Investigacoes sobre o conceito de parresia I

May 30, 2017 | Autor: Rogério Mattos | Categoria: Shakespeare, Michel Foucault, Hamlet, Psicoanálisis, Parresía
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Investigações sobre o conceito de parresía (I): o caso Hamlet, a soberania sobre si e os descaminhos da análise psicanalista-existencialista “Acontece que as Memórias de Schreber estão tomadas por uma teoria dos povos eleitos por Deus e dos perigos que corre o povo atualmente eleito, o alemão, ameaçado pelos judeus, pelos católicos, pelos eslavos. Nas suas metamorfoses e passagens intensas, Schreber devém aluno dos jesuítas, burgomestre de uma cidade onde os alemães se batem contra os eslavos, a moça que defende a Alsácia contra os franceses; por fim, atravessa o gradiente ou o limiar ariano para devir um príncipe mongol. Que significa esse devir aluno, burgomestre, moça, mongol? Não há delírio paranóico que não revolva tais massas históricas, geográficas e raciais. O erro seria concluir disso, por exemplo, que os fascistas são simples paranóicos; isto seria um erro, precisamente, porque no estado atual das coisas seria reconduzir o conteúdo histórico e político do delírio a um determinação familiar interna. E o que nos parece mais perturbador é que todo este enorme conteúdo desapareça completamente na análise feita por Freud: nela não subsiste traço algum de tudo isso; tudo é esmagado, moído, triangulado no Édipo, tudo é apoiado no pai, de maneira a revelar o mais cruamente a insuficiência de uma psicanálise edipiana”. “Que operação mais perversa é a psicanálise: culmina-se nela esse neoidealismo, esse culto restaurado da castração, essa ideologia da falta que é a representação antropomórfica do sexo!”. (O ANTI-ÉDIPO, de Gilles Deleuze e Felix Guattari)

Assim como na Grécia antiga o conceito de governo de si, pelo menos desde Sócrates ou do diálogo Alcebíades, tornava explícita imediatamente sua vinculação com o governo dos outros, as análises “psicanalistas-existencialistas”, ao cometerem a barbárie de pensar uma existência do ego completamente descolada de problemas sociais mais complexos (como no Anti-Édipo, o presidente Schereber tem delírios histórico-políticos e não um “culto restaurado da castração”) são tanto incapazes de compreender o fenômeno literário, quanto – ainda menos – o próprio mundo onde vivem uma infinidade de Édipos, tão proliferantes quanto os micro-fascismos, os neofascismos, como entendiam Guattari e Deleuze. O “caso Hamlet” é um épico pela presença do herói que não se dobra à qualquer mal-consciência, seja a das aparições fantasmáticas, das conspirações opressoras, ou medo ou remorsos ao fragor das batalhas. Um caso clássico do uso da parresía, um caso clássico também de tragédia, mas talvez nem tanto do herói – que se

consagra –, mas do reino dividido pela stásis, pela guerra civil sem tréguas, e que pode falar de psicologia ou de psicanálise, mas também de literatura, com por meio da qual nos colocamos num ponto de vista privilegiado por onde podemos ver a história sem o rigor dos positivistas, dos documentalistas... mas sem remorsos de ver surgir a mais lídima figura histórico e literária como cantada no Nascimento da Tragédia.

O caso de Hamlet não difere do “problema inglês”, cuja resolução foi imaginada por Thomas Hobbes no seu Leviatã. A guerra de todos contra todos nunca existiu. Ela é hipotética na medida em que faz as abstração de um fato marcante na história inglesa e que se desenrola com o problema sucessório criado após a morte da rainha Elizabeth. “O adversário invisível do Leviatã é a conquista1”. E esse adversário provoca a questão do “sofrimento linguístico”, o fato da prática do direito se tornar inacessível à população por ser escrito em língua estrangeira; provoca a questão suscitada pela mitologia popular, Robin Hood, a volta do rei Haroldo ou o culto aos reis santos, em contraposição a um conjunto de lendas aristocráticas, quase monárquicas, reativadas com a dinastia Tudor, mas desenvolvidas durante o reinado dos reis normandos, ou seja, essencialmente a lenda do ciclo arturiano, não exatamente uma lenda normanda, porém não saxã. “Logo, dois conjuntos mitológicos fortes, em torno dos quais a Inglaterra sonhava, em modos absolutamente diferentes, seu passado e sua história 2”. Junto à questão mitológica, a memória histórica das revoltas, ora com nítido caráter racial, ora ocasionando a limitação do poder régio e a expulsão dos estrangeiros. Morre o rei Haroldo e Eduardo, antes mesmo dessa morte, já havia designado Guilherme como seu sucessor, prestando o juramento de que caso Guilherme, o Conquistador, subisse ao trono inglês, ele o aceitaria. Se perdesse a guerra contra os normandos, Eduardo cederia a coroa voluntariamente; como seu sucessor faleceu, cabe de direito ao conquistador o reino. Foi esse problema sucessório, problema de conquista, que Hobbes procurou resolver tendo em vista uma guerra total baseada num esquema binário onde, pela primeira vez na história, pôde ser articulado a partir dos fatos da nacionalidade: língua, origem, hábitos e leis ancestrais, o legado de um passado comum. Legado histórico que 1 2

