Inventário dos padres da freguesia de Sé do Porto

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Inventário dos padres da freguesia de Sé do Porto Seguido de notas soltas sobre a paróquia portuense nas décadas de 60 e 70 de 1800 e outra documentação avulsa pelo Cónego Manuel Rodrigues do Rosário1

A transcrição que se apresenta a seguir, é a primeira parte de um manuscrito mais longo que vai para mais de vinte anos compramos na feira de Vandoma, ainda esta se fazia na Calçada de Vandoma, junto à Sé do Porto e que vinha junto com um lote de procurações e outra documentação avulsa que percorre uma boa parte do século XIX. Logo que a começamos a ler, pareceu-nos manifestamente interessante e sobre alguns aspectos importante a informação neles contida. Assim decidimos tornar acessível o manuscrito escrito pelo Cónego Manuel Rodrigues do Rosário, porque nele consta informação, em alguns casos muito detalhada, sobre os sacerdotes que exerciam nas Paróquias do Porto, tal como muita outra informação referente à mesma freguesia. Os amantes quer da genealogia, quer da história da cidade, por certo encontrarão informação, se não absolutamente desconhecida, pelo menos mais detalhada e que poderá levar a esclarecer e completar lacunas. Actualizou-se a grafia e desdobraram-se as abreviaturas, assim como se acrescentaram um extenso número de notas. Esperamos que este trabalho que irá saindo distribuído pelos próximos número da revista do IGH-ULP, vos seja útil. Álvaro de Sousa Holstein(*) e Marcelina Gama Leandro(**)

(*)

Álvaro de Sousa Holstein, pós-graduado em História de Família pela Universidade Moderna, investigador, contista, poeta, ensaísta e genealogista, nasceu no Porto, a 25 de Março de 1959. Tem trabalhos publicados em Portugal, Espanha, Holanda, EUA, Inglaterra, Brasil e Japão. Foi editor de Babel, Nebulosa [Prémio Europeu da Société Européene de Science Fiction - SESF, para o melhor fanzine oeste europeu em 1985], BIN, Flamingo e Fénix e editor associado do boletim espanhol Fandom. Publicou Caderno de Ficção Científica (Autor, V.N. Gaia, 1984), Nas Encruzilhadas do Nada (Poesia, Autor, V. N. Gaia, 1985), Bibliografia da Ficção Científica e Fantasia Portuguesa (em co-autoria, Autores, V. N. Gaia, 1987/Prémio Europeu de Ficção Científica 1987, atribuído pela Société Européene des Écrivains de Science Fiction, 2ª edição, 1993, Lisboa, Black Sun Editor), Referencial List of Ibero American Science Fiction and Fantasy Magazines, Fanzines and Awards (Autor, V. N. Gaia, 1987) e Catálogo de Ficção Científica em Língua Portuguesa 1921-1993 (em co-autoria, S. Paulo, Brasil, 1994). Membro: APE - Associação Portuguesa de Escritores, SESF Société Européene des Écrivans de Science Fiction (Delegado Português), Associação Portuguesa de Genealogia, Instituto de Genealogia e Heráldica da Universidade Lusófona do Porto, Círculo Dr. José de Figueiredo - Porto e Sociedade de Geografia de Lisboa. Colaborador no Dicionário Bibliográfico de Autores Portugueses. Realizador e apresentador de programas na extinta Rádio Caos [sócio] (1987-1990). (**)

Marcelina Gama Leandro, Engenheira Informática pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, investigadora, contista e genealogista, nasceu na Alemanha no ano anterior ao do Big Brother de Orwells e vem viver para Portugal aos 9 anos. Numa casa onde os livros rareavam, descobriu pela mão do detective mais famoso do mundo o prazer da leitura. Com a timidez própria de quem se inicia numa nova arte, consegue as suas primeiras publicações na Antologia Talento Fantástico, no Jornal Conto Fantástico, na antologia Vollüspa, na Antologia BBDE, na revista Dagon e em dois sites, um em Portugal e outro no Brasil, com contos que vão do fantástico baseado na cultura portuguesa à ficção científica.

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Pároco da Sé entre 1829 e 1859.

1

Parte 1 - Padres da Freguesia da Sé (1862 e 1863)

1862

António Roberto Jorge2 , natural do Porto, de idade de 54 anos – egresso beneditino – ordenado em Braga em 1830 – teve o curso do convento e foi graduado em Filosofia, cursando também Teologia, cujos estudos terminou em 1931. – Professor de Teologia Dogmática do Liceu do Porto. (morador na Rua do Codeçal n.º 10)

Obiit. António Mendes de Carvalho, natural do Porto, idade de 34 anos, ordenado no Porto em 1853 (Setembro) – Beneficiado da Sé desde Julho de 1853, tem o curso completo do Seminário Episcopal. (morador no Largo da Sé n.º12, Rua de São Luís n.º)

Obiit. António José Inácio, natural de Oliveira do Douro sobre Tâmega, de idade de 60 anos – ordenado em Lisboa a 24 de Março de 1835. (morador no Largo da Batalha n.º78)

Obiit. António Joaquim Ferreira, natural da Vila da Feira, de idade de 55 anos, ordenado no Porto a 19 de Março de 1831 ausente na Vila da Feira. (morador na Rua das Flores n.º3)

Obiit. António Peixoto Salgado, natural da Sé do Porto, de idade de 65 anos, ordenado no Porto em 1819 – egresso3 prestacionado da congregação do oratório desta cidade – teve o curso regular da ordem – examinador sinodal. (morador São Lazaro n.º310)

