INTRODUÇÃO SOBRE CLASSIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO NAVAIS

July 18, 2017 | Autor: R. Mota Amarante | Categoria: Shipbuilding, Certification
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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia Naval e Oceânica

PROJETO: “IMPLANTAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DE LABORATÓRIO DE GESTÃO DE OPERAÇÕES E DA CADEIA DE SUPRIMENTOS DA INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO NAVAL”

PR-011 PROTRAN - Programa Tecnológico da Transpetro Convênio FINEP: 01.05.0931.00

Instituições Participantes: Universidade de São Paulo/ Universidade Estadual de Campinas/ Universidade Federal de Pernambuco/ Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Universidade Federal de Uberlândia/ Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo

DOCUMENTO: INTRODUÇÃO SOBRE CLASSIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO NAVAIS

Julho 2008

Coordenador Geral: Prof. Marcos Pinto – EPUSP-PNV - Coordenador Transpetro: Eng. Nilton Gonçalves Responsáveis: EPUSP-PNV – Prof. Bernardo de Andrade, Dr. Gerson Machado, e Dr Emerson Colin; EPUSP–PRO Prof. João Furtado; UNICAMP-NEIT – Prof. Luciano Coutinho e Prof. Rodrigo Sabbatini; EFPE-DEA – Prof. Marcos Primo; UFRJ-IE – Prof. David Kupfer; IPT – Dr. James Waiss

Av. Prof. Mello Moraes, 2231 – 05508-030 – São Paulo – SP – BRASIL TEL.: 55 11 3091-5340/5441 – FAX: 55 11 3091 5717

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O presente estudo faz parte do projeto Implantação e Consolidação de Laboratório de Gestão de Operações e da Cadeia de Suprimentos da Indústria de Construção Naval, conduzido por encomenda da Transpetro à FINEP. O conjunto total de trabalhos produzidos dentro do projeto vai encontrando-se disponível no site www.cegn.org.br tão logo sejam finalizados e compreende os seguintes relatórios: FASE 1 – Projeto 0: Mercado de Construção Naval e Políticas Publicas 1. Avaliação das forças atuantes na indústria – Prof. Luciano Coutinho, Prof. Rodrigo Sabbatini (UNICAMP-NEIT) 2. Oferta mundial e brasileira – Dr Emerson Colin (Verax Consultoria), Prof. Marcos Pinto, Guilherme Gattaz, Daniel Akao, Guilherme Duarte, David Goldberg, João Stefano, Henrique Dias (EPUSP-PNV) 3. Determinação da demanda e do tamanho do mercado por tipos de navios- Prof. Luciano Coutinho, Prof. Rodrigo Sabbatini (UNICAMP-NEIT), Prof. Marcelo Silva Pinho (UFSCAR) e Prof. André Villela (FGV-SP) 4. Avaliação do perfil de produção naval dos principais estaleiros do mundo – Dr Emerson Colin (Verax Consultoria), Dr. Gerson Machado (Sólido Consultoria), Prof. Marcos Pinto, Eng. Ary Oliveira, Guilherme Gattaz, Daniel Akao, Guilherme Duarte, Henrique Dias, João Stefano (EPUSP-PNV) 5. Avaliação da lucratividade dos principais estaleiros do mundo – Dr. Emerson Colin (Verax Consultoria), Guilherme Gattaz, Daniel Akao, Guilherme Duarte, Henrique Dias, João Stefano (EPUSP-PNV) 6. Avaliação de políticas públicas mundiais e modelo adequado ao Brasil - Prof. Luciano Coutinho, Prof. Rodrigo Sabbatini (UNICAMP-NEIT), Prof. David Kupfer (UFRJ) 7. Avaliação de nichos de mercado potencialmente atrativos ao Brasil - Dr Emerson Colin (Verax Consultoria), Prof. Marcos Pinto, Guilherme Gattaz, Daniel Akao, Guilherme Duarte, Henrique Dias, João Stefano (EPUSP-PNV) FASE 2 – Projeto 1: Preenchendo as Lacunas de Produtividade 1. Estratégia de produção – Prof. Bernardo Andrade (EPUSP-PNV), Dr. Gerson Machado (Sólido Consultoria), Eng. Ary Oliveira, Bruno Stupello, Marcos Losito, Oddone Freitas, Guilherme Botas (EPUSP-PNV) 2. Estrutura física e organizacional ideal aos estaleiros brasileiros– Dr. James Waiss , Dr Ricardo Atman (IPT-SP) 3. Gestão de processos da construção naval– Dr Emerson Colin (Verax Consultoria), Prof. Marcos Pinto (EPUSP-PNV) 4. Plano de implementação em estaleiro parceiro – Dr. Gerson Machado (Sólido Consultoria), Dr Emerson Colin (Verax Consultoria), Prof. Marcos Pinto, Prof. Bernardo Andrade, eng. Ary Oliveira, Bruno Stupello, Marcos Losito, Oddone Freitas, Guilherme Botas,Julio Favarin, Murilo Ferraz, Alfonso Gallardo, César Camelli, Guilherme Gattaz, Henrique Dias, Daniel Akao, Guilherme Duarte, João Stefano, Valdir Lopes, David Goldberg (EPUSP-PNV) FASE 2 – Projeto 2: Promovendo o Desenvolvimento da Cadeia de Suprimentos. 1. Práticas funcionais usuais – Prof. Marcos Primo (UFPE), Adriane Queiroz (EPUSP-PNV) 2. Benchmarks específicos e melhores práticas - Prof. Luciano Coutinho, Prof. Rodrigo Sabbatini (UNICAMP-NEIT) 3. Separação por classes de sistemas - Prof. Luciano Coutinho, Prof. Rodrigo Sabbatini (UNICAMP-NEIT), Prof. Germano Mendes de Paula e Prof. Clésio Xavier (UFU) 4. Vantagem competitiva em cada classe - Prof. Luciano Coutinho, Prof. Rodrigo Sabbatini (UNICAMP-NEIT), Prof. Germano Mendes de Paula e Prof. Clésio Xavier (UFU) 5. Opções estratégicas - Prof. Luciano Coutinho, Prof. Rodrigo Sabbatini (UNICAMP-NEIT) 6. Plano de implementação em estaleiro parceiro - Dr. Gerson Machado (Sólido Consultoria), Dr Emerson Colin (Verax Consultoria), Prof. Marcos Pinto, Prof. Bernardo Andrade, Eng. Ary Oliveira, Guilherme Gattaz, Henrique Dias, Daniel Akao, Guilherme Duarte, João Stefano (EPUSP-PNV)

