cola de papel, durante a secagem da argamassa. Depois da argamassa seca e do azulejo estar estável, retira-se a fitacola de papel, e limpa-se a face nobre do azulejo assente e dos azulejos que o rodeiam, com um pano ou esponja secos.

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Figura 44 Preparação para Assentamento de Azulejos.

Figura 45 Preparação para Assentamento de Azulejos.

Figura 46 Assentamento de Azulejos Originais.

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Figura 47 Assentamento de Azulejos de Réplica figurativa na Secção 2.

Figura 48 Réplicas assentes, com suporte de fita-cola de papel.

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7.1.12. Testes de Pastas de Preenchimento Foram realizados testes de Pastas de Preenchimento de lacunas – vários estudos com as diferentes argamassas, de forma a garantir uma boa aderência e compatibilidade dos materiais. Foram testadas 6 Pastas de Preenchimento:

Pasta Pasta 1 Pasta 2 Pasta 3 Pasta 4 Pasta 5 Pasta 6

1 Vinapas 1 Vinapas 1 Vinapas 1 Sílica

Formulação (medida: tigela) 1 Aguaplast + pó 1 Pó de Pedra 1 Sílica + 1 Aguaplast 1 Pó de Pedra 1 Aguaplast 1 Vinapas 1 Aguaplast HANTEK CIN Aguaplast

Atendendo aos resultados obtidos, concluiu-se que a pasta de preenchimento a utilizar seria a PASTA 5 – Pasta HANTEK – CIN, uma pasta comercial, pronta a utilizar. Apesar da PASTA 3 e 6 também apresentarem resultados satisfatórios, a PASTA HANTEK – CIN seria a que, ao secar, apresentada uma consistência mais adequada ao nivelamento. As outras pastas, depois de secas, tomariam uma dureza que iria dificultar um nivelamento, correndo o risco de fissurar ou não se conseguir um nivelamento tão uniforme.

Figura 49 Testes de Pastas de Preenchimento.

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7.1.13. Preenchimento de Fissuras e Lacunas Volumétricas Nesta fase de intervenção, foram preenchidas com pasta de preenchimento (HANTEK CIN) zonas de fissura, lacunas volumétricas, e falhas de vidrado. O preenchimento é feito com recurso a uma espátula pequena, a pasta é aplicada como que ‘reconstruindo’ as lacunas do azulejo. Deve ser feita individualmente, e com especial atenção, pois não deve ser aplicada em zonas de junta, ou de defeitos de fabrico originais. No caso de lacunas de grande dimensão e profundidade, o preenchimento deve ser feito em duas ou mais etapas – muitas vezes a pasta migra, e deve ser aplicada novamente, depois de seca, até atingir a forma pretendida. Depois de secas, as zonas de preenchimento são niveladas.

Figura 50 Preenchimento de Fissura em Zona Figurativa.

Figura 51 Preenchimento de Azulejo Monocromático.

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7.1.14. Nivelamento de Zonas Preenchidas Depois de preenchidas, as zonas de lacuna ou fissura, são niveladas. Este nivelamento é fundamental, de maneira a tornar o preenchimento pouco perceptível. Deve ser feito, inicialmente, com bisturi – a pasta de preenchimento seca é raspada e ‘esculpida’ de maneira a atingir uma forma correcta, integrando-se com o formato original da peça. Finalmente, é passada lixa de papel de baixa gramagem, para proporcionar um acabamento liso, e eliminando todas as irregularidades da aplicação, que não seria possível uniformizar com bisturi. Mais uma vez, a face nobre do azulejo deve ser limpa com um pano seco, de maneira a eliminar poeiras e outros resíduos de aplicação de pasta.

Figura 52 Nivelamento de Preenchimento com Bisturi.

Figura 53 Nivelamento de Preenchimento com Lixa.

Figura 54 Azulejo depois de Nivelado.