Obiit. Albino José Dias Guimarães, natural do Porto de idade de 36 anos, ordenado de presbítero em 1852 no mesmo bispado, tem o curso completo do seminário episcopal, capelão e cantor no coro da Sé. (morador na Rua do Loureiro n.º12)

Ausente António Soares Teles, natural de Santa Cruz de Alvarenga, da idade de 62 anos, ordenado em Lamego em Dezembro de 1824. (morador na Travessa de Santa Clara/Largo de Santa Clara)

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Em 1876, era Cónego da Sé Catedral e concorreu com a quantia de três contos de reis em inscrições de 3% e de 1.500.000 reis em 15 acções do Banco Português da cidade, para com estas constituir um fundo de rendimento, para viabilizar a “sopa económica”, Aníbal Barreira, A Irmandade de Nossa Senhora do Terço e Caridade da Cidade do Porto – os Estatutos, pag. 242, em Estudos em homenagem a Luís António de Oliveira Ramos, volume 1, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2004. 3

Que deixou de pertencer a uma comunidade religiosa. Pessoa que deixou a clausura.

2

António Teixeira de Vasconcelos, natural de Arouca de idade de 68 anos, ordenado de presbítero em 1824 no bispado do Porto, bacharel em cânones em 1822, cónego prebendado4 da Sé. (morador no Paço Episcopal n.º 17)

Obiit. António Pinheiro de Aragão, natural de Lamego, de idade de 77 anos, egresso secularizado da extinta ordem dos religiosos observantes da regra de são Francisco da Província de Portugal, ordenado de presbítero em 1809 no bispado de Lamego, tem o curso completo de colégio da sua ordem, actual arcipreste da Sé do Porto, cuja dignidade foi promovida de cónego, que já era, e muito antigo. (Direita 36)

Obiit. António de Sousa Madureira, 60 anos de idade. (morador no Seminário)

Obiit. António Joaquim do Espírito Santo Marques Pereira Valente, 25 anos, natural de São Pedro de Pardilhó, concelho de Estarreja – ordenado de presbítero pelo excelentíssimo Sr. D. João da França de Castro e Moura5 – teve o curso do seminário desta diocese. (morador na 2ª cura da Sé, cima da Vila n.º 89)

Ab.[sente]6 António da Silva Rocha – 28 anos – natural de Gulpilhares – ordenado pelo Sr. Bispo D. António. (morador na Rua de Souto)

Ausente † António Mendes Pereira, 24 anos, natural do Porto, teve o curso de seminário, ordenado pelo Sr. D. João da França Castro e Moura, em Setembro de 1864 – coreiro da Misericórdia. (morador na Pena Ventosa)

(† 1867. Santos óleos) Bernardo Moreira de Almeida, natural de Valongo, idade 32 anos, ordenado por D. António com o curso de seminário em 1859 – Fânzeres (morador no Cima de Vila n.º 58)

Bernardo José da Silva Tavares, natural de Canedo, de idade de 57 anos, ordenado de presbítero em 1831 no bispado do Porto, doutor em Teologia em 1831, cónego magistral da Sé, vindo transferido da de Lamego. Faleceu (morador na Rua dos Pelames)

(† 1867. Santos óleos) Dionísio Manuel Pinto e Sampaio. (morador no Largo da Policia n.º 21)

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Ecles Que, ou o que tem direito a prebenda nos cabidos. P. teologal: sacerdote encarregado de explicar e pregar teologia nas catedrais. 5

Nasceu em Fânzeres, Gondomar a 19 de Março de 1804 e faleceu a 16 de Outubro de 1868. Nomeado Bispo de Claudiópolis em 1840. Apresentado Bispo de Pequim em 1841. Bispo do Porto entre 1862-1868. Depois de receber ordens menores, parte nas Missões para o Oriente em 1825, regressando a Portugal em 1853. Põe em funcionamento o Seminário Diocesano de Nossa Senhora da Conceição, junto à Sé, no ano lectivo de 1862-63. Antes da sua morte é inaugurada a Biblioteca do Seminário. Tem uma rua com o seu nome em Gondomar. 6

adv. na falta de-, na ausência de.

3

Baltasar Veloso de Sequeira7, natural de Santa Marinha de Pedraça, de idade de 61 anos, ordenado no Porto em 1823 – egresso beneditino, teve os estudos regulares da ordem que terminou em 1828 – professor de Teologia moral no liceu do Porto. (morador na Rua de São Sebastião n.º 37)

Obiit. Domingos do Nascimento Pinto da Fonseca Teles, natural de Lobrigos, da idade de 60 anos, ordenado de presbítero em 1823 no bispado do Porto, egresso prestacionado da extinta ordem Beneditina onde completou o curso do colégio, actual tesoureiro mor da Sé do Porto, a cuja Dignidade foi promovido de cónego, que já era, tendo sido pároco de Gulpilhares (Gaia) anteriormente. (morador no Penedo n.º 46)

Custódio José Dias Fernandes Vale Rego, exposto da Roda de Lisboa, da idade de 76 anos, ordenado em Braga em 1815 – reitor de Santa Maria de Gove com Breve nom residendo. (morador na Rua da Banharia n.º 156)

Obiit. Domingos Coelho Mourão, natural de Lalim bispado de Lamego, de idade de 51 anos, ordenando em Viseu em 1832 – teve o curso de seminário de Viseu terminado em 1832 – abade colado na freguesia de Aldeia Rica no Bispado de Lamego – extinta. Capelão do asilo. (morador na Viela da Madeira, em 1866)

Ab.