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  SUMÁRIO  1.  INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 4  2.  DEFINIÇÕES PRELIMINARES .......................................................................................... 6  3.  DEMANDAS E REQUISITOS DA TRANSPETRO ........................................................... 7  4.  OS PROCESSOS DE CLASSIFICAÇÃO E CERTIFICAÇÃO......................................... 9  4.1  O PASSO A PASSO DA CLASSIFICAÇÃO .................................................................................. 9  4.2.  O PASSO A PASSO DA CERTIFICAÇÃO ................................................................................. 12 

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1. Introdução A indústria de construção naval no Brasil apresenta os primeiros sinais de sua retomada, com volumes crescentes de produção e novas encomendas de armadores nacionais. Paulatinamente, os estaleiros estão recompondo suas carteiras e investimentos estão sendo anunciados em todo o país. A década de 70 foi um período intenso para a indústria naval brasileira. Não apenas os estaleiros estavam produzindo à sua capacidade máxima, mas também havia se criado uma cadeia de fornecedores no país. A decadência desta indústria no mundo, que se arrastou por toda a década de 80, contaminou drasticamente as empresas brasileiras, ambos estaleiros e fornecedores. Os poucos fabricantes de equipamentos que sobraram tiveram que reduzir seu tamanho e buscar outros setores de atuação. Não havia mais escala para se produzir quase nada no Brasil. Foi somente no final da década de 90 que a construção naval voltou a ter papel importante como provedora de plataformas e embarcações de apoio para o setor de petróleo e gás. Hoje, somam-se a esta demanda novas encomendas de navios mercantes para a frota brasileira. Dentre as demandas para os estaleiros nacionais pode-se citar: os 46 navios do PROMEF, 146 embarcações de apoio offshore, 28 navios-sonda, entre 30 e 40 plataformas (inclui encomendas atuais e pré-sal em um horizonte de 10 anos), 32 navios-patrulha para a Marinha, 5 porta-contêineres (Log-in), 2 VLCCs (Noroil), e outras encomendas de armadores internacionais (PDVSA e Gypsium), cabotagem (Alinança) e rebocadores portuários (até 40 serão necessários nos próximos anos). O cenário também se mostra tão oportuno para os fornecedores de navipeças, entretando, o volume de negócios associado a fabricantes nacionais ainda é baixo. As duas décadas em que a atividade no setor foi pouco significativa fez com que as demandas remanescentes de peças de reposição e manutenção fossem naturalmente absorvidas por empresas estrangeiras, que nos últimos anos passaram também a fornecer para novas obras. Av. Prof. Mello Moraes, 2231 – 05508-030 – São Paulo – SP – BRASIL TEL.: 55 11 3091-5340/5441 – FAX: 55 11 3091 5717