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 2010, p. 82. Idem.

permitiu a avaliação de toda a extensão do desenvolvimento das instituições nacionais, assim como analisá-las em termos de enfrentamento e de guerra, “a um só tempo cientificamente, hipocritamente, mas violentamente travada entre as raças 3”. A revolta agora não se legitima pela simples constatação de que a situação das classes inferiores se tornou insustentável (o que era, de modo geral, o discurso na Idade Média); ela se legitima como uma espécie de direito absoluto, pois “corresponde a certa ordem social que é a da guerra, à qual ela dará fim como derradeira peripécia 4”. Temos na Inglaterra dos séculos XVI e XVII a gênese do discurso racista e/ou racial, aquele que posteriormente irá suplantar a história monumental da Idade Média (herdeira da Oração Fúnebre de Péricles, do ardil de Tucídides: a legitimação da Guerra do Peloponeso), a do louvor aos nobres e monarcas, pelo ressurgimento da história bíblica dentro do mundo secular, a sociedade de classes e os embates entre Caim e Abel, entre a raça dos escolhidos e a dos párias. Daí a constatação de Foucault de que todo o discurso socialista em seu princípio é também um discurso racista. Assim, no socialismo do século XIX estaria a pré-história da eugenia, ainda que, de nosso ponto de vista, de Malthus a Marx (passando pelo papel central exercido aí por David Ricardo), os dois discursos sejam simultâneos e não excludentes, assim como há mais diferença de forma do que de fundo entre a sociedade Monte Pelerin (a escola austríaca de economia) e a escola de Frankfurt , ou entre a social-democracia e o neoliberalismo5. Porém é inviável desenvolver por aqui toda essa discussão. Em Hamlet, ao contrário das crises existencialistas que veem nele uma síndrome do “eu-rachado” ou dividido, podemos ver todas as peripécias pelas quais, tal como Platão em Siracusa, na Ciropédia de Xenofonte, ou em Sócrates diante do tribunal, se constitui a parresía ou coragem de se falar a verdade, ainda que, ou principalmente se, em perigo de vida. O “caso psicanalítico” Hamlet, supostamente o caso fundador da moderna dramaturgia e como que “metáfora do homem moderno”, é esvaziado de sentido ao não se considerar os fins do que Foucault estudou como o cuidado de si:

Para aquele fim seria preciso uma outra espécie de espíritos, diferentes daqueles prováveis nesse tempo: espíritos fortalecidos por guerras e vitórias, para os quais a conquista, o perigo e a dor se tornaram até mesmo necessidade; seria preciso estar acostumado ao ar 3

Idem, p. 92. Idem. 5 Não falo só do contesto brasileiro, como do Europeu de um modo geral, da amálgama dos dois ideários, ainda não compreendida em sua totalidade nas críticas pioneiras feitas por Rosa Luxemburgo. 4

cortante das alturas, as caminhadas invernais, ao gelo e aos cumes, em todo sentido; seria preciso mesmo uma espécie de sublime maldade, uma última, securíssima petulância do conhecimento, própria da grande saúde, seria preciso, em suma e infelizmente, essa mesma grande saúde!6...