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7.1.15. Testes de Argamassas de Preenchimento de Juntas

Foi testada uma formulação de argamassa de preenchimento de juntas: Argamassa de Juntas 1 (medida: 1 Tigela) 1 Areia Amarela Fina 1 Pó de Pedra Branco 1 Aguaplast em Pó 1 Cal em Pasta 1 Água de Cal

É de salientar que, além da capacidade de aderência e estabilidade, a escolha de argamassa de juntas deve também ir de encontro à coloração da argamassa de juntas original, evitando contrastes de grande impacto. Ao sentir que a argamassa de juntas 1, apresentava uma coloração demasiado clara, decidiu-se fazer uma nova experiência de formulação, que acabou de ser a selecionada:

Argamassa de Juntas Seleccionada (medida: 1 Tigela) 1 Areia Amarela Fina 1 Cal em Pasta 1 Água de Cal

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7.1.16. Fecho de Juntas A argamassa de preenchimento de juntas utilizada foi composta por 1 medida de areia amarela fina, 1 medida de cal em pasta, e 1 medida de água de cal. O fecho de juntas é feito depois do assentamento de azulejos (originais e réplicas), e depois do preenchimento de lacunas/fissuras, e nivelamento dos mesmos. A argamassa de preenchimento é aplicada com uma espátula fina ou manualmente, preenchendo a junta na sua profundidade. Deve ter-se especial atenção em não sujar os azulejos da mesma zona, e manter a junta com uma altura correcta. Depois da argamassa seca, o azulejo deve ser novamente limpo a seco, eliminando nuvens de poeira.

Figura 55 Preenchimento e fecho de juntas.

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7.1.17. Teste de Materiais de Integração Pictórica e Cromática A integração pictórica foi feita por cima dos preenchimentos de lacunas e fissuras, com tinta acrílica. Os testes de cor foram iniciados, com base em tintas já formuladas (de intervenção anterior FRESS), e tintas virgens. Os testes foram feitos em áreas pequenas, de amostra, sobre papel, e sobre pasta de preenchimento HANTEK – CIN. Concluiu-se que as misturas já obtidas, eram satisfatórias na integração do revestimento (diferentes zonas, figurativa, tapete, monocromática). Note-se que, a decisão foi tomada, sabendo à priori que havia a possibilidade de formulação de cores em paleta, no momento da pintura.

Figura 56 Testes de Cor para Integração Pictórica/ sobre papel.

Figura 57 Testes de Cor para Integração Pictórica/ sobre papel.

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Figura 58 Testes de Cor para Integração Pictórica/ sobre Pasta de Preenchimento HANTEK - CIN.

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7.1.18. Integração Pictórica e Cromática A integração pictórica e cromática é feita sobre os preenchimentos de lacunas, homogeneizando a leitura e estética. Devido ao estado de conservação do conjunto, as zonas preenchidas e integradas foram feitas num número considerável de azulejos. A tipologia de azulejos que foi integrada em maior escala, foi sem dúvida, a de azulejos monocromáticos – também por serem os mais abundantes. É de salientar a Secção 1, que foi a secção que mais necessitou de preenchimentos, e consequentemente integração pictórica. Consideremos os azulejos brancos monocromáticos – Devido à heterogeneidade cromática entre os mesmos, a formulação de cores foi feita quase individualmente para cada azulejo. Com base nas cores apresentadas e aprovadas em testes de tintas, foram formuladas cores em paleta, no momento da pintura. Genericamente falando, é possível afirmar que os azulejos possuíam variações de branco/bege para tons rosados, outros para tons acinzentados, outros para tons esverdeados. Este processo revelou-se um tanto demorado, considerando a necessidade de particularizar para peça, e atendendo ao facto da pintura ser feita a uma distância muito curta, e ser necessária uma distanciação (vista do chão) do trabalho, para ter uma perceção correcta. Muitas zonas de reintegração demonstraram também capacidade de escurecer com a secagem, pelo que foram precisos retoques e acertos de cor, posteriormente. Para esta tipologia, foram utilizadas maioritariamente as cores 2, 5 e 6, com algumas variações consoante necessidade. Além dos azulejos monocromáticos, foram também reintegrados muitos azulejos da zona figurativa do sol, e em menor quantidade, azulejos de cercadura, e zonas figurativas da Secção 1 e 3.

V Figura 59 Paleta/ Preparação da Integração Cromática e Pictórica.

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Figura 60 Integração Pictórica Barra Azul Secção 2.

Figura 61 Integração Cromática Azulejos Monocromáticos.

Figura 62 Integração Pictórica e Cromática de Azulejos de Cercadura de Tapete.