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Atualmente, o sistema de compras dos armadores e dos estaleiros está formatado para direcionar automaticamente seus pedidos a fabricantes estrangeiros e não mais enxerga os fornecedores nacionais. Além disso, na visão desses compradores, as empresas brasileiras ainda não atingiram um nível de competitividade e de padrões de qualidade internacionais, e por isso, as exigências para se comprar localmente são maiores. Para ser capaz de capturar este valor a navipeças nacional precisa recuperar seu prestígio junto à indústria naval. Neste contexto, as certificações de processos e as classificações de produtos exercem papel fundamental para que essa indústria não fique ao largo da retomada da construção naval no Brasil. O presente documento foi elaborado pelo Centro de Estudos em Gestão Naval e está inserido num estudo amplo sobre a Cadeia de Suprimentos da Indústria Naval Brasileira, cujos objetivos são compreender os entraves desse setor, propor soluções e delinear uma estratégia competitiva para as empresas brasileiras. Aqui são apresentados os processos de certificação e classificação exigidos pelos compradores aos fornecedores de máquinas e equipamentos interessados em participar do mercado de construção naval. A proposta deste trabalho é informar e esclarecer fornecedores e compradores acerca dos processos de certificação e classificação (destrinchando suas diferenças e procedimentos), bem como sobre o processo de compras de armadores e estaleiros, contribuindo assim para o melhor entendimento dos envolvidos nesse setor.

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2. Definições Preliminares Garantir as condições de segurança e funcionalidade na operação dos equipamentos e sistemas de uma embarcação passa pelos processos de certificação e classificação. Esses processos são realizados por instituições independentes, denominadas Sociedades Classificadoras e Entidades Certificadoras e ambos têm como objetivo padronizar a produção de peças e equipamentos ou os processos de gestão para garantir a qualidade e segurança no uso do que é produzido. De maneira geral, existem duas diferenças básicas e importantes entre esses procedimentos: •

A classificação é sempre feita com base em normas próprias pré-estabelecidas pelas Sociedades Classificadoras. Além disso, esse processo subentende que o produto será constantemente avaliado pela própria Sociedade Classificadora, de maneira a garantir as condições mínimas de funcionamento, qualidade e segurança exigidas pelas suas regras;



A certificação é realizada a partir padrões escolhidos pelo cliente, como por exemplo as regras da ISOi ou até mesmo regras e procedimentos próprios, mais ou menos rígidos que os usuais de mercado. Entretanto, a certificação é um processo de padronização que não garante que os padrões estabelecidos serão continuamente verificados, ou seja, quando uma empresa obtém uma certificação, deve, por si só, garantir que a qualidade seja mantida ao longo do tempo.

i

ISO: Organização Internacional para Padronização (sigla, em inglês, de International Organization for Standardization ). Av. Prof. Mello Moraes, 2231 – 05508-030 – São Paulo – SP – BRASIL TEL.: 55 11 3091-5340/5441 – FAX: 55 11 3091 5717