7

«

No ano de 1846, era Senhor da Casa do Paço de Vides, em Pedraça (Cabeceiras de Basto), o Reverendo Padre Manuel Baltazar Veloso de Sequeira, monge beneditino e professor de Teologia no Seminário de S. Bento da vitória da cidade do Porto. Pertencia a esta casa, entre outros, um terreno no sítio de Currais, onde existia e ainda existe, uma nascente de água sulfurosa, conhecida por “Águas Santas de Currais”». (www.mapadeportugal.net/localidades/pedraca) «Reza a história, que D. Sancho terá visitado esta nascente quando se deslocou a Santa Senhorinha de Basto, em cumprimento de uma promessa para as melhoras do seu filho Afonso. Trata-se de uma nascente que brota, desde tempos imemoriais, de uma enorme rocha granítica, uma preciosa água tida como dos mais salutares efeitos, no tratamento de várias doenças. É portanto, uma água sulfurosa, outrora propriedade do Reverendo Padre-Mestre Baltasar Veloso de Sequeira. A importância desta nascente era tal, que em meados do Séc. XIX o Reverendo cedeu terreno, para que o Município aí construísse um balneário e uma hospedaria destinados aos visitantes destas águas com efeitos medicinais. Registos indicam que entre 1846 e 1850, a nascente foi visitada por uma média anual de 1800 pessoas. Com o tempo, a afluência a estas Águas Santas foi diminuindo. Afluência esta, que a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Pedraça, pretendem doravante aumentar, com a criação de condições para que os visitantes possam fruir deste espaço natural, aprazível e histórico». (http://www.cm-cabeceiras-basto.pt/index.php?oid=2760&op=all) Em 1835 a igreja do Convento de São Bento da Vitória passou a pertencer à Arquiconfraria do Santíssimo e Imaculado Coração de Maria tendo ele sido seu director.

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1863

Estanislau Joaquim Barbosa, natural de São Miguel de Matos de Sobre Tâmega, de idade de 77 anos, ordenado em Braga em 1810. (morador em Chama n.º 110)

Obiit. Carlos Verim (morador em Miradouro)

Obiit. Francisco José da Silva Couto, natural do Porto de idade de 60 anos, ordenado em 1825 (a 26 de Fevereiro) no Porto. (declarou ter 43 anos de serviços à Igreja). Cónego honorário e egresso de São João Evangelista. Ab. em Lisboa. (morador em Cima da Vila)

Obiit. Francisco de Azeredo Mesquita de Figueiredo8, natural de Godim, de 58 anos de idade, ordenado no Porto em 1828. É capelão do Terço. (morador no Hospital do Terço)

Obiit. Francisco de Oliveira Correia, natural de Ovar de idade de 73 anos, ordenado em Aveiro a 23 de Março de 1813 – beneficiado da Sé do Porto. Faleceu a 1 de Março de 1862. (morador Rua S. Luís n.º2)

Francisco de Azevedo Pereira, natural de São Tiago de Folhadela, de idade de 53 anos, ordenado na cidade de Rodrigo em 1840 (pela Pascoa) – teve o curso de Seminário de São Pedro em Braga concluído em 1832. (morador na Ponte Nova n.º25 e na Viela da Madeira em 1856)

Francisco da Costa Portela, natural de Águeda, de idade de 30 anos, ordenado no Porto a 24 de Março de 1855, tem o curso do Seminário de Aveiro concluído em 1855 – Lente substituto de Retórica no Liceu do Porto. Abade desta freguesia. (morador na Rua de Copo da Guarda n.º 9)

Francisco de Paula Mendes9, natural da Cidade de Penafiel, de idade de 34 anos, ordenado no Porto em Março de 1851 – Beneficiado da Sé do Porto por Carta Régia de 24 de Novembro de 1853, e colado em 1859, tem o curso completo do seminário. (morador na Rua Santo António do Penedo)

Obiit.

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Foi-lhe permitido usar a Medalha de Ouro com a Efígie Real, pelo rei D. Miguel, conforme publicado na Gazeta de Lisboa, nº 304, de 23 de Dezembro de 1829, a folhas 1245, 9

Tem uma rua com o seu nome na cidade de Penafiel, de onde era natural.

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Francisco José Cardoso, natural de Vouzela, Bispado de Viseu, de idade de 39 anos, ordenado em Lisboa em 1846 com demissórias10 pelo Senhor Bispo resignatário de Cabo Verde. Tem o curso do Seminário Diocesano de Viseu – Examinei e aprovei por dois anos em 24 de Fevereiro de 1862. Ignoro para onde se mudou.

Francisco de Assis Silva Aragão Araújo da cidade de Lamego – 25 anos de idade – está a estudar farmácia. (morador na Rua da Ponte Nova n.º40)

Gaudêncio da Mota Peixoto, natural de São Martinho de Sardoura, de idade de 35 anos, ordenado pelo Porto a 16 de Março de 1850 – tem o curso completo do Liceu do Porto concluído em 1861 – Ab. – despachado Pároco. (morador na Travessa da Sé)

Jeremias António Pinheiro, natural do Porto, de idade de 24 anos, ordenado em Braga em Setembro de 1861 – Ab. (morador na Rua do Sol n.º 50)

Inácio Leite de Castro, egresso beneditino, 60 anos, natural do Salvador da Moura, Arcebispado de Braga.

Obiit. João Moreira de Carvalho, natural de Lordelo, de Vila Real, de idade de 67 anos, ordenado em Braga em 1825 – Reitor dos meninos Desamparados do Paço da Marquesa11. Ab. em Campanhã. Faleceu.

João de Oliveira Saborino12 , natural de Ovar de idade de 40 anos, ordenado no Porto em 21 de Setembro de 1850 – Mestre no sobredito asilo. Ab. no Hospital de São Francisco.

