INTRODUÇÃO À PESQUISA EM HISTÓRIA – Um guia para graduandos Parte I: a história e o ofício de historiador

INTRODUÇÃO À PESQUISA EM HISTÓRIA – Um guia para graduandos Parte I: a história e o ofício de historiador Marcelo Santiago Berriel

O historiador brasileiro tem um compromisso ineludível com a sociedade na qual vive e age. O seu papel é o de pôr as suas capacidades profissionais a serviço das tarefas sociais que se impõem à coletividade da qual forma parte. Haverá alguma dúvida a respeito de tais tarefas num país dependente e marcado por desequilíbrios e injustiças sociais tão flagrantes?

(CARDOSO, Ciro Flamarion. Uma Introdução à História, p. 109.)

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO INTRODUÇÃO CAPÍTULO I CAPÍTULO II PALAVRAS FINAIS E CONTATO

APRESENTAÇÃO Trilhar os caminhos acadêmicos não traz somente respostas, muito pelo contrário, traz muito mais dúvidas e questionamentos. Contudo, ao contrário do que muitos estudantes pensam, esta característica é extremamente positiva. Todo pesquisador deve aprender a questionar, a duvidar, a tentar responder algo nebuloso ou desconhecido. Se assim não fosse, onde estaria a beleza e a utilidade do ofício? Mesmo para aqueles que, após a conclusão do curso de graduação, não irão praticar a pesquisa profissionalmente, é necessário refletir sobre ela, sobre sua natureza e sua prática. É comum ouvir questionamentos de alunos de licenciatura acerca da necessidade da pesquisa monográfica. É possível sintetizar vários desses questionamentos numa única pergunta: “porque pesquisar e redigir uma monografia se não serei pesquisador?” Ora, para lecionar qualquer disciplina não é preciso saber todos os conteúdos existentes. Nenhum curso de graduação pode prometer ensinar ao estudante todo o conhecimento de uma área específica. O que o estudante (e mesmo o profissional formado) deve saber são os fundamentos, a “natureza” de sua área de formação. Isto inclui a maneira pela qual os conhecimentos da área são construídos, ou seja, é necessário conhecer os métodos da pesquisa. Isto posto, eis, em linhas gerais, o objetivo deste guia: suscitar o conhecimento sobre os métodos de pesquisa do historiador, para que o profissional de história (mesmo que este se limite à docência) possa aprender a pesquisar, a descobrir, mas, sobretudo, a refletir. Este “refletir” é importantíssimo, pois se baseia num determinado campo do saber (no nosso caso, a história) para promover a ação prática na realidade em que vivemos. Em outras palavras, saber pesquisar significa construir conhecimento original, para que, a médio ou a longo prazo, o conhecimento construído passe a integrar o rol de saberes de uma área específica. Além disso, o conhecimento construído pode (prefiro acreditar que deve) ser aplicado em mudanças necessárias, alterando a realidade social. Mas nem todo pesquisador acredita nisto. E fazer com que você, leitor, acredite que seu conhecimento é capaz de mudar a realidade não é tarefa deste guia. A aplicabilidade em transformações socialmente relevantes

depende de seus posicionamentos ideológicos e, principalmente, de suas ações. Agradeço aos meus alunos do curso de licenciatura em História na UFRRJ. Foram suas dúvidas e questionamentos que inspiraram a realização deste guia. Após avaliar os principais obstáculos dos graduandos na realização da pesquisa monográfica, percebi que, não obstante a oferta de disciplinas metodológicas e os diferentes livros publicados sobre metodologia, as incertezas de muitos estudantes persistem. Não tenho a pretensão de solucionar todas, tampouco de crer que este resumido guia substitua os livros que já se tornaram referência sobre o tema. Intento somente dar uma contribuição simplificada e com linguagem acessível aos estudantes de história que precisem de orientações para pesquisarem e redigirem suas monografias.

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