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3. Demandas e Requisitos da Transpetro A Transpetro pode comprar equipamentos e insumos diretamente dos fornecedores ou contratar uma empresa para fazê-lo por ela, de acordo com sua conveniência e o valor envolvido nas licitações. Em um ou outro caso, a Transpetro é extremamente rigorosa no que tange a segurança da embarcação, dos embarcados, empregados a bordo ou não e do meio ambiente. Assim, as demandas que surgem devem obedecer aos requisitos de qualidade e segurança em todos os processos envolvidos. Do fornecedor, por exemplo, exige os certificados de todos os equipamentos, emitido pelos respectivos fabricantes. Com relação a um ponto específico, como o caso de equipamentos elétricos instalados em locais ditos perigosos ou com alto potencial de acidentes, exige-se o Certificado de Conformidade para o INMETRO ou outra instituição certificadora credenciada. Quando o objeto do contrato é uma embarcação nova, a ser construída, o processo licitatório determina que o projeto do navio deve assegurar que os equipamentos, instalações e sistemas de bordo devem ser projetados, fabricados, montados e testados a partir dos requisitos SMSii da Petrobras, além das recomendações usuais próprias de cada fabricante. Além disso, a empresa contratada para desenvolver o projeto (normalmente denominada simplesmente de vendedor) deve enviar à Transpetro os Planos de Qualidade e SMS do projeto desenvolvido, respeitando as regras da ISO9001, ISO14001, OHSAS18001 e Diretrizes Corporativas de SMS. Concomitantemente, as regras específicas, regulamentos, normas e convenções (como a SOLAS, a IMO, as NORMAM, etc.), inerentes à área naval, também devem ser rigorosamente seguidas. Como será visto no Capítulo 4, o primeiro passo para a classificação ou certificação é a contratação da empresa independente que efetuará o acompanhamento necessário dos processos envolvidos. Exige-se, a princípio, que o armador contrate a Sociedade

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Segurança, meio ambiente e saúde.

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Classificadora. No caso de um processo de compras da Transpetro, cabe ao vendedor exercer essa escolha, desde que se satisfaçam duas condições: a SC deve manter escritório no Brasil e possuir mais de 3%, em unidades, da frota mundial ou do número de navios encomendados ou em construção. A classificação do navio envolve seu casco, equipamentos, máquinas, aparelhos, acessórios e instalações, para os quais devem ser aplicadas as normas para navios operando sob bandeira brasileira, da Sociedade Classificadora escolhida. Além disso, os testes de fábrica, realizados in loco na unidade fabril que produzirá equipamentos considerados mais importantes dentro do navio, devem ser acompanhados pelo vendedor, que deverá avisar a Transpetro, com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência, a data, horário e local desses testes. Um representante da Transpetro, ao seu critério, pode acompanhar os testes realizados. Os motores de combustão principal e auxiliares são exemplos de máquinas que passam obrigatoriamente por esse tipo de avaliação. Com relação ao seu papel como armador, a Transpetro publica suas exigências e demandas com relação ao produto final do projeto (navio ou frota), de acordo com seu interesse e necessidade. Dentre as exigências que são feitas, a Transpetro requisita que os equipamentos pertençam à linha atual do fabricante e tenha características técnicas e de segurança iguais ou superiores às especificadas pó ela. Além disso, quando se trata dos chamados equipamentos principais (motor de combustão principal, caldeiras, bombas de carga, bombas de lastro, sistema de gás inerte, máquina do leme, etc.), os fabricantes devem aprovar os diagramas e desenhos de instalação feitos pelo vendedor, até cinco dias antes do início da fase de comissionamentoiii.

iii

Entre a montagem e a operação comercial de um navio, há um conjunto de atividades que devem ser realizadas, com o objetivo de levar a embarcação ao regime normal de operação. Esta é a fase de comissionamento, que compreende as atividades de inspeções, testes, calibrações, partida, operação preliminar dos sistemas auxiliares e principais.

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4. Os processos de Classificação e Certificação Os processos envolvidos na classificação e na certificação possuem semelhanças e diferenças entre si, mantendo suas particularidades que serão descritas nas duas próximas seções.