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Diz-se das letras ou cartas, pelas quais um Prelado autoriza outro a conferir Ordens sacras a um diocesano daquele. «É composto por um prédio de dois pisos que ocupa os números 21 a 25 da Rua de Cimo de Vila e que ficou conhecido como Paço da Marquesa, está estreitamente ligado a duas das mais importantes instituições de caridade e acolhimento de meninos órfãos fundadas no século passado. O edifício foi construído em 1494 pelo alcaide-mor do Porto João Rodrigues de Sã e Meneses, pai de Francisco de Sã e Meneses, primeiro conde de Matosinhos e S. João da Foz. Por sucessão, passou aos condes de Penaguião e, mais tarde, aos marqueses de Fontes e Abrantes, em cuja família continuou até 1864, ano em que o último marquês de Abrantes, José Maria da Piedade Lencastre, o vendeu ao seu procurador. O novo proprietário reformou completamente o prédio e vendeu-o depois, em 1875, ao capitalista portuense João Bernardino de Morais. Este antiga casa nobre que, durante 370 anos, se conservou na posse da mesma família, é hoje um prédio vulgaríssimo, completamente desfigurado da sua traça original, mas ainda assim conhecido por Paço da Marquesa (ainda há poucos anos lá existia a Pensão Marquesa), pelo facto de, nos princípios do século XIX, nele ter vivido a penúltima marquesa de Abrantes, D. Helena de Vasconcelos e Sousa, filha dos segundos marqueses de Castelo Melhor, uma mulher cuja bondade e simpatia a tornaram querida e estimada dos portuenses. Este Paço da Marquesa, para além das ligações às ilustres e nobres famílias que o habitaram, tem, no seu historial, outros motivos históricos dignos de realce. De 1810 a 1825, por cedência da marquesa, esteve nele instalado o Recolhimento de Nossa Senhora das Dores e S. José das Meninas Desamparadas, voltando a ser ocupado mais tarde, durante 38 anos (l825-1863), por outra instituição similar, o Seminário dos Meninos Desamparados. Esta residência fidalga teve, nos seus tempos áureos, um recheio de invulgar riqueza. Com os acontecimentos políticos da primeira metade do século passado, tão adversos à nobreza, e as sucessivas mudanças de proprietário, perdeu todo o seu valor, não só patrimonial como arquitectónico, sucumbindo às transformações que nele foram feitas à medida dos novos destinos que eram dados ao prédio. Os últimos valores artísticos que perdeu foram os lambris de belos azulejos neoclássicos que cobriam o corredor que ligava a porta de entrada às escadas de acesso ao andar nobre da casa.» info: http://www.portoxxi.com/cultura/ver_edificio.php?id=50 11

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Joaquim Lopes, natural de Campanhã, idade 23 anos, ordenado no Porto no Lazaro de 1865 – Sacristão Mor da Misericórdia – teve os estudos do Liceu.

João José de Paiva, natural do Porto de idade de 64 anos, ordenado pelo Porto em 1823. Faleceu. (morador na Rua do Chã n.º82)

João Rodrigues da Silva Canelas, natural de Ovar de idade de 30 anos, ordenado no Porto a 18 de Junho 1859. (morador na Rua Biquinha n.º 33)

João Alvares de Moura13, natural de Montalegre, de idade de 57 anos, ordenado de presbítero em 1829 no Arcebispado de Braga, Bacharel em Cânones em 1829, foi advogado, cónego desta Sé e professor do Seminário Episcopal, vindo transferido de Coimbra. (morador na Rua de Cima de Vila n.º 33)

João Francisco Pinto, Ab. (Biquinha n.º 33. – Tem aula aqui, mas mora em São Nicolau)

João Bernardo, natural de Setúbal de idade de 54 anos ordenado de presbítero em 1830 no Patriarcado de Lisboa, egresso prestacionado da Extinta Ordem dos Trinos Calçados, tem o curso completo do colégio da sua ordem, cónego desta Sé. (morador na Rua de D. Maria II)

José Soares de Madureira Leitão, natural da Vila Boa do Bispo de idade de 34 anos ordenado no Porto em Setembro de 1851. Faleceu a 1863 – folha n.º 49 do Livro de óbitos. (morador da Rua de São Sebastião n.º 9)

José de Azeredo Lobo, natural da Vila de Mesão Frio, de idade de 56 anos, ordenado no Porto em Junho de 1844 – egresso de Ordem de Santo Agostinho reformada, prestacionado pelo governo. Ab. (morador na Rua Loureiro)

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Sobre a sua participação na Fundação do Colégio das Doroteias em Ovar (1897) ver: http://artigosjornaljoaosemana.blogspot.com/2010/08/fundacao-do-colegio-das-doroteias-em.html Tem uma rua com o seu nome na cidade de Ovar.

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Foi simples presbítero com licença de celebrar em Chã,no Barroso. João Álvares de Moura, nasceu em 1848, na Casa do Seminário, casa senhorial de construção granítica que remonta ao século XVIII, mais concretamente ao ano de 1780, situada esta na freguesia de Gralhas (foi a freguesia titular de uma carta de foral concedida por D. Dinis em 20 de Setembro de 1310, com disposições muito semelhantes às de Montalegre, e dirigida colectivamente aos moradores da povoação. A paróquia foi um curato da apresentação de uma terçanaria da Sé de Braga e passou a vigairaria, tendo o vigário um rendimento de 2 mil réis. No Numeramento de 1527, a freguesia registava 44 fogos), na base da serra de Larouco. O Padre João Alvares de Moura cursou várias disciplinas no Seminário Conciliar de Braga. Faleceu, na casa onde nasceu em 1920, doando todos os seus bens à diocese de Braga para a fundação de um seminário menor neste edifício. Esse seminário funcionou de 1921 a 1925 sendo o primeiro estabelecimento de Ensino Secundário do Distrito de Vila Real. Posteriormente foi transformada em casa agrícola. Em 2002, depois do parecer favorável do I.P.P.A.R., foi considerado Imóvel de Interesse Municipal pela Assembleia Municipal.