Somente assim venceríamos os homens bons, os cansados, os sentimentais, os vãos – o homem da reação, do ressentimento e da má consciência, forjados numa terrível arte da memória, aqueles que sacralizam a vingança sob o nome de justiça. Passividade para Nietzsche não quer dizer não atividade – aquela é somente a reação no momento em que esta não mais está em ação. “Passif désigne le triomphe de la réaction, le moment où, cessant d’être agie, elle devient précisément un ressentiment 7”. O homem do ressentimento é aquele que não mais ama, mas o que é amado, acariciado, cultivado pelos outros como uma rosa frágil, posto para dormir como uma criancinha: o rei adúltero, o irmão, assassino e marido da mulher do antigo rei. Por isso, aparece na peça com seu amargor constante, seu ressentimento, sua impotência, sua suscetibilidade. Ele é o escravo que “face à tous les exercices qu’il est incapable d’entreprendre, il estime que la moindre compensation qui lui est due est justement d’en recueillir un bénéfice. Il considere donc comme une preuve de méchanceté notoire qu’on ne l’aime pas, qu’on ne le nourrisse pas8”. Por isso o rei sempre desconfia do ar sorumbático de Hamlet, seu acanhamento, suas constantes reclusões. Queria ser aclamado e amado pelo príncipe como o novo rei, como o adorado e idolatrado pelo futuro herdeiro. Hamlet não desconfia do rei, porém não aceita o casamento tão rápido de sua mãe com ele, e acha toda a história da morte de seu pai e tudo o que sucede difícil de digerir. Mas, até Hamlet obter, com a peça de teatro, o que ele considera a prova irrefutável das acusações feitas pelo fantasma de seu pai, não há clima de guerra entre o novo rei e o príncipe. A suposta loucura de Hamlet é definitivamente prognosticada pelo detentor do poder após esse incidente e sua consequência imediata, a morte do conselheiro de Estado, Apolônio. E deixemos aos doutores, aos que conhecem a mente humana e as mais sublimes expressões artísticas reverberarem a voz do rei, do soberano, a respeito do “caso clínico” de Hamlet, pois sabemos:

6

NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 78. 7 DELEUZE, Gilles. Nietzsche et la Philosophie. Paris : Quadriage/PUF, 2007, p. 135. 8 Idem.

L’homme du ressentiment est l’homme du bénéfice et du profit. Bien plus, le ressentiment n’a pu s’imposer dans le monde qu’en faisant triompher le bénéfice, en faisant du profit non seulement un désir et un penseé, mais un système économique, social, théologique, un système complet, un divin mécanisme. Ne pas reconnaître le profit, voliá le crime théologique est le seul crime contre l’espirit. C’est en ce sens que les escraves ont une morale, et que cette morale est celle de l’utilité9.

O vínculo da utilidade é o que liga o rei a seu conselheiro10, o que separa Ofélia de Hamlet, e o que provocará mais tarde o desfecho dantesco da peça, iniciado com o embate entre o protagonista e Laerte, e que vitimará todos os principais personagens, deixando vivo em meio à cena, em meio aos corpos, apenas Horácio e o príncipe da Noruega, Fortimbrás. Considerando que “a parresía é, portanto, em duas palavras, a coragem da verdade naquele que fala e assume o risco de dizer, a despeito de tudo, toda a verdade que pensa, mas é também a coragem do interlocutor que aceita receber como verdadeira a verdade ferina que ouve11”, vemos como o ciclo que representa a parresía vai da coragem do protagonista ao voltar à sua terra, a terra do rei traidor que matou seu pai e logo em seguida desposou a viúva sua mãe, para restabelecer a verdade depois de ter levado à morte aqueles que, enviados pelo rei da Dinamarca, iriam lhe matar antes da chegada ao exílio do louco Hamlet, na Inglaterra, até seu encontro olho a olho com o irmão ferido pela morte de Ofélia – acusa também a Hamlet – e que, ao se esclarecer através do ato de coragem toda a verdade, recebe o perdão daquele antes ofendido, porém liberto depois de ter ouvido a ferina revelação sobre quem armou todos os infortúnios que ocorreram sem cessar até então. O ciclo da parresía está completo, o rei devidamente desmoralizado, a rainha morta, porém jaz na cena Horácio, o fiel amigo de Hamlet, e Fortimbrás. Novamente o problema sucessório, o problema da conquista, o problema do monarca estrangeiro que reivindica seus direitos em terras estranhas. Diz Fortimbrás depois de consumada a chacina: “Vamos ouvir os fatos, sem demora, e chamar a nobreza como audiência. Quanto a mim, com tristeza aceito a sorte: 9