4.1

O passo a passo da Classificação

Contrataç ção Contrata Contratação da da SC SC

Envio Envio de de informaç ções ee informa informações documentos documentos para para aa SC SC

C álculos ee Cálculos Checagens Checagens

Construç ção Constru Construção

Emissão Emissão dos dos Certificados Certificados

Entrega Entrega ee Operaç ção Opera Operação

Figura 1: Passo a passo da classificação

De maneira geral, a classificação consiste nos seguintes passos: Passo1: O armador contrata a Sociedade Classificadora (SC). Esse primeiro ponto é uma regra da Marinha do Brasil, conhecida como NORMAMiv 04, estabelecida pela DPCv. Além disso, cabe destacar que, segundo a SOBENAvi, existem no Brasil dez SC habilitadas para as atividades de classificação. Por outro lado, a NORMAM 06 reconhece, atualmente, a competência de apenas seis dessas SC a classificarem embarcações para transporte de longo percurso (Tabela 1).

iv

Normas da autoridade marítima. Diretoria de Portos e Costas. vi Sociedade Brasileira de Engenharia Naval. v

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Tabela 1: Sociedades Classificadoras com competências para atuação no Brasilvii Sigla ABS* BC* BV*

Nome da classificadora American Bureau of Shipping Bureau Colombo Bureau Veritas

Origem EUA Brasil França

DNV* Det Norske Veritas GL* Germanischer Lloyd LR* Lloyd's Register Forecastle Cons. Téc. Rep. Mar.Ltda Inspect Cons. E Peritagem Ltda

Noruega Alemanha Inglaterra Brasil Brasil

NK

Japão

Nippon Kaiji Kyokai do Brasil Registro Brasileiro de Navios e RBNA Aeronaves RINA Rina Brasil Serviços Técnicos Ltda

Brasil Brasil

Passo 2: A empresa de projetos do armador envia ao departamento de Engenharia da SC todos os planos da embarcação para que possam ser avaliados e passem por análise rigorosa de aprovação. Passo 3: Os engenheiros refazem, então, todos os cálculos e checam todos os planos e documentos, buscando conformidade dos mesmos com o as regras internas da SC e as NORMAN. Passo 4: Após a aprovação desses planos, uma equipe de vistoriadores da SC passa a acompanhar a embarcação para realização de testes e checagem da conformidade da mesma com os planos enviados. Passo 5: Concluído o passo anterior com sucesso, são emitidos os Certificados de Classe e Estatutários para a embarcação em questão. Os certificados de Classe e Estatutários atestam a qualidade total e a segurança da embarcação. A credibilidade da classificadora emissora dos certificados está diretamente

vii

As SC marcadas com * são aquelas autorizadas a classificarem embarcações para transporte de longo curso. Av. Prof. Mello Moraes, 2231 – 05508-030 – São Paulo – SP – BRASIL TEL.: 55 11 3091-5340/5441 – FAX: 55 11 3091 5717

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relacionada com a aceitação dos certificados pelas seguradoras, transportadoras, Autoridades Marítimas e usuários finais. Após a emissão dos certificados, a embarcação entra no regime de manutenção de classe, com vistorias anuais. Ao final da validade dos certificados, que tipicamente varia de 3 anos a 5 anos, é efetuada uma vistoria completa de renovação dos mesmos. Além disso, para que uma embarcação possa navegar em território brasileiro, esta deve possuir os seguintes certificados: •

Certificado de classe: corresponde ao certificado emitido por uma Sociedade Classificadora para atestar que a embarcação atende às suas regras, no que for cabível à classe selecionada;



Certificados estatutários: são os certificados previstos pelas NORMAM e pelas Convenções Internacionais ratificadas pelo Governo Brasileiro;



Certificado de Segurança da Navegação (CSN): é o certificado emitido para uma embarcação para atestar que as vistorias previstas nestas Normas foram realizadas nos prazos previstos.

As vistorias que são realizadas na embarcação podem ser divididas nos seguintes tipos: •

Vistorias em embarcações em construção: esse trabalho é feito em tempo real, in loco, por engenheiros da SC, a fim de garantir a qualidade total em todos os processos e etapas da construção, de modo a garantir que todas as normas estão sendo seguidas;



Vistorias em embarcação em operação: durante a operação da embarcação, novas vistorias devem ser feitas para garantir a qualidade e segurança da navegação. Normalmente são realizadas anualmente, em datas pré-programadas. Como a embarcação pode, em geral, estar em qualquer parte do planeta, SC que possuem escritórios espalhados pelo mundo levam vantagem no processo de escolha realizado pelo armador. Segundo a IACS, 90% das classificações de Av. Prof. Mello Moraes, 2231 – 05508-030 – São Paulo – SP – BRASIL TEL.: 55 11 3091-5340/5441 – FAX: 55 11 3091 5717