7

José Vitoriano Pinto de Carvalho14, natural de Santa Cruz do Douro, de idade de 27 anos – ordenado por Lamego em 1861 estudou no liceu e seminário. (morador na Rua da Batalha n.º 42) - Falecido

José Monteiro de Almeida, natural de Santa Cruz do Douro, de idade de 61 anos, ordenado no Porto a 22 de Setembro de 1827. Tem o curso de seminário de Lamego. (morador no Corpo da Guarda n.º 69)

Obiit. José Pereira da Cunha, natural de Ovar, de idade de 44 anos, ordenado no Porto a 16 de Março de 1850. Foi para Cura de Santo Ildefonso em Março de 1862. Ab. (morador na Rua de Santa Clara n.º23)

José Alves Moreira, natural de S. Cosme de Gemunde, de idade de 33 anos, ordenado no Porto a 20 de Setembro de 1851. Capelão dos Congregados. Ab. (morador na Rua do Loureiro n.º 46, trás da Sé)

José Henrique de Oliveira Martins15, natural da Horta de Lamego, da idade de 59 anos, ordenado no Porto em 1828 – tem curso completo do Seminário de Lamego que concluiu em 1818 – Professor Particular de Latim. Ab. (Rua Chã n.º 33)

Obiit. José Coutinho do Rego, natural de Sedielos do Douro, de idade de 27 anos, ordenado em Lamego em 18 de Setembro de 1858 – teve o Curso de Seminário de Lamego que terminou em 1858. Ab. (morador no edifício do Seminário de S. Sebastião)

Joaquim da Trindade e Silva, foi Capelão da Misericórdia. (Morador na Rua do Bonjardim n.º 341)

José da Costa Correia de Almeida, natural de S. Cristóvão de Ovar, idade de 40 anos, ordenado no Porto no dia 1 de Junho de 1844. (morador na Igreja da Sé, trás da Sé)

José Inácio Teixeira Vaz, natural de S. José de Godim, de idade 35 anos, ordenado em Lamego em Outubro de 1849. Ab. (Senhora de Agosto n.º 4)

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Parece ser o mesmo que publicou Projecto de Programma para a organização do Partido. Catholico. A Palavra. Porto. VII: 1887 (23 Novembro) 15 Foi professor de latim, francês e inglês do escritor Júlio Diniz, cujo nome verdadeiro era Joaquim Guilherme Gomes Coelho nascido no Porto, a 14 Novembro de 1839, filho do Dr. José Joaquim Gomes Coelho e de D. Ana Constança Potter Gomes Coelho. Como seu avô materno era inglês e sua avó irlandesa, Joaquim Guilherme foi bastante influenciado pelos costumes, educação e mentalidade da burguesia britânica.

8

José Pereira Peixoto de Queirós Meneses16, natural de Amarante, de idade de 54 anos, ordenado de Presbítero em 1830 no Bispado do Porto, Freire professo da extinta Ordem Regular de S. Bento de Avis, onde completou o Curso do Colégio e frequentou a Universidade de Coimbra até ao 3º ano de Cânones, não completou a formatura por doente, passando para Abade de Cepelos, onde serviu por espaço de 16 anos, sendo promovido a Cónego desta Sé. (morador na Rua de Pelames n.º e no Largo da Sé)

José do Amaral Sousa Pinto, natural de S. João Baptista de Cinfães, Lamego, 32 anos e ordenado por Lamego. Foi para pároco da dita freguesia de Cinfães a 30 de Dezembro de 1864. (Capelão do Asilo de Mendicidade17)

José António da Rocha, filho de Manuel José da Rocha e Maria Ludovina da Rocha, natural de Santa Maria de Gulpilhares, ordenado com demissórias do reverendo Vigário Capitular, pelo Senhor Arcebispo Primaz D. José Joaquim de Azevedo e Moura18 a 5 de Abril de 1862 – tem o curso do Seminário do Porto. Ordenou-se com dispensa de idade. (Capelão da Lapa, mora na Rua do Souto)

José Pinto de Resende, filho de António Pinto e Ana Joaquina, natural de S- João Baptista de Cinfães, ordenado em Lamego a 20 de Setembro de 1851, pelo Sr. Bispo D. José de Moura Coutinho19, tem 36 anos – teve os estudos ordinários. Capelão Menor das Freiras de S. Bento. (Capelão do Asilo de Mendicidade, morador na Rua do Loureiro n.º 3)