Idem. Apolônio tem as características do homem bom, o da boa moral e dos bons conselhos, o da palavra útil no momento oportuno. É assim que trata sua filha Ofélia ao aconselhá-la a se afastar de Hamlet tendo em vista que ele iria se casar em linhagem nobre, logo seu romance seria simples aventura juvenil que poderia colocar em risco a pureza da donzela; é assim que trata seu filho Laertes, ao enviá-lo para Paris e levar em seu encalço dois espias para rastrear qualquer desvio de conduta do jovem. Suas falas, expostas por Shakespeare, parecem o supra-sumo da sabedoria, como se o velho fosse uma espécie de Sêneca em pleno cultivo de suas faculdades intelectuais em meio à senilidade, e não um velhaco cultuador do status quo. 11 FOUCAULT, Michel. A coragem da verdade. São Paulo: Martins Fontes, 2011, p. 13. 10

tenho tradicional direito ao reino, que agora sou chamado a reclamar 12”. Novamente o problema da conquista estrangeira, do direito normando versus as tradições saxãs, agora reavivada pela morte sem herdeiros da rainha frígida, Elizabeth, pela sobrecodificação dos fluxos operada pelo império territorial, pelo incesto do rei déspota – opção por se manter “em família”. Jaime I, primo da rainha falecida, sobe ao trono em detrimento do jovem Essex, filho do suposto amante de Elizabeth, e conclama seu direito divino de governar a ilha, não sem antes se resguardar nas garantias financeiras dos genoveses, asseguradas por sua vez pelo monopólio real sobre o débito público e no recolhimento dos impostos, assim como pela pena de sir Francis Bacon, legitimadora da monarquia – situação combatida, porém fracassada durante a Guerra Civil, que fez aprofundar ainda mais a dependência inglesa frente aos interesses econômicos estrangeiros, principalmente depois da Restauração dos Stuart. Aí, a tal ponto esses interesses chegaram que podemos falar que Londres se transforma na nova Veneza. O escritor do primeiro Fausto, Christopher Marlowe, que descreve o impacto da chegada dos venezianos à ilha, dos distúrbios de que são provocadores, é assassinado pouco depois de tornada pública sua peça.

People, writing at that time, were very aware, and very explicit, that the new financial model was derived from Venice. Thus, in the years preceding the 1688 “Glorious Revolution” in England, we find the 1651 proposal by Sir Balthazer Gerbier for the creation of a “bank of payment in London after the style of either the bank of Amsterdam, or that of Venice;” the 1678 book by Dr. Mark Lewis, Proposals to the King and Parliament, where he calls for the creation of a national “bank of issuance,” based on the design of the Bank of Venice, which he praises as "the perfect credit bank;" and the 1690 call by Nicholas Barbon for the creation of a national public bank, modeled on those “in Venice and Amsterdam.” It is therefore, no exaggeration to say that the 1582 Giovani Revolution was the point of origin for the AngloDutch System 13.

A constatação dessa mudança é clara ainda no século XIX, quando o neto de mercador veneziano e primeiro-ministro britânico, Benjamin Disraeli, escreve em 1844:

The great object of the Whig leaders in England....in 1688, was to establish in England a high aristocratic republic on the model of the Venetian. William III...told the Whig leaders, “I will not be a 12

SHAKESPEARE, William. Hamlet. In: Tragédias e comédias sombrias: teatro completo, volume 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006, p. 544. 13 INGRAHAM, Robert D. The Modern Anglo-Dutch Empire: it’s origin, evolution, and anti-human outlook. Pág. 18. Disponível em: http://www.oaklandasp.comcastbiz.net/

Doge.“ The reign of Anne was a struggle between the Venetian and the English systems... George I was a Doge; George II was a Doge...George III tried not to be a Doge...but he could not rid himself of the Venetian constitution14.