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navios mercantes são realizadas por apenas onze SC, sendo que dez dessas são seus membros-fundadores e apenas uma é membro-associado; •

Controle de qualidade de equipamentos e insumos: a qualidade e segurança da embarcação como um todo depende do controle de qualidade que é feito com o material utilizado na construção e dos equipamentos utilizados a bordo. Por isso, tudo o que é utilizado na embarcação, como insumos, peças, equipamentos e sistemas devem ser verificados pela SC;



Manutenção de classe: como já foi citado, após o sucesso das etapas inerentes à classificação, a embarcação passa a operar em regime de manutenção de classe. É aqui que entram as vistorias anuais e vistoria de renovação de classe, que visam garantir a manutenção da qualidade da embarcação, bem como a prevenção dos riscos inerentes à navegação durante a vida útil da mesma.

4.2. O passo a passo da Certificação Um processo de certificação pode ser feito por uma Sociedade Classificadora ou uma Entidade Certificadora, desde que sejam organizações independentes que possam assegurar qualidade, propósito, desempenho e baixo impacto ambiental do produto, linha de produção ou sistema de gestão que se quer certificar. Cabe ao cliente escolher a norma pela qual deseja ser classificado, que pode ser um conjunto de regras e procedimentos próprios ou já descritos por alguma organização. Exemplos deste último tipo são as ISO9001 (modelo de gestão de qualidade), ISO14001 (diretrizes para gestão ambiental dentro de empresas) e OHSASviii18001 (sistema de gestão com foco na saúde e segurança ocupacional). Existem, basicamente, quatro tipos de certificação: de produto, de linha de produção, de pessoa ou de sistema de gestão. Eles serão explicitados a seguir:

viii

OHSAS é a sigla para Occupational Health and Safety Assessment Series, ou ainda, Série de Avaliação

de Saúde e Segurança Ocupacional. Av. Prof. Mello Moraes, 2231 – 05508-030 – São Paulo – SP – BRASIL TEL.: 55 11 3091-5340/5441 – FAX: 55 11 3091 5717

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Certificação de produto

A certificação por produto é uma modalidade na qual apenas a unidade produzida recebe a certificação. Esse tipo de processo é o que ocorre, normalmente, quando o que é produzido é customizado ou com baixa escala de produção. O processo de uma certificação de uma unidade pode ser resumido em três passos:

Contrataç ção Contrata Contratação da da SC SC

Aná álise do An Análise do projeto projeto ee verificaç ção verifica verificação dos álculos ccálculos dos cá

Inspeç ções ee Inspe Inspeções testes testes na na unidade unidade fabricada fabricada

Emissão Emissão de de Certificado Certificado para para aa unidade unidade

Figura 2: Passo a passo da certificação de produto

Passo 1: O fabricante envia o projeto da unidade para cálculo e verificação dos engenheiros do departamento de análise de planos da SC. Passo 2: Os vistoriadores da SC fazem inspeções e testes na unidade para aferir conformidade com seu projeto. Passo 3: A SC emite certificado atestando a qualidade da unidade. Além disso, a certificação de um produto pode ser feita a partir de vários modelos distintos, dependendo do nível de exigência e requerimentos que se espera que a unidade satisfaça. Esses tipos de certificação de produto mais comuns são:

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Modelo

Descrição

(1) Ensaio de Tipo

Fornece uma comprovação de conformidade de um item de um produto, em um dado momento. É uma operação de ensaio, única no seu gênero, efetuada de uma só vez, limitando aí os seus efeitos.

(2) Ensaio (1) seguido de verificação através

Modelo baseado no ensaio de tipo mas

de ensaio de amostras retiradas no comércio

combinado

com

ações

posteriores

verificar se a produção conforme.

Essas

para

continua sendo

ações

compreendem

ensaios em amostras retiradas no comércio. (3) Ensaio (2) seguido de verificação através

Baseado no ensaio de tipo, porém combinado

de ensaio em amostras retiradas no fabricante

com intervenções posteriores para verificar se a

produção

continua

sendo

conforme.