16

O seu nome e filiação, aparece a folhas 11 (registo 171 – 1º ano Jurídico), da Relação e Índice Alphabetico dos Estudantes matriculados na Universidade de Coimbra no anno lectivo de 1827 para 1828, suas naturalidades, filiações e moradas. Coimbra, na Real Imprensa da Universidade, 1827. Era filho de filho de José Peixoto Sarmento de Queiroz, natural de Amarante, Comarca de Penafiel. Rua dos Militares, nº 37. O mesmo se passa para o ano seguinte, só que aparece a folhas 8 (registo 39 – 2º ano Jurídico) da Relação e Índice Alphabetico dos Estudantes matriculados na Universidade de Coimbra no anno lectivo de 1829 para 1830, suas naturalidades, filiações e moradas. Coimbra, na Real Imprensa da Universidade, 1829. A morada entretanto mudou para Terreirinho da Pela, nº 112. Um seu irmão, Francisco Pereira Peixoto de Queiroz e Menezes frequentava em 1827, o terceiro ano da Faculdade de Teologia, na mesma Universidade. O pai deles, José Peixoto Sarmento de Queiroz, era Magistrado e foi deputado pelo Minho, conforme publicado no Diário da Regência, nº 62, de 13 de Março e 1821 e era membro da Loja Amizade - Obediência : Grande Oriente Lusitano (Lisboa 1820?-1823), tendo como companheiros, entre outros ,Henrique Xavier Baeta, natural de Salvaterra, 1776, Médico e João Carlos de Morais Palmeiro, natural Lisboa, 1793, Proprietário. Foi também subscritor da Chronica de el rei D. Sebastião de Bernardo da Cruz, Alexandre Herculano, António da Costa Paiva Castello de Paiva (barão de). Aparece também no Correio do Porto, nº 764, de 1815, como escrutinador na Junta Eleitoral da Comarca de Penafiel. Também aparece nas listas publicadas no Diário das Cortes, geraes, extraordinárias e constituintes da Nação Portugueza, segundo anno da legislatura – Tomo sétimo – Lisboa Imprensa Nacional, 1822.

17

O Asilo de Mendicidade foi instalado em 1846, depois de lhe terem sido feitas obras de adaptação, no edifício do antigo matadouro das Fontainhas que tinha deixado de funcionar em 1840, quando este foi mudado para o Carvalhido. 18

«Nasceu, 18/10/1794, em na S. Pedro, concelho de Alfândega da Fé, filho de José de Moura (Professor régio). Estudou no Seminário de Braga e seguiu a vida eclesiástica. Licenciou-se em Cânones na Universidade de Coimbra. Era deão da Sé de Évora, quando foi nomeado Bispo de Viseu, em 20.09.1845. Foi confirmado por Bula de Gregório XVI, Apostolatus Oficium, de 19.01.1846. Foi sagrado bispo em S. Vicente de Fora, em 29 de Março e tomou posse em 19 de Julho, fazendo a sua entrada triunfal em 27.07.1846. Foi Ministro da Justiça entre 21 de Fevereiro e 29 de Março de 1848, no reinado de Da. Maria II, sob a presidência do Duque de Saldanha. Em 27.02.1856 foi promovido a Arcebispo Primaz da Arquidiocese de Braga, sendo confirmado, por Pio IX, em 16 de Junho. No dia 13 de Setembro, vendo que não podia chegar a tempo da abertura das aulas do Seminário, expediu de Viseu um Regulamento provisório, composto por 24 artigos sobre matrículas, lições, disciplina escolar e exames dos alunos. Apresenta-se assim, com muita ilustração e grande firmeza. É considerado o grande reformador do Seminário dando-lhe um Regulamento. Deixou Viseu a 04.11.1856 e a 18 do mesmo mês faz a sua entrada solene em Braga. A sua acção como reformador do clero que, salvo algumas excepções não tinha moralidade, faz sentir através das Instrucções disciplinares e de Palestras. Preocupou se com a cultura do clero fundando uma Biblioteca no Seminário Conciliar. Em 14.06.1863, enquanto arcebispo de Braga que foi lançada solenemente, no monte Sameiro a primeira pedra do Monumento da Imaculada Conceição. Em 1875 retirou se para junto dos seus familiares em Évora, onde veio a falecer a 27.11.1876.», em Dicionário de Barroso da Fonte. 19

Bispo de Lamego entre 1844 e 1861. Genealogista.

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Henrique da Silva Barbosa, de idade de 43 anos (em Março 15 deste ano), natural do Porto (S. Nicolau), ordenado nesta Diocese a 16 de Março de 1850, habilitado para confessor a 23 de Julho dito – frequentou o púlpito desde Março do dito ano até fins de Outubro de 1854 – Examinador Sinodal20 em Março de 1853 – Pároco Encomendado de S. Miguel de Arcozelo desde 11 de Setembro de 1853 e Abade colado na mesma Igreja em Fevereiro de 1854 (apresentado por Concurso), Secretário Particular do Sr. Bispo D. António Bernardo da Fonseca Moniz21 desde Dezembro de 1855 até o seu falecimento a 4 de Dezembro de 1859 – Opositor à Igreja de Santa Maria de Válega e classificado em primeiro lugar no Concurso (apesar da má vontade …) e depois à Igreja da Sé do Porto na qual foi apresentado e colado a 23 de Novembro de 1859 – tradutor do Catecismo do Padre Gaume. Foi Professor particular das línguas Francesa e Inglesa, fazendo exame desta última para mestre no Liceu do Porto – teve os estudos regulares para sua ordenação concluídos em 1850. Obiit em 1900.