A Revolução Giovani rapidamente mencionada na citação acima é a que derrotou o partido dos vecchios, parte da nobreza veneziana ainda ligada à decadência da república após a quebra das casas bancárias dos Bardi e Peruzzi no século XIV, arrastando junto de si toda a Europa que, sem as mínimas condições materiais ou produtivas para se sustentar – com sua riqueza toda empenhada nas mãos dos banqueiros em bancarrota – sucumbiu à Peste Negra, vinda do Oriente em navios venezianos que para lá iam trocar ouro por prata ou vice-versa e sustentar assim a especulação financeira e a usura que praticavam no velho continente. Os Giovanis vão para Amsterdã, onde reiniciam as antigas práticas comerciais e financeiras de seus antepassados, logo após mudando-se para a Inglaterra, quando finalmente triunfam com a ascensão de Guilherme de Orange15, a criação de um banco central independente e a vitória final do parlamentarismo, ou seja, de um poder executivo fraco – o que se torna uma verdadeira derrota quando coadjuvado por um banco nacional privado forte. Problema de soberania, não problema estatal. Se Shakespeare como poeta é capaz de parresía, do falar franco e corajoso – o que vitimou seu contemporâneo Marlowe –, na arena política vemos se desenhar uma situação que mais tarde irá afetar a mais idolatrada das revoluções, a de 1789 na França. Das pesquisas de Pierre Beaudry publicadas na revista Executive Intelligence Review, apreende-se o vínculo entre o livro de Félix Louis Montjoie, enterrado por séculos na Biblioteca de Paris e até hoje ignorado pela inteligência francesa, a Historie de la Conjuration de Louis-Philippe-Joseph D’Orléans, surnommée Egalité, os despachos do embaixador veneziano em Paris durante a Revolução, Antonio Capello, e o paradoxo que o presidente da Assembleia Constituinte, o cientista Jean Sylvain Bailly, e o general La Fayette procuraram resolver, o de dois projetos distintos de governo para a França frente à superação necessária do único governo conhecido até então, a monarquia absolutista. O paradoxo propriamente dito era como transformar uma 14

KIRSCH, Michael. The Sarpi Model: The True History of Today's Scientific and Economic Empiricism. Publicado em 11 de março de 2011 e disponível em: http://www.larouchepac.com 15

Posso citar aqui mais um texto sobre o assunto, todos os três até aqui de pesquisadores ligados ao filósofo Lyndon LaRouche, dos EUA e ao Instituto Schiller, da Alemanha: GALLAGHER, Paul B. How Venice Rigged The First, and Worst, Global Financial Collapse. Fidelio Magazine, Winter/2005.

monarquia absolutista numa monarquia constitucional – foi essa tentativa de superação epistemológica que se tentou alcançar com os debates da Assembleia16. Do outro lado existia o projeto de se formar uma monarquia parlamentar ao estilo britânico, projeto este defendido pelo ministro das finanças, Jackes Necker, e por quem seria o futuro rei francês, Felipe de Orléans, chamado de Felipe Igualdade. A conjuração apontada no título do livro de Montjoie se refere a duas provocações maquinadas pelos dois e pelo grupo a eles ligado17: a da fome, agravada em Paris depois da exportação dos grãos da França para a Inglaterra depois da chuva de granizo de 13 de julho de 1888 através de agentes financeiros e o auxílio de homens fortes no governo inglês; e a provocação da Bastilha, que na verdade seria o próprio golpe de Estado, com o plano inicial de se atacar Versailles e não a decrépita Bastilha. A ideia era levar as tropas estrangeiras que cercavam Paris até Montmartre armadas com lanças e armas de fogo, e provocar a população. As armas que seriam entregues à Guarda Nacional estariam no Hospital dos Inválidos, onde a população poderia se armar e resistir a provocação estrangeira. La Fayette viu as caixas onde deveriam estar os 12.000 rifles encomendados para a Guarda repletas de roupas velhas, enquanto o mesmo armamento era utilizado para revidar ao tiro de canhão saído da Bastilha. O chamado “governador” da prisão, alertado anteriormente dos tumultos que poderiam acontecer na cidade, revidou ao que ele acreditava ser a confusão anteriormente anunciada, confiando também no reforço prometido de 10.000 homens, a chegarem por passagens subterrâneas. Aí começa o reinado do vox popoli, com Camille Desmoulins anunciando por Paris a vitória do Igualdade e o triunfo da Revolução.

16

BEAUDRY, Pierre. Jean Sylvain Bailly: The French Revolution's Benjamin Franklin. Executive Intelligence Review, 26 de Janeiro de 2001. 17 BEAUDRY, Pierre. Why France did not have an American Revolution. Executive Intelligence Review, 18 de janeiro de 2002.

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