Introdução ao Pensamento de Alain Badiou

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Introdução ao pensamento de Alain Badiou Gabriel Tupinambá (CEII, EGS)

Introdução ao pensamento de Alain Badiou

Introdução

Em que discutiremos o diagnóstico de Badiou sobre o século vinte e o mundo contemporâneo, bem como as razões pelas quais a filosofia parece ter se tornado impossível hoje, localizando o próprio Badiou no interior desse mapeamento histórico e conceitual.

Filosofia e Ontologia

Em que partiremos das críticas à ontologia clássica para então demonstrar como a decisão de equacionar ontologia e matemática responde a elas adequadamente. Em seguida, analisaremos alguns conceitos da teoria dos conjuntos a fim de entender as consequências filosóficas da decisão de Badiou.

Verdade e verdades

Em que as críticas relativistas ao tema da verdade serão tomadas como condições para uma nova doutrina da verdade. Veremos que a verdade é entendida como uma capacidade imanente a diferentes campos do pensamento, mas não à própria filosofia, cuja tarefa é pensar a compossibilidade das verdades amorosas, científicas, artísticas e políticas de uma época.

Introdução

Um mundo sem ideia O desejo de filosofia Trajetória intelectual

Introdução

Um mundo sem ideia

política paixão pelo real -

economia forma valor e dessacralização

veredito sobre o século vinte o enigma do novo o real e o semblante

o fim do projeto político

-

capitalismo industrial e contemporâneo tudo o que é solido se desmancha no ar a re-invenção local do sagrado

ideologia materialismo democrático -

corpos e linguagens indivíduo, animal, sobrevivência democracia e guerra

a falta de essência do homem

Nós não temos ideia do que é uma ideia

contra o inumano

Introdução

Um mundo sem ideia

“O materialismo democrático apresenta como um dado puramente objetivo, como o resultado de uma experiência histórica, o que ele chama de “fim das ideologias”. O que subjaz aí é uma violenta injunção subjetiva cujo conteúdo real é: “viva sem Ideia”. Mas essa injunção é incoerente. Que essa injunção empurra o pensamento na direção do relativismo cético, já se tornou uma obviedade. É-nos dito que esse é o preço a pagar pela tolerância e respeito ao Outro. Mas dia após dia nós vemos que essa tolerância é apenas um outro tipo de fanatismo, porque ela só tolera a sua própria vacuidade. O ceticismo genuíno, aquele dos Gregos, era na verdade uma teoria absoluta da exceção: ela colocava as verdades num lugar tão alto que acabava por considerálas inacessíveis ao frágil intelecto da espécie humana. Contestava assim a principal corrente da filosofia antiga, que argumentava que apreender o Verdadeiro é a vocação daquela parte imortal do homem, do excesso inumano que vive em nós. O ceticismo contemporâneo - o ceticismo das culturas, da história e da auto-expressão - não é desse mesmo calibre. Ele apenas se conforma à retórica dos instantes e à política das opiniões. Assim, ele começa por dissolver o inumano no humano, e depois o humano na vida cotidiana, e, por fim, a vida cotidiana (ou animal) na atonalidade do mundo. É dessa dissolução que nasce a máxima negativa “viva sem Ideia”, que é incoerente porque ela não tem nenhuma ideia do que viria a ser uma Ideia. É por essa razão que o materialismo democrático busca destruir tudo o que é externo a ele. Como nós notamos, tratase de uma ideologia violenta e de guerra. Como todo sintoma mortificante, essa violência emerge de uma inconsistência essencial. O materialismo democrático se entende como um humanismo (dos diretos humanos, etc). Mas é impossível possuir um conceito do que é ‘humano’ sem lidar com a inumanidade (eterna, ideal) que autoriza o homem a se incorporar no presente sob o signo do traço da transformação. Se falhamos em reconhecer os efeitos desses traços, nos quais o inumano leva a humanidade a exceder seu ser-aí, será necessário, para manter uma noção puramente animal, pragmática, da espécie humana, aniquilar tanto esses traços quanto suas consequências infinitas. O materialismo democrático é o inimigo assustador e intolerante de toda vida humana - isso é, inumana - digna do nome.” (Lógicas dos Mundos, C, 7)

Introdução O desejo de filosofia Filosofia Revolta

recusa a ficar instalado e satisfeito

Cálculo Individual

um mundo que crê na gestão e na ordem natural das coisas

Aposta

Lógica

Universalidade

o desejo de uma razão coerente

o gosto pelo encontro e pelo acaso, o engajamento e o risco

a recusa do que é particular e fechado

Comunicação

Repetição

Dinheiro

um mundo em que as opiniões são ao mesmo tempo móveis e frágeis

um mundo obcecado pela segurança e pela proteção do futuro

Nosso mundo

(p.11-15, Para uma nova teoria do sujeito)

um mundo que justapõe a falsa universalidade do capital e o gueto das culturas

Introdução Trajetória Intelectual Os três mestres de Badiou:

Introdução Trajetória Intelectual Filosofia Revolta

recusa a ficar instalado e satisfeito

Maio de 68

prática revolucionaria que contém contradições não-antagônicas

Lógica

o desejo de uma razão coerente

Cantor/Gödel/Cohen

uma razão capaz de pensar a multiplicidade enquanto tal

Aposta

o gosto pelo encontro e pelo acaso, o engajamento e o risco

Lacan

uma teoria do amor como invenção a partir do encontro

Universalidade

a recusa do que é particular e fechado

Mallarmé/ Stevens

uma poética do número criativo e da universalidade singular

“A filosofia só pode resistir no mundo tal como é se souber discernir as experiências que são heterogêneas à lei deste mundo, as experiências políticas radicais, as invenções da ciências, as criações da arte, os encontros do desejo e do amor.” (p.16-17, Para uma nova teoria do sujeito)

Filosofia e ontologia

Fim da ontologia filosófica Dar um passo a mais “Ontologia = matemática” Teoria dos múltiplos Filosofia e ontologia

Filosofia e ontologia

Fim da ontologia filosófica

Ontologia filosófica + generalidade e abstração

singularmente abstrato

Ciência

Cultura

Opiniões

Certeza sensível abstratamente singular

política:

ciência:

psicanálise:

arte

a ontologia não pode justificar o mundo como ele se apresenta

a ontologia não pode pretender que seus enunciados tenham referentes discerníveis

a ontologia não pode afirmar a substancialidade dos vínculos

a ontologia não pode tomar o ser como objeto

ser ≠ existência

ser ≠ sentido

ser ≠ um

ser ≠ determinação

Filosofia e ontologia

Dar um passo a mais

“Afirmo não somente que a filosofia é hoje possível, mas também que essa possibilidade não tem a forma da travessia de um fim. Trata-se, muito pelo contrário, de saber o que quer dizer: dar um passo a mais. Um só passo. Um passo na configuração moderna, essa que, depois de Descartes, liga às condições da filosofia os três conceitos nodais que são o ser, a verdade e o sujeito.” (p.5, Manifesto pela Filosofia)

Crítica como condição Condição sobre o ser: que não seja um Condição sobre a verdade: que não seja o saber Condição sobre o sujeito: que não seja a consciência Condição sobre a filosofia: que seja condicionada

Filosofia e ontologia

Dar um passo a mais

Filosofia

Pensa a compossibilidade das verdades

Condições da filosofia Produzem verdades

Política

Amor

Arte

Sexualidade

Entretenimento

Ciência Ontologia

Pensa o ser enquanto tal

Administração

Tecnologia

“não há verdade”

Materialismo democrático

Filosofia e ontologia “ontologia = matemática” Críticas à ontologia filosófica política:

ciência:

psicanálise:

arte

a ontologia não pode justificar o mundo como ele se apresenta

a ontologia não pode pretender que seus enunciados tenham referentes discerníveis

a ontologia não pode afirmar a substancialidade dos vínculos

a ontologia não pode tomar o ser como objeto

ser ≠ existência

ser ≠ sentido

ser ≠ um

ser ≠ determinação

Ontologia = Matemática

a matemática pura não apresenta nada

a semântica matemática é interna à própria matemática

a teoria dos conjuntos inventou um conceito de multiplicidade pura

a axiomática permite que a matemática não defina seus objetos

Filosofia e ontologia “ontologia = matemática”

Como pensar o múltiplo puro? Platão e aquilo-que-não-é-Um Teoria dos Conjuntos Axiomatização

Filosofia e ontologia

Teoria dos múltiplos

Múltiplo puro Múltiplo situado Múltiplo genérico

Verdade e verdades

Fim da verdade filosófica “… exceto que há verdades” Procedimentos genéricos Das verdades à verdade

Verdade e verdades

Fim da verdade filosófica

Ontologia filosófica + generalidade e abstração

globalmente válido

Ciência

Cultura

Opiniões

Certeza sensível regionalmente válido

política:

ciência:

psicanálise:

arte:

verdade ≠ juízo

verdade ≠ humano

verdade ≠ saber

verdade ≠ fechamento

Verdade e verdades

“…. exceto que há verdades”

exclusão materialista de toda transcendência ao que é situado

“Só existem corpos e linguagens, exceto que há verdades”

suplementação imanente de uma verdade universal

exceto que uma exceção interna à situação (teoria do sítio evental)

há um acontecimento que não seja uma intervenção divina (teoria do evento contingente)

verdades possibilidade de verdades suplementarem o mundo sem depender de qualquer material extra-mundano (teoria dos procedimentos genéricos)

Verdade e verdades

Procedimentos genéricos

Sítio evental Evento Procedimento genérico

Verdade e verdades

Procedimentos genéricos

Filosofia

Pensa a compossibilidade das verdades

Condições da filosofia Produzem verdades “…verdades”

“..há…”

Política

Ciência

Amor

Arte

Administração

Tecnologia

Sexualidade

Entretenimento

Eventos

“exceto que…”

“só existem corpos e linguagens”

Materialismo democrático

Verdade e verdades

Das verdades à Verdade

Condições da filosofia Produzem verdades

Política

Amor

Arte

Matemática Pensa o ser enquanto tal

Ciências aplicadas Pensar a apresentação

Pensam o ser-aí do nosso mundo

Pensa a decisão

a Verdade, categoria vazia: operação que expõe o ser humano àquilo que a humanidade é historicamente capaz

Filosofia

Pensa o processo subjetivo

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