Leonardo Pinto da Cunha, natural do Porto, da idade de 63 anos, ordenado Presbítero em 1822, no mesmo Bispado, tem o Curso completo do seminário, sacristão Mor da Sé. Obiit (morador nos Gatos n.º 35)

D. Luís do Pilar Pereira de Castro22 , natural de Monção, da idade de 52 anos, ordenado de Presbítero em 1835 no Bispado de Tuy, egresso prestacionado da Extinta Congregação dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, Doutor em Direito em 1844, completou o curso regular do seu Colégio na Corporação actual Deão da Sé do Porto, a cuja dignidade foi promovido da de Mestre Escola (Ab., morador em S. Lázaro n.º ) 20

Teólogo nomeado num sínodo para examinar outros clérigos. Geralmente está associado a um outro termo com prefixo, tal como examinador pro-sinodal ou juiz pro-sinodal. 21

Antes de ser Bispo do Porto, foi Abade de Beiriz e secretário de Dom Frei Miguel da Madre de Deus da Cruz OFM (Torre de Moncorvo, 8 de Maio de 1739 - Braga, 21 de Agosto de 1827), quarto bispo de São Paulo e quinquagésimo nono arcebispo de Braga, tendo sido ordenado sacerdote em 24 de Setembro de 1763. 22

O seu nome e filiação, aparece a folhas 16 (registo 42 – 3º ano de Direito), da Relação e Índice Alphabetico dos Estudantes matriculados na Universidade de Coimbra no anno lectivo de 1840 para 1841, suas naturalidades, filiações e moradas. Coimbra, na Real Imprensa da Universidade, 1840. Era filho de filho de Caetano José Pereira de Castro, natural de Monção, Distrito de Viana. Paço Episcopal.

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Obiit. Manuel António da Silva, natural de Santo Ildefonso, desta Cidade, da idade de 57 anos, ordenado no Porto, em Setembro de 1826 – Coveiro da Misericórdia e Procurador das Freiras de S. Bento. (Ab., morador na Rua do Loureiro n.º 1)

Obiit. Manuel Dias de Carvalho Sales, natural de Canelas do Douro (Arcebispado) de 60 anos de idade, ordenado em Castelo Branco em Março de 1826 – capelão Mor das Freiras Beneditinas. (morador na Rua do Loureiro n.º 1)

Ab. Manuel Filipe da Assunção, natural de Almacave, da idade de 28 anos, ordenado em Lamego a 20 de Setembro de 1856. (morador na Rua Cimo de Vila n.º 44)

Manuel Cosme da Silva Lobo, natural de Travanca (Lamego), da idade de 36 anos, ordenado em Lamego a 20 de Setembro de 1851. (morador na Rua do Sol n.º 81)

Ab. Manuel Rodrigues do Rosário, natural de Lamego, da idade de 65 anos, ordenado Presbítero em 1822, no Bispado do Porto, tem o Curso completo do Seminário Episcopal, Cónego prebendado da Sé, a que foi promovido de meio prebendado que era. (morador nas Fontainhas n.º 211 – Miradouro)

Obiit. Miguel (morador na Rua da Banharia n.º 20?)

Silêncio Xavier Ferreira23, natural de Lisboa, da idade de 29 anos, ordenado de Presbítero em 1855 no Bispado do Porto, Bacharel em Direito em 1854, Cónego Capitular da Sé. Faleceu em 1863 a folhas 21 do Livro de Óbitos.

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O seu nome e filiação, aparece a folhas 17 (registo 76 – 3º ano de Direito), da Relação e Índice Alphabetico dos Estudantes matriculados na Universidade de Coimbra no anno lectivo de 1850, suas naturalidades, filiações e moradas. Coimbra, na Real Imprensa da Universidade, 1851. Era filho de filho de Francisco Xavier Ferreira, natural de Lisboa, Rua …

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Parte 2 – Lista para o Corpus Christi de 1868

Presbítero Diácono

Nomes

Moradas António António Gomes Pereira Manuel Gomes de Castro Baltasar Veloso de Sequeira Estanislau Joaquim Barbosa António José Nogueira Manuel Dias de Carvalho José Albino José Pinto Resende João Cardoso de Sousa José Monteiro de Almeida Manuel da Silva Tavares (Diácono) José Valente de Matos (minorista) João Pereira de Resende (minorista) António Dias Pinto Balas (Diácono) Joaquim Lopes João Vieira da Silva Canelas António Mendes Pereira de Meireles Francisco de Azevedo Pereira Dionísio Manuel Pinto de Sampaio Capelão do Asilo da Mendicidade Miguel Leonardo de Almeida Carvalhais Luís Baptista Montes

Trás da Sé, n.º 37 Senhora de Agosto, n.º 24 Idem, n.º 20 S. Sebastião, n.º 37 Chã, n.º 110 Santa Clara – Hospício S. Bento – Hospício Idem Idem Idem Corpo da Guarda, n.º 61 Travessa do dito, n.º 9 Idem Idem Idem Flores, n.º 3 Biquinha, n.º 33 Pena Ventosa, n.º 6 Ponte Nova, n.º 25 Largo da Polícia, n.º 20 Fontainhas Idem, n.º 87 S- Luís, n.º 36 Cima de Vila, n.º 113

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Parte 3 – Cópia do testamento de D. Ana Rita de Macedo, na parte respeitante ao Capelão dos Moribundos

(Nota à margem - Este testamento encontra-se na Câmara Municipal, no Livro 44 do Registo Geral dos Testamentos, a folhas 194 e registado sob o n.º 92. Segue-se a assinatura do Abade Joaquim José de Oliveira Cunha. O testamento tem a data de 1823)