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7.1.19. Consolidação de Zonas de Integração Pictórica e Cromática Considere-se como a última fase de intervenção de conservação e restauro, a aplicação de camada de consolidação de zonas integradas cromática e pictoricamente. Esta camada é de extrema importância, conferindo maior estabilidade, durabilidade, e melhor acabamento (brilho) às zonas integradas a tinta acrílica. Foi aplicado spray de consolidação. Todas as resinas de consolidação têm tendência a escurecer, pelo que retoques tiveram ainda de ser dados, a tinta acrílica, por cima da camada de consolidação. Depois dos retoques, passa-se outra camada de consolidação.

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8. Resultados | Observações Finais Depois de finalizado o projecto, considera-se o resultado bastante satisfatório. Foram encontrados alguns obstáculos no decorrer da intervenção, mas ultrapassados com sucesso. Apesar da interligação entre todas as fases de intervenção, foram retiradas conclusões de cada uma individualmente. É impossível deixar de referir a importância da limpeza, à boa leitura do conjunto – a camada de consolidação alterada era um dos factores mais prejudiciais ao estado de conservação. A aplicação de réplicas era inevitável, e acabaram por se integrar bastante bem nas zonas de assentamento. Uma dificuldade deste projecto sintetizou-se também na fase final, de aproximação cromática nas reintegrações, que posteriormente aparentam um resultado satisfatório, com uma boa integração visual. Considera-se a intervenção de conservação e restauro aqui descrita, um grande factor de valorização do conjunto, estética, histórica, e patrimonial.

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Figura 63 Zona Central Secção 2 ANTES.

Figura 64 Zona Central Secção 2 DEPOIS.

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9. Recomendações Para conservação, valorização, e manutenção do conjunto azulejar, recomenda-se um melhoramento da situação de arejamento, e controlo de humidade da Capela, evitando a criação de sais e alteração dos materiais originais e consolidação. A exposição a materiais cerosos e fumos (velas) deve também ser regerada, evitando o escurecimento da camada vítrea. Não devem ser aplicados produtos quimicamente activos na limpeza dos azulejos – a limpeza deve ser feita com produtos neutros, que não alterem a composição química dos mesmos.

Finalmente, recomenda-se uma futura intervenção de conservação e restauro dos painéis Norte e Sul da Capela, não intervencionados neste projecto – principalmente o painel Sul, que se encontra bastante suscetível (azulejos em destacamento, barriga, efeito mola).

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Parte III 10. Conclusão O projecto aqui descrito, foi de extrema importância à formação das alunas da Licenciatura em Conservação e Restauro – Ramo de Revestimentos Arquitectónicos, não só pela aprendizagem técnica, como pela oportunidade única de contacto com a realidade que é a práctica da conservação e restauro de azulejaria. Os objetivos intrínsecos foram atingidos, pelo que é com satisfação que se dá esta intervenção por concluída. É ainda de salientar que nada disto seria possível sem o esforço e a confiança que a Fundação Ricardo do Espirito Santo e a Escola Superior de Artes Decorativas deposita nas alunas, no apoio e cedência de documentação do Professor José Meco, apoio do Professor Santos Silva, Professora Sónia Lopes da Costa e, finalmente, pela coordenação e apoio da Professora Cidália Bento, pelo que aqui ficam os devidos agradecimentos.

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11. Bibliografia

AA.VV, Festa Barroca a Azul e Branco, Fundação Ricardo do Espirito Santo Silva, Lisboa 2002. GOMES, Maria Manuela Malhoa, MONTEIRO, João Pedro, Conservation and Restoration, Azulejos Portuguese Tiles, Ricardo do Espirito Santo Silva Foundation, Lisboa, 1996. MECO, José, ‘O Azulejo em Portugal’, Publicações Alfa, S. A. , Lisboa, 1993 NERY, Eduardo, Apreciação Estética do Azulejo, 2007, Medialivros, Edições INAPA, Lisboa. SIMÕES, J. M. dos Santos, Azulejaria em Portugal no Século XVII, Tomo II – Elenco, 2º edição(revista e actualizada), Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1997. www.monumentos.pt www.digitile.org www.restaurarconservar.com www.calcidrata.pt

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ANEXOS

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Anexo 1

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ANEXO 2 Mapeamentos Alterações e Patologias

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ANEXO 3

Dados dos Materiais

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