Introducao pronta

June 30, 2017 | Autor: Paulo Humberto | Categoria: Introduction
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Introdução



Foucault[1], analisa a experiência da sexualidade, não como algo fixo
e essencialmente reprimido, procurando mostrar a proximidade e as
diferenças que existem desde a cultura greco-romana dos primeiros séculos
da era cristã com a pastoral da carne, que ainda podemos dizer-se
herdeiros, que desde o século X até a modernidade embutem nas pessoas o
hábito confessional provocando uma cultura onde o sexo é reprimido ao mesmo
tempo que tem de ser exposto e falado como se fosse uma verdade a ser
decifrada. Mostra que muitos dos preconceitos como o ato sexual, a
fidelidade no casamento e a homossexualidade, tidos como do próprio
cristianismo com sua repressão ao sexo, na verdade, estão em pauta na
literatura pagã desde o século III.
Veremos neste estudo a forma que o filósofo mostra a sexualidade
através dos tempos, visando a sexualidade como uma ferramenta na mão de
instituições de saberes para um domínio da população.

Mostrando a parte dominante, o filósofo discursa também sobre as
estratégias para se manter no poder afirmando que até mesmo a parte
dominada se mantém nessa estratégia por certa comodidade, ou por
dependência de um dado poder, uma relação de ajuste social se mantendo como
classe dominada e se organizando como tal. Cita as quatro principais
estratégias que seriam:

a) O corpo da mulher, examinado e destinado ao papel de mãe;

b) Vigiar a criança fazendo seu sexo pedagogizado, o que Foucault diz ser
uma guerra contra onanismo;

c) O sexo apenas na cama dos pais, servindo apenas para procriação da
espécie e sem ter o sentido do prazer;
d) A região do prazer perverso ou dominante, que passa a ser alvo de
processos de normalização e patologização.

Em todas as instâncias, uma preocupação: o gerenciamento dos corpos
sexuados. Os sanitaristas estabelecem as normas de higiene – o sexo limpo e
o "controle sanitário" das prostitutas. Os pedagogos, já no século XVIII,
cuidam da sexualidade das crianças e adolescentes – a masturbação deve ser
cuidada. Proliferam as aulas de educação sexual. As crianças precisam falar
de seu sexo para os professores. Os médicos se dirigem aos diretores dos
estabelecimentos escolares e às famílias – dão conselhos, fazem
recomendações, escrevem livros. Precisamos falar de nosso sexo, de nossos
desejos, contar com detalhes o que fazemos. A medicina que, inicialmente,
vai falar das "doenças dos nervos", é substituída pela psiquiatria que
tratará das "extravagâncias" e das "fraudes contra a procriação".
Estabelece-se a etiologia das doenças mentais e um volumoso dicionário das
"perversões sexuais". Os estranhos prazeres recebem nome de batismo –
passam a existir os exibicionistas, os fetichistas, os zoófilos, os
zooerastas, os automonossexualistas, os mixos-copófilos, os ginecomastos,
os presbiófilos, os invertidos sexoestéticos e as mulheres dispareúnicas. O
homossexualismo passa a ser um tipo de androgenia interior: o sodomita era
um reincidente, agora, o homossexual é uma espécie. Assim funciona a
relação saber-poder-prazer. "Uma scientia sexualis" tudo pesquisa e tudo
classifica. Em nome dessa ciência, o poder cria os mecanismos e
dispositivos para controlar e gerenciar os prazeres – todos e de todas as
formas. Tudo pode ser feito, desde que seja dito. As armadilhas criadas
para forçar a confissão fazem com que o que é dito se transforme em segredo
– o segredo do sexo.

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[1]Paul-Michel Foucault nasceu aos 15 de outubro de 1926 em Poitiers -
França. Membro de uma família enraizada nas tradições médicas. Traçando
outros caminhos mostra desde cedo interesse pela história. Tem como grande
acontecimento de sua época a Segunda Guerra Mundial. Contrariando o pai e
apoiado pela mão Foucault segue em direção a filosofia. Em 1946 inicia seus
estudos na Ècole Normale de rue d'Ulm. Em 1948 Foucault tenta o suicídio,
sendo levado ao tratamento psiquiátrico. Foi neste momento que entra em
contato com psicologia, psicanálise. Suas leituras passam por Platão,
Hegel, Kant, Marx, Nietzche, Husserl, Heidegger, Freud, Bachelard, Lacan,
ect. Aprofunda-se em Kant, considerando a sua filosofia uma critica a
partes da filosofia kantiana, admitia grande influência de Heidegger e por
Nietzche por quem se apaixonou. Licenciado em filosofia no ano de 1948 por
Sorbonne e em 1949 em psicologia. No ano de 1952 cursou o Instituto de
Psychologie e obteve o diploma em psicologia patológica. No mesmo ano torna-
se assistente da Universidade de Lille. Foucault lecionou filosofia e
psicologia em vários países, trabalhou como psicólogo em várias prisões e
hospitais. Em 1961 defendeu sua tese de doutorado: "Loucura e Desrazão".
Foucault faleceu em 25 de junho de 1984. Dentre suas obras destaca-se:
História da Loucura (1961), Arqueologia do Saber (1969), Vigiar e Punir
(1977), À vontade do saber - História da Sexualidade I (1976) entre muitas
outras.
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