«E dos juros da dita quantia (dois contos e quatrocentos mil reis) se darão cinquenta mil reis metálicos , cada ano, a um Presbítero de boa vida e costumes, aprovado para confessar ambos os sexos e dar a absolvição Papal, sendo obrigado a assistir aos moribundos pobres, da freguesia da Sé e a outras quaisquer pessoas que o chamarem para os ajudar a bem morrer, sem que nisso cometa a menor comissão, pela qual poderá ser expulso; será secular e da mesma freguesia, havendo-o e quando não haja, poderá ser natural de fora, mas deverá morar dentro da freguesia, sem que nunca seja o Reverendo Pároco ou Curas da mesma freguesia, será sim eleito e escolhido pelo reverendo Pároco da mesma freguesia e não poderá ser expulso, tanto pelo Reverendo pároco, como pela Mesa, sem que haja motivo justo na falta de cumprimento das suas obrigações e … de vida e costumes e proibição de confessar, assim como a residência fora da freguesia e quando a … ou seja obrigado a sair fora da freguesia por pouco tempo deverá deixar outro à aprovação do Reverendo Pároco. Darão mais dos mesmos juros todos os anos 1.200, mil e duzentos reis a cada uma das doze órfãs e doze viúvas, todas pobres, honestas e recolhidas e da freguesia da Sé, depois de se terem confessado e recebido a Eucaristia e de se ter recolhido o Santíssimo no Altar em Quinta feira Santa, sendo cada uma obrigada a rezar duas estações junto do Altar, uma por alma do meu irmão o Reverendo Manuel Ramos, Abade que foi da dita freguesia e outra pela alma dela testadora e de suas obrigações; mais darão no mesmo dia dois mil e quatrocentos centavos, a um sacerdote pobre, de boa vida e morador na mesma freguesia da Sé ou de fora, não o havendo nela, para que na mesma Quinta feira Santa reze duas vezes o Tedeum em honra do Santíssimo e outras duas vezes o Miserere pela minha alma e de minhas obrigações; e todos serão escolhidos pelo Reverendo Abade o qual ou alguma outra pessoa os não poderá expulsar, enquanto permaneçam no mesmo estado e honesto procedimento; e peço pelo amor de Deus ao reverendo Pároco que é e vier a ser que vigie muito sobre o cumprimento dos presentes legados ….» É cópia fiel Porto e Sé 8 de Julho de 1905 Abbe: Joaquim José d’Oliveira Cunha (Margem direita: «A nomeação do Capelão de Moribundos é feita pelo Pároco e não está sujeita a aprovação da Mesa de Devoção do Santíssimo, como se supunha e praticava erradamente.» «As doze órfãs e doze viúvas também são escolhidas pelo Pároco e não pela Devoção como sempre se usou, devido a não se ter conhecimento do referido testamento.»

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Parte 4 – Capelão de Moribundos

Legado de D. Rita digo de D. Ana Rita de Macedo (irmã do Abade que foi da Sé, Manuel Ramos) a cargo da Devoção (ainda então se denominava Confraria) do Santíssimo Sacramento da Sé. “E que dos juros da dita quantia se dariam cinquenta mil reis em metal a um sacerdote aprovado para confessar ambos os sexos com a necessária licença de dar a absolvição real aos moribundos, de os ajudar a bem morrer, sendo-lhe dada esta quantia anualmente pelos ministérios prestados aos pobres da freguesia da Sé que o dito sacerdote assistiria na freguesia da Sé que seria de bons costumes, sacerdote secular e não nenhum dos párocos da dita freguesia, podendo ser expulso quando fosse omisso nas suas obrigações e não sem motivos justificados.” Assim consta de um quadro que está dependurado na secretaria da dita devoção que transcrevo aqui ipsis verbis,, menos os entre parêntesis . Quanto a denominar-se naquele tempo Confraria prova-se por um manuscrito que existe na biblioteca pública acerca do altar de prata da Sé e quanto às omissões da importância da quantia deixada para este legado e outra que passo a referir, não sei que as motivou. A omissão mais importante é a de não dizer que a nomeação do capelão dos moribundos pertence ao Abade da Sé. Declaro isto para servir de governo ao meu sucessor, pois se tem querido absorver este direito por parte da referida Devoção, no que eu por ser informado da verdade, nunca consenti. Sé do Porto 5 de Abril de 1890. Abbe Henrique da Silva Barbosa24

Este não é a cópia verdadeira; é apenas um extracto do testamento na parte referente ao Santíssimo. A verdadeira vem na página antecedente. Abbe Joaquim José de Oliveira Cunha

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O texto aparece escrito por outra pessoa que não o Abade Joaquim José de Oliveira Cunha, aparentando ter sido escrito pelo signatário do texto.

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Bibliografia:

Correio do Porto Diário da Regência Dicionário de História Religiosa de Portugal, dir. Carlos A. Moreira Azevedo, Lisboa, Círculo de Leitores, 2000. Fonte, Barroso da, Dicionário dos Mais Ilustres Transmontanos e Alto Durienses, vol. I, II e III., Guimarães, Editora Cidade Berço Estudos em homenagem a Luís António de Oliveira Ramos, volume 1, Porto, Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2004. Estudos em homenagem ao Professor Doutor José Marques, volume 1, Departamento de Ciências e Técnicas do Património e Departamento de História, Universidade do Porto, 2006. Fastos Episcopais da Igreja Primacial de Braga, Edição da Mitra Bracarense Gazeta de Lisboa (1 Junho 1829 a 31 Dezembro 1829) Mattoso, José (Org.), História de Portugal, Lisboa, Círculo de Leitores, 2005 25

Monteiro , António Xavier de Sousa, Manual de Direito Administrativo Parochial, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1870. Relação e Índice Alphabetico dos Estudantes matriculados na Universidade de Coimbra no anno lectivo de 1827 para 1828, suas naturalidades, filiações e moradas. Coimbra, na Real Imprensa da Universidade, 1827 e seguintes Revista Análise Social, Faculdade, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Revista da Faculdade de Letras, Faculdade de Letras da Universidade do Porto. 26

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Informação sobre o autor pode ser encontrada em: http://pt.wikipedia.org/wiki/António_Xavier_de_Sousa_Monteiro Publicado originalmente na revista do Instituto de Genealogia, Heráldica e História de Família da Universidade Lusófona do Porto

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