Compreende ensaios em amostras tomadas na própria fábrica. (4) Ensaio (2) + Ensaio (3)

Combina

os

modelos

2

e

3,

tomando

amostras para ensaios tanto no comércio quanto na própria fábrica. (5) Ensaio (4) + Avaliação e Aprovação do

Baseado também no ensaio de tipo, mas

Sistema

e

acompanhado de avaliação das medidas

acompanhamento através de auditorias no

tomadas pelo fabricante para o Sistema de

fabricante

Gestão da Qualidade de sua produção,

da

Qualidade

do

Fabricante

seguido de um acompanhamento regular, por meio de auditorias, do controle da qualidade da fábrica e de ensaios de verificação em amostras tomadas no comércio e na fábrica. Este é o modelo mais utilizado no Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC e proporciona um sistema credível e completo de avaliação da conformidade de uma produção em série e em grande escala. (6) Avaliação e aprovação do Sistema da

É um modelo no qual se avalia a capacidade

Qualidade do fabricante

de uma indústria para fabricar um produto customizado, mas não a conformidade do produto final.

(7) Ensaio de Lote

Nesse

modelo,

submete-se

a

ensaios

amostras tomadas de um lote do produto, emitindo-se, a –partir dos resultados, Av. Prof. Mello Moraes, 2231 – 05508-030 – São Paulo SP – BRASIL avaliação conformidade TEL.: 55 11 3091-5340/5441 – FAX: 55 sobre 11 3091a5717

uma

a uma dada

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Uma certificação de unidade individual não garante que outro produto feito de maneira idêntica receba a certificação. Para que isso ocorra, a nova unidade produzida deve ser também certificada ou, caso seja de interesse da empresa, o processo em si pode ser classificado, como mostrado no próximo item. •

Certificação de linha de produção (ou “Type Apprvoal”)

Quando existe interesse do cliente por certificar seu processo de produção, ou o fator de escala exigir, pode-se realizar a certificação do tipo type approval, que segue os seguintes passos:

Contrataç ção Contrata Contratação da da SC SC

Aná álise do An Análise do projeto projeto ee manuais manuais de de procedimento procedimento ee qualidade qualidade

Vistoria Vistoria na na unidade unidade fabril fabril para para verificaç ção do verifica verificação do processo processo

Realizaç ção Realiza Realização de de testes testes em em uma uma unidade unidade protó ótipo prot protótipo

Emissão Emissão de de Certificado Certificado para para aa unidade unidade fabril fabril em em questão questão

Figura 3: Passo a passo da certificação de linha de produção

Passo 1: A SC recebe o projeto da unidade e os manuais de procedimentos e de controle de qualidade para análise dos engenheiros. Passo 2: É realizada vistoria na unidade fabril para atestar controle do processo e controle de qualidade na fabricação. Passo 3: São realizados testes em uma unidade-protótipo para aferir conformidade com seu projeto. Passo 4: A SC emite certificado atestando a qualidade da linha do produto daquela unidade fabril especificamente. •

Certificação de pessoa

A certificação de pessoas avalia as habilidades e os conhecimentos de algumas ocupações profissionais, e pode incluir, entre outras, as seguintes exigências: Formação: exigência de certo nível de escolaridade visa assegurar nível de capacitação; Av. Prof. Mello Moraes, 2231 – 05508-030 – São Paulo – SP – BRASIL TEL.: 55 11 3091-5340/5441 – FAX: 55 11 3091 5717

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Formação Formação

Profissional Profissional

Experiência Experiência profissional profissional

Habilidade Habilidadeee conhecimentos conhecimentos teóricos teóricos práticos práticos

Figura 4: requisites para classificação de profissional

Experiência Profissional: experiência prática em setor específico, o que permite maior compreensão dos processos envolvidos e identificação rápida das oportunidades de melhorias; Habilidades e conhecimentos teóricos e práticos: capacidade de execução, essencial para atuar e desenvolver-se na atividade. No Brasil, são certificados os inspetores de soldagem (particularmente no setor naval), os inspetores de ensaios não destrutivos e os auditores de sistemas da qualidade. •

Certificação de sistema de gestão

É a modalidade mais conhecida de certificação e normalmente é realizada a partir de normas bem difundidas como as já citadas da ISO e OHSAS, além de outras mais específicas como QS9000 e AVSQ94, específicas da indústria automobilística. Esse tipo de certificação tem um tempo de implementação que pode variar de dias a meses e visa a estabelecer procedimentos a serem seguidos por toda a organização de maneira que a qualidade dos serviços e produtos seja sempre verificada.

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